

Considero-me muito satisfeito no balanço entre as expectativas de início de Janeiro relativamente ao elenco botafoguense e os resultados dois meses depois. Por isso apresento os meus parabéns à diretoria, à equipa técnica e aos jogadores. Para um campeonato que supostamente tinha dois favoritíssimos – que não foram à final da Taça Guanabara – a conquista da Taça Guanabara deve ser duplamente saudada.
Entretanto, dei um tempo a mim mesmo para saborear as vitórias do Botafogo e do Salgueiro, tecendo as loas que ambos mereciam. Porém, ontem iniciámos a Taça Rio e o treinador e os jogadores têm por meta conquistar a Taça Rio. Não concordo inteiramente com a meta, mas aceito-a. Ora, ao aceitá-la devo chamar, desde já, a atenção para alguns aspectos que, não sendo completamente novos, julgo que merecem reflexão.
A nossa equipa é muito combativa e competitiva. A marca do treinador é muito evidente nela, mas devemos avaliar, ao fim deste tempo, a sua verdadeira qualidade para não termos surpresas.
Creio que jogos contra adversários muito fortes e muito fracos podem dar-nos pistas. O Dom Pedro e o Tigres são muito fracos. E, não obstante, não foram completamente fáceis as vitórias. Por diversas razões.
Em primeiro lugar, a equipa é tecnicamente pouco apurada. Fora certos aspectos de Maicossuel, a técnica individual é bastante limitada. Por isso, o treinador montou uma equipa prática, que corre muito e chuta de primeira, sem floreados.
Se é assim, temos que realçar que a parte tática deve ser forte e evoluir mais, apesar de termos sido o melhor ataque e a segunda melhor defesa. Seria interessante dar um pouco mais de liberdade à criação, mas ela não abunda no Botafogo – e então é o treino e a tática que podem superar as deficiências criativas.
Os jogadores são muito combativos e correm muito, mas em minha opinião fazem-no demais. Isto é, correm de mais, em vez de serem simplesmente velozes. A equipa é muito atabalhoada e ansiosa. Cada jogador recebe a bola e parte com ela sem pensar, geralmente passando-a logo a um colega que corre algures ao lado.
Ora, é preciso pensar. É certo que também é preciso fazer rolar a bola e sermos rápidos, mas não excessivamente. A equipa devia ter mais calma na posse de bola e dar-se um tempo individual para pensar. Os melhores jogadores são-no porque quando recebem a bola sabem olhar à volta e endossá-la em boas condições. Os jogadores do Botafogo não sabem manter a posse de bola, acalmar o jogo e depois partir em arrancadas velozes e fulminantes.
Creio que, repito, é preciso ser veloz sem correr muito, assegurando-se a posse de bola, as mudanças súbitas de flanco e a boa envergadura física. O que aconteceu ontem foi muita velocidade num campo pequeno, excessivo atabalhoamento e precipitação no endossamento dos passes.
Por outro lado, o esquema tático da defesa mostra fragilidades devido aos dois gols fáceis do Tigres. O primeiro decorreu de um erro que tem mais de um ano: Alessandro andou quase todo o jogo à frente e desguarneceu o lado direito da defesa, precisamente por onde o Tigres avançava. Alessandro não vê isso?... O treinador não vê isso?... Continuo a considerar Alessandro uma peça dispensável. Um lateral tem que saber recuar e Alessandro é o paradigma do jogador sem técnica, que corre muito e pouco faz. Porque é que não vai jogar de avançado noutra equipa?... O Fahel teve que ir fazer o seu trabalho…
Se há este problema no lado direito da defesa, no lado esquerdo o problema ainda é mais complicado: não há lateral esquerdo e Thiaguinho é um mau improviso. À entrada da área atrapalha-se sempre com a bola porque não tem perna esquerda para rematar. Ontem perderam-se inúmeras situações de perigo por causa disso. Ora, finalmente, cumprindo o desejo do meu amigo Rodrigo Federman, o treinador percebeu isso e em boa hora lançou o jovem Gabriel – que teve uma estreia em cheio.
O ataque continua a parecer-me a parte mais arrumada da equipa. Maicossuel ataca e arma bem, apesar de excessos de individualismo; Reinaldo joga muito na área, Victor Simões chuta sempre de primeira. E outros da equipa também possuem boa presença, como, por exemplo, o Fahel.
Juninho fez finalmente o seu gol e o Rodrigo Federman deve estar muito contente porque se tratou de uma jogada ensaiada, como ele gosta. Tal como eu disse, as jogadas ensaiadas pelo Ney não são complexas como outrora a equipa fazia – são jogadas de um toque e um remate, isto é, coisa muito prática e eficaz.
