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por Gerson Soares
Vou me vingar desse Garrincha. Sexta-feira vou jogar contra ele, vou fazer o mesmo que faz com os zagueiros do meu time e, na presença de vocês todos, vou deixá-lo caído de bunda no chão com um drible. A promessa, feita diante dos amigos do colégio, não seria de todo impossível, caso não acontecesse um lamentável incidente.
Mané precisava fazer uma viajem a São Paulo e me pediu para cuidar de seus passarinhos. E recomendou que eu tivesse especial cuidado com o melro, da maior estimação. Disse a Mané que não se preocupasse, pois não era desastrado como meus irmãos.
No dia seguinte fui a limpar as gaiolas do homem. A do melro, pesada, eu peguei com o máximo cuidado. O melro revoou assustado. Limpei o piso, troquei a água, fui à geladeira buscar uma espiga de milho... Ao voltar, um susto: a porta da gaiola estava aberta, o melro havia fugido. Meu coração disparou, fiquei apavorado, aquele pássaro era seu companheiro há mais de cinco anos.
Mané chegou à tarde de São Paulo, me arrepiei ao ouvir o seu tradicional assobio, que penetrou em minha alma como uma bala de fuzil. Era com um assobio que ele avisava ao melro de sua chegada. Segui um conselho de meu pai: “Filho! Sendo bom ou ruim para você, fale sempre a verdade”.
Mané disparou um palavrão, me olhou de forma esquisita, não deu uma palavra e se trancou no quarto. Na sexta-feira, às cinco horas da tarde, estávamos no campo para a pelada. Meus amigos de colégio, entre eles Sandra, por quem eu era apaixonado, chegaram para ver eu jogar Garrincha no chão com o tal drible.
Estranhei o fato de Mané se escalar justamente na lateral esquerda. Nesse caso, ele me marcaria, pois eu gostava de jogar na ponta direita. Algo me dizia que queria se vingar. Não me intimidei, era a oportunidade de jogá-lo ao chão e crescer diante da galera do colégio, impressionar Sandra.
Na primeira jogada, parti em velocidade para cima dele, que me desarmou com facilidade. Para minha surpresa, afirmou:
“Juca, você, como ponta-direita e tratador de passarinhos, é um fracasso. Preste atenção. Quando pegar a bola, caminhe com ela o mais perto possível da linha lateral, você vai passar facilmente por seus marcadores. É assim que faço com meus joões.”
Fiquei com o coração apertado. Deixara fugir seu melro estimado e mesmo assim ele me ensinava a jogar. Mas eu tinha de driblá-lo, jogá-lo ao chão, me sentia um canalha. Na segunda bola que peguei, Garrincha, com o dedo polegar, indicava por onde passar. Respirei fundo, fiquei lado a lado, ombro a ombro, preparei-me para, num impulso, de surpresa, aplicar-lhe uma finta, iludi-lo. Recebi um impacto proposital, inesperado, de seu ombro. Meu corpo subiu, levitou, decolei sem nenhum controle. Mergulhei de cabeça numa vala negra que beirava o campo. Afundei por inteiro na água podre, fétida. Levantei-me tonto, imundo, não enxergava nada. Ouvia somente as gargalhadas no campo e em volta dele. Até Sandra sorria.
Com se nada tivesse acontecido, Garrincha se aproximou e suas palavras disseram tudo:
“Da próxima vez tenha cuidado com meus passarinhos e principalmente com quem guarda seus segredos. Eu não ia jogar essa pelada hoje. Mas soltar meu melro e ainda querer me jogar no chão com um drible...”
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Fonte: www.sosserve.com.br
Vou me vingar desse Garrincha. Sexta-feira vou jogar contra ele, vou fazer o mesmo que faz com os zagueiros do meu time e, na presença de vocês todos, vou deixá-lo caído de bunda no chão com um drible. A promessa, feita diante dos amigos do colégio, não seria de todo impossível, caso não acontecesse um lamentável incidente.
Mané precisava fazer uma viajem a São Paulo e me pediu para cuidar de seus passarinhos. E recomendou que eu tivesse especial cuidado com o melro, da maior estimação. Disse a Mané que não se preocupasse, pois não era desastrado como meus irmãos.
No dia seguinte fui a limpar as gaiolas do homem. A do melro, pesada, eu peguei com o máximo cuidado. O melro revoou assustado. Limpei o piso, troquei a água, fui à geladeira buscar uma espiga de milho... Ao voltar, um susto: a porta da gaiola estava aberta, o melro havia fugido. Meu coração disparou, fiquei apavorado, aquele pássaro era seu companheiro há mais de cinco anos.
Mané chegou à tarde de São Paulo, me arrepiei ao ouvir o seu tradicional assobio, que penetrou em minha alma como uma bala de fuzil. Era com um assobio que ele avisava ao melro de sua chegada. Segui um conselho de meu pai: “Filho! Sendo bom ou ruim para você, fale sempre a verdade”.
Mané disparou um palavrão, me olhou de forma esquisita, não deu uma palavra e se trancou no quarto. Na sexta-feira, às cinco horas da tarde, estávamos no campo para a pelada. Meus amigos de colégio, entre eles Sandra, por quem eu era apaixonado, chegaram para ver eu jogar Garrincha no chão com o tal drible.
Estranhei o fato de Mané se escalar justamente na lateral esquerda. Nesse caso, ele me marcaria, pois eu gostava de jogar na ponta direita. Algo me dizia que queria se vingar. Não me intimidei, era a oportunidade de jogá-lo ao chão e crescer diante da galera do colégio, impressionar Sandra.
