domingo, 2 de agosto de 2009

Que vergonha!...


Declarações de Hélio dos Anjos, treinador de um clube da 1ª divisão brasileira, ocupando lugares que darão acesso a representar a cultura e a educação desportiva do povo brasileiro em competições sul-americanas:

– “Tenho ódio desses flamenguistas do interior de Goiás. Eles são uma vergonha, não têm identidade nem caráter para honrar a própria terra. Pelo contrário, vestem a camisa do Flamengo, ou de qualquer outra grande equipe de fora, e vão ao estádio torcer contra um time do seu estado.”

Compreendo que Hélio dos Anjos não goste de torcedores oriundos das cavernas da mentalidade. Eu também não. E especialmente se forem do ‘interior’ de Goiás, porque se forem urbanos parece que já são melhor aceites por este treinador socialmente execrável. Mas compreendo também que tais declarações vêem da profundidade de uma caverna mental, ainda mais primitiva tratando-se de um sujeito com cargo de dirigente e teoricamente fazedor de opinião pública.

Que a cultura universalista nos valha para esconjurar tão abomináveis declarações! Urge que habite na maioria de nós a cultura universalista que abomina as discriminações, as segregações, o racismo e a xenofobia, quer se trate de pequenezas mentais entre clubes, bairros, cidades, estados, países ou continentes.

Hélio dos Anjos não ‘admite’ que o Serra Dourada esteja dividido entre a torcida de Goiás e os clubes do Rio de Janeiro e de São Paulo e acrescenta:

– “Não gosto mesmo de quem torce para times que não sejam de Goiânia. Na próxima quarta-feira vai ter um monte de flamenguista chato. (…) Eles que fiquem em casa, pois serão todos inimigos para mim.”

Declarações de um fazedor de opinião pública (!) que considera os torcedores do Flamengo inimigos e os aconselha a ficar em casa são facilmente interpretadas – especialmente por pessoas com pouca bagagem cultural – como um incentivo à violência, e a CBF deveria punir exemplarmente o treinador, o qual ainda devia responder em tribunal com base em eventual violação constitucional dos direitos humanos e sociais de cidadãos no seu território nacional.

E naturalmente que se o presidente do Goiás for um homem universalista e defensor de uma cultura e de um desporto saudável para todos, não permitirá que este treinador se sente no banco goiano – nem hoje à tarde, nem contra o Flamengo, nem nunca mais.

Claro que pelo menos tais declarações têm a vantagem de mostrar como o subdesenvolvimento e o terceiro-mundismo ainda grassam na mente de muita gente – cada um tem o que quer e encontra o que procura.

Este treinador posicionou-se para não dirigir, jamais, qualquer equipa de futebol carioca ou paulista. Além disso, convém a si próprio, Hélio dos Anjos, que nunca treine fora de Goiás, porque pode haver cariocas, paulistas e naturais de outros estados que ‘odeiem’ treinadores fora dessa jurisdição e o considerem ‘inimigo’. Com eventuais consequências físicas e psicológicas gravosas.

Portanto, na defesa solidária da integridade física e psíquica de Hélio dos Anjos, aconselho-o vivamente a que se algum dia pensar treinar uma grande equipa nos Estados em que elas existem – FIQUE EM CASA!

E que jamais ponha os pés no Botafogo de Futebol e Regatas!
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10 comentários:

Miguel Gonzalez disse...

Somei os títulos estaduais oficiais que tenho computados (muitos anos de muitas categorias estão faltando) inclusive do adulto. O resultado foi este:

1) Vasco da Gama - 305
2) Mangueira - 108
3) Flamengo - 57
4) Fluminense - 19
5) Botafogo - 13
6) EM Silveira Sampaio - 9
7) Comissão de Desportos da Marinha - 5
8) Arpoador - 3
9) Pavunense - 2
9) Gama Filho - 2
11) Tijuca TC - 1

Saulo disse...

Que coisa heim.
Eu mesmo moro em Nova Venécia, no interior do Espírito Santo e sou um torcedor fanático pelo meu Botafogo.
Podia torcer para um time do Estado apesar do futebol fraco que é aqui.
Eu torço para que o Espírito Santo melhore com o futebol e até acompanho o campeonato capixaba, mas sou um torocedor de coraçãoo do Botafogo.
Cada um tem o direito de torcer pra quem quizer.

Ruy Moura disse...

Miguel, mas essa soma inclui o Adulto, não é?... Não tens somente os títulos do Adulto, mesmo incompleto?... É que a lista de títulos de base do atletismo que tens é fantástica!

Vou incluir ainda hoje os 13 títulos do Botafogo no atletismo de base na etiqueta 'títulos'.

