Após a
entrevista que o ex-presidente do Botafogo, Bebeto de Freitas, deu ao
meu programa “A Última Palavra”, o atual presidente Maurício Assumpção resolveu
responder às críticas feitas por ele à sua administração através de um longo
documento que publiquei aqui no meu blog.
Agora é a vez
da tréplica, de Bebeto. Ei-la:
“Renato,
Gostaria de
agradecer a primeira oportunidade de falar, no Rio de Janeiro, sobre o
Botafogo, pois há alguns anos, por motivos particulares, afastei-me do esporte
como um todo.
Antes, porém,
de adentrar no mérito da questão, não posso deixar de comentar as situações
levantadas pelo atual Presidente do Botafogo e que causaram em mim tremendo
espanto por sua falta absoluta de compromisso com a verdade.
A primeira
deve-se a afirmativa feita pelo Ilmo. Sr. Presidente do Botafogo, Maurício
Assumpção, de que eu teria abandonado o clube nos últimos meses de meu
mandato como presidente. Esclareço que tal situação jamais ocorreu e que, meu
último ato praticado a frente da presidência do Botafogo foi justamente, estar
reunido com o atual presidente no dia 26 ou 27/12/08. Esta reunião foi agendada
pelo novo Vice-Presidente Financeiro de então, que por acaso, foi o único a não
comparecer.
De modo que
não me esquivei em momento algum de estar à frente do clube do início ao fim da
vigência do meu mandato.
Quanto às
alegações sobre salários de empregados do clube, reafirmo que os deixei
devidamente quitados, inclusive com antecipação de 13º. salário.
No que tange
as demais obrigações do Botafogo e ao pagamento dos atletas, nego veementemente
que não havia condições para pagamento dos mesmos, pois havia recursos para tal
provenientes em parte do contrato da Liquigás e em parte por adiantamentos que
seriam recebidos referentes aos direitos de televisão.
Se não
conseguimos utilizá-los foi em face da grave crise financeira mundial que
ocorreu no segundo semestre de 2008.
Cabe
esclarecer que ainda no início de 2008, quando se fez o orçamento para aquele
exercício, a decisão de utilizar os recursos acima mencionados foi orientada
pelo Vice-Presidente Financeiro da minha gestão, o qual veio a ser o mesmo que
permaneceu como Vice-Presidente Financeiro no primeiro ano de mandato da gestão
do atual Presidente. Logo, nada há que se falar que desconheciam esses e outros
compromissos, inclusive porque, este foi um dos assuntos abordados na nossa
última reunião, no dia 27/12/08.
Em breve
retrospectiva, recordo que ao chegar ao clube, a situação era de tal ordem
caótica que durante o período de dois anos não tínhamos os documentos do clube
sob o argumento de que teriam sido furtados juntamente com os
computadores. Meu primeiro ato como presidente do Botafogo foi ir à delegacia e
registrar essa informação.
Assim,
gastamos longo tempo levantando a real situação quando, enfim, nos foram
devolvidos os referidos documentos ao que constatamos que existia uma enorme
diferença entre o que nos era apresentado e o que fora realmente apurado.
Não havia
direitos televisivos a receber, pois o clube em 2001 teve adiantados os
direitos televisivos sobre os anos 2003, 2004 e 2005, justamente os primeiros
anos da nossa gestão.
Em razão do
rebaixamento do Botafogo, os direitos televisivos foram reduzidos à 50%, de
acordo com a regra estabelecida pelo Clube dos Treze. Como havia sido
adiantado um valor sobre esses direitos, no primeiro ano da nossa administração
ficamos trabalhando com somente 25% do montante e, após retornarmos a primeira
divisão, voltamos a ter os 50%.
Como se não
bastasse, o Botafogo estava sem campo para treinar e, somente graças ao Zico,
por ironia, tivemos o empréstimo das instalações do CFZ para os treinos. Basta
dizer que no dia da minha posse, em 31/01/03 ganhamos 20 anos de direito a
utilizar o estádio Caio Martins e nem chegamos a comemorar, pois na mesma hora
fui surpreendido com a perda das instalações de base do Botafogo em Marechal
Hermes só vindo a reavê-la, em fins de 2006.
Sem falar nas
dívidas trabalhistas, nas sucessivas penhoras e em outras dívidas de toda ordem
quando os recursos para fazer frente a elas eram muito escassos.
A solução foi
entrar em vários REFIS e firmar o Ato Trabalhista logo de início, sem o que,
não teríamos condições de administrar o Botafogo. Sem isso o Botafogo de
Futebol e Regatas fecharia, acabaria…
Os problemas
eram de tal magnitude que não seria possível em poucos mandatos resolvê-los
todos, todavia, conseguimos tirar o clube do caos.
Logo, o Sr.
Maurício Assumpção sabe que não deixamos a ele o Manchester United ou o Bayern
de Munique, mas sim o Botafogo de Futebol e Regatas.
