Botafogo e Fluminense decidiram o título carioca de 1957 sob o excesso de confiança do diretor de futebol do Fluminense, que, na véspera do jogo, declarou que o Fluminense já era campeão e que o Botafogo esperasse outra oportunidade.
O técnico do Fluminense tratara de aperfeiçoar o esquema defensivo e escalar o meio-campo com Jair Santana, Róbson e Jair Francisco, trio que teria de contar com a ajuda de Telê. Mas o técnico João Saldanha tinha ideias diferentes: confiou a Quarentinha a marcação cerrada e permanente de Telê, o jogador-chave do adversário, visando dominar o meio-campo e chegar na cara do Castilho, o goleiro das Laranjeiras.
No dia 22 de Dezembro de 1957 o árbitro Alberto da Gama Malcher deu início ao jogo com mais de 90.000 torcedores no Maracanã. E aos 3 minutos de jogo, a cruzamento de Didi, Paulo Valentim inaugurou as redes de Castilho: Botafogo 1x0.

Carlito Rocha dissera que Jesus Cristo lhe aparecera a anunciar a vitória do Botafogo, mas quem se apresentou em campo foi um demónio com o número 7 às costas. A cada bola recebida de Didi, Garrincha passava fulgurante pelo seu marcador Altair, e quando o zagueiro Clóvis saía da área para o combater também era inevitavelmente driblado. Aberta como uma lata, a defesa do Fluminense vergava-se a Garrincha, que cruzava para os remates, as cabeçadas e as bicicletas de Paulo Valentim. Alguns gols do centroavante foram verdadeiramente espíritas, porque até as bolas que chutava mal entravam na baliza de Castillo, incluindo uma com o joelho.
Aplicando a tática de João Saldanha, os jogadores não davam espaço para o Fluminense criar fosse o que fosse. A defesa tricolor descontrola-se: Pinheiro, atraído pelo deslocamento de Paulo Valentim para a ponta esquerda, deixa a área livre; Clóvis está desorientado e não sabe se deve dar cobertura a Pinheiro ou ao lateral Altair, que leva um verdadeiro baile de Garrincha.

A certa altura Garrincha dribla Altair, cruza da linha de fundo, a bola passa por Édson e Castilho, mas Paulo Valentim entra pela meia-esquerda e toca de joelho para o gol vazio, aos 35 minutos: Botafogo 2x0.
Sete minutos depois é Nílton Santos quem avança como ponta-esquerda e cruza alto sobre a área. De costas para Castilho, o centroavante Paulo Valentim acerta em cheio uma bicicleta e a bola entra no ângulo direito do goleiro: Botafogo 3x0. A torcida botafoguense vai ao delírio e o cenário do colorido Fluminense era o preto, o branco e o cinza de pesadelo.
O gol de Paulinho Valentim ilustrado por Edson, botafoguense que edita o blogue Infogol:

A foto da fantástica ‘bicicleta’ de Paulinho Valentim:

No início do segundo tempo, Escurinho faz uma jogada individual pelo meio, aproveita uma rebatida de Adalberto e toca de cabeça para fazer 3x1. Mas para o Botafogo isso era completamente indiferente: três minutos depois Paulo Valentim dá dois dribles em Pinheiro dentro da área deixando o zagueiro sentado e o artilheiro da tarde fixa um novo placar: Botafogo 4x1.
Aos 12 minutos Garrincha passa por Pinheiro e Clóvis, entra na grande área, chuta cruzado no canto direito de Castilho e faz Botafogo 5x1. Mas a torcida pede mais gols, e aos 23 minutos Garrincha investe novamente pela ponta direita, Altair fica novamente batido, tal como Clóvis, e toca para Paulo Valentim que, diante de Castilho, aumenta o marcador: Botafogo 6x1.

Emocionados, os jogadores do Botafogo choram, vibram, comemoram o título esperado há nove anos. Perto do final Valdo desconta para 6x2, mas os botafoguenses até disso se aproveitam para fazer rima: “Foi 6x2… no pó-de-arroz”.

