De quando em
vez manifestar-me-ei sobre as componentes da gestão financeira e desportiva do
Glorioso. Creio que as opiniões do Mundo Botafogo ao longo destes quase oito
anos de existência da sua página têm sido, por um lado, confirmadas pelos
acontecimentos e, por outro lado, premonitórias dos cuidados que devemos ter
futuramente na gestão do Clube e das estratégias e planos essenciais ao
renascer das cinzas e à recondução do Botafogo ao seu lugar histórico cuja
história do futebol não dispensa.
I Nota
Carlos
Augusto Montenegro decidiu-se por apoiar esta diretoria e admite reunir um
empréstimo adequado para fazer face a este ano financeiramente muito difícil.
Sempre desconfiei de CAM porque aparece sempre nos momentos de desastre para afundar
quem está no poder e não lhe atribui o destaque que julga dever ter.
Fá-lo desde
que deixou a presidência do Botafogo. Não duvido da sua profunda paixão
clubista e quero admitir que atualmente é movido não só pela sua necessidade de
marcar território mas também porque genuinamente quer ser parte positiva da
Fênix Botafoguense que renascerá das cinzas para o estrelato.
Bola branca
para CAM pela primeira vez em sete anos e meio de blogue.
II Nota
Rodrigo
Pimpão revelou como conseguiu melhorar as suas finalizações:
“Com as experiências lá fora, aprendi muita coisa. Com isso, você começa
a ver que seu futebol não é só aquilo. Assim, é possível pensar fora do
quadrado, você sabe que tem alternativa. As coisas começaram a acontecer quando
parei de fechar o olho e chutar. Passei a olhar para o goleiro e finalizar.
Passei a observar o posicionamento de goleiros e zagueiros.” – explicou
Rodrigo Pimpão.
Eis pois como Rodrigo Pimpão dá
respaldo às minhas críticas de há vários anos sobre a maioria dos atacantes do
Botafogo, quiçá da maioria dos atacantes do futebol brasileiro, chutarem para a
frente sem olhar. Se está algum defensor à frente, a bola não entra; se acaso
não aparece a alma adversária salvadora pela frente, a bola entra.
As perguntas que não querem
calar: – E foi preciso fazer “experiências lá fora” para aprender isso,
sabendo-se que nasceu no país fundador do futebol moderno em 1958? – Que o
futebol “não é só aquilo”? – E os treinadores brasileiros não ensinam mais do
que ‘aquilo’? – Não treinam essas coisas básicas durante a semana?
Eu cá acho mesmo que não e…
pumba! Gol da Alemanha!
III Nota
Ouço
um monte de vozes apelando à integração de Luís Henrique no plantel principal.
E eu digo que é assim que se ‘queimam’ jogadores promissores. O desenvolvimento
de um jovem futebolista obedece a um plano que não pode queimar etapas sob pena
de fracassar.
Concordo
inteiramente que Vinícius Tanque seja integrado após passar um bom tempo nos
juniores e ganhar experiência nesse escalão, e ainda assim integrado
gradualmente sob os auspícios de um plano personalizado à sua medida.
Quanto
a Luís Henrique discordo inteiramente. Qualquer treinador que seja acima da
média jamais integraria Luís Henrique nesta temporada, fazendo-o desenvolver-se
nas competições de juniores e em treinos especiais adaptados aos objetivos
pretendidos para 2016.
Felizmente
que René Simões é um homem de bom senso e parece que coincide com a minha
visão. Luís Henrique parece ser uma joia que deve dar alegrias ao Botafogo e
que, no momento inevitável da sua venda, agrega valores significativos para os
cofres do Clube.
Como diz o
provérbio, “rápido e bem, não há quem”. A rapidez é inimiga da qualidade e da
sustentabilidade.
IV Nota
Sei
que a tarefa da diretoria é absolutamente gigantesca. Já passei por algo
semelhante por duas vezes como presidente de uma instituição em situação de
catástrofe financeira, e recuperar os erros do passado começando
simultaneamente a estender uma passadeira ao futuro é uma tarefa hercúlea que
exige coragem, dedicação e competência. E, diga-se, pelo menos algum ‘amor’.
Portanto,
estou ao lado desta Administração que até agora em nada desiludiu. Porém…
Porém
seria muito bom que se começasse a estender a passadeira ao futuro iniciando
uma nova forma de gestão do plantel. Saber escolher jogadores da base para
formação e jogadores já feitos para integrar a equipe segundo uma visão
duplamente desportiva e financeira, é essencial.
Não
‘queimar’ promessas como Luís Henrique devido a pressas e imprudências nem
contratar atletas com base em ´vídeos’ elaborados pelos empresários cujos
interesses são geralmente opostos aos dos clubes, é crucial.
Urge
sabermos escolher bem quem queremos no nosso plantel de futebol, efetuar
contratos de média/longa duração e não os absurdos contratos de quatro meses,
seis meses ou até ‘fim da temporada’. Contratar por estes períodos é o mesmo
que dizer que duvidamos altamente das nossas competências de recrutamento. E,
além de contratos temporalmente consistentes, é fundamental ‘blindar’ os atletas
com base em cláusulas de rescisão elevadas de modo a que não seja um qualquer
clube a contratar os nossos jogadores sem benefício para o Clube.
A
contratação a ‘custo zero’ pode ser uma estratégia de ocasião e in-extremis,
mas não funciona como estratégia para a montagem de uma equipe de futebol
competitiva e que ambicione títulos maiores.
Ensaiar
uma nova gestão do plantel pode começar a ser feita a partir dos atletas da
base.
V Nota
E na
sequência da nota anterior sublinho a defesa que tenho feito, há vários anos, de
remunerar o presidente e os dirigentes do nosso Clube.
“Quem não tem condições para se dedicar a 100
por cento, não devia ser presidente.” – Bruno de Carvalho, presidente do Sporting Clube de Portugal.
No Sporting,
o presidente e todos os dirigentes são remunerados e exercem as suas funções
profissionais a tempo inteiro. Bruno de Carvalho procedeu à resolução das suas
sociedades empresariais de modo a ser presidente a tempo inteiro do Sporting
durante o seu primeiro mandato de quatro anos – que creio será renovado.
Em minha
opinião, o nosso Botafogo também precisa do tempo inteiro do presidente, de
modo a dedicar-se às exigentíssimas tarefas que tem pela frente sem ter que
fazer os sacrifícios pessoais que, certamente, tem que fazer atualmente para
dar resposta a tantas e tão urgentes necessidades. E este presidente parece
assegurar-nos a seriedade que precisamos possuir na gestão do nosso Clube.
Creio que o
assunto – extensivo a toda a diretoria – poderia/deveria começar a ser objeto
de debate nos órgãos internos do Clube. A profissionalização dos dirigentes
desportivos é crucial, e ao Botafogo, pioneiro em tantos domínios ao longo dos
seus 120 anos de existência, ficaria muito bem iniciar esse debate.
Imagens: Thiago Fernandes.
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