por Carlos Vilarinho
especialmente para o Mundo Botafogo
sócio-proprietário e historiador do
Botafogo de Futebol e Regatas
No dia 5 de novembro de
1968, em Álvaro Chaves, os reservas do Brasil haviam treinado contra o time
misto do Fluminense. No segundo tempo do coletivo, como as camisas (vermelhas)
estavam ensopadas, quiseram trocá-las, porém, como não havia mais daquela cor,
tiveram que usar camisas tricolores.
No dia seguinte, na
Gávea, Aymoré Moreira formou dois times para um treino de dois toques. Para um,
entregou camisas vermelhas. Para o time de Gérson, camisas rubro-negras. A
ideia partira do superintendente da CBD, Mozart Di Giorgio, que ouvira
reclamações do Flamengo por causa da repercussão das fotos de Paulo Henrique
com a camisa do Fluminense. Gérson apanhou a sua camisa sem reclamar, entrou em
campo, mas não vestiu. O treino não começava. Alguém então informou a Di
Giorgio que o craque, em 1963, jurara nunca mais vestir a camisa do Flamengo.
Di Giorgio imediatamente ordenou a troca por camisas verdes. Perfeito!
***
Acrescento do Mundo
Botafogo: O caso começou a partir do desentendimento de Gérson com o treinador
e a direção dos cathartiformes, o que o levou ao Botafogo, que pagou a sua
transferência com o dinheiro da venda de Amarildo para Itália. Ademais, Gérson
alegou que o ex-clube que representou lhe devia dinheiro – e não perdoou os
comportamentos habitualmente canalhas dos cathartiformes. Como bom
‘botafoguense’, Gérson fez o clube do nojo bailar uma vez mais ao sabor de
chuteiras alvinegras. Há cinquenta anos José Figueiredo escreveu, em O Globo de
13 de Abril de 1964, uma crônica intitulada ‘Nélson: Gérson se vinga com olé
humilhante’. O texto foi o seguinte (copiado de imagem digitalizada do Blog do
PC Guimarães):
Nélson Rodrigues tirou do match Botafogo 2x1 Flamengo, pelo
Torneio Rio-São Paulo, o seu personagem da semana: “Há um jogador que, de
repente, tomou conta do jôgo e virou a figura obsessiva e fatal da peleja.
Refiro-me a Gérson. Nos últimos dez minutos, só êle existiu em campo. Sabe-se
que Gérson é um virtuose, um estilista. Ninguém discute a qualidade, a
imaginação, o talento do seu jôgo.
Mas coisa curiosa! Sábado não foi o futebol de Gérson que o
promoveu, o consagrou. Foi o olé final. Com o placar de 2x0, Gérson desencadeou
o baile mais feroz, mais ímpio, mais sádico, mais humilhante do mundo. Eu vi, a
meu lado, um rubro-negro chorando de ódio impotente.
Gérson foi, sábado, ao Maracanã, expressamente para se vingar do
Flamengo, que, dizem, lhe deve Cr$ 15 milhões.”
Sublinhando Carlos Vilarinho: PERFEITO!
4 comentários:
Rui,
Que saudades de jogadores assim! Infelizmente, sei que isso nunca mais se repetirá, pois os atuais jogadores não respiram sem pedir permissão aos "parceiros empresários"!
Abs e Sds, Botafoguenses!!!
Atualmente só há a 'exceção' de jogadores impolutos, porque a 'regra' foi pelo cano abaixo. O que é mais interessante é que os jogadores não percebem como são usados e descartados. Sinceramente, gostava de saber se o Vitinho não voltaria atrás e aceitava a boa proposta do Botafogo. Está a queimar-se e a perder carreira, tal como eu previ!
Abraços Gloriosos.
Sabe por que o Botafogo sempre ganhava dos cathiformes? Porque
era dirigido por botafoguenses e os times sabiam o significado de vencer o clube nojento. Naquele tempo não havia juiz que fizesse o lixo ganhar, tínhamos jogadores HOMENS dentro de campo. A rivalidade acabou no dia que o Botafogo começou a fazer acordos com esse lixo (infelizmente, esse foi um dos erros do Bebeto), e naturalmente sempre tomando bola nas costas, Bons tempos aqueles em que os jogadores defendiam as cores do glorioso de forma quase amadora. Abs e SB!
Tem toda a razão, Sergio. Estes jogadores atuais não têm raça, ma sisso deve-se sobretudo à diretoria que é incapaz de impor o respeito ao Botafogo fora de portas. Depois da descida de divisão, esta diretoria é a coisa mais lamentável do século. Isto se não baixarmos de divisão - aí seria o pleno absoluto desta diretoria sem norte nem rumo.
Abraços Gloriosos!
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