João Saldanha é carregado aos ombros da torcida; Paulo Valentim, desmaiado, sai carregado. O Maracanã é uma festa da torcida botafoguense, reforçada pelas torcidas do América, do Flamengo e do Vasco da Gama, que não suportavam a arrogância tricolor.

Esse título foi marcado não apenas pelas exímias finalizações de Paulo Valentim, artilheiro do campeonato, mas pela promessa feita por Didi de que caminharia do Maracanã a General Severiano se fosse campeão, e cumpriu a promessa (na foto, abraçando a esposa Guiomar).

Um torcedor decidiu também vestir a estátua do Manequinho, em frente à sede social do clube, com a camisa botafoguense. Manequinho, a nova mascote, passaria a envergar a camisa d’O Glorioso sempre que o clube fosse campeão.
O técnico do Fluminense tratara de aperfeiçoar o esquema defensivo e escalar o meio-campo com Jair Santana, Róbson e Jair Francisco, trio que teria de contar com a ajuda de Telê. Mas o técnico João Saldanha tinha ideias diferentes: confiou a Quarentinha a marcação cerrada e permanente de Telê, o jogador-chave do adversário, visando dominar o meio-campo e chegar na cara do Castilho, o goleiro das Laranjeiras.
No dia 22 de Dezembro de 1957 o árbitro Alberto da Gama Malcher deu início ao jogo com mais de 90.000 torcedores no Maracanã. E aos 3 minutos de jogo, a cruzamento de Didi, Paulo Valentim inaugurou as redes de Castilho: Botafogo 1x0.

Carlito Rocha dissera que Jesus Cristo lhe aparecera a anunciar a vitória do Botafogo, mas quem se apresentou em campo foi um demónio com o número 7 às costas. A cada bola recebida de Didi, Garrincha passava fulgurante pelo seu marcador Altair, e quando o zagueiro Clóvis saía da área para o combater também era inevitavelmente driblado. Aberta como uma lata, a defesa do Fluminense vergava-se a Garrincha, que cruzava para os remates, as cabeçadas e as bicicletas de Paulo Valentim. Alguns gols do centroavante foram verdadeiramente espíritas, porque até as bolas que chutava mal entravam na baliza de Castillo, incluindo uma com o joelho.
Aplicando a tática de João Saldanha, os jogadores não davam espaço para o Fluminense criar fosse o que fosse. A defesa tricolor descontrola-se: Pinheiro, atraído pelo deslocamento de Paulo Valentim para a ponta esquerda, deixa a área livre; Clóvis está desorientado e não sabe se deve dar cobertura a Pinheiro ou ao lateral Altair, que leva um verdadeiro baile de Garrincha.

A certa altura Garrincha dribla Altair, cruza da linha de fundo, a bola passa por Édson e Castilho, mas Paulo Valentim entra pela meia-esquerda e toca de joelho para o gol vazio, aos 35 minutos: Botafogo 2x0.
Sete minutos depois é Nílton Santos quem avança como ponta-esquerda e cruza alto sobre a área. De costas para Castilho, o centroavante Paulo Valentim acerta em cheio uma bicicleta e a bola entra no ângulo direito do goleiro: Botafogo 3x0. A torcida botafoguense vai ao delírio e o cenário do colorido Fluminense era o preto, o branco e o cinza de pesadelo.
O gol de Paulinho Valentim ilustrado por Edson, botafoguense que edita o blogue Infogol:

A foto da fantástica ‘bicicleta’ de Paulinho Valentim:

No início do segundo tempo, Escurinho faz uma jogada individual pelo meio, aproveita uma rebatida de Adalberto e toca de cabeça para fazer 3x1. Mas para o Botafogo isso era completamente indiferente: três minutos depois Paulo Valentim dá dois dribles em Pinheiro dentro da área deixando o zagueiro sentado e o artilheiro da tarde fixa um novo placar: Botafogo 4x1.
Aos 12 minutos Garrincha passa por Pinheiro e Clóvis, entra na grande área, chuta cruzado no canto direito de Castilho e faz Botafogo 5x1. Mas a torcida pede mais gols, e aos 23 minutos Garrincha investe novamente pela ponta direita, Altair fica novamente batido, tal como Clóvis, e toca para Paulo Valentim que, diante de Castilho, aumenta o marcador: Botafogo 6x1.