Na primeira jogada, parti em velocidade para cima dele, que me desarmou com facilidade. Para minha surpresa, afirmou:
“Juca, você, como ponta-direita e tratador de passarinhos, é um fracasso. Preste atenção. Quando pegar a bola, caminhe com ela o mais perto possível da linha lateral, você vai passar facilmente por seus marcadores. É assim que faço com meus joões.”
Fiquei com o coração apertado. Deixara fugir seu melro estimado e mesmo assim ele me ensinava a jogar. Mas eu tinha de driblá-lo, jogá-lo ao chão, me sentia um canalha. Na segunda bola que peguei, Garrincha, com o dedo polegar, indicava por onde passar. Respirei fundo, fiquei lado a lado, ombro a ombro, preparei-me para, num impulso, de surpresa, aplicar-lhe uma finta, iludi-lo. Recebi um impacto proposital, inesperado, de seu ombro. Meu corpo subiu, levitou, decolei sem nenhum controle. Mergulhei de cabeça numa vala negra que beirava o campo. Afundei por inteiro na água podre, fétida. Levantei-me tonto, imundo, não enxergava nada. Ouvia somente as gargalhadas no campo e em volta dele. Até Sandra sorria.
Com se nada tivesse acontecido, Garrincha se aproximou e suas palavras disseram tudo:
“Da próxima vez tenha cuidado com meus passarinhos e principalmente com quem guarda seus segredos. Eu não ia jogar essa pelada hoje. Mas soltar meu melro e ainda querer me jogar no chão com um drible...”
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Fonte: www.sosserve.com.br
9 comentários:
Prezado Rui apenas para mais uma vez mostrar a minha indignação que já está cansada de ser indignada pois a cada rodada somos despudoradamente "garfados", roubados, "aliviados", surrupiados, por pessoas com um apito que ainda se acham graciosos ao tentar explicar o inexplicável.Se eu sou o presidente do Glorioso, independente das punições faria como os que fizeram no passado - ABANDONARIA O CAMPEONATO BRASILEIRO EM PROTESTO A PERSEGUIÇÃO IMPLACÁVEL.UMA VERGONHA - SAUDAÇÕES ALVINEGRAS - MARCOS VENICIUS
Ah esse Mané acredito Rui que Confúcio talvez não fosse tão sábio quanto ele - SAUDAÇÕES ALVINEGRAS - MARCOS VENICIS
Tem que lembrar das coisas boas que o Garrincha fazia no Botafogo porque no capeonato brasileiro está feia a coisa a arbitragem com o Botafogo.
Queria tanto ter vivido essa época... q saudade. bjs
Abandonar seria o nosso fim, Marcos. Precisamos é de um presidente que acabe com essa pouca vergonha. Mas nao temos esse presidente, que até ja desculpou arbitragens...
Abraços Gloriosos!
Marcos, acho que o Mané era... o CONFUCIO DO FUTEBOL!!!
Abraços Gloriosos!
Saulo, creio que somos um dos alvos para a segunda divisao... So se não puderem...
Abraços Gloriosos!
Pamella, espero que a tua idade te permita teres um novo Glorioso no futuro. Uma Selefogo, por exemplo!
Beijos Gloriosos!
Olá, galera!
Segue as súmulas de três gols olímpicos do maior ponta-direita de todos os tempos.
BOTAFOGO 3 x 0 PORTUGUESA
Data: 09 / 08 / 1953
Local: General Severiano, Rio de Janeiro
Árbitro: Carlos de Oliveira Monteiro
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Garrincha (2), sendo o primeiro olímpico, e Geninho
Botafogo: Gílson, Gérson e Nílton Santos; Floriano, Bob e Juvenal; Garrincha, Geninho, Dino, Jayme e Vinícius. Técnico: Gentil Cardoso
Portuguesa: Antoninho, Cicarino e Pimenta; Aristóbulo, Joe e Lusitano; Rubinho, Neca, Colângelo, Baduca e Darrocinha. Técnico: Zoulo Rabello
Obs: 1) Aristóbulo foi expulso; 2) Nesse jogo a maioria da imprensa atribuiu, equivocadamente, o primeiro gol como sendo contra. Quando o adversário tocou na bola, esta já tinha ultrapassado a linha de gol. O árbitro colocou na súmula tento olímpico de Garrincha.
Fonte: O Globo
BOTAFOGO 2 x 1 REMO
Data: 18 / 02 / 1959
Local: Estádio do Souza (Belém)
Árbitro: Paulo Bezerra
Competição: Amistoso
Gols: Socó (contra) e Garrincha (olímpico) p/o Botafogo; Sessenta p/o Remo
Botafogo: Adalberto, Cacá, Thomé, Paulistinha e Nílton Santos; Pampolini (Ronald) e Didi; Garrincha, Paulinho Valentim, Édison (Quarentinha) e Neyvaldo. Técnico: João Saldanha
Remo: Piedade (Schmidt), Olinto e Zé Ferreira; Isaías (Jacob), Socó e Baiano; Sessenta (Bebeto), Dudinha, J. Alves (Kiba), Zezinho (Roger) e Quinha. Técnico?
Fonte: O Globo
BOTAFOGO 2 x 0 SÃO CRISTÓVÃO
Data: 22 / 09 / 1963
Local: Figueira de Mello, Rio de Janeiro
Árbitro: Antônio Viug
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Garrincha (olímpico), aos 41’ (1° tempo) e Jairzinho, aos 32’ (2° tempo)
Botafogo: Manga, Joel, Zé Carlos, Nílton Santos e Rildo; Élton e Fifi; Garrincha, Amoroso, Quarentinha e Jairzinho. Técnico: Danilo Alvim
São Cristóvão: Franz, Ari, Renato, Élton e Moisés; Válter e Jair; Artoff, Aladim, Ivo e Enir. Técnico: Denôni Pereira Alves
Fonte: Jornal dos Sports
Saudações Botafoguenses.
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