por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Efetivamente o futebol do
Botafogo mudou de rumo JÁ!
Lage não começou mal no
Botafogo e manteve a nossa invencibilidade por algumas partidas, mas quando
decidiu alterar o posicionamento dos jogadores com a marcação alta iniciou uma
desarticulação, impercetível nos primeiros tempos, mas que se evidenciou nas
últimas ‘invenções’ claramente desconectadas da realidade técnica do Botafogo.
Lage colocou o cargo à
disposição, mas o risco de demiti-lo era elevado e certamente admitiu-se
internamente que o técnico arrepiaria caminho e, para sua própria preservação,
passaria a fazer o ‘feijão com arroz’, isto é, baixaria a marcação e procederia
aos ajustamentos necessários. Antes dele, Castro percebera que laborava num
erro e inteligentemente reconheceu-o e mudou a estratégia que, afinal, fez
sucesso; Lage não o fez, insistiu numa linha que estava se mostrando ineficaz
face aos inesperados maus resultados, imaginou que estaria respaldado pela
confirmação no cargo que colocou à disposição, mas esqueceu-se que a gestão de
uma equipe – seja ela qual for – exige atualmente muita ‘inteligência
emocional’ e Lage, além de falhar tecnicamente nas últimas partidas, juntou a
essas falhas uma rotunda falta de inteligência emocional.
Efetivamente, além de
decisões discutíveis – como as opções nos jogos de ida e volta contra o
Defensor na Sula –, começou com dificuldades de argumentação nas Coletivas e
depois cometeu dois erros absolutamente trágicos para si mesmo: a barafunda do
seu discurso após o jogo do Flamengo – difícil de interpretar, já que as suas
justificações não foram suficientemente claras – e, sobretudo, o modo como
informou Tiquinho Soares e a equipe que o nosso artilheiro ficaria no banco. E,
claro, esta gritante falha de natureza comportamental, aliada ao desempenho de
Tiquinho após o intervalo, que lhe valeu um golaço e uma dinâmica melhor da
equipe, enterrou definitivamente Lage, que dificilmente se conseguiria redimir
do seu auto-fatalismo – que, aliás, se afigura uma saída muito semelhante à que
teve no Benfica, e se assim foi significa que não fez o aprendizado necessário.
Eis que a cúpula
botafoguense teria que tomar a decisão de o demitir, porque uma equipe
desmotivada com o seu treinador não ganha coisa alguma. Decisão acertada face a
todas as evidências que subitamente emergiram de modo acumulado.
Todavia, os decisores do
Botafogo optaram por oficializar Lúcio Flávio como técnico e Joel Carli como
auxiliar, não apenas interinamente, como seria expectável, mas, em princípio,
até ao final da temporada.
Quanto a mim, uma decisão
desacertada, porque nem Lúcio Flávio, nem Joel Carli têm qualquer experiência
de condução de uma equipe principal. Os resultados da equipe B comandada por Lúcio
Flávio são desoladores e de Joel Carli nada se sabe.
Ora, face à enorme
responsabilidade de se conduzir o Botafogo a um título que há quase três
décadas não se concretiza, parece ao editor do Mundo Botafogo que essa decisão
é um risco tremendo par todos nós e mesmo para a dupla que agora conduzirá o
nosso destino em campo.
A torcida pediu um técnico
de renome, os decisores botafoguenses oferecem um técnico e um auxiliar não
somente sem renome como absolutamente alheios à fineza técnica que se exige no momento.
A lógica foi não gastar mais dinheiro contratando outro técnico – apesar de Textor se dispor a encher o Lyon de milhões de euros em janeiro de 2024 – e apostar na ‘simpatia’ de Lúcio Flávio e no seu conhecimento dos jogadores, bem como na ‘adesão’ claríssima do vestiário a um ex-jogador com características de líder proactivo, ao contrário de Lúcio Flávio que não me parece ter alguma vez mostrado características de liderança firme.
Desejo toda a sorte a Lúcio
Flávio e a Joel Carli, porque a sorte deles será a nossa sorte, mas é convicção
do Mundo Botafogo que se alcançarmos o título não será por méritos técnicos de
Lúcio Flávio nem de Joel Carli, mas por recuperação do conceito de ‘família’
introduzido por Castro e que constituiu o cerne principal de uma equipe
coletivamente muito competitiva, apesar de a maioria dos seus atletas ter sido
recrutada em clubes onde estavam encostados.
E essa é a principal
dimensão desta decisão: colocar junto da equipe os dois homens que ultimamente
estiveram mais próximos dela, recuperar o conceito família através das suas
características e contar que a equipe consiga reaprender os seus antigos
posicionamentos e que fará tudo o que estiver ao seu alcance para mostrar a
justeza do seu sentimento relativamente a Lage e assim comprovar as suas
capacidades, enquanto jogadores, de serem campeões nacionais com ou sem técnico
de renome.
E contando que a torcida que
tem lotado o nosso estádio seja capaz de aceitar a decisão (o que provavelmente
fará como única possibilidade atual de concretizar o seu sonho) e de se unir
totalmente à equipe técnica e ao plantel, consciente que a sua parte será
doravante ainda mais fundamental para a conquista do Caneco!
