por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
I
É
curiosa a suposta ‘nova’ ideia que por aí circula sobre a necessidade de
ressignificar a expressão «há coisas que só acontecem ao Botafogo», tida apenas
como conotação exclusivamente negativa, mas que também tem sido bastas vezes
intérprete de acontecimentos positivos – como se fosse a primeira vez que se
tenha falado nisso, como se não houvesse passado nem autorias e tudo fosse reinventado
nos dias atuais em tempos de euforia.
É
verdade que começou sendo algo negativo e referia-se tanto ao Botafogo como ao
Vasco da Gama, acabando por, mais tarde, cair do dito popular a menção ao Vasco
da Gama.
Todavia,
há muitos anos, tanto o saudoso Roberto Porto como o editor do Mundo Botafogo
(dezenas de vezes) mencionaram o caso e usaram a expressão tanto para aspectos
negativos como positivos, porque a vida do Botafogo é tão recheada de dores e
alegrias, de dramas e glórias, que a expressão ajusta-se com uma luva ao nosso
Clube – nos melhores e nos piores momentos, porque uns e outros costumam levar sempre
consigo o ineditismo que é marca
registrada do nosso Clube.
II
Por
exemplo, quando alertei para o enorme risco de nomeação da dupla Lúcio Flávio e
Joel Carli – totalmente inexperiente em matéria de condução técnica de uma
equipe de futebol – na publicação Novo rumo, novas responsabilidades, novos riscos, escrevi o seguinte:
«Quanto a mim, uma decisão desacertada,
porque nem Lúcio Flávio, nem Joel Carli têm qualquer experiência de condução de
uma equipe principal. Os resultados da equipe B comandada por Lúcio Flávio são
desoladores e de Joel Carli nada se sabe.
Ora,
face à enorme responsabilidade de se conduzir o Botafogo a um título que há
quase três décadas não se concretiza, parece ao editor do Mundo Botafogo que
essa decisão é um risco tremendo par todos nós e mesmo para a dupla que agora conduzirá
o nosso destino em campo.
A
torcida pediu um técnico de renome, os decisores botafoguenses oferecem um
técnico e um auxiliar não somente sem renome como absolutamente alheios à
fineza técnica que se exige no momento.
Talvez dê certo – e tomara de sim! – pelas razões aduzidas, mas se
realmente acontecer o título brasileiro nestas condições inóspitas, o Botafogo
poder-se-á consagrar, para o bem e para o mal, definitivamente, tal como o dito
popular nos define, que “há coisas que só acontecem ao Botafogo”.»
III
E o
registro do Inglês virou milionário com a camisa do Botafogo?
Eis um excerto:
«No dia 12 de setembro
de 2022 o inglês Sam Grafton envergou a camisa do Botafogo durante a decisão do
Triton Poker Cyprus 2022, a mais de dez mil quilômetros do Rio de Janeiro, e
faturou o maior prêmio da sua carreira, no valor de R$ 28 milhões.
Ele
comentou: “Se continuar a ter resultados assim terei que usar mais vezes. Acho
que agora sou um torcedor do Botafogo para a vida toda."
Agora me
digam: há alguém que duvide que “há coisas que só acontecem ao Botafogo”?»
IV
Na Publicação Botafogo 2x0 Patronato: operários alvinegros de fio a pavio, a propósito do 'nosso' Bilionário acionista maioritário e a designação do clube adversário, escrevi:
E, finalmente, mais um ineditismo deste
Clube fantástico que possui as mais belas histórias de vida: ter um bilionário
americano na arquibancada torcendo contra o ‘Patronato’ é uma das “coisas que
só acontecem ao Botafogo!”»
V
E a publicação Nicole Bonilla, equatoriana e candidata a Miss Botafogo em que uma equatoriana vivendo no Brasil (em Campinas) há apenas
seis meses candidatou-se a Miss Botafogo? Então, escrevi o seguinte:
«Nicole define-se assim: “gosto muito de
dançar, viajar, aprender, sou uma pessoa alegre e extrovertida, gosto de
esportes, adoro futebol e gosto muito do Botafogo.”
