domingo, 21 de junho de 2015

Análise em notas soltas


De quando em vez manifestar-me-ei sobre as componentes da gestão financeira e desportiva do Glorioso. Creio que as opiniões do Mundo Botafogo ao longo destes quase oito anos de existência da sua página têm sido, por um lado, confirmadas pelos acontecimentos e, por outro lado, premonitórias dos cuidados que devemos ter futuramente na gestão do Clube e das estratégias e planos essenciais ao renascer das cinzas e à recondução do Botafogo ao seu lugar histórico cuja história do futebol não dispensa.

I Nota

Carlos Augusto Montenegro decidiu-se por apoiar esta diretoria e admite reunir um empréstimo adequado para fazer face a este ano financeiramente muito difícil. Sempre desconfiei de CAM porque aparece sempre nos momentos de desastre para afundar quem está no poder e não lhe atribui o destaque que julga dever ter.

Fá-lo desde que deixou a presidência do Botafogo. Não duvido da sua profunda paixão clubista e quero admitir que atualmente é movido não só pela sua necessidade de marcar território mas também porque genuinamente quer ser parte positiva da Fênix Botafoguense que renascerá das cinzas para o estrelato.

Bola branca para CAM pela primeira vez em sete anos e meio de blogue.

II Nota

Rodrigo Pimpão revelou como conseguiu melhorar as suas finalizações:

Com as experiências lá fora, aprendi muita coisa. Com isso, você começa a ver que seu futebol não é só aquilo. Assim, é possível pensar fora do quadrado, você sabe que tem alternativa. As coisas começaram a acontecer quando parei de fechar o olho e chutar. Passei a olhar para o goleiro e finalizar. Passei a observar o posicionamento de goleiros e zagueiros.” – explicou Rodrigo Pimpão.

Eis pois como Rodrigo Pimpão dá respaldo às minhas críticas de há vários anos sobre a maioria dos atacantes do Botafogo, quiçá da maioria dos atacantes do futebol brasileiro, chutarem para a frente sem olhar. Se está algum defensor à frente, a bola não entra; se acaso não aparece a alma adversária salvadora pela frente, a bola entra.

As perguntas que não querem calar: – E foi preciso fazer “experiências lá fora” para aprender isso, sabendo-se que nasceu no país fundador do futebol moderno em 1958? – Que o futebol “não é só aquilo”? – E os treinadores brasileiros não ensinam mais do que ‘aquilo’? – Não treinam essas coisas básicas durante a semana?

Eu cá acho mesmo que não e… pumba! Gol da Alemanha!

III Nota

Ouço um monte de vozes apelando à integração de Luís Henrique no plantel principal. E eu digo que é assim que se ‘queimam’ jogadores promissores. O desenvolvimento de um jovem futebolista obedece a um plano que não pode queimar etapas sob pena de fracassar.

Concordo inteiramente que Vinícius Tanque seja integrado após passar um bom tempo nos juniores e ganhar experiência nesse escalão, e ainda assim integrado gradualmente sob os auspícios de um plano personalizado à sua medida.

Quanto a Luís Henrique discordo inteiramente. Qualquer treinador que seja acima da média jamais integraria Luís Henrique nesta temporada, fazendo-o desenvolver-se nas competições de juniores e em treinos especiais adaptados aos objetivos pretendidos para 2016.

Felizmente que René Simões é um homem de bom senso e parece que coincide com a minha visão. Luís Henrique parece ser uma joia que deve dar alegrias ao Botafogo e que, no momento inevitável da sua venda, agrega valores significativos para os cofres do Clube.

Como diz o provérbio, “rápido e bem, não há quem”. A rapidez é inimiga da qualidade e da sustentabilidade.


IV Nota

Sei que a tarefa da diretoria é absolutamente gigantesca. Já passei por algo semelhante por duas vezes como presidente de uma instituição em situação de catástrofe financeira, e recuperar os erros do passado começando simultaneamente a estender uma passadeira ao futuro é uma tarefa hercúlea que exige coragem, dedicação e competência. E, diga-se, pelo menos algum ‘amor’.

Portanto, estou ao lado desta Administração que até agora em nada desiludiu. Porém…

Porém seria muito bom que se começasse a estender a passadeira ao futuro iniciando uma nova forma de gestão do plantel. Saber escolher jogadores da base para formação e jogadores já feitos para integrar a equipe segundo uma visão duplamente desportiva e financeira, é essencial.

Não ‘queimar’ promessas como Luís Henrique devido a pressas e imprudências nem contratar atletas com base em ´vídeos’ elaborados pelos empresários cujos interesses são geralmente opostos aos dos clubes, é crucial.

Urge sabermos escolher bem quem queremos no nosso plantel de futebol, efetuar contratos de média/longa duração e não os absurdos contratos de quatro meses, seis meses ou até ‘fim da temporada’. Contratar por estes períodos é o mesmo que dizer que duvidamos altamente das nossas competências de recrutamento. E, além de contratos temporalmente consistentes, é fundamental ‘blindar’ os atletas com base em cláusulas de rescisão elevadas de modo a que não seja um qualquer clube a contratar os nossos jogadores sem benefício para o Clube.

A contratação a ‘custo zero’ pode ser uma estratégia de ocasião e in-extremis, mas não funciona como estratégia para a montagem de uma equipe de futebol competitiva e que ambicione títulos maiores.

Ensaiar uma nova gestão do plantel pode começar a ser feita a partir dos atletas da base.

V Nota

E na sequência da nota anterior sublinho a defesa que tenho feito, há vários anos, de remunerar o presidente e os dirigentes do nosso Clube.

Quem não tem condições para se dedicar a 100 por cento, não devia ser presidente.” – Bruno de Carvalho, presidente do Sporting Clube de Portugal.

No Sporting, o presidente e todos os dirigentes são remunerados e exercem as suas funções profissionais a tempo inteiro. Bruno de Carvalho procedeu à resolução das suas sociedades empresariais de modo a ser presidente a tempo inteiro do Sporting durante o seu primeiro mandato de quatro anos – que creio será renovado.

Em minha opinião, o nosso Botafogo também precisa do tempo inteiro do presidente, de modo a dedicar-se às exigentíssimas tarefas que tem pela frente sem ter que fazer os sacrifícios pessoais que, certamente, tem que fazer atualmente para dar resposta a tantas e tão urgentes necessidades. E este presidente parece assegurar-nos a seriedade que precisamos possuir na gestão do nosso Clube.

Creio que o assunto – extensivo a toda a diretoria – poderia/deveria começar a ser objeto de debate nos órgãos internos do Clube. A profissionalização dos dirigentes desportivos é crucial, e ao Botafogo, pioneiro em tantos domínios ao longo dos seus 120 anos de existência, ficaria muito bem iniciar esse debate.

Imagens: Thiago Fernandes.

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