quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Botafogo 4x1 Madureira

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O Madureira não joga o futebol do Vasco da Gama ou do Fluminense, mas creio que independentemente de um adversário mais frágil, o Glorioso mostrou finalmente alguma evolução em 2010. Como quase toda a gente previu, aliás, com a entrada de Joel Santana.

Eu próprio afirmei isso, e que uma melhoria iria mascarar a péssima diretoria de que dispomos. Contente por ganhar, fico apreensivo porque esta diretoria vai novamente embandeirar em arco e dizer mais uma enormidade de disparates que profere, reitera e replica há 13 meses sem parar. Mas vamos ao jogo.

Desde o início senti que estávamos perante as famosas equipas de Joel: posse e troca de bola, lateralização e engodo do adversário, sempre à espera do erro dos outros. Como as equipas do Rio erram todas com muita facilidade, Joel Santana apostou uma vez mais nessa situação. Na verdade, o Madureira não criou uma oportunidade real de gol até o Botafogo inaugurar o marcador. O que se esperava a todo o momento, aliás.

A defesa continua frágil, mas Fábio Ferreira vai-se safando e Fahel está bem melhor por ali do que no meio de campo. Marcelo Cordeiro é pior do que eu esperava e Alessandro lá vai andando na mesma… Lúcio Flávio parece cada vez pior. Mas, apesar disso, as trocas de bola eram razoáveis – com muito menos passes errados – e o Botafogo contra-atacava sempre que podia, jogando com mais discernimento do que o Madureira do meio campo para a frente. Saiu a ganhar com justiça na primeira etapa.

No tempo complementar o Madureira pareceu querer reagir, mas o Botafogo acertou rapidamente a defesa e teve algumas oportunidades de gol perdidas por Lúcio Flávio, Herrera e Loco Abreu. Aliás, fico preocupado que o mediano Herrera seja o nosso melhor jogador e que Loco Abreu não mostre intimidade com a bola. Na verdade, o uruguaio trabalha muito para a equipa, o que talvez ninguém esperasse muito, mas parece que somente de cabeça pode ser realmente perigoso.

Porém, o segundo gol não saía porque a equipa contra-atacava sem a rapidez necessária. Leandro Guerreiro não tem nenhuma visão de jogo – é um jogador mediano e mecânico –, Marcelo Cordeiro falhou diversas vezes os lançamentos e Lúcio Flávio… bem, deixa p’ra lá… Eis, então, que entra Caio. Loco Abreu dá um gol feito a Caio, o jovem imprime velocidade no ataque, o Botafogo torna a marcar após o Madureira diminuir e, finalmente, devido à sua velocidade, Caio leva novamente perigo à baliza adversária e chega a sua vez de oferecer o gol a Loco Abreu, que não perdoa para a goleada.

Em suma: parece que vamos às semifinais novamente; Joel Santana começou acertando a equipa mais cedo do que certamente pensava; prova-se que uma equipa feita de jogadores medianos e ruins pode coletivamente ser mais do que apenas a soma de 11 partes. Confesso que desde os melhores momentos de Cuca me parece que esta equipa é a que mais equilíbrio conseguiu. Acabaram-se as tresloucadas correrias do insensato Alessandro e as destrambelhadas avançadas de Marcelo Cordeiro. Em vez de correrem mais do que a bola errando quase sempre, os jogadores puseram a bola a rolar de pé em pé esperando o erro adversário. E contra-atacando com perigo.

Creio que com uma equipa bastante fraca como esta, o que se apresentou hoje parece ser o melhor caminho – e por isso é que Joel destacou não a entrada de Caio mas o desempenho do grupo. Porque é só no espírito coletivo quer Joel Santana poderá colocar a funcionar 11 figuras oscilantes entre a mediania e a ruindade. Em 1993 foi assim, mas o coletivo conseguiu embolsar a competição sul-americana da Conmebol.

