Uma equipe
internacional de astrónomos liderada por um português acaba de descobrir a
galáxia mais brilhante dos primórdios do Universo, quando haviam decorridos 800
milhões de anos da existência da Casa Universal em que vivemos, sendo três
vezes mais luminosa do que a galáxia mais luminosa dos primórdios do Universo.
A nova Galáxia, um trilião de vezes também mais luminosa do que o sol, foi
batizada sob a designação de CR7.
Notícia publicada
em http://www.publico.pt/ciencia/noticia/portugues-descobre-galaxia-cr7-e-revela-a-primeira-geracao-de-estrelas-do-universo-1699286:
Até agora, a existência de uma
primeira geração de estrelas — nascidas do material primordial do Big Bang,
ocorrido há 13.800 milhões de anos, e sem a qual não existiria vida — era
apenas uma teoria. Uma equipa liderada por David Sobral, investigador do
Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e da Faculdade de Ciências
da Universidade de Lisboa (FCUL), anunciou que este “Santo Graal da astronomia”
existe: descobriram a galáxia mais brilhante do Universo primordial e fortes
indícios de que esse objecto contém estrelas da primeira geração.
Foi
com a adopção de um método de trabalho “totalmente diferente” que a equipa
internacional de oito astrónomos conseguiu esta “descoberta extraordinária”. Em
vez de optar pelo habitual estudo profundo de pequenas áreas do Universo,
mapearam grandes áreas do céu e produziram o maior rastreio de galáxias muito
distantes alguma vez obtido. Resultado: a descoberta da CR7 (o nome é uma
abreviação do COSMOS e Redshift 7, uma medida de distância usada pelos
astrónomos, e uma homenagem a Cristiano Ronaldo, por também ele ser “uma coisa
de outro mundo”), uma galáxia três vezes mais brilhante do que a Himiko, a
galáxia distante mais brilhante conhecida até então.
“A
CR7 é tão brilhante que mesmo estando a quase 13.000 milhões de anos-luz parece
estar muito mais perto”, relatou o investigador de 29 anos, principal autor do
artigo científico “Fortes Evidências de Populações Estelares de tipo III nos
emissores Lyman-alfa mais luminosos na época da re-ionização: confirmação
espectroscópica”, já aceite para publicação na revista The Astrophysical
Journal.
Quando
começaram a juntar as peças do puzzle os investigadores perceberam que o que
tinham descoberto era ainda mais significativo. As estrelas maciças e
brilhantes que tinham encontrado (também conhecidas por estrelas de População
III) eram as criadoras dos primeiros elementos químicos pesados na história —
elementos esses que tornaram possível a formação de estrelas como o Sol, os
planetas que o orbitam e a vida tal como a conhecemos.
Usando
o Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO), descobriram
que na CR7 “não só o hidrogénio estava completamente ionizado e partido, mas
também os átomos de hélio estavam completamente partidos, o que significa que a
fonte de luz naquela zona da galáxia é extremamente quente e capaz de ter uma
energia tão grande que parte até os átomos de hélio". Mas o "mais
surpreendente", e indicador de que se poderia estar perante a primeira
geração de estrelas, é que "não se viam indicações de presença de carbono,
oxigénio e azoto”. Alguns investigadores tinham conseguido pistas em relação à
existência de estrelas de População III, mas "esta é a primeira vez que se
viu uma coisa feita com material do Big Bang, sem elementos pesados”, explica
David Sobral.
“A
outra linha de investigação, que pode dar grandes resultados, é perceber a
diversidade de todas as outras galáxias semelhantes à CR7. E puxar mais os
limites e olhar ainda mais para trás no tempo.”
Em um dia ainda
longínquo saberemos o que é realmente o Universo, mas desde já fica-se sabendo
que nos gramados de todo o mundo e nas estrelas da Galáxia, CR7 é inspiração.
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