terça-feira, 24 de março de 2009

Nilton Santos e os árbitros

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A agressão aos árbitros não é comum no futebol, mas existem casos envolvendo muitos craques brasileiros e de que Nilton Santos é um exemplo muito conhecido.

Ao contrário da sua arte futebolística notável, a personalidade de Nilton Santos sempre foi muito truculenta, especialmente com as arbitragens. O próprio craque reconhece:

– “Sempre tive problemas com alguns árbitros, exceção de Mário Vianna, Alberto da Gama Malcher, Aírton Vieira de Moraes, José Gomes Sobrinho e Gualter Portela Filho”.

Por exemplo, na década de 1960, a “Enciclopédia do Futebol" levou Armando Marques a nocaute após lhe aplicar um violento soco no Pacaembu, num jogo entre Corinthians e Botafogo, em 1964, que terminou com um empate de 3x3.

Os dois protagonistas voltaram a defrontar-se quatro anos depois no Maracanã. Na época, Nilton Santos era dirigente do Botafogo e, num jogo contra o Atlético Mineiro, partiu para cima de Marques e acertou-lhe um soco em pleno queixo. O árbitro estatelou-se no túnel, sendo amparado pelo bandeirinha José Luís Barreto.


Este episódio encerrou com a carreira de Nilton Santos, que não tornou a entrar num campo de futebol na qualidade de profissional.

Naturalmente que o comportamento de Nilton Santos era anti-desportivo, mas o dos árbitros não era menos. Veja-se o episódio do craque botafoguense com Eunápio de Queirós.

Eunápio apitou um Botafogo contra Santos, no Pacaembu, que estava 0x0 no final. Nilton Santos quis saber o tempo que faltava e o árbitro respondeu:

– “O jogo não acabou.”

Entretanto, Pelé fez 1x0 e Eunápio disse-lhe:

– “Agora acabou, seu Nílton.”

Outra vez, no Maracanã, o Botafogo enfrentou o Atlético Mineiro e lá estava Eunápio novamente. Nilton Santos disse-lhe que ia jogar porque era sem-vergonha. Eis a resposta do árbitro:

– “Hoje eu vou apitar direito.”

E ainda se defendem árbitros após ‘erros grosseiros’ – que são sempre sinónimo de incompetência ou má-fé e para os quais não pode haver perdão.

Fonte:
Acervo e pesquisa de Rui Moura

17 comentários:

snoopy em p/b disse...

rui,
li certa vez no canal botafogo, o jim relatando essa pancada que nílton deu no armando marques, no pacaembu.
eu ri muito.
o jogo estava sendo transmitido para o rio e o árbitro colocou o dedo na cara do nílton santos. a enciclopédia resmungou e falou algo parecido com: "tira o dedo da minha cara porque meu filho está vendo em casa e não vai gostar de ver seu pai sendo intimado".
daí, na continuidade do árbitro, ele largou uma bufetada na cara dele.
kkkkkkkkkkk

excelente história!

abraços e sds. botafoguenses!!!

Gil disse...

Rui,

Imagino se fosse aos tempos atuais o Nilton Santos, João Saldanha e outros se tornariam lutadores profissionais, pois a cada jogo haveria uma luta.
Nas decisões dos últimos estaduais seriam cobrados dois ingressos. (kkk)

Abs e Sds, BOTAFOGUENSES!!!

Anónimo disse...

Eu vi os melhores momentos no youtube. Não acreditei na marcação do pênalti. O árbitro tinha que sair do estádio algemado ou para uma clínica psiquiátrica. A federação não pode achar normal um erro desse.


E a imprensa é tão cafageste quanto a daqui?


Patrick Dias

Fernando Lôpo disse...

Eunápio de Queirós era conhecido como Larápio de Queirós.

Anónimo disse...