No entanto, a afinação do remate dentro da área continua a ser algo muito tosco. O próprio Victor Simões perdeu, ontem, gols absolutamente feitos. Valeram, sobretudo, os dois grandes gols de Juninho e Gabriel.
A ganhar por 2x0 o Botafogo devia iniciar a 2ª parte com tranquilidade e posse de bola, mas manteve-se na correria, especialmente Alessandro, que arrancava para o ataque e não regressava, acabando por levar um gol fácil e complicar o que parecia poder desenhar-se como uma goleada. Falta traquejo a esta equipa. Ney Franco tem tomado muito boas decisões durante os jogos, o que significa que os sabe ‘ler’, razão pela qual deve também perceber que esta equipa precisa de mais traquejo, mais calma no toque de bola, pensamento antes do passe, menos correria e mais velocidade, mudando rapidamente de flancos e de mudança na caixa de velocidades.
Realço que parece que estamos a ter mais cuidado com o aspecto disciplinar e a tentar aprender como se evita cartões amarelos. É um bom sinal de controlo da equipa pela comissão técnica.
Em suma, apesar da vitória, não gostei do jogo de ontem, que mostrou como uma coisa aparentemente fácil pode terminar em algo incerto. A falta de traquejo, evidenciada no final do jogo contra os urubus, em que não assegurámos a posse de bola com tranquilidade e deixamos empatar, repetiu-se ontem no início da 2ª parte e mesmo após o 3º gol.
Creio que a Taça Rio vai ser mais difícil do que a Taça Guanabara. E o Vasco da Gama, que me parece a melhor equipa, está à espreita para ganhá-la, já que relativamente aos outros dois clubes eu descarto qualquer favoritismo. Veremos como será o jogo contra o Vasco da Gama e quais são os recursos alternativos de Ney Franco e desta equipa lutadora que nos tem dado tanta alegria.
FICHA TÉCNICA
Botafogo 3x2 Tigres
Gols: Juninho aos 38’, Victor Simões aos 45’ e Gabriel aos 87’ (Botafogo); Leandro Chaves aos 47’ e Sorato aos 90’
Competição: campeonato carioca
Data: 08/03/2009
Local: Estádio Los Larios, em Xerém
Arbitragem: William Marcelo de Souza Nery; Marcos Tadeu Peniche Nunes e José Ronaldo Braga.
Cartões amarelos: Edson, Clayton, Joelton (Tigres).
Botafogo: Renan, Juninho, Emerson (Batista) e Leandro Guerreiro; Alessandro, Fahel, Léo Silva, Maicosuel e Thiaguinho (Gabriel); Jean Carioca e Víctor Simões (Diego). Técnico: Ney Franco.
Tigres: Marcos Paulo, Oziel, Pedrão, Zé Carlos e Edson; Marquinhos, Jaílson, Denis (Sorato) e Clayton (Joelton); Leandro Chaves (André Bocão) e Gilcimar. Técnico: João C. Costa.
Entretanto, dei um tempo a mim mesmo para saborear as vitórias do Botafogo e do Salgueiro, tecendo as loas que ambos mereciam. Porém, ontem iniciámos a Taça Rio e o treinador e os jogadores têm por meta conquistar a Taça Rio. Não concordo inteiramente com a meta, mas aceito-a. Ora, ao aceitá-la devo chamar, desde já, a atenção para alguns aspectos que, não sendo completamente novos, julgo que merecem reflexão.
A nossa equipa é muito combativa e competitiva. A marca do treinador é muito evidente nela, mas devemos avaliar, ao fim deste tempo, a sua verdadeira qualidade para não termos surpresas.
Creio que jogos contra adversários muito fortes e muito fracos podem dar-nos pistas. O Dom Pedro e o Tigres são muito fracos. E, não obstante, não foram completamente fáceis as vitórias. Por diversas razões.
Em primeiro lugar, a equipa é tecnicamente pouco apurada. Fora certos aspectos de Maicossuel, a técnica individual é bastante limitada. Por isso, o treinador montou uma equipa prática, que corre muito e chuta de primeira, sem floreados.
Se é assim, temos que realçar que a parte tática deve ser forte e evoluir mais, apesar de termos sido o melhor ataque e a segunda melhor defesa. Seria interessante dar um pouco mais de liberdade à criação, mas ela não abunda no Botafogo – e então é o treino e a tática que podem superar as deficiências criativas.
Os jogadores são muito combativos e correm muito, mas em minha opinião fazem-no demais. Isto é, correm de mais, em vez de serem simplesmente velozes. A equipa é muito atabalhoada e ansiosa. Cada jogador recebe a bola e parte com ela sem pensar, geralmente passando-a logo a um colega que corre algures ao lado.