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

Saulo, é absurdo e muito grave o que o HA declarou. Por exemplo, em Lisboa vão imensos lisboetas torcendo pelo Porto aos estádios do Sporting e do Benfica ver os jogos do Porto. E há imensos sportinguistas e benfiquistas do Porto que vão ao estádio do Porto torcer pelo Sporting e pelo Benfica. Tenho que ser torcedor do ckube da cidade?... Já viu se se fizesse discriminação em cada cidade e em cada estádio?... Dentro do próprio país?!?!?!... Então que pensará o Hélio dos estrangeiros que vivem e jogam futebol no seu país?... Certamente sugeria para eles a fogueira dos católicos da Santa Inquisição...

Na lógica desse senhor, sendo eu português, teria que ser do Vasco no Rio e da Portuguesa em São Paulo; não poderia torcer pelo Botafogo nem pelo Santos. Execrável!...

Ainda são resquícios de uma mentalidade ligada a um Brasil fechado, centrado sobre as pequenezas do bairro, da cidade e do estado. Sem universalismo e sem vista panorâmica além do umbigo. Absurdo e lamentável!

Devemos, todos os que gostam de desporto, repudiar as declarações do HA! Não ajudam, e agravam, que o futebol possa ser um espetáculo intenso, saudável e imparcial no futuro.

Abraços Gloriosos!

Miguel Gonzalez disse...

A lista do adulto está aqui:
http://esporterio.blogspot.com/2009/05/em-silveira-sampaio-campea-estadual-de.html

Ruy Moura disse...

Estranha a sua lista, Miguel. Na etiqueta 'títulos' refiro vários títulos do Botafogo, campeão no masculino e no feminino, segundo o Boletim do Botafogo FR, e o Miguel não apresenta nenhum título do clube, nem indica nada sobre feminino e masculino.

Nos juvenis e infantis também refiro tótulos que o Miguel não refere.

Abraços Desportivos!

snoopy em p/b disse...

rui,
isso é um absurdo, um total descalabro.
mas não me estranha vindo do hélio dos anjos, um asno infiltrado no meio do futebol.
com uma declaração como essa, ele vai contra toda a cultura acolhedora do povo goiano. uma lástima!
a culpa do fato de que muitos goianos torcem para equipes de fora é exclusivamente dos clubes goianos, e esse raciocínio se aplica aos brasilienses, tocantinenses, paraenses....
me senti profundamente atingido por essa declaração desse boçal.
aff!!!

um abraço!

Luis Eduardo Carmo disse...

Passei uma semana fantástica em Goiânia e fui muitíssimo bem recebido e tratado pela direção do Goiânia Mostra Curtas, um festival de cinema dedicado a filmes de curta-metragem.

Já que o assunto gira em torno também da questão da universalidade, vale dizer que este festival foi um dos primeiros a acolher obras de todos os formatos e suportes de captação e exibição.

Apesar do sol tentar rachar meu crânio, o que conheci foi uma cidade moderna e um povo muito acolhedor.

Uma curiosidade. Fui ao Museu de Arte Contemporânea de Goiânia pra ver uma exposição da obra do luso-brasileiro (ou luso-goiano), Antonio Poteiro. Surpreendentemente o museu fechava nas tardes de domingo. Se o cosmopolitismo não funcionou, a hospitalidade venceu. Porque por incrível que possa parecer, um funcionário do museu abriu uma excessão e as portas, pra que eu em minha amiga pudéssemos apreciar a obra do genial Poteiro, que não se resume aos trabalhos em cerâmica. Isso jamais aconteceria no MAC da minha cidade. Nunca vou me esquecer da simplicidade e lucidez do funcionário dizendo: "Vocês vieram de tão longe..."

Que as ideias de Helio dos Anjos - que evidentemente não entende nada sobre o lugar onde vive atualmente - não contamine as torcidas locais e que tudo corra bem no período da partida, inclusive para os vermelhopretistas.

SA!

Ruy Moura disse...

Estamos de acordo, snoopy, a cultura também se constroi com acolhimento. Nós pertencemos a povos acolhedores e a nossa cultura caracteriza-se, principalmente, por um enorme universalismo pouco característico doutros povos. Mesmo alguns bem desenvolvidos.

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

Notável, Biriba, notável. Uma vez, em Budapeste, uma guarda húngara de museu, que não sabia falar nada além de húngaro, decidiu guiar-me individualmente - certamente porque me viu muito emocionado - e contar-me por gestos a história húngara espelhada nos quadros. Nunca me esqueceri da fabulosa senhora e de Budapeste, cidade que guardo com muito calor no coração. Isso é cultura!...

Abraços Gloriosos.

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