sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Até sempre, João Ignacio Müller

Estou profundamente triste com a notícia que recebi há pouco da Vanda Mascitelli. O nosso querido amigo João Ignacio Müller, ex-Conselheiro do Botafogo, pessoa absolutamente impoluta, deixou-nos.

JIM, apelido carinhoso com que os amigos o tratavam, foi médico de profissão e sempre se manteve na trincheira daqueles que lutam por um verdadeiro Botafogo. Nos últimos anos bateu-se pelo Glorioso no ‘Canal Botafogo’ e, mais tarde, no seu portal ‘Botafogo em Debate’, mesmo quando às vezes as forças lhe faltavam.

Em 2007, em General Severiano, entre mim e o meu primo

Conheci JIM em 2007 e ele foi muito gentil comigo, proporcionando-me uma visita guiada à sede de General Severiano, e em particular à Sala de Troféus do nosso clube.

Mais tarde, em 2009, tive a honra de assistir a uma das finais cariocas no seu apartamento de Ipanema com o filho e os amigos

Em 2009, no seu apartamento, entre mim e o Maurélio

À família de JIM apresento as minhas profundas condolências, em particular ao seu filho, Marcos Müller, o ‘pai’ das estátuas do Engenhão.

E a si, meu estimado amigo, desejo apenas que tenha vivido o mais intensamente possível a sua vida e que tudo tenha valido a pena. Jamais esquecerei os momentos que passámos juntos. Até sempre.

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MANÉ e outros manés

por JIM
2010.08.18
Botafogo em Debate

Garrincha foi o maior jogador que o mundo já viu num campo de futebol.

A opinião não é somente minha, mas de vários profissionais que atuaram nas quatro linhas, e de tantos outros que cobriram jornalisticamente o esporte mais popular do planeta.

Acontece que a mídia manipulada e facciosa, não admite tal fato e prefere transferir a glória para Pelé, Maradona e outros. O Botafogo tem também grande parcela de culpa nessa avaliação, por não dar a seu ídolo e herói maior, o tratamento devido.

Passo a lembrar apenas três episódios que definem a questão:

Alfredo Di Stéfano, um dos cinco mais destacados atacantes que glorificaram o futebol, numa reportagem a uma revista especializada na Espanha, e perguntado qual teria sido melhor – Pelé, Maradona, Puskas, Cruyff ou ele mesmo...

“Don” Alfredo Di Stéfano não pensou duas vezes e concluiu:

“Pelé e Maradona foram geniais, Puskas e Cruyff sensacionais, mas o maior de todos foi o homem das pernas tortas – Garrincha. Nunca vi ninguém fazer com uma bola o que ele fazia”...

Gabriel Hanot, considerado o maior jornalista esportivo da história do futebol europeu, numa entrevista à L´ Equipe:

“Não há comparações possíveis. Pelé fazia coisas que um ser humano faz. Garrincha certamente veio de outro planeta... Jamais houve e certamente jamais haverá um outro Garrincha”...

E para terminar Nestor Rossi, extraordinário meio campista da seleção argentina na década de 60:

“Vicente da seleção portuguesa, Trapattoni, da italiana, Delacha da esquadra argentina, foram capazes de marcar Pelé. Nunca vi nenhum jogador capaz de marcar Garrincha”...

E esse “marcador” realmente nunca existiu. Garrincha, para os que não o viram jogar, foi algo místico, meio sobrenatural... Uma mistura de anjo e passarinho. Desfilava pelo gramado como se ele fosse uma passarela a se desenrolar a cada passo seu, deslumbrante sucessão de arte e magia.

Tive a honra, o privilégio e a suprema felicidade de tê-lo visto jogar, além de ter sido seu amigo. E resumo toda a admiração, todo o imenso carinho e respeito que sempre lhe tive, reproduzindo aqui uma frase que me disse numa conversa informal:

“Jogar futebol é fácil. É só você pensar que o Maracanã é aquele terreninho lá em Pau Grande onde a gente bate uma bolinha”... 
. 
Confesso que, na ocasião, ao ouvir essas palavras, as lágrimas desceram-me pelo rosto.

5 comentários:

Gil disse...

Rui,

Não tive o prazer e a honra de conhecer o JIM como você, mas tenho a sensação de conhecer pelo que já li dos artigos por ele publicado e por vocês dos sítios Botafoguenses.
Lembro que ele tinha ideias maravilhosas para melhorar a performance dos atletas.

Que Deus acalme os corações da família e dos amigos!

Será mais um espirito iluminado a guiar nossa estrela contra as péssimas administrações!

Abs e Sds, Botafoguenses!!!

MAM disse...

Saudoso JIM, tive o prazer de conhecê-lo
Descanse em paz

Sergio Di Sabbato disse...

Não tive o prazer de conhecer pessoalmente o JIM, mas trocamos alguns comentários e, era um botafoguense apaixonado. Duas coisas que eu ele escreveu em resposta a indagações minhas que ficaram guardadas em minha memória. A primeira foi sobre aquele primeiro jogo da final do brasileiro de 92, que ele falou que foi uma das coisas mais sórdidas que aconteceu no futebol brasileiro e, um dia escreveria sobre isso e a segunda, sobre a decepção com os atuais dirigentes do Botafogo, pois achava que faltava amor ao clube. Minhas condolências à família. JIM, descanse em paz e vá se encontrar com o nosso eterno Garrincha, o maior jogador de futebol de todos os tempos. Abs e SB!

FLAVIO SILVEIRA disse...

O Jim tinha um grande respeito por vc, Rui.Vou sentir muita falta dos nossos papos.Conversei com ele pela ultima vez na terca feira.E me disse q faltava ao Botafogo, gente q o amasse de verdade, na conducao dos destinos do clube.Com certeza, ele , João Ignacio o amou intensamente.sabado era os dias q mais conversavamos.O dia de hj está muito ruim.Abs

Ruy Moura disse...

Amigos, o JIM era uma pessoa com frontalidade e assertividade, simultanemanete muito emocional e inteligente, polémico e às vezes rude na defesa do Botafogo, figura com a qual nem sempre se está de acordo como convém a quem pensa por si próprio, a quem é ousado e corajoso. Ah... e era de uma imensa generosidade.

Essa mistura explosiva de quem viveu a vida intensamente é-me muito cara. Aprecio muito pessoas complexas, com quem se possa debater inteligentemente e nem sempre se possa concordar, trazendo à liça o contraditório, o materialismo dialético que vem dos tempos remotos de Heraclito. Enfim, uma pessoa que acrescenta coisas ao outro e deixa que o outro lhe acrescente coisas a ele. Essa é a essência da relação humana.

Para mim, o JIM era isso tudo. Tenho muita, muita estima pela pessoa que foi.

Obrigado pelas vossas mensagens, amigos. O JIM agradeceria certamente. Abraços.

O otorrino não me deu ouvidos

[Aos leitores interessados informa-se que as crônicas de Lúcia Senna no Mundo Botafogo foram publicadas em livro intitulado 'No embalo...