Ora, é preciso pensar. É certo que também é preciso fazer rolar a bola e sermos rápidos, mas não excessivamente. A equipa devia ter mais calma na posse de bola e dar-se um tempo individual para pensar. Os melhores jogadores são-no porque quando recebem a bola sabem olhar à volta e endossá-la em boas condições. Os jogadores do Botafogo não sabem manter a posse de bola, acalmar o jogo e depois partir em arrancadas velozes e fulminantes.
Creio que, repito, é preciso ser veloz sem correr muito, assegurando-se a posse de bola, as mudanças súbitas de flanco e a boa envergadura física. O que aconteceu ontem foi muita velocidade num campo pequeno, excessivo atabalhoamento e precipitação no endossamento dos passes.
Por outro lado, o esquema tático da defesa mostra fragilidades devido aos dois gols fáceis do Tigres. O primeiro decorreu de um erro que tem mais de um ano: Alessandro andou quase todo o jogo à frente e desguarneceu o lado direito da defesa, precisamente por onde o Tigres avançava. Alessandro não vê isso?... O treinador não vê isso?... Continuo a considerar Alessandro uma peça dispensável. Um lateral tem que saber recuar e Alessandro é o paradigma do jogador sem técnica, que corre muito e pouco faz. Porque é que não vai jogar de avançado noutra equipa?... O Fahel teve que ir fazer o seu trabalho…
Se há este problema no lado direito da defesa, no lado esquerdo o problema ainda é mais complicado: não há lateral esquerdo e Thiaguinho é um mau improviso. À entrada da área atrapalha-se sempre com a bola porque não tem perna esquerda para rematar. Ontem perderam-se inúmeras situações de perigo por causa disso. Ora, finalmente, cumprindo o desejo do meu amigo Rodrigo Federman, o treinador percebeu isso e em boa hora lançou o jovem Gabriel – que teve uma estreia em cheio.
O ataque continua a parecer-me a parte mais arrumada da equipa. Maicossuel ataca e arma bem, apesar de excessos de individualismo; Reinaldo joga muito na área, Victor Simões chuta sempre de primeira. E outros da equipa também possuem boa presença, como, por exemplo, o Fahel.
Juninho fez finalmente o seu gol e o Rodrigo Federman deve estar muito contente porque se tratou de uma jogada ensaiada, como ele gosta. Tal como eu disse, as jogadas ensaiadas pelo Ney não são complexas como outrora a equipa fazia – são jogadas de um toque e um remate, isto é, coisa muito prática e eficaz.
No entanto, a afinação do remate dentro da área continua a ser algo muito tosco. O próprio Victor Simões perdeu, ontem, gols absolutamente feitos. Valeram, sobretudo, os dois grandes gols de Juninho e Gabriel.
A ganhar por 2x0 o Botafogo devia iniciar a 2ª parte com tranquilidade e posse de bola, mas manteve-se na correria, especialmente Alessandro, que arrancava para o ataque e não regressava, acabando por levar um gol fácil e complicar o que parecia poder desenhar-se como uma goleada. Falta traquejo a esta equipa. Ney Franco tem tomado muito boas decisões durante os jogos, o que significa que os sabe ‘ler’, razão pela qual deve também perceber que esta equipa precisa de mais traquejo, mais calma no toque de bola, pensamento antes do passe, menos correria e mais velocidade, mudando rapidamente de flancos e de mudança na caixa de velocidades.
Realço que parece que estamos a ter mais cuidado com o aspecto disciplinar e a tentar aprender como se evita cartões amarelos. É um bom sinal de controlo da equipa pela comissão técnica.
Em suma, apesar da vitória, não gostei do jogo de ontem, que mostrou como uma coisa aparentemente fácil pode terminar em algo incerto. A falta de traquejo, evidenciada no final do jogo contra os urubus, em que não assegurámos a posse de bola com tranquilidade e deixamos empatar, repetiu-se ontem no início da 2ª parte e mesmo após o 3º gol.
Creio que a Taça Rio vai ser mais difícil do que a Taça Guanabara. E o Vasco da Gama, que me parece a melhor equipa, está à espreita para ganhá-la, já que relativamente aos outros dois clubes eu descarto qualquer favoritismo. Veremos como será o jogo contra o Vasco da Gama e quais são os recursos alternativos de Ney Franco e desta equipa lutadora que nos tem dado tanta alegria.
FICHA TÉCNICA
Botafogo 3x2 Tigres
Gols: Juninho aos 38’, Victor Simões aos 45’ e Gabriel aos 87’ (Botafogo); Leandro Chaves aos 47’ e Sorato aos 90’
Competição: campeonato carioca
Data: 08/03/2009
Local: Estádio Los Larios, em Xerém
Arbitragem: William Marcelo de Souza Nery; Marcos Tadeu Peniche Nunes e José Ronaldo Braga.
