
por Mauro Axlace
19 de Abril de 2010
Escrito para Mundo Botafogo
Nunca um outro torcedor vai saber o que é ser vencedor da forma mais intensa possível, como o torcedor botafoguense. Podemos até pensar que um dia teremos algo menos prejudicial ao coração, ou nos perguntarmos quando esse sofrimento vai nos deixar longe nos momentos mais gloriosos. Mas se não for assim, não será o Botafogo.
Ao começar um campeonato, aos primeiros passos da caminhada, temos que ter em mente que assim será, MAKTUB. Não pode ser diferente daquilo que faz parte de ser do ser botafoguense. Não tem nada a ver com coincidências e superstição. Elas são apenas uma forma de fazer a mente humana, ainda muito despreparada para entender algo tão complexo como ser Torcedor Botafoguense, retornar ao mundo, após ter ido ao céu.
Para início de conversa, não teria fundamento estarmos TÃO felizes agora, simplesmente por um título. O tri-vice fez parte do que hoje é a leveza de almas alvinegras. Estava escrito nesta estrela solitária, somente nela, em nenhuma outra, afirme-se. Não poderíamos comemorar os pênaltis como se fossem gols de placa, não fossem eles no passado, nossos maiores motivos de tristeza. A bola inimiga não entrar nos minutos finais da partida, seria apenas emoção e não libertação.
Nossos goleiros tiveram, de certa forma, responsabilidades pelas derrotas do tri vice. Assim sendo, Jefferson pegar aquele pênalti foi crucial para a alegria e felicidade de quem merece. Começava a clarear a imagem turva de lembranças tristes, de medo, de raiva, e seja lá mais o que tenha passado na cabeça do torcedor, ao ver a bola seguir para escanteio. Junto com ela, foi-se a saúde cardíaca do torcedor. O coração neste momento, já se podia sentir em cada parte do corpo alvinegro, do dedo do pé ao canto do olho, cada um sentiu o seu bater a mais de 120, onde nem sequer se imaginava que pudesse senti-lo.
Das provocações do início do campeonato, veio a superação. A quarta força foi campeã. Nos últimos anos, tivemos os artilheiros do campeonato, para a imprensa, isso não valia nada. Apenas dados estatísticos. Mas esse ano, a artilharia teve título Imperial. Que assim fosse, pois ter o artilheiro, não garantiu o campeonato nem antes e nem agora. O chororô não foi lembrado, até porque, quem chorou não fomos nós. Mas tudo isso junto, gerou o que tínhamos guardado no peito, transformando em combustível para o FOGO arder como sempre há-de arder em nossos corações.
Estaria faltando algo nessa comemoração se não fosse contra o Flamengo. Mas não por ser o Flamengo, o nosso vice, mas porque eram eles quem nos deviam. Aprendemos com um certo Mané, e isso deve servir para TODOS os alvinegros, que jogo é jogo, João é qualquer um, não interessa quem está do outro lado. Vencer o Flamengo deve ser igual a vencer o lanterna já rebaixado. Mas eles nos deviam. E nos pagaram. Créu neles.
Estava escrito, MAKTUB. Dos 6x0 para o Vasco, que tanto a imprensa fez questão de relembrar, da camisa queimada, que de uma forma ou de outra serviu para criar vergonha na cara dos jogadores, novamente no número 21 que esteve presente este ano ao nos apontar 2x1 no placar; no minuto do primeiro pênalti sofrido aos 21 minutos; mas convertido aos 23; 21 anos depois de vencer a última final contra o Flamengo em 89; na 12ª final (novamente um 21 invertido); 2010 sem os zeros é 21. Nos 100 anos da campanha GLORIOSA, nos 5000 jogos... Na reversão dos valores: a muralha do Brasil (como disseram, numa tentativa de clarear a imagem desgastada do espancador de mulheres) desmoronou por não ter consistência na verdade, não teve coluna ou alicerce; a não aceitação de um estrangeiro vindo da Sérvia que desuniu o grupo; o ídolo da Chatuba que virou vilão; a prepotência do que perdeu um HEXA e um TETRA em menos de uma semana. Valores revertidos em uma parede de gelo chamada Jefferson, dos estrangeiros que retribuíram o calor humano, os vilões do ano passado que viraram ídolos, e a ‘quarta potência’ que venceu o PENTA e os deixou com o TRI.
Como explicar tudo isso? Como entender tudo isso? Fácil. Seja TORCEDOR BOTAFOGUENSE. E tudo o mais ficará claro. Mesmo sem que seja preciso ler tudo o que está escrito acima. O que tem de ser, será. Estava escrito.