Equatoriana candidata a Miss Botafogo?... Seja bem vinda porque... há
coisas que só acontecem ao Botafogo!»
VI
E que clube alguma vez ostentou um goleiro
arquimilionário? Na publicação Ermelino Matarazzo: o goleiro arquimilionário do Botafogo (I) houve um clube que teve essa inédita
ocorrência:
«Apaixonado por futebol e pelo Botafogo de
Futebol e Regatas, Ermelino Matarazzo tinha por objetivo tornar-se jogador de
futebol profissional e considerava ter talento para o efeito. Uns diziam que
sim, mas outros consideravam que o futuro industrial bem-sucedido estava bem
longe de se fixar como atleta amador, quanto mais como profissional.
Todavia, tendo ou não talento futebolístico, a verdade
é que Matarazzo dispunha de um sobrenome poderoso e influente e uma conta
bancária abundante. E isso foi decisivo para se ‘profissionalizar’, havendo
nota da sua família ter tido a honrosa fama de pagar para que Ermelino
Matarazzo fosse reserva de Oswaldo Baliza, campeão carioca pelo Botafogo em
1948.»
VII
O jóquei José Ricardo, o 'Ricardinho', filho do jóquei Antônio Ricardo do qual fui fã na minha juventude, igualou o recorde mundial de vitórias pela primeira vez com a camisa do Botafogo, a qual nunca tinha envergado em corridas de cavalos antes desse dia e cujo feito registrei na publicação Jorge Ricardo, recordista mundial de turfe:
«Com camisa listrada alvinegra, chapéu branco
e uma Estrela Solitária ao peito, o jóquei venceu a sua 9.591ª corrida no
turfe, igualando o recorde mundial de vitórias do canadiano Russell Baze.
Ricardinho assumiu publicamente amor ao clube carioca e gracejou dizendo que a
vitória só foi atingida devido ao uniforme:
– “Tinha que ser com a camisa do Botafogo, eu sabia! Não poderia mesmo ser só coincidência. Sempre torci para o clube e fico feliz que tenha chegado a essa marca vestindo as cores alvinegras” – comemorou o jóquei.»
VIII
Na
publicação O não-gol que era gol ou coisas que só acontecem a Botafogo e
Flamengo, ironizando o
Flamengo quando o árbitro apitou o final da partida um segundo antes de a bola
entrar na baliza flamenguista, não validando assim o gol botafoguense,
mencionei o seguinte:
«Porém, a verdade é que, desde sempre, “há
coisas que só acontecem ao Botafogo” quer no plano negativo e positivo, quer no
plano engraçado e original.
Por
exemplo, só pode ser engraçado que um jogador do Botafogo tenha beijado o
árbitro durante a partida ‘agradecendo-lhe’ assim, ironicamente, por ter
marcado uma falta inexistente e anulado o ataque do Botafogo. Estupefato, e sem
saber como reagir, o árbitro mostrou-lhe o cartão amarelo.
Também
se pode considerar original o famoso Jogo do Senta quando os atletas do
Flamengo se sentaram em campo quando tomaram um gol legítimo do Botafogo, que
ampliou o placar para 5x2, contestando a validade da partida, acabando ali o
jogo com vitória do Glorioso por goleada.
Enfim,
são muitas as histórias tanto pitorescas (Mimi Sodré indicando ao árbitro que o
seu gol devia ser anulado porque a bola lhe bateu na mão ou Carlito Rocha com
as inúmeras histórias do Biriba, das gemadas dadas aos jogadores e das cortinas
amarradas antes dos jogos), quanto dramáticas (a tragédia de Dinorah, vítima de
uma bala de XXX dirigida ao seu irmão Dilermando, que o paralisaria e o levaria
ao suicídio, o enlouquecimento e a morte de Heleno de Freitas ou os inúmeros
acidentes de atletas do Botafogo que pereceram por assassinato ou por acidentes
improváveis).»