Rui:

Este soco da foto foi no dia 19 de dezembro de 1971 no Maracanã. O Botafogo precisava vencer o Atlético Mineiro por 6 gols de diferença para ser campeão brasileiro. Após o encerramento do jogo, que terminou com nossa derrota por 1x0, Nilton Santos foi atrás do Armando Marques e aplicou-lhe um murro que ecoou por todo o estádio.
O motivo da ira do nosso então supervisor não foi a arbitragem naquela partida, embora Armando Marques tenha expulsado Carlos Roberto e Mura no final do jogo. Foi o verdadeiro assalto à mão armada, mão do próprio "Armandinho", dias antes, na nossa derrota por 4x1 para o São Paulo no Morumbi, que praticamente nos tirou o título.
Armando Marques talvez estivesse impressionado com a presença de Laudo Natel, governador de São Paulo, no banco de reservas do nosso adversário.
Ou o fez porque na verdade ele detestava o Botafogo, Nilton Santos e Carlos Roberto. Por quê? Talvez ele saiba explicar o motivo.

Marcelo de Albuquerque

Ruy Moura disse...

snoopy, à distância a coisa entra para o folclore do futebol e nós achamos delicioso. Mas custou ao Nilton ter sido o útlimo dia como dirigente do BFR. mesmo naquele tempo era algo complicado ameaçar ou bater num árbitro. Coisa que nos 40 e 50 era mais ou menos normal...

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

Gil, tal como o NS, também o JS pagou pelo seu temperamento. O NS foi afastado do futebol e o JS afastado da equipa nacional brasileira. O Botafogo era muito brigão mesmo e muita gente não gosta de nós por causa desses tempos em que tínhamos gente fantástica no nosso clube. Não esquecer que até tivemos como pugilista um dos líderes do combate armado contra a ditadura fascista dos anos sessenta.

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

Patrick, sinceramente, acho que hoje em dia a imprensa é safada em todo o lado. Há jornais bons em todos os países do mundo, mas os maus são muitos mais, tal como rádios e televisões. Já não confio na imprensa há anos, especialmente depois de fazer parte de acontecimentos políticos que nunca eram contados como se passaram...

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

Não sabia que era 'Larápio de Queirós', Fernando. rsrsrs...

Há coisas engraçadas. Aqui em Lisboa, após o árbitro de domingo passado ter sido decisivo para o título do Benfica, a piada que corre sobre as iniciais da designação Sport Lisboa e Benfica (SLB) é que mudou para Subornámos Lucílio Baptista (SLB). Do que este pessoal se lembra!

Uma das coisas mais engraçadas que conheço foi quando a União Soviética entrou em campo no Mundial para jogar com o Brasil e um brasileiro ao ler as iniciais CCCP na camisa dos russos apontou o dedo e disse espontaneamente: "Camarada, Cuidado Com Pelé!"

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

Marcelo, lembro-me desse Laudo Natel e lembro-me também do vergonhoso jogo do Botafogo no Morumbi em 1981 em que o árbitro assinalou penalty inexistente contra o Botafogo. O marcador falhou a grande penalidade e ele mandou repetir. O atacante falhou outra vez, e com o estádio em peso a gritar REPETE! o árbitro mandou repetir novamente... Eliminaram-nos, claro!

Abraços Gloriosos!

Fernando Lôpo disse...

Sobre Larápio de Queirós:

http://www.bangu.net/informacao/cronicas/20050904.php

" Pois com Zizinho aconteceu uma das mais interessantes histórias da bola. Jogavam Bangu e Vasco no Maracanã. O árbitro era Eunápio de Queiroz. Ao terminar o primeiro tempo, o repórter de rádio Luiz Fernando levou seu microfone até Zizinho para algumas declarações sobre a primeira etapa. O Bangu estava perdendo.

- Que tal o jogo, Zizinho? - perguntou Luiz Fernando.

- Está difícil porque esse juiz não é Eunápio de Queiroz, é Larápio de Queiroz - acusou Zizinho.

Deduraram as declarações do craque ao árbitro. Quando os times voltaram a campo, Eunápio perguntou a Zizinho:

- É verdade que o senhor disse que eu deveria me chamar Larápio de Queiroz?