Cartões amarelos: Edson, Clayton, Joelton (Tigres).
Botafogo: Renan, Juninho, Emerson (Batista) e Leandro Guerreiro; Alessandro, Fahel, Léo Silva, Maicosuel e Thiaguinho (Gabriel); Jean Carioca e Víctor Simões (Diego). Técnico: Ney Franco.
Tigres: Marcos Paulo, Oziel, Pedrão, Zé Carlos e Edson; Marquinhos, Jaílson, Denis (Sorato) e Clayton (Joelton); Leandro Chaves (André Bocão) e Gilcimar. Técnico: João C. Costa.
10 comentários:
Fala, Rui!!!
Amigo, concordo com todo o seu comentário, meu amigo!!!
Putz, como eu torci para o garoto (Gabriel) entrar e fazer uma boa estreia. Qnd ele fez o gol, comemorei muito, mas espero que não tenha "servido" apenas para voltar ao banco de reservas na quinta-feira.
Ah, acredita que na hora do gol do Juninho eu ri e comentei com o meu pai e irmão? Finalmente uma jogada ensaiada. Funcionou e mostrou que se atentarmos à estes lances, podemos decidir partidas, afinal, o futebol está muitíssimo nivelado!
Abs e SA!!!
Amigo Rui,
Posso estar completamente enganado, mas o gol do Juninho foi idêntico (apenas lado contrário do campo), ao do Zé Carlos, ano passado, contra o time da colina, por isso, creio que não deva ter sido mérito do atual treinador.
Concordo plenamente contigo e a meu ver muitos jogadores demonstram nervosismo ao ter a posse da bola, querendo livrar-se dela o mais rápido possível. Aí, vêm os chutões e seja o que DEUS quiser.
Quinta-feira será um grande teste e espero que não insistam com o Emerson e Leandro Guerreiro na zaga. Assisti alguns jogos do time da colina e os caras estão com muita disposição e vontade.
Alessandro ta pisando na bola desde o jogo de Brasília em que perdeu uma bola e quase sofremos um gol.
Abs e Sds, BOTAFOGUENSES!!!
Gil, realmente foi uma jogada dos tempos do ex-treinador, mas a diferença foi que a bola do ZC foi (se não estou enganado) no ângulo!
Mais bonito do que o belo gol do Juninho!
Abs e SA!!!
Gil, lembro-me do gol do ZC e é parecido, mas as palavras do Juninho à jornalista quando questionado sobre o gol foram (eu vi e ouvi) inequívocas: "Nós treinamos muito esse tipo de jogada. E agora deu certo."
Abraços gloriosos!
rui,
a mim, confesso que o trabalho até aqui superou as expectativas.
o jogo de ontem foi ruim, mas não vi nossa vitória ameaçada.
do seu texto, destaco a péssima atuação do alessandro, coisa reincidente e preocupante.
que o treinador efetive o thiaguinho ali no setor para brigarem pela posição!
parabéns ao garoto gabriel, que, finalmente, ganhou sua chance, às custas de uma intervenção do presidente do clube, que disse que só contrataria outro pro setor depois do teste do gabriel.
tomara que ele vingue!
um abraço e sds. botafoguenses!!!
É isso snoopy. Se o Gabriel der mesmo certo o Thiaguinho ocuparia o lugar do desalmado Alessandro. Nunca gostei dele. É arranca tocos. O rapazinho ainda por cima tem um ar de modernidade, o que para mim é sinal positivo.
[Nunca me esqueço que no ano passado o Alesandro estabeleceu como meta individual fazer 20 gols em 2008! O homem é tonto! Devia ir para atacante de um clube segundo-divionário do Rio.]
Abraços Gloriosos!
Os próprios jogadores no começo do campeonato disseram que essa jogada do gol do Juninho não pode ser feita no Engenhão por causa do péssimo estado do gramado. A bola não rola, quica.
É lamentável.
Ola amigo, somos do blog "O MUNDO DO FUTEBOL" gostariamos de fechar parceria com seu blog, com troca de link, ou de banner.Aguardamos resposta, abração e bom inicio de semana.
http://futebolmundial-arte.blogspot.com/
Fernando, uma das prioridades da diretoria devia ser tratar do Engenhão. Eu considero que foi o 'princípio de Peter' do Bebeto de Freitas: foi o seu maior sucesso e a sua mais desastrada gestão. Fez abaixo de zero, porque o que fez na gestão foi mito mau. Se ele tivesse concretizado a parceria portuguesa de gestão do estádio...
Abraços Gloriosos!
Olá Bob! Aceito a parceria com troca de links. Muito sucesso para o blogue.
Abraços Gloriosos!
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