domingo, 21 de junho de 2015

Galáxia CR7 – a primeira geração de estrelas do Universo


Uma equipe internacional de astrónomos liderada por um português acaba de descobrir a galáxia mais brilhante dos primórdios do Universo, quando haviam decorridos 800 milhões de anos da existência da Casa Universal em que vivemos, sendo três vezes mais luminosa do que a galáxia mais luminosa dos primórdios do Universo. A nova Galáxia, um trilião de vezes também mais luminosa do que o sol, foi batizada sob a designação de CR7.


Até agora, a existência de uma primeira geração de estrelas — nascidas do material primordial do Big Bang, ocorrido há 13.800 milhões de anos, e sem a qual não existiria vida — era apenas uma teoria. Uma equipa liderada por David Sobral, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), anunciou que este “Santo Graal da astronomia” existe: descobriram a galáxia mais brilhante do Universo primordial e fortes indícios de que esse objecto contém estrelas da primeira geração.

Foi com a adopção de um método de trabalho “totalmente diferente” que a equipa internacional de oito astrónomos conseguiu esta “descoberta extraordinária”. Em vez de optar pelo habitual estudo profundo de pequenas áreas do Universo, mapearam grandes áreas do céu e produziram o maior rastreio de galáxias muito distantes alguma vez obtido. Resultado: a descoberta da CR7 (o nome é uma abreviação do COSMOS e Redshift 7, uma medida de distância usada pelos astrónomos, e uma homenagem a Cristiano Ronaldo, por também ele ser “uma coisa de outro mundo”), uma galáxia três vezes mais brilhante do que a Himiko, a galáxia distante mais brilhante conhecida até então.

“A CR7 é tão brilhante que mesmo estando a quase 13.000 milhões de anos-luz parece estar muito mais perto”, relatou o investigador de 29 anos, principal autor do artigo científico “Fortes Evidências de Populações Estelares de tipo III nos emissores Lyman-alfa mais luminosos na época da re-ionização: confirmação espectroscópica”, já aceite para publicação na revista The Astrophysical Journal.

Quando começaram a juntar as peças do puzzle os investigadores perceberam que o que tinham descoberto era ainda mais significativo. As estrelas maciças e brilhantes que tinham encontrado (também conhecidas por estrelas de População III) eram as criadoras dos primeiros elementos químicos pesados na história — elementos esses que tornaram possível a formação de estrelas como o Sol, os planetas que o orbitam e a vida tal como a conhecemos.

Usando o Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO), descobriram que na CR7 “não só o hidrogénio estava completamente ionizado e partido, mas também os átomos de hélio estavam completamente partidos, o que significa que a fonte de luz naquela zona da galáxia é extremamente quente e capaz de ter uma energia tão grande que parte até os átomos de hélio". Mas o "mais surpreendente", e indicador de que se poderia estar perante a primeira geração de estrelas, é que "não se viam indicações de presença de carbono, oxigénio e azoto”. Alguns investigadores tinham conseguido pistas em relação à existência de estrelas de População III, mas "esta é a primeira vez que se viu uma coisa feita com material do Big Bang, sem elementos pesados”, explica David Sobral.

“A outra linha de investigação, que pode dar grandes resultados, é perceber a diversidade de todas as outras galáxias semelhantes à CR7. E puxar mais os limites e olhar ainda mais para trás no tempo.”

Em um dia ainda longínquo saberemos o que é realmente o Universo, mas desde já fica-se sabendo que nos gramados de todo o mundo e nas estrelas da Galáxia, CR7 é inspiração.

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