Augusto Frederico Schmidt, o ‘gordinho sinistro’, nasceu a 18 de Abril de 1906 no seio de uma família abastada do Rio de Janeiro e faleceu a 8 de Fevereiro de 1965, na mesma cidade. Foi Schmidt o idealizador da fusão entre o Botafogo Football Club e o Club de Regatas Botafogo, do qual era presidente (1941-42).
Na sequência da morte fulminante de Armando Albano em plena quadra do Mourisco foi Schmidt que encetou a fusão, embora depois apenas viesse a ser vice-presidente do Botafogo de Futebol e Regatas [ver artigos: A fusão dos Botafogos e o poeta da estrela solitária; Fusão dramática entre a ‘Estrela Solitária’ e o ‘Glorioso’].
Extraordinário ‘lobista’ na política, Schmidt teceu a teia da fusão dos Botafogos, duas paixões clubistas que Schmidt deixa adivinhar no seu poema ‘Estrela Solitária’. Gravado para sempre nas ‘letras brasileiras’ e na vida do Botafogo, Schmidt gravou também a sua arte na política ao tornar-se íntimo de Juscelino Kubitschek, outro botafoguense.
Schmidt estudou no colégio Champs Soleil, na Suiça, regressou ao Rio em 1916 após a morte do pai e continuou os seus estudos no Colégio São José, passando depois por diversas escolas. Após a morte da mãe abandonou os estudos e dedicou-se ao comércio, radicando-se em São Paulo e ligando-se a Mário e Oswald de Andrade. Em 1928 publicou o seu primeiro livro: ‘Canto do Brasileiro Augusto Frederico Schmidt’. Em seguida criou uma editora e tornou-se um grande divulgador do ‘modernismo’.
Schmidt foi uma das maiores figuras intelectuais da sua época fazendo, nos seus poemas, incursões aos temas da morte, da ausência, da perda e do amor. Publicou diversos livros de poemas, entre os quais ‘O galo branco’, ‘Prelúdio à revolução’, ‘Estrela Solitária’, ‘Navio Perdido’, ‘Pássaro Cego’, ‘Aurora Lívida’, ‘Babilônia’, mas também publicou livros importantes como editor – por exemplo, ‘Casa grande e senzala’ (de Gilberto Freire) e ‘Caetés’ (de Graciliano Ramos).
Schmidt foi igualmente um espírito criativo e empreendedor, tendo fundado a cadeia de supermercados Disco, no Rio de Janeiro, e a Panair, enriquecendo pelo seu talento. Porém, também foi político, diplomata e ghost-writer preferido de Juscelino Kubitschek, criando o lema de campanha ’50 anos em 5’.
O poeta político escreveu inúmeros discursos para Juscelino e muitas das suas ideias concretizaram-se, tais como a criação da Operação Pan-Americana (OPA), que inspirou o surgimento do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Ainda foi delegado do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU) e embaixador na Comunidade Económica Europeia, hoje designada por União Europeia.
Schmidt servia Juscelino para ‘driblar a crise’ e foi provavelmente o maior ‘lobista’ que o país conheceu. Em 1960, Schmidt teve uma destacada influência como presidente do Conselho dos 21, na Conferência de Bogotá. Mais tarde, Schmidt também foi um dos artífices do movimento militar de Março de 1964 contra o ascendente comunista, mas, após a vitória, Schmidt passou a defender os estudantes e os operários presos e combateu os novos planos da ditadura para o país, acusando-os de falta de grandeza para um país necessitado de progresso.
Em homenagem a este extraordinário intelectual, político e botafoguense, fica aqui um belíssimo excerto de ‘Canto do estrangeiro’:
“Quero morrer de noite –
As janelas abertas,
Os olhos a fitar a noite infinda.
Quero morrer de noite.
Irei me separando aos poucos,
Me desligando devagar.
A luz das velas envolverá meu rosto lívido.
Quero morrer de noite
As janelas abertas.
Tuas mãos chegarão aos meus lábios
Um pouco de água.
E os meus olhos beberão a luz triste dos teus olhos.
Os que virão, os que ainda não conheço,
Estarão em silêncio,
Os olhos postos em mim.
Quero morrer de noite
As janelas abertas,
Os olhos a fitar a noite infinda.
Aos poucos me verei pequenino de novo, muito pequenino.
O berço se embalará na sombra de uma sala
E na noite, medrosa, uma velha coserá um enorme boneco.
Uma luz vermelha iluminará um grande dormitório
E passos ressoarão quebrando o silêncio.
Depois na tarde fria um chapéu rolará numa estrada...
Quero morrer de noite –
As janelas abertas.
Minha alma sairá para longe de tudo, para bem longe de tudo.
E quando todos souberem que já não estou mais
E que nunca mais volverei
Haverá um segundo, nos que estão
E nos que virão, de compreensão absoluta.”