MAKTUB.
19 de Abril de 2010
Escrito para Mundo Botafogo
Nunca um outro torcedor vai saber o que é ser vencedor da forma mais intensa possível, como o torcedor botafoguense. Podemos até pensar que um dia teremos algo menos prejudicial ao coração, ou nos perguntarmos quando esse sofrimento vai nos deixar longe nos momentos mais gloriosos. Mas se não for assim, não será o Botafogo.
Ao começar um campeonato, aos primeiros passos da caminhada, temos que ter em mente que assim será, MAKTUB. Não pode ser diferente daquilo que faz parte de ser do ser botafoguense. Não tem nada a ver com coincidências e superstição. Elas são apenas uma forma de fazer a mente humana, ainda muito despreparada para entender algo tão complexo como ser Torcedor Botafoguense, retornar ao mundo, após ter ido ao céu.
Para início de conversa, não teria fundamento estarmos TÃO felizes agora, simplesmente por um título. O tri-vice fez parte do que hoje é a leveza de almas alvinegras. Estava escrito nesta estrela solitária, somente nela, em nenhuma outra, afirme-se. Não poderíamos comemorar os pênaltis como se fossem gols de placa, não fossem eles no passado, nossos maiores motivos de tristeza. A bola inimiga não entrar nos minutos finais da partida, seria apenas emoção e não libertação.
Nossos goleiros tiveram, de certa forma, responsabilidades pelas derrotas do tri vice. Assim sendo, Jefferson pegar aquele pênalti foi crucial para a alegria e felicidade de quem merece. Começava a clarear a imagem turva de lembranças tristes, de medo, de raiva, e seja lá mais o que tenha passado na cabeça do torcedor, ao ver a bola seguir para escanteio. Junto com ela, foi-se a saúde cardíaca do torcedor. O coração neste momento, já se podia sentir em cada parte do corpo alvinegro, do dedo do pé ao canto do olho, cada um sentiu o seu bater a mais de 120, onde nem sequer se imaginava que pudesse senti-lo.
Das provocações do início do campeonato, veio a superação. A quarta força foi campeã. Nos últimos anos, tivemos os artilheiros do campeonato, para a imprensa, isso não valia nada. Apenas dados estatísticos. Mas esse ano, a artilharia teve título Imperial. Que assim fosse, pois ter o artilheiro, não garantiu o campeonato nem antes e nem agora. O chororô não foi lembrado, até porque, quem chorou não fomos nós. Mas tudo isso junto, gerou o que tínhamos guardado no peito, transformando em combustível para o FOGO arder como sempre há-de arder em nossos corações.
Estaria faltando algo nessa comemoração se não fosse contra o Flamengo. Mas não por ser o Flamengo, o nosso vice, mas porque eram eles quem nos deviam. Aprendemos com um certo Mané, e isso deve servir para TODOS os alvinegros, que jogo é jogo, João é qualquer um, não interessa quem está do outro lado. Vencer o Flamengo deve ser igual a vencer o lanterna já rebaixado. Mas eles nos deviam. E nos pagaram. Créu neles.
Estava escrito, MAKTUB. Dos 6x0 para o Vasco, que tanto a imprensa fez questão de relembrar, da camisa queimada, que de uma forma ou de outra serviu para criar vergonha na cara dos jogadores, novamente no número 21 que esteve presente este ano ao nos apontar 2x1 no placar; no minuto do primeiro pênalti sofrido aos 21 minutos; mas convertido aos 23; 21 anos depois de vencer a última final contra o Flamengo em 89; na 12ª final (novamente um 21 invertido); 2010 sem os zeros é 21. Nos 100 anos da campanha GLORIOSA, nos 5000 jogos... Na reversão dos valores: a muralha do Brasil (como disseram, numa tentativa de clarear a imagem desgastada do espancador de mulheres) desmoronou por não ter consistência na verdade, não teve coluna ou alicerce; a não aceitação de um estrangeiro vindo da Sérvia que desuniu o grupo; o ídolo da Chatuba que virou vilão; a prepotência do que perdeu um HEXA e um TETRA em menos de uma semana. Valores revertidos em uma parede de gelo chamada Jefferson, dos estrangeiros que retribuíram o calor humano, os vilões do ano passado que viraram ídolos, e a ‘quarta potência’ que venceu o PENTA e os deixou com o TRI.