- Foi, eu disse - respondeu.

- Então pode voltar para o vestiário, o senhor está expulso de campo -sentenciou Eunápio.

E foi assim que Zizinho, um dos monstros sagrados do futebol brasileiro transformou-se , talvez, no único jogador da história expulso no intervalo."

Zizinho até sua morte sustentou que se não fosse expulso o bangu seria campeão.

Fernando Lôpo disse...

Sobre Laudo Natel, escrito por Sebastião Nery:

http://www.noticiasdabahia.com.br/colunaconteudo.php?idprog=821fa74b50ba3f7cba1e6c53e8fa6845&cod=455

"Amador, o governador
Quando Jânio Quadros, em 62, se candidatou pela segunda vez ao governo de São Paulo contra Ademar de Barros, seu vice era o brigadeiro Faria Lima. Laudo Natel saiu candidato sozinho, pelo PR, em faixa própria. No último mês da campanha, estava clara a vitória de Jânio.

Amador Aguiar, o homem do Bradesco, telefonou para o ex-presidente e marcou encontro na casa de um funcionário do banco. Jânio foi com José Aparecido. Amador queria que Jânio retirasse a candidatura Faria Lima para apoiar Laudo, diretor do Bradesco e presidente do SPFC:
- Dr. Jânio, sei que sua campanha está com muitas dificuldades financeiras. Poderia resolver o assunto e assim seriam eleitos o senhor e o Laudo, que eu trouxe comigo para o senhor conhecer pessoalmente.

- Meu caro, estou eleito. O povo já manifestou sua preferência. Mais uma vez, doutor Amador, vou ganhar em São Paulo e em todas as grandes cidades. Nem vou mais às pequenas, porque não precisa. Está na hora de ver quem é ou quem não é meu amigo, para não haver queixas depois.

- Mas, presidente, o Laudo está mais forte do que o Faria Lima. Juntos, daremos uma surra no Ademar.

- Não posso, meu caro. Não posso trair o Faria, que é meu amigo dileto. Dileto. Di-le-to, entendido?

Laudo Natel

Na ponta da mesa, pequenininho, baixinho, calado, Laudo não tugia nem mugia. Jânio chamou-o para sentar-se mais perto:

- Doutor Laudo, o senhor já foi candidato antes a alguma coisa?

- Não, presidente. Não gosto de política. Foi seu Amador quem mandou. Abaixo de Deus, é o pai que eu conheci.

- Mas de futebol o senhor gosta. É presidente do São Paulo.

- Também não gostava. Foi o seu Amador que mandou. Abaixo de Deus, foi o pai que conheci. O senhor não imagina o homem bom que ele é.

O acordo não foi feito. Jânio perdeu por 123 mil votos (das pequenas cidades, que menosprezou). E Laudo (quer dizer, seu Amador, o pai) ganhou."

Ruy Moura disse...

Delicioso, meu querido amigo. Delicioso... Duas histórias bem reveladoras dos bastidores do futebol e da política. Obrigado.

Saudações gloriosas!

Anónimo disse...

Rui,


Cafajeste fui eu com língua portuguesa.


Minhas desculpas.

Patrick Dias

Ruy Moura disse...

rsrsrs... Acontece, Patrick.

Abraços.

Fernando Lôpo disse...

Rui, essa história do Zizinho espelha bem o caráter dele. Mesmo sabendo que seria expulso, não negaria ter dito algo que realmente disse, mesmo que tivesse dito de cabeça quente.

Ruy Moura disse...

Fernando, eu considero muito importante o carácter dos jogadores e do treinador (e do presidente, claro), e é por isso que h+a jogadores que eu nunca teria contratado. O Dodô é um deles. Acredito que uma equipa composta por sujeitos de futebol mediano e qualidades pessoais de assertividade, ousadia e coragem consegue marcar um tempo de futebol.

Saudações Gloriosas!

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