José Roberto Torero
“CONSUMIDOR
LEITOR, consumidora leitora, este texto é um patrocínio de…
“Qualquer
dia destes vou começar minha coluna assim. É que a publicidade está se
entranhando no jornalismo esportivo como um câncer, numa metástase que usa slogans
em vez de tumores.
“É
claro que o dinheiro da propaganda é necessário. Mas pode-se fazer negócios com
Mefistófeles sem perder totalmente a classe. Não é o que acontece quando um
jornalista se transforma em vendedor no meio de uma informação. Que
credibilidade você dá a uma voz que, depois de criticar o excesso de peso de um
jogador, fala da pizzaria sei-lá-o-quê ou da churrascaria não-sei-qual?
.
“Mas
não estou aqui para protestar. De jeito nenhum! Sei me render ao gosto do
tempo. O que eu quero é isonomia. Por que só os profissionais de rádio e teve
podem ser garotos-propaganda? Sei que o termo garoto infelizmente não se aplica
mais à minha pessoa, mas ainda posso ser, digamos, um tiozão-propaganda E no
meio do meu texto colocarei comerciais tão sutis quanto o das coleguinhas. Para
dar-lhes uma amostra grátis, coloco aqui um provável texto sobre a abertura da
Copa:
“Foi
um jogo emocionante. Logo no primeiro minuto, Neymar invadiu a defesa japonesa
em grande velocidade, como um Speeder, o novo carro da Fordswagen, mas o chute
saiu longe da meta, talvez porque o craque não use chuteiras da Mike, a
chuteira da mira certeira.
“A
segunda chance não demorou muito: aos dez minutos, Lucas driblou dois zagueiros
e chutou alto, tão alto como o padrão dos apartamentos do Residencial Nova
Firenze, a arte de viver.
“Porém
o melhor lance do primeiro tempo foi quando Robinho deu uma caneta no zagueiro
Akira, uma caneta que, se tivesse marca, certamente seria Montnoir.
“No
fim do primeiro tempo, apesar do 0 a 0, parecia que o Brasil daria um chocolate
(Neslacta, o melhor chocolate do país do café). Mas veio a etapa complementar,
e o ataque nacional não conseguiu furar a defesa japonesa, resistente como os
preservativos Olé.
“Aos
35min, houve um pênalti claro em Ganso (travesseiros Bons Sonhos, com legítimas
penas de craque), mas o juiz não marcou nada e começou a ser xingado. Se as
ofensas forem verdadeiras, certamente a progenitora do árbitro trabalha no Café
Videô, onde os prazeres se encontram.
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