por RUY MOURA
Editor do Mundo Botafogo
Garrincha começou por ser apelidado de ‘Gualicho’, tal era a sua velocidade, semelhante ao cavalo Gualicho, o qual vinha sendo, no longínquo ano de 1953, o máximo acontecimento do prado brasileiro. Porém, o grande atleta Manoel dos Santos acabaria por ser batizado por Garrincha, ganhando tal apelido por conta da sua grande diversão de caçar as suas xarás pelas matas de Paulo Grande, no distrito de Magé, onde nasceu, embora fosse filho de pai alagoano, natural de Quebrangulo e criado na aldeia dos fulniôs, índios de origem pernambucana,
Todos sabemos essa história, mas talvez nem todos conheçam a origem e o percurso do cavalo Gualicho, uma verdadeira lenda da década dourada de 1950 nos hipódromos do Rio de Janeiro (Gávea) e de São Paulo, onde o fabuloso animal duelou com cavalos extraordinários como o francês Fort Napoléon, o argentino El Aragonés e o brasileiro Quiproquó.
Gualicho, homenageado frequentemente pelo Jockey Club Brasileiro, foi o único cavalo a vencer, por duas temporadas consecutivas (1952 e 1953), o Grande Prêmio de São Paulo e o Grande Prêmio do Brasil, bem como bateu o recorde dos 3.000 metros em ambos os hipódromos, marca que ainda vigora no prado paulista, numa época em que existiam extraordinários cavalos e competentíssimos jóqueis.
Gualicho, filho do inglês The Druid e da argentina Golconda, por Congreve, nasceu na Argentina no dia 22 de outubro de 1948, foi criado por Jorge A. Santamarina e importado pelo Stud Almeida Prado & Assunção, que o comprou em leilão pelo preço fabuloso de Cr$ 400 mil (cruzeiros) à época, tendo sido sempre treinado por Manoel Branco, montado pelo jóquei Olavo Rosa e realizado a melhor campanha de um cavalo nos prados brasileiros em todos os tempos.
Rapidamente Gualicho se mostrou um grande investimento, tendo as sua ‘patas voadoras’ arrecadado Cr$ 4,6 milhões (cruzeiros) e proporcionado grandes espetáculos em pista, sendo aplaudido por 100 mil espectadores quando venceu o Grande Prêmio Brasil de 1953, temporada em que Garrincha ‘nasceu’ para a glória no dia 19 de julho de 1953 ao assinalar um hat-trick na sua estreia pelo campeonato carioca na goleada de 6x3 sobre o Bonsucesso.
Nos seus famosos bicampeonatos, Gualicho venceu, no Grande Prêmio de São Paulo, o argentino Panther e o francês Fort Napoléon, em 1952, e os argentinos El Aragonés e Mancebo, em 1953; no Rio de Janeiro suplantou os mesmos adversários no Grande Prêmio Brasil, em 1952, e venceu o argentino Away e o tríplice-coroado carioca Quiproquó, em 1953.
Despediu-se das pistas no dia 25 de janeiro de 1954, correndo o Grande Prêmio IV Centenário da Cidade São Paulo, e na reprodução, os filhos mais destacados do craque das pistas foram Fútil (Caradja), que venceu o Grande Prêmio Barão de Piracicaba, em 1959, e o alazão Nascate (Garrama), além de ter sido avô materno da tríplice coroada paulista Jembélia.
Os craques Garrincha e Gualicho não ficaram a dever nada um ao outro, mas Garrincha foi mais longe do que os aplausos de 100 mil espectadores ao craque das pistas; Garrincha, o maior astro de todos os tempos do Botafogo de Futebol e Regatas, foi amado por todos os brasileiros e tornou-se a ‘Alegria do Povo’, conquistando as Copa do Mundo de 1958 e 1962, a Copa Roca de 1960, as Taças Oswaldo Cruz de 1958, 1961 e 1962 e a Taça O´Higgins de 1955, 1959 e 1961.
Fontes principais: https://www.jcb.com.br/noticias/42370/celebra-ualicho-o-unico-bicampeao-dos-rasil-e-ao-aulo/;
https://jornaldebrasilia.com.br/blogs-e-colunas/historias-da-bola/gualicho-x-garrincha/;
http://ritaturfe.blogspot.com/2011/03/gualicho-o-grande-campeao.html
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