segunda-feira, 1 de abril de 2013

Meu caro Bolívar: há coisas que só acontecem ao Glorioso


O nosso atleta Bolívar entende que a frase “há coisas que só acontecem ao Botafogo” se aplica apenas a coisas ruins. Eu concordo com a frase e com a diferença que ela encerra relativamente aos clubes ‘normais’, e, sobretudo, à expansão dessa frase para as coisas que são positivas e gloriosas.

Nós somos diferentes. Os estudos (mestrados) realizados sobre o futebol carioca apontam essa capacidade única de o Botafogo reunir coisas únicas que o tornam versátil, ao contrário da história unívoca dos demais clubes do estado do Rio de Janeiro – bem como do Brasil e do Mundo.

A frase pode aplicar-se negativamente, por exemplo, quanto à fundação de um clube de regatas por um homem que se rebelou contra os apostadores do remo e acabou sendo morto na prisão durante a Revolta da Marinha; à Tragédia da Piedade que vitimou o campeão de 1910, Dinorah; ao falecimento na quadra de basquete do atleta do Club de Regatas Botafogo, que consagrou a união de dois clubes e a consagração do Botafogo de Futebol e Regatas; ao falecimento de Waltencir vítima do pescoço partido em campo; ao penalty inventado por Marcelo de Lima Henrique, etc.

Porém, há belíssimas coisas que são acontecimentos únicos que não sucedem a outros clubes brasileiros, quiçá mundiais: um clube de futebol fundado por garotos cuja ideia ocorreu durante uma aula de matemática (Flávio Ramos e Cia.); um clube perseguido desde 1907 pelo Fluminense e depois pelo Flamengo consegue, há décadas, ser o clube que mais contribuiu com futebolistas Campeões do Mundo (46) e que mais atletas convocados teve na Seleção do Brasil (95); um clube de ética única, um ‘Grande de Espanha’ – como classificou o tricolor Mário Filho – que se solidarizou com Abelardo Delamare em 1910 e se retirou do campeonato carioca; um clube com o mais ético futebolista de sempre, que solicitou ao árbitro anular um gol que inadvertidamente fez com a mão (Mimi Sodré); um clube que detém o recorde das mais extraordinárias e hilárias superstições em todo o mundo (Carlito Rocha e Aloísio ‘Birruma’); o clube cujo atleta se tornou o mais reivindicativo quanto a deter os direitos do seu passe – e que ganhou na justiça (Afonsinho); o único clube do mundo em que o seu atleta foi artilheiro da Copa do Mundo marcando gols em todos os jogos (Jairzinho); a maior estrela do futebol mundial, absolutamente desconcertante nos dribles e rigorosamente imarcável, era botafoguense (Garrincha); o único clube do mundo com três atletas na Seleção Mundial da FIFA no século XX (Garrincha e Nilton Santos, titulares, e Didi, reserva); um clube cujos atletas inventaram o fair-play (Garrincha), a roda de bobo (Nilton Santos), a 1º paradinha na cobrança de penalty (Didi); o Olé! em campos de futebol (Garrincha); a folha-seca (Didi), talvez seja o único clube do mundo que tem apenas uma Estrela (a Estrela D’ Alva) no seu escudo e nada mais, etc.

Portanto, amigo Bolívar, embora eu entenda a colocação da sua frase, não a reduza apenas a coisas ruins, porque isso seria reduzir a nossa identidade – o ‘Bem’ e o ‘Mal’ fazem parte da identidade do Botafogo: somos os mais explosivos na alegria e os mais sorumbáticos na tristeza.

Esses são os maiores motivos por eu continuar umbilicalmente ligado ao Glorioso, estejamos cobertos de Glória ou de Tragédia: sou homem incondicionalmente ao lado das coisas únicas, das coisas diferenciadas, das coisas que enchem a alma, das coisas tangíveis ou intangíveis que evidenciam a singularidade da “pequena e mais fanática” torcida do Brasil – não esqueçamos que o Botafogo foi o clube do Brasil, quiçá do mundo, que inventou a temível vaia dos torcedores e os aplausos desmedidos de uma torcida em plena exaltação (conforme comprovam os jornais da 1ª década do século XX).

A nossa identidade é tudo isso que faz o Botafogo ser irremediavelmente diferente – para desespero dos nossos mais acérrimos inimigos.

São estas coisas únicas que configuram, na sua diversidade, um clube único em todo o Mundo – o Glorioso BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS!

9 comentários:

luiz sergio cunha disse...

RUI,

muito bom texto e você retratou tiudo aquilo que êles morrem de inveja.

eu tambem acho, para o bem e para o mal, que há coisas que só acontecem com o botafogo.

acrescentaria o record de invencibilidade e a maior goleada.

abraços,

lscunha

Ruy Moura disse...

Oh, meu amigo, o recorde de invencibilidade e a maior goleada são apenas algumas das omissões que fiz, porque a lista positiva do 'acontecem' é enorme.

Abraços Gloriosos!

Lorismario disse...

Rui. E ainda tem a nossa torcida que nos 21 anos de jejum aumentou no Rio de Janeiro. E há as características do torcedor botafoguense, como retratado por Nelson Rodrigues. Bem, seriam tantas "coisas boas que só acontecem ao Botafogo" que daria para escrever vários livros. Loris

Ruy Moura disse...

Loris, é por isso que existem 45 livros sobre o Botafogo e os seus craques, e este ano serão, pelo menos, mais três livros.

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

E ainda há material disponível para muitos mais.

Abraços.

Gil disse...

Rui,

O nosso Botafogo é mais que "fixe" !

Abs e Sds, Botafoguenses!!!

Ruy Moura disse...

Pois é, Gil! Eu diria que, no mínimo, é fixérrimo!!! (rs)

Abraços Gloriosos!

Sergio Di Sabbato disse...

Belíssimo texto Rui. A grandeza inabalável do Botafogo incomoda muita gente até os dias de hoje. Com títulos ou sem títulos, nossa fama continua mundo afora, ao contrário da grande maioria dos clubes brasileiros que pouco ou nada significam na história do futebol mundial. Isso meu caro Rui, como bem ressaltou o companheiro LS Cunha é motivo da imensa inveja e despeito que eles tem pelas nossas imorredouras glórias. Abs e SB

Ruy Moura disse...

Pois é, os clubes que realmente são conhecidos: Botafogo e Santos. Atletas: Garrincha e Pelé.

Os outros clubes e os outros atletas que jogaram apenas no Brasil são quase desconhecidos do mundo.

E eu sei do que falo porque conheço muitos países.

Abraços Gloriosos!

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