FICHA TÉCNICA
Botafogo 4x1 Madureira
» Gols: Fábio Ferreira 42’, Caio 76’, Fahel 86’ e Loco Abreu 43’ (Botafogo); Valdir 39’ (Madureira)
» Competição: Campeonato Carioca
» Data: 04/02/2010
» Local: Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
» Arbitragem: Wagner do Nascimento Magalhães; Eduardo de Souza Couto e Silbert Faria Sisquim
» Cartões amarelos: Herrera, Leandro Guerreiro e Antônio Carlos (Botafogo); Valdir, Bruno, Edinho, Alex Oliveira e Obina (Madureira)
» Cartão vermelho: Edinho (Madureira)
» Botafogo: Jefferson, Antônio Carlos, Fahel e Fábio Ferreira; Alessandro, Leandro Guerreiro, Eduardo, Lucio Flavio (Caio) e Marcelo Cordeiro; Herrera (Somália) e Loco Abreu (Júnior). Técnico: Joel Santana.
» Madureira: Renan, Valdir, Edinho, Leandrão e Baiano; Rodrigo, Vagner, Bruno (Fábio) e Alex Oliveira; Eberson (Obina) e Marcelo Ramos. Técnico: Antônio Carlos Roy.

Foto: Cezar Loureiro - Globo

12 comentários:

Rodrigo Federman disse...

Rui, eu confesso que ainda não vi melhora ou alguma novidade. Continuo bastante preocupado e - infelizmente - pessimista.
Agora, esse garoto Caio precisa entrar logo no time.
Grande Abs e SA!!!

Unknown disse...

Rui,concordo com quase tudo.Só achei que o Marcelo Cordeiro foi bem hoje:bateu a falta na cabeça do Fahel no 3º gol,fez o lançamento pro Loco Abreu dividir com o goleiro e o Caio fazer o 2º,lançou pro Caio no 4º gol e ainda bateu uma falta na trave.Acho ele um tanto fraco defensivamente,mas no apoio tem me agradado.

Saudações Alvinegras e rumo à final!

Ruy Moura disse...

Eu vi progressos, Rodrigo. A equipa é ruim e não poderá jogar um futebol que nunca soube jogar, certamente. Não tem craques e não terá jogadas de delirar, mas comparada com a equipa que errava 2 em cada 3 passes, que atacava destrambelhadamente e tomava contra-ataques e gols bobos, penso que nelhorou. Retiveram a bola, mantiveram-se calmos e procuraram jogadas de contra-ataque 'cirurgico'. Se a coisa não correu melhor é porque são limitados. Mas isso deve-se assacar à Corte dos Gordos.

Agora, se esperas que façamos jogos fantásticos contra o Vasco ou o Fluminense, creio que só por uma estrelinha da sorte e por manifesta infelicidade de vascaínos e fluminenses.

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

Gustavo, estou parcialmente de acordo. Eu não disse que o M. Cordeiro tinha jogado muito mal. O que disse foi que é pior do que eu julgava e desiludiu-me. Na estreia gostei dele, mas o rapaz é pereba, em minha opinião. Concordo que ele é razoável a centrar bolas e a cobrar faltas, mas fora isso não me parece ter técnica alguma. Em primeiro lugar, ele ataca e não regressa, e por isso o gol do Madureira foi em cima dele: chegou atrasado e não conseguiu sequer ameaçar tocar a bola. O atacante do Madureitra fez o gol como quis. Em segundo lugar, como não tem técnica, não sabe dominar a bola em lançamentos que exigem corrida e técnica. Ele foi várias vezes lançado pela esquerda e deixava a bola sair pela linha lateral. Poderá parecer que a bola ia comn força de mais, mas não ia. Apenas ia forte e exigia que fosse dominada. Mas a técnica para isso não está lá. O que receio é que bem antes do M. Cordeiro conseguir fazer bons lançamentos em clássicos, tome gols como ontem aconteceu.

Mas, certo, esteve em jogadas cruciais do BFR.

Abraços Gloriosos!

Lorismario disse...

Caro Rui. Eu como você ví progressos na equipe. Gostei de sua análise, sempre muito equilibrada. Gostaria apenas de apontar pontos menores, exceto o primeiro a ser apontado, e que mudanças parece que ainda deverão acontecer. Se estiver errado, aceito críticas e revejo minhas posições.1- Os chutões para frente diminuiram muito e a tendência é que acabem. 2- A forma de marcação mudou completamente: a- marcamos mais à frente e sempre um dando combate e dependendo da posição em campo um ou dois esperando na sobra imediata para entrar na jogada. 3- O nosso lado esquerdo da defesa ainda permite muitas penetrações adversárias. 4- Ganhamos a maior parte dos rebotes, tanto ofensivos como defensivos. Lembro que no jogo contra o América se ganhamos 10% destes rebotes ganhamos muito. 5- Ninguem esperava o Wellinton no banco.Nem eu. Ontem, sem que ele jogasse ví o quanto ele é ruim.
No mais é como você disse... e Lúcio Flavio... deixa pra lá. Abraços. Loris
PS. Jogo visto pela TV engana muito, pois só vemos praticamente e bola e os jogadores da jogada em questão.