Quanto à
alegação mentirosa de que havia somente três jogadores no clube, cumpre esclarecer
que houve uma inversão de responsabilidades por parte da atual administração,
pois na verdade, o Sr. Maurício Assumpção pagou somente aqueles a quem
interessava ao Botafogo que continuassem no clube e aos demais, alegou falta de
recursos.
Sobre a
TIMEMANIA o atual presidente quer atribuir equivocadamente a minha gestão o não
equacionamento da dívida financeira. Ocorre que a mesma não estava equacionada
em função do próprio Governo que ainda não havia consolidado a Divida do Clube.
Diga-se: dívida esta relativa ao TIMEMANIA.
Enquanto o
Governo Federal não apresentava os valores finais, fazíamos um pagamento mínimo
mensal.
Quando o Sr.
Maurício Assumpção fala da situação que recebeu o ENGENHÃO, cabe lembrar que a
o contrato feito com a empresa EBN, empresa esta especializada em venda
ingressos, responsável pela venda dos ingressos do sambódromo, foi negociada
pelo Vice Presidente Financeiro de então, que veio a ser o mesmo do primeiro
ano de gestão da nova presidência e contou com o aval do setor jurídico do
clube e de outros interessados. A EBN foi a empresa contratada para vender os
ingressos do Engenhão e nos adiantou cinco milhões de reais à época.
Por motivos
alheios tivemos que rescindir esse contrato e devolver o valor recebido à longo
prazo, sem qualquer prejuízo ao clube que já tinha destinado o valor recebido
ao pagamento de outros encargos. Cabe ressaltar que tudo foi feito sob a
orientação da atual diretora jurídica do Botafogo que era a mesma diretora
jurídica da minha gestão. Obviamente que eu não fui avalista desse compromisso
de recursos utilizados pelo Botafogo.
Quanto ao
alvará de funcionamento demos início a todo o processo de regularização que
deveria findar na administração seguinte.
Sobre a sede
de GENERAL SEVERIANO, basta olhar na contabilidade para ver o que foi gasto em
General Severiano, além da liberação de valores pela Petrobrás para a reforma
desta Sede.
Já em relação
à sede de VENCESLAU BRÁZ, deixamos um contrato da Petrobrás onde previa a
liberação de cerca de R$ 1.600.000,00 para o término da sede.
Por fim,
quero dizer que entendo que o último ano de mandato a frente do clube não é
fácil para qualquer um em razão da política reinante em General Severiano,
porém, se hoje o Botafogo enfrenta situação de extrema dificuldade, tal
situação deve ser desassociada do meu nome, pois tais dificuldades decorrem do
simples fato de que a atual direção do clube, dita moderna e participativa,
escolheu inadimplir ao ATO TRABALHISTA acarretando assim a exclusão do Botafogo
do ato por sonegação.
Preocupante,
sobretudo o aumento da dívida do clube nas alegadas atualizações das mesmas.
Esse fato deve ser observado com atenção.
Resta
levantar se o clube está também inadimplente no que concerne as dívidas fiscais
uma vez que vem apostando num suposto perdão da dívida por parte do Governo
Federal que até o presente momento, diga-se, não veio.
Claro que
mesmo tendo sido durante a minha gestão, a adesão ao ato trabalhista, em certos
momentos tivemos dificuldades de pagá-la, mas ao final, não deixamos de arcar
com o compromisso com previsão de recursos para assim continuar a fazê-lo a
nova administração. Tanto que a não renovação do ato, conforme sentença do TRT,
cuja íntegra envio-lhe em anexo menciona o inadimplemento/sonegação referente
aos anos de 2009, 2010 e 2011.
Resta claro
que esta decisão da moderna administração do Sr. Maurício Assumpção, a qual eu
não entendo, pois sou do tempo em que 2+2 = 4, não se deveu a uma impossibilidade
financeira, nem tampouco a uma mera expiração de prazo para sua renovação.
A causa da
não renovação do ato, conforme declarações do próprio presidente do Botafogo,
“Não interessava ao Botafogo discutir a dívida de forma judicial naquele
momento…“ demonstra que se tratou de uma decisão deliberada, de uma escolha
intencional, ou de uma aposta equivocada e imprudente da atual administração.
Se é certo que o Sr. Maurício contou com a orientação de pessoas de notório
saber para chegar a essa conclusão, se tivessem planejado o enterro do clube
não teria dado tão certo.
Porém, o que
mais me salta aos olhos, são os valores envolvidos no montante de R$ 627.191.242,50
segundo o calculista do Juízo Trabalhista.
Conforme
sentença judicial, o Botafogo teria que pagar a quantia de
R$ 125.438.248,50, porém somente arcou com o montante de R$ 30.344.015,87.
Desta forma, restou inadimplente, e como consequência, não obteve a renovação
do ato.
Ou seja, a
atual gestão recebeu três vezes mais em quatro anos do que a gestão anterior em
seis anos.