Como explicar tudo isso? Como entender tudo isso? Fácil. Seja TORCEDOR BOTAFOGUENSE. E tudo o mais ficará claro. Mesmo sem que seja preciso ler tudo o que está escrito acima. O que tem de ser, será. Estava escrito.
MAKTUB.
7 comentários:
Lindo texto!
Posso contar uma história? Eu fui criada pra ser flamenguista. Minha família toda é. Até o dia que comecei a namorar um Botafoguense fanático! Eu resisti até o dia que ele me levou ao Maracanã. Eu nunca teria coragem de ir a um jogo do Flamengo por medo da violência, mas naquele dia ele me deixou tranquila e disse que eu ia adorar e ainda ia virar Botafoguense!
Não era um jogo grande, mas não deixava de ser importante. Botafogo e Americano pelo Carioca. Nem me lembro se perdeu ou empatou, ganhar eu sei que não ganhou. Mas eu vi a paixão da torcida, tanta gente bonita, crianças, famílias, um jogo ruim pro Bota, mas foi tão divertido!
O que eu sou hoje já dá pra perceber, né? Botafogo de CORAÇÃO!
Sofro, grito, jogo junto, vibro, xingo, tremo de nervoso, me arrepio! Bota fogo no meu corpo!
Dá-lhe Fogão!!!
Xiii... Mas que botafoguense frenética! (rs)
Continue sempre assim, Marceli. A emoção é a própria vida.
Beijos Gloriosos!
Marceli,
Um botafoguense (ou uma botafoguense, no seu caso) nem sempre sabe que é um botafoguense. Até que algo acontece. E aí se "descobre" torcedor do Botafogo.
Como uma obra prima de Michelangelo, só está a espera de que o mestre a liberte da "pedra bruta".
SA.
Mauro Axlace.
Rui,
Transcrevo comentário realizado pelo Eduardo no blog Fogo Eterno.
"Caro Marcelo, saudações.
Minha filha Marina tem apenas dois anos de idade, mas já fala um bocado. Tudo bem, é aquela linguagem das crianças que muitas vezes só elas entendem. No entanto, para minha alegria, o vocabulário vai aumentando a cada dia.
Hoje, em plena preguiça de uma manhã chuvosa de feriado aqui em João Pessoa, eu estava desenhando com ela, quando resolvi ensinar-lhe o hino do Flamengo, já que ela adora cantar. Para minha surpresa, ela me interrompeu de súbito e tascou: “Chamengo não! Botafogo!”.
Incrédulo e à beira de um colapso, comecei, só para testar, a cantar o hino do botafogo. E então Marina abriu um cativante sorriso e ficou durante algum tempo cantarolando o hino botafoguense. E o golpe final veio depois: vesti minha camisa do flamengo e ela, sem que eu abrisse a boca, me mandou tirar e começou a chorar.
Não sei de onde ela tirou isso. Aqui em casa todos são flamenguistas, inclusive a babá. Avós, tios, primos e aderentes também. Não tem botafoguense no meu círculo íntimo de convivência. Talvez ela tenha assistido ao globo esporte e tenha gostado da música. Não sei. Minha esperança é que seja apenas uma fase.
E a chuva lá fora apenas contribui para tornar meu dia mais triste.
Abraços,
Eduardo"
Marceli,
Após esse jogo você compreendeu quando dizemos que não escolhemos torcer pelo Botafogo, ele nos escolhe.
Abs e Sds, BOTAFOGUENSES!!!
Rui,
Sabes que até ontem(quarta feira), estava com dores musculares nos ombros, braços e pernas. A voz rouca e incomodo na garganta!
Não lembro de gestos e de ter agitado com tanta força a nossa bandeira!
Não lembro de ter gritado e cantado com tanta força!
Estive no estádio acompanhado do Luiz (blog Biriba) e ele, também, está com os mesmos sintomas. Tenho certeza que todos saíram desse jeito do estádio.
Rui, o texto do Mauro explica, e muito, os nossos desejos, necessidades, e a vontade da vitória.
Abs e Sds, BOTAFOGUENSES!!!
GAROTINHA NOTÁVEL!
Ela nasceu quando no horizonte estava a estrela d'alva!... Nada a fazer. botafoguense para sempre!
Dores musculares?!... Eheheh... Espero que tu e o Biriba tenham anualmente muitas dores musculares e sofram de reumatismo para sempre!... (rs)
Gloriosos abraços campeões!
Ainda sobre a garotona botafoguense, acho que o pai deveria incentivar essa Estrela nascida de raiz porque a família sempre poderia ter uma pessoa genial no meio de tanta vulgaridadae familiar...
Abraços Gloriosos!
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