Fernando Lôpo disse...

Vou usar uma comparação bem do agrado do Natalino pra mostrar o que penso dele no lugar do Estevam.

A diferença entre ter uma Ferrari novinha e ter um Fusca caindo aos pedaços é menor do que a diferença entre ter um Fusca caindo aos pedaços e não ter carro nenhum. Porque pelo menos o cara que tem um Fusca todo ferrado, embora tenha um carro ruim, ainda assim tem um carro.

É mais ou menos o caso de sair do Estevam pro Joel. Não tínhamos carro, agora temos o Fusca velho todo prejudicado. Daí vem essa boa impressão com esse impacto relativamente positivo do Natalino.

Continuom querendo apenas terminar em 16º o Brasileiro e não tomar mais goleadas em clássicos.

Ruy Moura disse...

Absolutamente de acordo, Loris. Os últimos jogos que tenho visto comparados com este evidenciam exatamente isso que disse. E eu desejaria pelo nmenos uma equipa composta que não desse muita bronca.

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

Olá, Fernando. Penso que estamos d ecaordo. A equipa é ruim e nunca fará nada de espacial. Qem a comanda é bode velho que geralmente não se deixa enganar pelo pessoal das 'panelinhas'.

Se for fusca velho com restauração séria e na qual se põe suor de trabalho, creio que não se poderá pedir mais. Aliás, que tipo de equipas se pode pedir quando se tem como gerente de futebol um homem do 'ferro-velho' amigo dos empresários da sucata?...

O Fernando continua aspirando ao 16º lugar e às não goleadas. O meu ano só seria realmente bom se Maurício Assumpção desaparecesse para sempre ainda em 2010.

Abraços Gloriosos!

Lewis Kharms disse...

Rui, concordo inteiramente.

Acho que a entrada do Fabio Ferreira melhorou a defesa, que continua fraquíssima. Uma boa intervenção do Joel foi instruir o Fahel (que não pode ser barrado por motivos ‘menore$’) para fazer marcação individual. Como o sujeito não tem capacidade de abstração suficiente para entender um desenho tático em desdobramento, o Joel diz apenas: “Meu filho, o seu é o nove”. E lá vai Fahel atrás do nove por 90 minutos. Acho que fez a mesma coisa com LG e Eduardo.

E assim a raposa vai ‘desamassando o fusca’. Mas as laterais ainda são um setor quase morto, fazendo com que o Herrera seja de longe quem melhor cruza as bolas na área.

Acredito que o Joel ainda vá mudar mais a escalação, o que faria do fusca, quem sabe, um carrinho modesto, mas com injeção eletrônica.

Saudações alvinegras!

Paulo Fernando de Mello Tavares disse...

Da torcida do Botafogo após o último jogo:

- Para jogar com "El Loco Abreu" temos o cabeceador "El Côco Fahel".

Ruy Moura disse...

Concordo inteiramente, Luiz.

1) O Joel trata o Fahel do único modo que pode tratar: ser elementar para que um cérebro elementar entanda o que deve fazer em campo;

2) O Fábio Ferreira parece ser o único que na defes afaz alguma coisa (pouca, entenda-se), porque Alessandro, Wellington, Marcelo Cordeiro, etc., não valem nada como elementos de zaga;

3) Acredito, desde que se faça a montagem de uma equipa jogando numa lógica estritamente COLETIVA, que seja possível superar algumas equipas supostamente com craques desequilibradores. Logo, creio que um fusca em boas condições é possível, porque um fusca pode ser uma coisa robusta que resiste e dura no tempo.

Continuo a defender que num país em que os seus craques demandam todos para a Europa, é possível construir uma equipa vencedora na base do coletivo e contra equipas com supostas individualidades de craques que se ausentam de treinos, que andam nas noitadas, que se embebedam, que frequentam bordeis e travestis, etc. DISCIPLINA e VONTADE são bases fundamentais de campeões.

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

Paulo Fernando, a torcida inventa cada coisa!

Jamais me esquecerei que contra a URSS na copa de 1962, os russos entraram em campo com as siglas nacionais CCCP nas camisas e logo um brasileiro na arquibancada determinou: "Camarada, Cuidado Com Pelé!"

Abraços Gloriosos!

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