O valor que o
clube recebeu de mais de seiscentos milhões de reais dariam, certamente, para
acabar com a dívida trabalhista do Botafogo, as antigas e as novas que poderiam
ser, inclusive, negociadas. Se tivesse priorizado o pagamento das dívidas que
sufocavam o Botafogo, hoje o Sr. Maurício Assumpção não precisaria vir à
imprensa dizer que o clube está totalmente penhorado.
E ainda, cabe
esclarecer que as dívidas herdadas não foram feitas sob o meu mandato.
Só para se
ter melhor noção, durante a nossa administração o clube renegociou todas as
suas dívidas federais e trabalhistas através do ato e o grande problema do
clube seria começar o ano de 2009 com dois milhões e meio de reais para o
pagamento dos refinanciamentos. Para que se fizesse frente a essas dívidas
todos os contratos do Engenhão estavam liberados.
Pela sentença
do TRT tivemos comprovado que a arrecadação feita pela atual direção foi
suficiente para investir na dívida.
Além da
vantagem extra que seria ter o Engenhão como o único estádio em funcionamento
no Rio de Janeiro e Botafogo teria a oportunidade única ao firmar o ato
trabalhista e administrar essa dívida, contando com a receita proveniente desse
estádio, já que o Maracanã ficaria fechado.
Essa
oportunidade jamais se repetirá com o Maracanã funcionando.
Se o atual
presidente tivesse priorizado o clube, teria investido essa receita extra no
pagamento da dívida e hoje a situação seria muito outra.
A atual
administração jogou no lixo todos os esforços feitos pelo Botafogo para salvar
o clube da insolvência!
Ressalto que
vejo com muita pena toda essa problemática a que foi levado o Botafogo,
mas penso que a torcida precisa saber da verdade.
Como ex-presidente
do clube, ex-atleta e torcedor eterno do Botafogo tenho o direito de saber para
onde foram destinados esses quase seiscentos e trinta milhões de reais
recebidos, conforme apuração apontada na sentença do TRT.
Considero que
como ex-presidente do clube, não tenho mais nada a explicar sobre a minha
gestão. Ressalto que jamais me locupletei do Botafogo. Caso alguém pense
diferente disso, há caminhos para averiguar.
Também
durante mandato como presidente não me filiei a partido político me valendo da
bandeira do clube. Assim sendo, sugiro que desassociem meu nome do que ocorre
atualmente, pois sei perfeitamente bem o clube que deixei e, o Sr. Maurício
Assunção, sabe o clube que recebeu.
No momento,
cabe ao atual presidente esclarecer aos Botafoguenses onde foram aplicados os
milhões sonegados, conforme matérias publicadas e a sentença do TRT.
Espero que
ele responda a torcida, a imprensa que denunciou o fato na pessoa da jornalista
Marluce Martins do Jornal Extra, pois através dessa matéria tomei conhecimento
do que ocorria no clube, ao blog Mais Botafogo e ao blog FalaGlorioso.com e a
quem mais de direito e, não somente a mim.
Gostaria
ainda de deixar claro que não tenho a intenção de candidatar-me a qualquer
cargo no Botafogo e que não mantenho compromisso com qualquer candidato a quem
desejo sorte.
Por fim,
esclareço que não mantenho qualquer vínculo com os blogs apontados acima.
Bebeto de
Freitas.
Fonte: Blog do Renato Maurício Prado - O Globo
Online.
3 comentários:
Rui,
Não sei se você já teve oportunidade de ler no Botafogo Sem Medo o resumo da reunião extraordinária do Conselho Deliberativo. Achei excelente a iniciativa de sabermos o que acontece nos bastidores!
Após leitura vi que nada mudará e constatei os motivos de tantos desmandos, prejuízos, falências financeira e desportiva do clube.
É inadmissível elogiar um presidente que arrasa o clube!
É inadmissível benemerência e cargos importantes a quem prejudicou e arrasou o clube!
É inadmissível tudo no Botafogo ficar para depois! O depois sabemos que é debitado na conta do Botafogo!
Como podem assinar contratos sem conhecimento do CD e rescindir os mesmos sem saber se existe multas e ninguém ser responsabilizados ou obrigados a pagar a mesma, se houver?
Após leitura do resumo tive a certeza que se não permitirem que outros sócios, além dos proprietários, participem das decisões do clube, PERECEREMOS!
Abs e Sds, Botafoguenses!!!
Rui,
Com todo respeito a muitos Botafoguenses que fazem parte do quadro sócio proprietário do clube, mas, nas Assembleias do condomínio do prédio em que moro as decisões e cobranças são muito mais objetivas e decisivas.
Pobre do atual Botafogo!
Pobre de nós, Torcedores!
Abs e Sds, Botafoguenses!!!
Tens toda a razão, Gil. Se os sócios-torcedores continuarem sem votar, os assumpções, rolins, palmeiros e montenegros, que fazem lobby entre eles, acabarão por enterrar o Botafogo.
Abraços Gloriosos.
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