“O futebol tem uma importância enorme socialmente falando e os jogadores
precisam ser mais leais. Ser malandro parece um pouco demais. É importante que
haja solidariedade, que sejam honestos. A UEFA combate isso há uns cinco, seis
anos. Entro em campo para fazer o meu melhor e com o pensamento de que quem se
sair melhor vai vencer. Um precisa do outro. Se jogar no chão para o árbitro
entender mal a jogada é um malandragem e não respeito isso. Complica a vida da
arbitragem, que já trabalha em um nível de velocidade extremo. Transmitimos
coisas para as crianças e ganhar fazendo as coisas de forma correta é melhor.
Não precisa de malandragem para ganhar. É uma coisa habitual de vários
jogadores que pode ser atacada para passar valores positivos”. – entrevista a Seedorf, futebolista
botafoguense.
Obrigado, Seedorf! Obrigado! Obrigado!
Obrigado! Muito obrigado, Seedorf!
Esta minha profunda alegria é sustentada por
eu sempre ter afirmado ao longo da vida que o esporte é uma coisa tão bela e
saudável que é para ser disputado de forma honesta e honrosa. Este meu
sentimento profundo é contrário ao de tantos adeptos ‘malandrotes’ que adoram
ganhar uma final com um gol em impedimento no último minuto do jogo, que se
vangloriam disso e que oiço dizer que futebol é assim mesmo – vence sempre (?) o
mais ‘esperto’...
Para mim, quem pensa assim não presta nem
para torcedor nem para atleta. Pierre de Frédy, Barão de Coubertin,
impulsionador dos jogos olímpicos modernos sob o lema ‘Citius, Altius,
Fortius’, excluiria toda essa gente dos estádios, dos ginásios, das piscinas,
das pistas e de quaisquer outros recintos e provas esportivas.
A maioria esmagadora dos campeões ganhou de
forma limpa, impôs-se pela sua qualidade. Não há nenhum atleta em todo o mundo
que seja reconhecido pela sua ‘malandrice’, nem nenhuma equipa por ter ganho
com ‘malandragem’ ou com o apoio da arbitragem – ficam com o título, mas não ganham
a ‘glória eterna’. ‘Malandrice’ é sinónimo de prepotência passiva e de desrespeito
ativo pelos outros. É por isso que, tal como Seedorf, não respeito os ‘malandros’
do futebol, nem os atletas violentos, nem tão pouco os dirigentes e os árbitros
desonestos, nem mesmo os treinadores submetidos a interesses financeiros e a
adeptos que esportivamente defendem o contrário de Seedorf.
Obviamente não confundo ‘malandrice’ com
estratégia inteligente, política sagaz ou o exercício de experiências vividas,
que são dimensões absolutamente decisivas no esporte profissional da
atualidade.
Confesso-vos que este Seedorf, apesar de eu
saber com que intuito foi contratado, atenua muito fortemente a baixa nota que
atribuo à diretoria em quatro anos de funções. Este Seedorf está mudando o
Botafogo, e resta apenas saber se o conseguirá ou se a ‘malandragem’
sobreviverá.
A 9 de Julho escrevi o seguinte sob o
título “De Loco Abreu a Seedorf: mudança
de paradigma?”:
“No entanto, a imagem é forte: a chegada de
Clarence Seedorf leva à partida de Loco Abreu. E se a diretoria contratou dois
homens com personalidade forte e com um nível cultural muitíssimo acima dos
‘Souzas babacas’ do futebol brasileiro, a verdade é que a ‘conflituosidade
irrequieta’ de Abreu será substituída pela ‘assertividade tranquila’ de Seedorf.
Sejamos francos: a contratação de Seedorf, por uma
diretoria sem um plano bem definido nem metas e objetivos consistentes, é um
excelente modo de conquistar os botafoguenses escondendo as fragilidades, mas
não deixa de ser uma aposta ousada tanto quanto é possível ao Botafogo, ao
futebol brasileiro e às finanças disponíveis.”
Seedorf deveria perdurar no Botafogo além
da função de futebolista. Aí começaria a esperança de, a breve trecho,
concretizarmos o sonho de termos “o nosso Botafogo de volta”.
4 comentários:
Rui, Meu Mestre!
Infelizmente o país e povo brasileiro aprendeu, aprende e quer perpetuar a lei do mais "esperto". Os exemplos, em todos os níveis, são para a malandragem, o golpe, o ganho e as conquistas sem esforços e merecimentos.
No jogo de sábado foi comovente, todos sofreram com a contusão do Seedorf! O jogo continuou e os olhos estavam grudados na longa caminhada que o Atleta fez até o banco de reservas. Quando passou por um dos lados da torcida foi ovacionado com palmas e o grito de saudação: “Seedorf, oba, oba!!!!”. Ele levantou a mão à meia altura como se estivesse a agradecer e pedir para parar. Os gritos foram diminuindo como se alguém estivesse abaixando o som de algum equipamento eletrônico. Incrível como a torcida o admira, acredita e confia nele.
Que ele consiga implantar a sua filosofia de esporte e de vida no Botafogo!
Abs e Sds, Botafoguenses!!!
Olá, Rui.
Realmente o Seedorf é um colírio para os olhos. Se já é um dos últimos gênios dentro de campo, é um maestro exemplar fora dele. Tocante.
Por favor, entre em contato comigo através do email jamhc@ambev.com.br.
Venho tentando contato com vc através de email e skype, sem sucesso.
Obrigado
Abs
Marcelo
Gil, desde há muitos anos que não via um atleta com esta ética e esta moral pisar campos brasileiros.
A crítica dele aos 'malandros' é muito válida,mas não será menos válido co-criticar quem deixa que este estado de coisas exista, em especial os próprios árbitros que alinham nas 'malandragens'. A confederação brasileira e as federações e seus organismos também são responsáveis. Há muito para mudar no esporte brasileiro, e em especial no futebol.
Abraços Gloriosos.
Já contatei consigo por correio eletrónico, Marcelo.
Sobre Seedorf, deve haver quem o ache 'idiota', porque me lembro que quando ele disse que se a Grécia foi campeã da Europa porque razão o Botafogo não podia ser campeão brasileiro, acusaram-no de 'inocente' e falta de 'malandragem' porque estava a equiparar a qualidade do Botafogo à qualidade da Grécia, como se a Grécia não tivesse sido campeão com muito trabalho e muito mérito de um conjunto que seguiu rigorosamente a tática adotada pelo treinador.
Seedorf não diminuiu em nada o Botafogo, apenas disse que não sendo, por exemplo, um clube com apoios financeiros, de associados ou de mídia em quantidade abundante, poderia ser campeão com trabalho e disciplina, e evidentemente com os recursos técnicos da equipa.
Ele só disse essa coisa simples que muitos taxaram de 'inocência' e sem noção da 'malandragem' necessária ao futebol. Não sabiam quem era Seedorf, isto é, que não respeita 'malandragem'. Agora levaram com toda a ética dele em cima e já ninguém disse que lhe faltava 'malandragem'...
Abraços Gloriosos.
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