IX
E se falarmos de conquistas
que só aconteceram ao Botafogo, tais como a maior goleada do futebol
brasileiro, a maior sequência invicta em campeonatos brasileiros, o primeiro
Clube carioca campeão brasileiro de futebol, basquetebol e voleibol, as maiores goleadas em decisões do campeonato carioca de futebol amador e de futebol profissional (ambas sobre o Fluminense), o único
clube multiesportivo brasileiro campeão em três séculos, etc., etc., etc…
E se o/a leitor/a
ainda quiser mais, consulte, na orelha direita do blogue, as inúmeras
publicações contidas nas Etiquetas ‘curiosidades’, ‘especiais’ e ‘matizado’ e
haverá muitas surpresas sobre os extraordinários acontecimentos vividos pelo
nosso Grandioso Clube.
X
Há muitas e
muitas outras histórias inéditas neste Clube com 130 anos de Glórias, mas vamos
reter finalmente uma última história, aquela história engraçada do blogueiro nascido
em Lisboa, filho e neto de famílias portuguesas, que viveu uma década no Rio de
Janeiro e ganhou uma irmã e primos cariocas, que é o editor do blogue Mundo
Botafogo, o único acervo digital em todo o mundo que conta e acompanha toda a
história do Botafogo diariamente há 16 anos e 9 meses.
E que no seu
perfil se identifica pelo texto «a saga botafoguense acompanha-me desde longa
data e na minha alma vibra uma paixão incomensurável pelo Glorioso Clube da
Estrela Solitária.»
Há algum outro
clube brasileiro que tenha um torcedor fisicamente não-brasileiro tão
loucamente apaixonado e que conte no seu blogue toda a história desse clube em
todas as modalidades desportivas que disputou? – É caso para dizer,
definitivamente, que «sempre houve, há e
haverá coisas que só acontecem ao
Botafogo!»
VIVA
O INIMITÁVEL BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS!
8 comentários:
Eu "detestava" esse "mantra", mas agora, a partir de seu magnífico artigo passei a adotar como lema histórico. Aliás, estou amadurecendo um artigo há muito tempo, desde que perguntei algo a vc sobre o tema!
Houve uma época que eu também 'detestava' a frase, mas gradualmente fui percebendo que, para o melhor e para o pior, havia imensos acontecimentos negativos e positivos que nos foram moldando em termos de cultura botafoguense. Creio, hoje, ser um luxo esse dito 'mantra', porque temos e somos clarissimamente diferentes de todos os outros clubes graças a nos acontecerem coisas tão exclusivas! (rsrsrs)
Abraços Gloriosos.
Que texto sensacional, realmente há coisas que só acontecem só Botafogo, um clube cheio de grandes histórias e, segundo o saudoso Roberto Porto o clube que tem mais referências literárias sobre clubes de futebol no país. Parabéns Ruy, primeiro pelo texto magnífico e por sermos companheiros de camisa, o que muito orgulha a mim e a todos os botafoguenses. Abs e SB!
Sergio, eu já cataloguei 76 livros diretamente sobre o Botafogo ou os seus craques. E alguns foram inspirados em matérias do Mundo Botafgo, o que também muito me orgulha.
Também tenho orgulho em ser seu companheiro de escudo e partilhamos o gosto pela música clássica e pela pintura. Nestas férias levei comigo algumas das suas músicas que gentilmente me ofereceu.
Abraços Gloriosos.
Adenda: Tenho metade desses 76 livros. E quando for ao Rio pretendo obter mais uns quantos.
Ruy, você poderia me dar informações sobre a cidade de Évora, no caso sobre sua universidade.
Explico: um estudante que faz mestrado em Évora me pediu a minha sonata para flauta e piano que disse gostar muito. Li informações cidade, mas prefiro sua opinião, acho mais confiável.
A propósito, já lhe mandei a gravação dessa sonata? Se não mandei, mandarei com prazer, bora seja uma gravação não muito boa, mas dá para se ter uma ideia da obra. Abs e SB!
Não entendi bem, Sergio. Quer informações da cidade ou da universidade? E que tipo de informações, em função de quê? Explico: o que é que a cidade tem a ver com a sonata?; e a sonata enquadra-se no mestrado?
Podemos conversar melhor por e-mail, se assim desejar.
Abraços Gloriosos.
Vou mandar um e-mail. Abs e SB!
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