Esse
jogo marca o Botafogo para sempre, o Clube da Capa e Espada: define a honra e a
coragem de um clube ainda hoje fidalgo e transparente.
O
America, sabe-se lá instigado por quem, usa de enorme violência sobre os
atletas botafoguenses, até que Flávio recebe violenta falta de Gabriel de
Carvalho e protesta. Abelardo intervém e aconselha Flávio a reagir. Gabriel
insulta brutalmente Abelardo. Abelardo repele-o com um bofetão. O campo é
invadido, recomeçando o jogo a muito custo.
O
prélio termina empatado 1x1, mas apesar dos esforços da diretoria do Botafogo
novo conflito, entre torcidas. Flávio Ramos chegou a desarmar um homem
desvairado que empunhava um revólver!
O
resto já se sabe: a Federação suspendeu Gabriel por 30 dias e… Abelardo por um
ano! O Botafogo levanta-se em unidade e solidariza-se com Abelardo Delamare,
desligando-se da Liga.
Nesse
ano, enquanto todos os atletas e dirigentes do Botafogo cerraram fileiras e
nenhum atleta seu saiu entre 1911 e 1912, o Fluminense, campeão de 1911,
preferiu perder nove dos seus atletas do que ceder a que as escalações não
fossem apenas do Comitê para o efeito, mas também dos jogadores.
Foi
assim que nasceu o futebol no Flamengo, liderado pelo ex-tricolor Alberto
Borgerth e mais oito atletas dissidentes do Fluminense.
Nesse
ano, os acontecimentos no Botafogo e no Fluminense marcaram para sempre o
perfil dos dois clubes.
Contra
o violento America, o Botafogo alinhou com Dinorah, Baby, Villaça e Lefévre;
Rolando, Lulú e J. Couto; Emanuel, Flávio, Abelardo, Mimi e Lauro.
Pesquisa
de Rui Moura (blogue Mundo Botafogo).
4 comentários:
Caro Rui,não entendi o final da história.O que aconteceu com o Fluminense que gerou a saída dos seus jogadores?
Rui,
Como sonho e desejo um pouco, pouquíssimo, dessa determinação e perfil ao atual Botafogo!
Sonhar não custa nada, ainda!
Abs e Sds, Botafoguenses!!!
Luís, o Fluminense tinha um Comitê de escalação, como era normal à época, porque treinadores a sério não havia. Então, criou-se uma corrente, liderada por Alberto Borgerth, mediante a qual se pretendia que nas escalações também fossem ouvidos os atletas, porque, não esqueçamos, tratava-se de futebol amador e as comissões técnicas tinham várias pessoas à época. Como a direção do clube se opôs firmemente, Borgerth e mais oito atletas foram fundar o futebol no Flamengo. O Fluminense preferiu perder um time e manter os 'homens feitos' no comando, em vez de debater e democratizar uma modalidade feita apenas por paixão.
É interessante notar que o Flamengo montou uma equipa de futebol com esse núcleo duro de atletas, e foi Borgerth, já no Flamengo, que manobrou para o Botafogo voltar à Liga, o que se concretizou em 1913. Nesse ano houve o 1º clássico Botafogo x Flamengo, que ganhamos por 1x0 numa partida muito renhida e com muitas palmas de parte a parte. A imprensa disse que o último desafio realmente emocionante já não se via no Rio desde 1910...
Abraços Gloriosos!
O Botafogo fundado por garotos irreverentes e às vezes roçando uma certa arrogância intelectual (o BFC foi a 1ª equipa 'intectual' de futebol no Brasil), e os campeões de 1910 acabaram todos por concluir um curso universitário.
Nós ainda somos assim, porque a génese é a génese. Dificilmente se muda. Nós somos irreverentes, exigimos o debate democrático, mantemos a honra dos garotos de 1910, e da sua torcida que era a mais fanática à época, somos por vezes algo arrogantes. Somos o clube da capa e espada intelectualizado.
Repara, Gil, que os quatro grandes do Rio são muito diferentes uns dos outros - tão diferentes quanto as características das suas origens.
Quanto a mim, o Botafogo e o Flamengo têm as histórias mais bonitas dos clubes do Rio. A diferença é que o Flamengo alegre e virtuoso das décadas de 1910, 20, 30 (que reunia sobretudo as elites do Rio, tal como Botafogo e Fluminense), tornou-se um clube reles e insuportável.
Na verdade, os maiores rivais do Rio deviam ser Bota x Flu, mas pouco a pouco Botafogo e Flamengo colocaram-se nas antípodas das atitudes sociodesportivas, e por isso são acérrimos rivais - que praticamente se detestam mutuamente - e não a tal dupla Fla x Vasco, inventada pelo Eurico Miranda para erguer o Vasco no pódio. Repara que ninguém desgosta do Vasco e o Flu até gostaria de ficar sozinho com o Fla. Portanto, Botafogo e Flamengo geram as maiores rivalidades.
A diferença hoje não está propriamente na torcida, que teve grandes 'chefes como Peixoto, Tarzan ou Russão, a diferença é que a diretoria não é assertiva e não obriga os clubes e as instituições a respeitar o Botafogo, e eles vão aproveitando isso (mídia, clubes, dirigentes federativos, árbitros, etc.). Conclusão: esta diretoria não honra a génese do clube, o seu desenvolvimento e os seus títulos e os seus craques.
Abraços Gloriosos!
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