segunda-feira, 8 de março de 2010

A chave da mudança


Tenho a certeza que sem a presença de Joel Santana ao comando da equipa o Botafogo não teria revalidado o título de campeão da Taça Guanabara. E estou-lhe muito grato por ter desfeiteado a arrogância, a mesquinhice e a desfaçatez de adversários que tomavam como seguro arrecadarem vitórias contra o Botafogo na semifinal e na final.

Creio que todos os botafoguenses reconhecem isso, porque todos nós reconhecemos a fragilidade de uma equipa construída por duas pessoas incapazes de construir boas equipas: André Silva e Anderson Barros.

Não obstante, vieram uns reforços aparentemente melhores do que as peças de que dispomos e testar esses jogadores através, pelo menos, de substituições é crucial para reequilibrar uma equipa com um setor defensivo mau e um setor de meio campo inexistente.

Há Edno, há Dani, há Sandro. Porém, o que diz Joel Santana?... Ouçamo-lo:

– “Titular na equipe só tem um. Mas vou falar uma coisa. Quem aqui acompanha o Edno? Tirando um ou dois que veem o futebol paulista, ninguém conhece muito. O Edno chegou ontem, o Sandro chegou ontem”. – E acrescentou: – “Não posso começar a mexer na equipe de uma hora para outra. Temos um time-base. Não é porque o clube fez uma contratação que preciso colocar na equipe”.

Noutro local, acerca do jogo de domingo, Joel Santana afirmou: – “Tem dia que dá pane geral”. E acrescentou sobre a classificação para as finais da Taça Rio: – “Tenho chance de me classificar e quero isso. Em primeiro ou segundo não interessa. Caso saia da disputa, aí sim começo a fazer avaliação de outros jogadores.”

Bem, é grave o que disse Joel Santana.

Em primeiro lugar, significa que ele não acompanha mais nada além do futebol carioca, porque nada sabe sobre jogadores de futebol do estado paulista, que possui as melhores equipas do país atualmente.

Em segundo lugar, significa que a modernidade é algo estranho a Joel Santana, que não fala na renovação de métodos de trabalho e sugere que não vai testar os novos reforços, aparentemente melhores do que algumas peças de que dispomos.

Em terceiro lugar, significa que Joel Santana vai continuar com esta equipa até à classificação, ou não, para as semifinais da Taça Rio, e só então mudará de estrutura se o fiasco ocorrer.

Em quarto lugar, não percebeu que a “pane geral” tem uma explicação: tratou-se de uma equipa desligada que foi taticamente manietada por outra equipa bem estruturada, com um meio de campo a criar e um ataque a funcionar. O placar de 2x1 foi um engano…

Não pretendo discutir as opções de Joel Santana até agora, mas creio que devo chamar a atenção para um dado fundamental, que é a abertura ou o fechamento de Joel Santana às mudanças.

Todos parecem perceber que a nossa equipa é campeã porque ninguém esperava nada dela. Surpreendeu em termos coletivos e surpreendeu através de uma ‘arma secreta’ chamada Caio. Mas já não conseguimos surpreender e a ’arma secreta’ deixou de sê-lo.

Então, eu diria que chegou a altura de Caio integrar a titularidade e é chegada a altura de Joel Santana testar os novos reforços. É sua obrigação, sob pena de considerar que tem uma equipa em condições de disputar a fase final da Taça Rio – e não tem.

A sua capacidade de abertura à mudança ou o seu fechamento fundado em pressupostos não analíticos, determinará o veredicto de ‘antiguidade’ ou ‘modernidade’ no que respeita ao trabalho e às orientações opcionais de Joel Santana.

Por mim, lamentaria um novo insucesso de Joel Santana após a experiência sul-africana. Pela simples razão de que ser tetra-vice, como os beócios cathartiformes adoram anunciar, não é nada desejado pela generosa torcida botafoguense. Joel Santana deve ter consciência disso, obrigando-se a desenvolver os maiores esforços para mudar o que deve ser urgentemente mudado.

E sabe porquê, caro Joel?... Porque você foi a chave para a conquista da Taça Guanabara e continua a ser a chave principal de que dispomos no futuro próximo. Não desiluda esta torcida que o acarinhou e gritou o seu nome em alto e bom som.

6 comentários:

Rodrigo Federman disse...

Perfeito, Rui! Nada a acrescentar!
Abs e SA!!!

Gil disse...

Rui,

Sábias palavras e texto!
Perfeito, como comentou o Rodrigo!
Espero e torço que algum iluminado leia o seu texto e indique-o para o Joel Santana.

Abs e Sds, BOTAFOGUENSES!!!

Ruy Moura disse...

Abraços, Rodrigo.

Ruy Moura disse...

Gil, eu sei que dirigentes e assessores do BFR acedem a estas páginas, mas quanto ao Joel não faço ideia. Mas acho estranho que após a minha publicação ele mudou subitamente de ideias e começou a fazer as novas testagens que no dia anterior negara. Coincidência?... As assessorias leram e comunicaram?...

Abraços Gloriosos!

Lewis Kharms disse...

Rui, quem será o tal único titular absoluto? Abreu, Jefferson ou Lúcio Flávio? Que mistério, hein? Se não for o El Loco Abreu – que ‘naturalmente’ assim o seria por motivos de contrato e/ou patrocinador, seguindo a lógica da ‘modernidade’ financeira – ou o Jefferson – por méritos inquestionáveis –, ficaríamos com os privilégios da nobreza pré-iluminista, abraçando a ‘antiguidade’, que é o que representa a titularidade absoluta de Lúcio Flávio em fase de extrema baixa em seu futebol.

E concordo, sim, que as ideias contidas nos blogs são difundidas e de alguma forma chegam aos ouvidos de pessoas com efetivo poder de decisão.

Saudações botafoguenses!

Ruy Moura disse...

Luiz, Joel Santana referira-se anteriormente a que o único titular inquestionável era... o presidente!

Creio que se refere ao mesmo, mas s ena verdadede fala mesmo d eum jogador, creio que só pode ser um, o único que tem garantido boas exibições atrás de boas exibições: Jefferson!

O LF não é com certeza, porque já foi substituído mais do que uma vez pelo treinador.

Abraços Gloriosos!

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