Um dia de 1913...

Dia 13 de maio de 1913. Botafogo x Flamengo. O 1ºclássico entre ambas as equipas. Tratava-se do garboso campeonato carioca ainda na época de amadores e de inauguração do campo de General Severiano, em Botafogo, com arquibancadas de madeira. Um convidado de honra, C. Bleck, presidente do Club Naval de Lisboa, e toda a comitiva portuguesa. Eis os excertos da descrição do jogo em um jornal da época:

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“Em 1913 o Botafogo voltou ao meio dos grandes clubes, com a fusão das duas ligas. Para haver tal fusão foi uma luta. O Flamengo bateu-se como um leão na defesa do Botafogo. Foi grande o trabalho de Alberto Borgerth, que representava o grande clube amigo e que batalhou na defesa do Botafogo. E a fusão foi feita” (Boletim do Botafogo, Agosto de 1945).

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O ano ainda seria marcado pela inauguração oficial do campo de General Severiano, o qual, naturalmente, aconteceu durante um Botafogo x Flamengo para o campeonato carioca. Eis uma narração à época sobre o ambiente que se viveu:

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“O ‘match’, jogado hontem entre o Botafogo e o Flamengo, causa grande successo. Venceu o Botafogo por 1x0.

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Com uma assistencia superior a 3.000 pessoas, realizou-se hontem no campo do Botafogo F.C. o encontro entre este valoroso Club e o sympathico C.R. Flamengo. Desde muito cedo o novo field da rua General Severiano, principiou a encher-se de povo e ás 3 horas da tarde o seu aspecto era encantador. Desde 1910 não tinhamos assistido a um encontro tão sensacional e tão concorrido. As archibancadas estavam repletas de familias e de cavalheiros da nossa melhor sociedade, que, anciosas, aguardavam com impaciencia o início da luta dos primeiros teams. Ao redor do campo uma multidão irrequieta e palradora se acotovelava á procura de logar. Antes de ser iniciado o match, os symphaticos jogadores do C.R. do Flamengo, em grupo, vieram, á frente da archibancada, entoar o seu hymno de guerra e dando hurras ao valoroso Botafogo F.C., no que são correspondidos pela numerosa assistencia, com uma prolongada salva de palmas. (…) O Botafogo F.C. convidou para dar o pontapé inicial o Commodoro Charles Bleck, presidente do Club Naval de Lisboa. Eram 4 horas da tarde, quando o conhecido foot-baller Mario Pernambuco, do Fluminense F.C., faz soar o apito, chamando os jogadores ás suas posições.”

O Botafogo apresentou-se praticamente com a equipa campeã de 1912 (foto).

O único gol da partida, válida para o campeonato, ocorreu a 13 de maio de 1913, e foi assim narrada:

“Nery, ao defender um centro de Lauro, occasiona um cazuer, que é bem tirado por Lauro; Facchine escora com a cabeça, Casusa defende; Abelardo torna a shootar e é ainda defendido, quando há uma scrimage na porta ao goal do Flamengo; Mimi, que se achava a pouca distancia, não demora a enviar a bola á rede do Flamengo. Este feito de Mimi foi coroado com uma longa salva de palmas.”

Eis a descrição de Alceu Castro (1951: 81): “(...) um lindo goal de Mimi, emendando, no primeiro tempo, um passe de Jacomo Facchine, o grande center paulista. O tiro, violento e baixo, surpreendeu Casusa, raspando a trave direita do arco”.

O Botafogo alinhou com Álvaro Werneck, Edgard Dutra e Edgard Pullen; Pino, Rolando de Lamare e Juca Couto; Villaça, Abelardo de Lamare, Facchine, Mimi Sodré e Lauro Sodré.

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Pesquisa de Rui Moura (blogue Mundo Botafogo); fontes: Alceu Mendes de Oliveira Castro: O Futebol no Botafogo (1904-1950), Rio de Janeiro, 1951; Boletim do Botafogo (agosto de 1945); jornais da época.