por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Como é do
conhecimento dos leitores que acessam diariamente o Mundo Botafogo, encontro-me
no Chipre e não pude assistir aos jogos contra o Palmeiras porque estava em voo
e contra o Flamengo porque não consegui obter qualquer endereço para assistir à
partida.
Não obstante,
tenho diversos comentários que envolvem o jogo, quer devido a certos assuntos
em pauta durante a semana, quer por tudo o que hoje consegui acessar, apesar da
preenchida agenda do dia.
Em primeiro
lugar, sublinhar que mais uma vez, antes de jogos importantes, a imprensa lançou
a surpreendente notícia de que Artur Jorge (AJ) era pretendido no Catar,
obviamente com a intenção de trazer à luz o ‘fantasma’ do inético abandono do
inominável treinador de 2023. Porém, o inominável não é Artur Jorge, pelo
contrário, e, além de blindar os jogadores, foi c-l-a-r-í-s-s-i-m-o durante a
Coletiva calando todo mundo: «Naturalmente que [os nossos resultados]
poderão abrir portas em que haja interesse. Agora, uma coisa eu lhe digo e de
uma forma taxativa: estou muito, muito feliz no Botafogo, sinto-me muito feliz
aqui dentro, muito bem recebido, gosto de aqui trabalhar e nesta altura o meu
foco é claramente só pensar no Botafogo. Sobre interessados, ou não, existirão,
como sempre existiram em qualquer altura […] quando nós temos sucesso.»
Em segundo
lugar, realçar que há pouco mais de uma semana certa mídia decidiu que o
Flamengo era o líder do Brasileirão por pontos perdidos, e descartando a
liderança oficial por pontos ganhos. Nesta semana, após nova vitória do
Fortaleza, a mesma mídia decidiu que o Fortaleza é que era o legítimo líder por
desempenho.
Enfim,
babaquice de uma boa parte da mídia desportiva mentalmente terceiro-mundista. A
respostas do Botafogo foi simples: 4x1, em campo!
Em terceiro
lugar, após o jogo, AJ foi questionado sobre a ‘força máxima’ que o Botafogo apresentou
contra o Flamengo, argumentando assim: «Esta não foi a força máxima do Botafogo.
Vocês avaliam aquilo que é o vosso trabalho, e eu avalio o meu. Nós trabalhamos
em cima de muitos contextos […] e esses contextos dão-nos aquilo que são
garantias em termos técnico-táticos dos jogadores que nós temos à disposição,
[…] e nós jogamos com a equipe que julgamos preparada e capaz para defrontar
este Flamengo.»
Resposta
sempre na ponta da língua, confrontando jornalistas com as suas asserções
incorretas. Por outro lado, não tendo sido realmente a força máxima, respondeu
claramente à nossa crítica de ‘tolerância zero’ com erros crassos de escalação
e de postura de jogo contra o Juventude, onde se desbarataram três preciosos
pontos claramente por erros técnico-táticos. E de uma penada, AJ satisfez o
Mundo Botafogo sobre a crítica negativa mencionada e colocou em sentido a
falsidade dos que defenderam que jogara com força máxima, cuja intenção pretende
deslustrar a nossa retumbante vitória.
Creio que AJ
irá continuar a surpreender com opções inesperadas, como parece também ter sido
o esquema 4-5-1 que aparentemente terá apresentado contra o Flamengo. Aliás,
parece que é nos clássicos – quiçá os jogos mais importantes – que AJ
surpreende mais, de tal modo que ainda não perdeu nenhum clássico desde que comanda
a nossa equipe de futebol.
Aliás, sobre
o assunto, levantado por um jornalista, AJ respondeu prontamente que essa nota
não é relevante, porque não nos preparamos só para ganhar os clássicos, mas sim
todos os jogos em disputa, embora, obviamente, «nem sempre conseguiremos vencer».
Sobre o que
vi em resumo de dez minutos, restrinjo-me aos gols e às grandes oportunidades
do Botafogo:
» 1º gol:
pareceu-me jogada ensaiado para surpreender a zaga do Flamengo que, preocupada
com quem conduzia a bola, não esperava o magnífico lançamento de Marlon Freitas
para deslocação de Mateo Ponte, sozinho, apesar de três jogadores do Flamengo
próximos, mas sem possibilidades de recuperação. Mateo foi cirúrgico.
» 2º gol:
mais um gol de oportunismo como o Mundo Botafogo realçou desde o início
sobre a qualidade de presença de Igor Jesus
na grande área.
» Após o 2º
gol ocorreu uma chuva de desperdícios perante um Flamengo meio destroçado e que
não levou um 7x1 por mero acaso. Contei umas seis oportunidades perdidas, e de
gol quase feito foram quatro: Almada perde um pênalti mal batido, Tiquinho
Soares no meio da grande área recebeu uma bola limpa em frente ao gol
escancarado e isolou por cima, Savarino cara a cara com o goleiro rematou à
figura, Matheus Martins, idem, em jogada posterior.
