terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Das palmeiras à Liga Metropolitana e aos infantis do Carioca FC

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O Botafogo fora fundado em 1904 e não havia ganho uma única taça quando a primeira de muitas crises emerge, apenas um ano depois da fundação.

Flávio Ramos e o jogador Victor Faria, capitão da equipa, desentenderam-se, a confusão alastrou, o presidente Alfredo Guedes de Mello e o vice-presidente Itamar Tavares demitem-se e criam o Internacional, clube que durou cerca de vinte anos apenas.

Em 1927 Flávio Ramos conta assim o sucedido em entrevista a ‘O Sport’: “O Botafogo foi fundado por um grupo de moços de 14 anos (em média) e precisava para dirigir os seus primeiros passos, de uma cabeça pensante. Arranjamos para isso uma boa ama: Alfredo Chaves. Número 1 do quadro de beneméritos, foi um grande baluarte do nosso glorioso clube. Pode-se mesmo dizer que a êle deve o Botafogo sua existência hoje. Foi o braço do nosso saudoso Alfredo, que nos defendeu do golpe de morte que um grupo de sócios dissidentes procurou dar com a fundação de um outro grémio – o Internacional.” (Castro, 1951: 15-16)

Waldemar Pereira da Cunha assume a presidência do Botafogo e, entretanto, o clube passa a ter campo num pequeno terreno na Rua Conde de Irajá, cedido pela família Werneck e sob um aluguer simbólico. Parece que o acontecimento foi precipitado por um chute ‘maluco’ de Raul Maranhão “que destroçara, com incrível estrondo, a clarabóia da casa dos Figueiredo.” (Castro, 1951: 16)

Foi no ‘campinho’ da Conde de Irajá que a bandeira alvinegra se elevou e flutuou pela primeira vez. A bandeira, oferta de Edwin Elkin Hime, foi bordada pelas suas filhas: Ruth, May, Leah e Miriam. Apesar da escassez do terreno, o acontecimento foi muito importante para a vida botafoguense porque o campo que o Botafogo utilizava era… a via pública! A delimitação das balizas fazia-se com palmeiras imperiais e a vizinhança sofria com as vidraças das suas janelas permanentemente partidas por causa dos rapazes alvinegros amantes da bola.

Por sua vez, as rendas arrecadadas iam em grande parte para cobrir os prejuízos à vizinhança e para comprar bolas novas, adquiridas junto à Casa Clark, para substituir as que eram confiscadas pelos adultos ou esmagadas pelos bondes puxados a burro.

Entretanto, por essa época, já na Conde de Irajá, ocorreu uma crise política no Club de Regatas Botafogo e diversos sócios e dirigentes demitiram-se, após perderem as eleições para o notável remador António de Oliveira Castro, hoje uma figura ilustre da centenária galeria botafoguense. Os dissidentes ingressaram no Botafogo Football Club e embora longe ainda da fusão de 1942, estava lançada a primeira semente para a união das cores alvinegras num único e amado clube. Entre eles figurava Joaquim Antonio de Souza Ribeiro, que foi considerado o primeiro grande presidente da história do Botafogo Football Club.

O Botafogo tomou novo alento com a entrada destes abnegados desportistas e foi no campo da rua Conde de Irajá que se realizaram os primeiros jogos amistosos, estreando-se com o seu 2º quadro e empatando a 0x0 com o Internacional Football Club. Foi também nesse campo que o Botafogo obteve a sua primeira vitória de 1x0 sobre o Petropolitano e Flávio Ramos pode marcar o primeiro gol botafoguense.

Em 8 de Julho de 1905 foi fundada a Liga Metropolitana de Futebol, contando entre os fundadores o América, o Athletic, o Bangu, o Botafogo, o Fluminense e o Sport Club Petrópolis. No ano seguinte realizou-se o primeiro campeonato carioca, no qual o América não participou, mas que incluiu o Paysandu e o Rio Cricket.

Finalmente, o outro acontecimento muito importante em 1905 foi a fundação do Carioca F. C., a escolinha infantil do Botafogo. O clube alvinegro foi, assim, o primeiro clube fundador de uma escolinha infantil. O carioca usava uma estrela azul ao peito e casquete azul com estrela branca. O ‘filhote’ do Botafogo tinha como presidente Emanuel Sodré, como secretário Raul Gomes de Matos, como tesoureiro Luiz de Paula e Silva, como dirigente desportivo Rolando Delamare e como ‘capitão’ António Dutra.

O ano de 1906 espreitava e as primeiras taças conquistadas também…

Fontes principais
Acervo de Auriel de Almeida e Pedro Varanda
Augusto, Sérgio (204), Botafogo – Entre o Céu e o Inferno, Rio de Janeiro: Editora Ediouro.
Case, Rafael; Falcão, Roberto (2004), 100 Anos Gloriosos – Almanaque Centenário do Glorioso, Rio de Janeiro: Areté Editorial
Castro, Alceu Mendes de Oliveira (1951), O Futebol no Botafogo (1904-1950), Rio de Janeiro: Gráfica Milone
http://noticias.uol.com.br/pelenet/botafogo/historia.j%20htmhttp://www.botafogocentenario.kit.net/

3 comentários:

Cantorriense disse...

Olá, amigo!

Muito bom o seu blog. Também sou pesquisador de futebol e tenho uma correção: o Internacional Football Club, dissidência do Botafogo, não teve curta duração. Inclusive o clube participou do campeonato carioca da AFRJ de 1912 (sim, poucos sabem, mas é o mesmo Internacional).

A última notícia que encontrei do Inter data de 1925 (quando é noticiado o torneio interno do clube, na Rua São Clemente), ou seja, o clube durou no mínimo 20 anos...

abs,

leymir disse...

Ruy, chegou a ver isso aqui?

um abração!

Ruy Moura disse...

Sobre o quê? Sobre a trajetória do Internacional?

Grande Abraço.

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