Em homenagem ao artista e remador botafoguense incluo uma foto dos seus tempos de remador e uma poesia dos seus tempos de artista. Obrigado por tudo, Iosif Landau!
Conheça melhor o artista em http://www.iosiflandau.com/.

Maurício (patrão) e remadores Samuel, Iosif, Tomas, Fadah, Walter, Alexandre, Geraldo e Giliat.
Domingo em Botafogo
por Iosif Landau
Manhã de domingo
na enseada de Botafogo
é dia de regata
barcos lado a lado
remos posicionados
mãos crispadas na empunhadura
troncos curvados
pernas dobradas
o coração pulsa acelerado
estrela solitária no peito
aguardamos o som seco do tiro
de partida
seguro os tremores
o sol queima a nuca
tento acalmar a alma
penso, rezo, murmuro
ganhar seria maravilha
eu ainda...
Largada!
Vamos!
Vamos!
Vamos!
Dez remadas aceleradas!
Nos quinhentos metros
já estou cansado
antebraço inchado
na minha frente
Samuel aumenta o ritmo
com elegância
acompanho desesperado
na água marinha
o caixote que Alexandre desloca
me assusta
diabo, que cara forte!
da proa o iodl tirolês?
o louro Hans em transe
equilibra o barco com maestria
mil metros
metade do percurso
Vamos!
Vamos!
Vamos!
Dez remadas fortes
a cada arrancada o patrão sacode
o casco tem alma própria
voa
arrisco uma olhada
todos emparelhados
mil e quinhentos metros
estou exausto
esprit de corps me segura
mergulho o remo n'água
pernas não param
braços puxam
o casco avança
Vamos!
Vamos!
Vamos!
Samuel acelera,
ouço gemidos
grunhidos
o carrinho nos trilhos
zune
a voz do patrão
chicote
remadores desesperados
animais de alguma espécie
desconhecida
sonâmbulos continuam,
devoram o cansaço...
Arvora!
A Midosi é nossa!
espero sentir insinuações
de imortalidade
espero os calafrios terminarem
coração acalmar
pulmão desafogar
remos em repouso
deslizam no espelho d'água
o murmúrio da marola no casco
canção de ninar
olho os companheiros,
amizade perpetuada
sacramentada
entre o céu e o mar
A borda do mar em Botafogo
não é mais a mesma
o paredão de pedra trabalhado
desapareceu
a rampa foi aterrada
o Mourisco se foi
só resta o nome
Manequinho sumiu
foi mijar em outras plagas
agora
regata só na Lagoa
Não é mais o mesmo domingo de manhã
na enseada de Botafogo.
William vigia!
4 comentários:
Valeu Iosif Landau!
Dá até para fazer uma nova música com essas letras.
Sauloo, isso é coisa para o 'nosso' musicista Sergio Di Sabbato!... rsrsrs...
Abraços Gloriosos!
http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Futebol/0,,MUL1272230-9825,00.html
"Garrincha é estrela de livro sobre futebol publicado no Chile
Escritor e ex-jogador de futebol chileno Reinaldo Edmundo Marchant afirma que recebeu uma flechada poética quando viu o ex-ponta jogar no seu país
GLOBOESPORTE.COM e agências de notícias Santiago, Chile
"El Ángel de las Piernas Torcidas", ou "O Anjo das Pernas Tortas", é o nome do livro do escritor e ex-jogador de futebol chileno Reinaldo Edmundo Marchant lançado nesta terça-feira em Santiago, no qual Garrincha (1933-1983) é a estrela em meio a diversas histórias dos gramados (veja no vídeo ao lado, imagens do filme "Garrincha, a Alegria do Povo"). O título da publicação evoca um dos apelidos dados ao eterno craque do Botafogo e astro das Copas do Mundo de 1958 e 1962, ambas conquistadas pelo Brasil, e que, para o autor, foi a personificação de uma enorme mudança para o futebol.
Segundo Marchant, antes de Mané Garrincha - cujo nome de batismo era Manuel Francisco dos Santos - pisar em um campo de futebol, o esporte era um espetáculo que carecia de gênios, pois não existia quem empreendesse movimentos bruscos, saltos, ameaças e movimentos imperceptíveis com o corpo.
"Pela poesia que desenhou no gramado", o livro é dedicado a Garrincha, embora também ofereça outras histórias do futebol. Já na introdução de "El Ángel de las Piernas Torcidas", o ex-jogador da seleção argentina e atual diretor-geral do Real Madrid, Jorge Valdano, escreve que Garrincha jogava "como Cantinflas falava", em alusão ao famoso ator e humorista mexicano.
- Um homem livre, um estilo poético, uma máquina de ameaçar com suas pernas tortas que não se sabia para onde iriam arrancar, até suas ideias geniais e divertidas que deixavam sempre uma vítima no caminho - sentenciou.
Nascido em 1958, Marchant foi ponta-direita profissional - assim como Garrincha - dos clubes chilenos Palestino e Deportivo Aviación, este último já extinto. Como escritor, ele publica agora sua quarta obra relacionada com o futebol. No novo livro, as diversas histórias levam a uma conversa entre Pelé e Maradona em um distante aeroporto japonês na qual finalmente Mané é lembrado com devoção pelos dois craques.
Marchant lembra que, ainda criança, viu o Botafogo de Garrincha no Chile e sentiu "uma flechada poética" ao ver suas evoluções e ao apreciar como, a cada vez que Mané pegava na bola, o público ficava de pé para desfrutar de seu jogo imprevisível e maravilhoso.
- Então entendi que a essência deste esporte residia na felicidade que o público queria buscar, e Garrincha foi o jogador que mais alegria deu ao povo em toda a história - concluiu o autor.
No Brasil, em 1995, o escritor Ruy Castro lançou o livro "Estrela Solitária: um brasileiro chamado Garrincha", que teve uma série de problemas na Justiça, por contestações das herdeiras do craque do Botafogo e da seleção brasileira. Atualmente o livro está liberado para venda."
Muito bom, Fernando! Vou tentar adquirir esse.
Abraços Gloriosos!
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