segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Seedorf: o novo paradigma já ganha raízes…


O futebol tem uma importância enorme socialmente falando e os jogadores precisam ser mais leais. Ser malandro parece um pouco demais. É importante que haja solidariedade, que sejam honestos. A UEFA combate isso há uns cinco, seis anos. Entro em campo para fazer o meu melhor e com o pensamento de que quem se sair melhor vai vencer. Um precisa do outro. Se jogar no chão para o árbitro entender mal a jogada é um malandragem e não respeito isso. Complica a vida da arbitragem, que já trabalha em um nível de velocidade extremo. Transmitimos coisas para as crianças e ganhar fazendo as coisas de forma correta é melhor. Não precisa de malandragem para ganhar. É uma coisa habitual de vários jogadores que pode ser atacada para passar valores positivos”. – entrevista a Seedorf, futebolista botafoguense.

Obrigado, Seedorf! Obrigado! Obrigado! Obrigado! Muito obrigado, Seedorf!

Esta minha profunda alegria é sustentada por eu sempre ter afirmado ao longo da vida que o esporte é uma coisa tão bela e saudável que é para ser disputado de forma honesta e honrosa. Este meu sentimento profundo é contrário ao de tantos adeptos ‘malandrotes’ que adoram ganhar uma final com um gol em impedimento no último minuto do jogo, que se vangloriam disso e que oiço dizer que futebol é assim mesmo – vence sempre (?) o mais ‘esperto’...

Para mim, quem pensa assim não presta nem para torcedor nem para atleta. Pierre de Frédy, Barão de Coubertin, impulsionador dos jogos olímpicos modernos sob o lema ‘Citius, Altius, Fortius’, excluiria toda essa gente dos estádios, dos ginásios, das piscinas, das pistas e de quaisquer outros recintos e provas esportivas.

A maioria esmagadora dos campeões ganhou de forma limpa, impôs-se pela sua qualidade. Não há nenhum atleta em todo o mundo que seja reconhecido pela sua ‘malandrice’, nem nenhuma equipa por ter ganho com ‘malandragem’ ou com o apoio da arbitragem – ficam com o título, mas não ganham a ‘glória eterna’. ‘Malandrice’ é sinónimo de prepotência passiva e de desrespeito ativo pelos outros. É por isso que, tal como Seedorf, não respeito os ‘malandros’ do futebol, nem os atletas violentos, nem tão pouco os dirigentes e os árbitros desonestos, nem mesmo os treinadores submetidos a interesses financeiros e a adeptos que esportivamente defendem o contrário de Seedorf.

Obviamente não confundo ‘malandrice’ com estratégia inteligente, política sagaz ou o exercício de experiências vividas, que são dimensões absolutamente decisivas no esporte profissional da atualidade.

Confesso-vos que este Seedorf, apesar de eu saber com que intuito foi contratado, atenua muito fortemente a baixa nota que atribuo à diretoria em quatro anos de funções. Este Seedorf está mudando o Botafogo, e resta apenas saber se o conseguirá ou se a ‘malandragem’ sobreviverá.

A 9 de Julho escrevi o seguinte sob o título “De Loco Abreu a Seedorf: mudança de paradigma?”:

No entanto, a imagem é forte: a chegada de Clarence Seedorf leva à partida de Loco Abreu. E se a diretoria contratou dois homens com personalidade forte e com um nível cultural muitíssimo acima dos ‘Souzas babacas’ do futebol brasileiro, a verdade é que a ‘conflituosidade irrequieta’ de Abreu será substituída pela ‘assertividade tranquila’ de Seedorf.

Sejamos francos: a contratação de Seedorf, por uma diretoria sem um plano bem definido nem metas e objetivos consistentes, é um excelente modo de conquistar os botafoguenses escondendo as fragilidades, mas não deixa de ser uma aposta ousada tanto quanto é possível ao Botafogo, ao futebol brasileiro e às finanças disponíveis.”

Seedorf deveria perdurar no Botafogo além da função de futebolista. Aí começaria a esperança de, a breve trecho, concretizarmos o sonho de termos “o nosso Botafogo de volta”.

[Nota: Reveja o artigo escrito em 9 de julho sobre uma provável mudança de paradigma: http://mundobotafogo.blogspot.pt/2012/07/de-loco-abreu-seedorf-mudanca-de.html

4 comentários:

Gil disse...

Rui, Meu Mestre!

Infelizmente o país e povo brasileiro aprendeu, aprende e quer perpetuar a lei do mais "esperto". Os exemplos, em todos os níveis, são para a malandragem, o golpe, o ganho e as conquistas sem esforços e merecimentos.

No jogo de sábado foi comovente, todos sofreram com a contusão do Seedorf! O jogo continuou e os olhos estavam grudados na longa caminhada que o Atleta fez até o banco de reservas. Quando passou por um dos lados da torcida foi ovacionado com palmas e o grito de saudação: “Seedorf, oba, oba!!!!”. Ele levantou a mão à meia altura como se estivesse a agradecer e pedir para parar. Os gritos foram diminuindo como se alguém estivesse abaixando o som de algum equipamento eletrônico. Incrível como a torcida o admira, acredita e confia nele.

Que ele consiga implantar a sua filosofia de esporte e de vida no Botafogo!

Abs e Sds, Botafoguenses!!!

Administrador disse...

Olá, Rui.

Realmente o Seedorf é um colírio para os olhos. Se já é um dos últimos gênios dentro de campo, é um maestro exemplar fora dele. Tocante.

Por favor, entre em contato comigo através do email jamhc@ambev.com.br.

Venho tentando contato com vc através de email e skype, sem sucesso.
Obrigado
Abs

Marcelo

Ruy Moura disse...

Gil, desde há muitos anos que não via um atleta com esta ética e esta moral pisar campos brasileiros.

A crítica dele aos 'malandros' é muito válida,mas não será menos válido co-criticar quem deixa que este estado de coisas exista, em especial os próprios árbitros que alinham nas 'malandragens'. A confederação brasileira e as federações e seus organismos também são responsáveis. Há muito para mudar no esporte brasileiro, e em especial no futebol.

Abraços Gloriosos.

Ruy Moura disse...

Já contatei consigo por correio eletrónico, Marcelo.

Sobre Seedorf, deve haver quem o ache 'idiota', porque me lembro que quando ele disse que se a Grécia foi campeã da Europa porque razão o Botafogo não podia ser campeão brasileiro, acusaram-no de 'inocente' e falta de 'malandragem' porque estava a equiparar a qualidade do Botafogo à qualidade da Grécia, como se a Grécia não tivesse sido campeão com muito trabalho e muito mérito de um conjunto que seguiu rigorosamente a tática adotada pelo treinador.

Seedorf não diminuiu em nada o Botafogo, apenas disse que não sendo, por exemplo, um clube com apoios financeiros, de associados ou de mídia em quantidade abundante, poderia ser campeão com trabalho e disciplina, e evidentemente com os recursos técnicos da equipa.

Ele só disse essa coisa simples que muitos taxaram de 'inocência' e sem noção da 'malandragem' necessária ao futebol. Não sabiam quem era Seedorf, isto é, que não respeita 'malandragem'. Agora levaram com toda a ética dele em cima e já ninguém disse que lhe faltava 'malandragem'...

Abraços Gloriosos.

Botafogo campeão estadual de futebol sub-17 (com fichas técnicas)

Fonte: X – Botafogo F. R. por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo O Botafogo conquistou brilhantemente o Campeonato Estadual de Futebol...