A decisão da cúpula
botafoguense faz-nos regressar aos nossos eternos erros de amadorismo, dê ou
não dê certa a opção agora tomada, porque não é uma decisão de gestão
profissional, sobrecarrega de responsabilidade dois homens que não foram
preparados para os novos cargos e é altamente perigosa para as nossas
aspirações.
Talvez dê certo – e tomara
de sim! – pelas razões aduzidas, mas se realmente acontecer o título brasileiro
nestas condições inóspitas, o Botafogo poder-se-á consagrar, para o bem e para
o mal, definitivamente, tal como o dito popular nos define, que “há coisas que
só acontecem ao Botafogo”.
6 comentários:
Este título, se vier, está nas mãos dos jogadores...
Depois de ler esse texto excelente, que mostra com clareza o Botafogo de 2023 e seus percalços, pouca coisa tenho a acrescentar, apenas torcer para que a decisão tomada pela diretoria que foi pedida e apoiada pelo elenco nos leve a conquista do título brasileiro de 2023.
Não estou pessimista, mas aqui reproduzo Saramago: "não sou pessimista, a realidade é que é péssima" se nós nos apegarmos a realidade, mas aí eu tenho que concordar : "há coisas que só acontecem ao Botafogo", pois se conquistamos um sul americano com um dos times mais fracos da nossa história, por que não termos esperanças no título este ano?ABS e SB!
Também me parece isso. Farão das tripas coração para mostrarem a incapacidade do Lage em perceber psicológica e mentalmente a equipe e simultaneamente afirmarem as suas qualidades. E, já agora, valorizarem-se no mercado!
Abraços Gloriosos.
E como diz o povo, a esperança é a última que morre. Sem esperança não há futuro. Todavia, a minha alegria, que era enorme até aos primeiros jogos do Lage, foi esmorecendo e estou triste. Francamente triste com este regresso a um passado amador que julgava ter desaparecido do espectro da nossa existência botafoguense. Já não vou sorrir tanto mesmo que sejamos campeões, porque depois das formidáveis campanhas do Castro e do Caçapa no Brasileirão teremos um título (se vier) novamente sofrido, bem à moda do velho Botafogo. E eu não pertenço nem à cultura do torcedor Cri-cri nem à cultura da superstição - desde garoto sempre olhei para a frente e sou uma pessoa e um torcedor que acredita na conjunção do objetivismo e da espiritualidade (esta expressão não tem conotação religiosa) com base em muito trabalho e uma boa porção de criatividade. Daí a minha tristeza, que desejo muito ser revertida nos póximo tempos.
Abraços Gloriosos, meu 'velho' amigo!
Na verdade Ruy, o que aconteceu com o Botafogo foi algo inusitado e que ninguém esperava, de um período ruim no começo com o Castro, a superação e um futebol eficiente que deu ao time uma boa gordura. Então acontecem os problemas que nós conhecemos e, depois do sucesso de 4 jogos um novo treinador. Confesso que acreditei num grande trabalho apesar de alguns problemas que atribuo ao tempo de adaptação, mas eis que a coisa desanda, e a solução caseira parece ser a menos problemática, será? E fica a pergunta: um novo treinador, mesmo que sendo de ponta resolveria a gestão do elenco? Acho que pode até ter sido uma decisão amadora, ao estilo do velho Botafogo, confesso que apesar de não me agradar completamente, entendo que os dirigentes parecem ter ficado numa sinuca de bico, então vejo essa decisão como a melhor saída para essa situação, por isso nos resta torcer e, o próximo treinador que venha para o clube, que se faço um contrato que blinde melhor o clube. ABS e SB!
Também acreditei num bom trabalho do Lage confiante no que benfiquistas diziam dele. Porém, ele não teve capacidade para gerir a situção. Por incrível ue possa parecer, é tímido e humilde e a arrogância que alguns lhe recnhecem não é mais do que uma capa para esconder a insegurança e a ouca capacidade de liderança. Apesar disso,como chegu a uma equipe disparada na liderança, julguei que poderia introduzir alguns novos conhecimentos técnicos, mas o que fez foi meter os pés pelas mãos nas suas desastrosas comunicações, como a Coletiva do jogo com o Flamengo, a colocação do cargo à disposição e a cena do Tiquinho, bem como invenções incríveis para colmatar deficiências da equipe piorando ainda mais as coisas, como colcar Tchê Tchê a lateral e fragilizar o meio campo, quando muito bem poderia manter irregular Di Placido ou escalar o Basto que é um defesa que jogo em todas as posições de retaguarda.
Última nota: e nem era preciso recorrer a um treinador estrangeiro, provavelmente pouco familiarizado com o futebol brasileiro e sem tempo para o fazer. Há um (talvez dois) treinador brasileiro que se identificaria totalmente com o esquema montado pelo Castro e que encaixaria na perfeição como treinador, e que poderia aceitar Lúcio Flávio como auxiliar e Joel Carli como homem de ligação ao vestiário, isto é, ao plantel de modo a apoiar nas necessidades dos jogadores. Estou convencidíssimo que aceitaria o desafio de ser campeão brasileiro. É fácil descobrir quem.
Abraços Gloriosos.
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