Fontes
http://br.geocities.com/jerusalem_13/augustofrederico.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Frederico_Schmidt
http://www.astormentas.com/din/poemas.asp?autor=Augusto+Frederico+Schmidt
http://www.revista.agulha.nom.br/afs2.html
http://www.speculum.art.br/module.php?a_id=319
Na sequência da morte fulminante de Armando Albano em plena quadra do Mourisco foi Schmidt que encetou a fusão, embora depois apenas viesse a ser vice-presidente do Botafogo de Futebol e Regatas [ver artigos: A fusão dos Botafogos e o poeta da estrela solitária; Fusão dramática entre a ‘Estrela Solitária’ e o ‘Glorioso’].
Extraordinário ‘lobista’ na política, Schmidt teceu a teia da fusão dos Botafogos, duas paixões clubistas que Schmidt deixa adivinhar no seu poema ‘Estrela Solitária’. Gravado para sempre nas ‘letras brasileiras’ e na vida do Botafogo, Schmidt gravou também a sua arte na política ao tornar-se íntimo de Juscelino Kubitschek, outro botafoguense.
Schmidt estudou no colégio Champs Soleil, na Suiça, regressou ao Rio em 1916 após a morte do pai e continuou os seus estudos no Colégio São José, passando depois por diversas escolas. Após a morte da mãe abandonou os estudos e dedicou-se ao comércio, radicando-se em São Paulo e ligando-se a Mário e Oswald de Andrade. Em 1928 publicou o seu primeiro livro: ‘Canto do Brasileiro Augusto Frederico Schmidt’. Em seguida criou uma editora e tornou-se um grande divulgador do ‘modernismo’.
Schmidt foi uma das maiores figuras intelectuais da sua época fazendo, nos seus poemas, incursões aos temas da morte, da ausência, da perda e do amor. Publicou diversos livros de poemas, entre os quais ‘O galo branco’, ‘Prelúdio à revolução’, ‘Estrela Solitária’, ‘Navio Perdido’, ‘Pássaro Cego’, ‘Aurora Lívida’, ‘Babilônia’, mas também publicou livros importantes como editor – por exemplo, ‘Casa grande e senzala’ (de Gilberto Freire) e ‘Caetés’ (de Graciliano Ramos).
Schmidt foi igualmente um espírito criativo e empreendedor, tendo fundado a cadeia de supermercados Disco, no Rio de Janeiro, e a Panair, enriquecendo pelo seu talento. Porém, também foi político, diplomata e ghost-writer preferido de Juscelino Kubitschek, criando o lema de campanha ’50 anos em 5’.
O poeta político escreveu inúmeros discursos para Juscelino e muitas das suas ideias concretizaram-se, tais como a criação da Operação Pan-Americana (OPA), que inspirou o surgimento do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Ainda foi delegado do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU) e embaixador na Comunidade Económica Europeia, hoje designada por União Europeia.
Schmidt servia Juscelino para ‘driblar a crise’ e foi provavelmente o maior ‘lobista’ que o país conheceu. Em 1960, Schmidt teve uma destacada influência como presidente do Conselho dos 21, na Conferência de Bogotá. Mais tarde, Schmidt também foi um dos artífices do movimento militar de Março de 1964 contra o ascendente comunista, mas, após a vitória, Schmidt passou a defender os estudantes e os operários presos e combateu os novos planos da ditadura para o país, acusando-os de falta de grandeza para um país necessitado de progresso.
Em homenagem a este extraordinário intelectual, político e botafoguense, fica aqui um belíssimo excerto de ‘Canto do estrangeiro’:
“Quero morrer de noite –
As janelas abertas,
Os olhos a fitar a noite infinda.
Quero morrer de noite.
Irei me separando aos poucos,
Me desligando devagar.
A luz das velas envolverá meu rosto lívido.
Quero morrer de noite
As janelas abertas.
Tuas mãos chegarão aos meus lábios
Um pouco de água.
E os meus olhos beberão a luz triste dos teus olhos.
Os que virão, os que ainda não conheço,
Estarão em silêncio,
Os olhos postos em mim.
Quero morrer de noite
As janelas abertas,
Os olhos a fitar a noite infinda.
Aos poucos me verei pequenino de novo, muito pequenino.
O berço se embalará na sombra de uma sala
E na noite, medrosa, uma velha coserá um enorme boneco.
Uma luz vermelha iluminará um grande dormitório
E passos ressoarão quebrando o silêncio.
Depois na tarde fria um chapéu rolará numa estrada...
Quero morrer de noite –
As janelas abertas.
Minha alma sairá para longe de tudo, para bem longe de tudo.
E quando todos souberem que já não estou mais
E que nunca mais volverei
Haverá um segundo, nos que estão
E nos que virão, de compreensão absoluta.”
Fontes
http://br.geocities.com/jerusalem_13/augustofrederico.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Frederico_Schmidt
http://www.astormentas.com/din/poemas.asp?autor=Augusto+Frederico+Schmidt
http://www.revista.agulha.nom.br/afs2.html
http://www.speculum.art.br/module.php?a_id=319
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