Emocionados, os jogadores do Botafogo choram, vibram, comemoram o título esperado há nove anos. Perto do final Valdo desconta para 6x2, mas os botafoguenses até disso se aproveitam para fazer rima: “Foi 6x2… no pó-de-arroz”.

João Saldanha é carregado aos ombros da torcida; Paulo Valentim, desmaiado, sai carregado. O Maracanã é uma festa da torcida botafoguense, reforçada pelas torcidas do América, do Flamengo e do Vasco da Gama, que não suportavam a arrogância tricolor.

Esse título foi marcado não apenas pelas exímias finalizações de Paulo Valentim, artilheiro do campeonato, mas pela promessa feita por Didi de que caminharia do Maracanã a General Severiano se fosse campeão, e cumpriu a promessa (na foto, abraçando a esposa Guiomar).

Um torcedor decidiu também vestir a estátua do Manequinho, em frente à sede social do clube, com a camisa botafoguense. Manequinho, a nova mascote, passaria a envergar a camisa d’O Glorioso sempre que o clube fosse campeão.

6 comentários:
Esse jogo é para mim inesquecível, com oito anos e meu pai me incentivando a torcer pelo fogão, ouvimos juntos pela Radio Nacional; a contar daquele dia uma lindíssima estrela se instalou em meu coração, até hoje me emociono lembrando de cada momento daquela partida.
Reinaldo, eu cheguei ao Rio apenas em 1960, e de resto tinha cinco anos nessa final. Mas confesso que se eu tivesse que eleger um único jogo do Botafogo seria esse: o dos golaços de Paulinho Valentim e dos bailes de Mané Garrincha. Para nem falar nos toques fabulosos de Didi e nos arranques laterais de Nilton Santos. Deve ter sido absolutamente soberbo! Não creio que tenha havido final mais empolgante, mais absoluta nem com um craque tão inspirado como o Paulinho!
Abraços Gloriosos!
Rui,
E as fotografias!
Sobre o fotojornalismo e em especial a cobertura do futebol, uma grande diferença no conteúdo. Se fosse hoje em dia a imprensa provavelmente só se interessaria pela foto com o Saldanha, dispensando aquela fantástica do chute do Paulo Valentim.
SA!
Exato, Biriba. Há um diferencial enorme de conteúdo. A criatividade da foto a preto e branco dos anos 1950 e a massificação da foto sem criação dos anos 2000, são um abismo entre si.
Abraços Gloriosos!
Alô, Rui! Então em 1957 foi a segunda decisão de campeoanto do Rio de Janeiro que o Fluminense levou seis do Botafogo. Segue a súmula da primeira. Nós gostamos de vo6!
BOTAFOGO 6 x 1 FLUMINENSE
Data: 25 / 09 / 1910
Local: Rua Voluntários da Pátria, Rio de Janeiro
Árbitro A. W. Hassell
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Abelardo de Lamare (3), no 1° tempo; Lulú Rocha (contra), Décio Viccari (2) e Mimi Sodré, no 2° tempo
Botafogo: Coggin, Edgard Pullen e Dinorah; Rolando de Lamare, Lulú Rocha e Lefévre; Emmanuel Sodré, Abelardo de Lamare, Décio Viccari, Mimi Sodré e Lauro Sodré
Fluminense: Waterman, Félix Frias e Ernesto Paranhos; Nery, Mutzenbecher e Gallo; Millar, Oswaldo Gomes, Edwin Cox, Gilbert Hime e A. Borgerth
VIVA O BOTAFOGO! O GLORIOSO! CAMPEÃO DESDE 1907!
Saudações Botafoguenses e insulanas.
Enviar um comentário