«E depois de
tanto desperdício, Matheus Martins redime-se com o 3º gol muito oportuno e,
sobretudo, com o 4º gol em que arrasta consigo o pobre David Luiz e remate quase
sem ângulo do lado esquerdo, em diagonal, estufando as redes e selando a
goleada.
Uma nota primeira
nota final para a sempre igual a si mesmo torcida flamenguista, que entrou em
combate de uns elementos seus contra outros elementos seus – e quem tem
torcidas assim, não precisa de inimigos, porque já tem em si os piores membros.
Finalmente,
como mencionou um amigo meu, uma segunda nota final dando conta de o Botafogo
ter derrotado, no espaço de menos de uma semana, os dois melhores e
financeiramente mais ricos planteis do Brasil.
Enquanto isso
acontecia, o palmeirense Abel Ferreira imaginava criativamente um pênalti sobre
Estevão e o flamenguista Marcos Braz, por entre chororôs vários, dizia que o Flamengo
«não pode perder de quatro para o Botafogo». Porém, perdeu de 4 e foi
pouco… Como bem observou o narrador dos ‘melhores momentos’, foi «pra montar o Mengão
de 4 no Niltão». E não satisfeito com a menorização feita ao Botafogo, como se o
nosso Clube não tivesse estofo para os feitos que realizou em menos de uma
semana, Rodolfo Landim acrescentou aos ditos de Braz a menção sobre «tempos de SAF sem fair play financeiro».
Caras de pau
maiores não podia haver, sabendo-se que o Flamengo é o Clube em que a Globo
despeja milhões atrás de milhões há vários anos, contrariamente à política do
maior campeonato nacional de clubes – o de Inglaterra, que precisamente efetua uma política de muito
maior equidade para intensificar a competitividade –, milhões com os quais os dirigentes da Gávea nunca se incomodaram, porém, agora, em se tratando do Botafogo, o fair play
financeiro já conta… Braz, Landim, aceitem que dói menos…
PS: Vale o que vale – e verdadeiramente não vale muito –, mas alguém lembrou que foi a 1ª vez que o Botafogo venceu o Flamengo por duas vezes num Brasileirão de pontos corridos.
FICHA
TÉCNICA
Botafogo 4x1
Flamengo
» Gols:
Mateo Ponte, aos 2’, Igor Jesus, aos 53’, e Matheus Martins, aos 83' e 90+3’ (Botafogo); Bruno Henrique, aos 23' (Flamengo)
» Competição:
Campeonato Brasileiro
» Data: 18.08.2024
» Local:
Estádio Olímpico Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)
» Público:
25.888 espectadores
» Renda: R$
1.909.690,00
» Árbitro:
Bruno Arleu de Araújo (RJ); Assistentes: Rodrigo Figueiredo Henrique Correa
(RJ) e Thiago Henrique Neto Correa Farinha (RJ); VAR: Rodrigo Guarizo Ferreira
Do Amaral (SP)
»
Disciplina: Cuiabano, Mateo Ponte e Alexander Barboza (Botafogo) e Ayrton Lucas
e Carlinhos (Flamengo)
» Botafogo: John;
Mateo Ponte (Tchê Tchê), Bastos, Alexander Barboza e Cuiabano; Gregore, Marlon
Freitas (Allan), Luiz Henrique (Carlos Alberto), Savarino e Almada (Matheus
Martins); Igor Jesus (Tiquinho Soares). Técnico: Artur Jorge.
» Flamengo: Rossi,
Wesley, Fabrício Bruno (Léo Pereira), David Luiz e Ayrton Lucas (Varela); Allan
(Lorran), Léo Ortiz, Gerson (Everton Araújo) e Arrascaeta (Victor Hugo); Bruno
Henrique e Carlinhos. Técnico: Tite.
2 comentários:
Foi uma partida quase perfeita do Botafogo. A exceção foi ter tomado um gol por falha de marcação, mas há de se ressaltar que a visão e o lançamento foi mérito do Léo Ortiz . Entretanto, me chama atenção a calma desse atual time do Botafogo que mesmo tomando gol não se desespera, e isso é muito positivo.
Foi realmente um daqueles amassos que me fez lembrar os bons tempos do Botafogo, técnica, tática e fisicamente o time foi sempre superior ao adversário esse papo de time reserva e conversa para boi dormir. Afinal eles não diziam que tinham o melhor elenco da América latina. E outra, cansaço pela temporada! O flamengo é somente o nono time com mais jogos na temporada. O Botafogo está em terceiro com mais jogos, logo deveria estar mais cansado.
Nesse time atual o coletivo potencializa o individual, com destaques para muitos jogadores como Luís Henrique, jogando demais, Marlon Freitas, Bastos, assim como os que entraram, mas chama atenção a qualidade do Gregori. Ele não aparece muito, mas é o fator de equilíbrio na marcação do meio campo com muitos desarmes importantes.
Como o choro é livre, e não há desculpas para o amasso que levaram ontem e, devem agradecer por não ter sido 7 ou 8 devido a pelo menos 4 gols perdidos incluindo o pênalti, vem o papo furado do Fair play financeiro. Ora, ora, há décadas o "simpatississimo" sendo ajudado de todas as formas e em todas as esferas, seja do poder público seja do poder privado, isento de quitar dívidas astronômicas e ainda contando com a quase totalidade da mídia tradicional, vem falar em fair play financeiro! São uns caras de pau. O medo real dele é o fantasma do passado que os está assombrado.
Sobre o pênalti perdido pelo Almada, eu não poderia deixar de falar, pois acontece só com quem bate. Vi Gerson perder pênalti na decisão em 68 contra o flamengo, curiosamente foi também um 4X1. Vi Pelé perder pênalti, Messi, e recentemente na Euro o Cristiano Ronaldo num jogo eliminatório. Didi que foi questionado sobre a perda de um pênalti contra o Fluminense no turno do carioca em 57, quando o Botafogo perdeu por 1X0, ironicamente respondeu: " pênalti é tão importante que quem deveria cobrar é o presidente do clube". Almada e um excelente jogador que precisa se adaptar melhor, mesmo assim foi da jogada dele que saiu o segundo gol do Botafogo.
Sobre o Artur Jorge, apenas agradeço por termos um treinador e uma equipe técnica com muita qualidade, um treinador com os pés no chão e muito centrado que sabe muito bem o que quer e como pode fazer. Parabéns ao Botafogo pelo massacre de ontem, contra um rival que se tornou arrogante ao extremo e não se conforma em ver o seu algoz histórico voltar ao topo. Chorem, chorem muito. Abs e SB!
A calma alcançada está de acordo com a minha crítica à equipe que se deixava levar no chamado jogo 'eletrizante'. Eu não suporto jogos 'eletrizantes' porque se desenrolam na emoção depois de se perder a razão, isto é, de se perder o racional das jogadas. Então, temos bola lá, bola cá, e qualquer das duas equipe pode marcar. Muitas vezes é uma questão de sorte. Ora, o Botafogo não pode estar sujeito à sorte, nem aos jogos tu cá, tu lá com passes perdidos atrás de passes perdidos de ambos os lados. Em vez disso, o Botafogo tem que marcar o ritmo, passar a bola a espaços vazios ou a companheiros bem colocados, segurar a bola quando do necessário, buscar então passes certos e verticais em busca do gol sem perder a defensiva. Já o mencionei diversas vezes, e isso já aconteceu em mais de uma ocasião com o AJ no comando. Fiz a crítica do jogo inqualificável contra o Juventude e esse foi um dos aspetos que realcei. O AJ percebeu - julgo eu - isso mesmo e impôs a forma mais calma de jogar, mas com súbitas arrancadas, bola em profundidade aproveitando a velocidade e a preparação física dos atletas. AJ emendou o lapso e impôs outro critério no tratamento da bola.
Quanto às queixas do Flamengo são desculpas de mau perdedor. Quem não sabe perder inventa até problemas com o vento... Foi o Tite que recentemente falou do vento, não foi?... Claro que o Flamengo tem menos jogos do que nós, mas é mal treinado e, sobretudo, coisa típica do futebol brasileiro, não tem preparadores físicos à altura da calendarização 'homicida' da CBF.
Quanto aos dirigentes do Flamengo sobre o fair play, são caras de pau e muito mais que lhes queiramos chamar. São arrogantes, têm falta de ética e chegam ao cúmulo de anunciar que são prejudicados pela arbitragem, quando está aos olhos de todos as trapaças que lhes deram títulos imerecidos.
Confesso que não esperava tanto de AJ a todos os níveis, pessoais e profissionais. Errou muito contra o Juventude, fiz uma crítica apelando aos Botafoguenses para 'tolerância zero' para erros grosseiros, e o AJ percebeu que não podia errar daquela forma e emendou a mão, o que não o impediu, obviamente, de efetuar substituições cirúrgicas e rodar o elenco porque tem elenco para isso, especialmente no 2º tempo, corrigindo situações do 1º tempo e continuando a rodar o elenco. Mas agora com maior critério.
Sobre a 'tolerância zero' que defendi (dentro de moldes criticamente corretos), o próprio AJ dá-me razão quando fala em exigência máxima, como ainda ontem realçou. Assim, a torcida deve apoiar ao máximo, mas com exigência máxima. Tudo com mais racionalidade e menos emotividade. É assim que se fazem os campeões. A emotividade excessiva pela 'fome' de sermos campeões pode levar a situações adversas, como tantas e tantas vezes tem acontecido no futebol.
Sobre o pênalti, concordo que todos podem perder um pênalti de vez em quando, mas penâltis críticos devem ser batidos por jogadores que os saibam realmente cobrar, e capazes de manter a frieza máxima mesmo em situações de decisão.
Abraços Gloriosos.
Enviar um comentário