O Botafogo ganhou mais um clássico, consolidando uma tendência dos últimos cinco anos de ganhar aos ‘grandes’ e perder pontos com os ‘pequenos’.
Foi um jogo muito movimentado, mas não foi um grande jogo tecnicamente falando.
Do lado do Vasco da Gama foi muito óbvia a falta de Dedé, evidenciando que sem ele a defesa vascaína é absolutamente vulgar, mostrando-se muito volúvel em diversos lances, e não apenas nos lances dos gols.
Quanto ao Botafogo, continua sem mostrar padrão consolidado de jogo, tendo ganho com bastante apoio da sorte e muitos erros do adversário.
Na verdade, se o Botafogo estivesse bem montado e bem treinado, teria goleado este Vasco da Gama que não me parece time de ganhar finais. Em diversos contra-ataques na segunda parte o Botafogo poderia ter facilmente chegado ao gol, mas não treina bem esse fundamento, não sabe aproveitar o desequilíbrio criado com o desguarnecimento da defesa vascaína e não acerta os momentos certos.
Na primeira parte, até ao momento de inauguração do marcador, nem uma nem outra equipa se encontraram em campo, jogando muito descaracterizadas. Porém, o extraordinário oportunismo de Fellype Gabriel desequilibrou completamente o jogo e o Botafogo arrancou para uma exibição melhor, especialmente após o 2º gol.
No entanto, a segunda parte mostrou novamente um Botafogo a entrar recuado, em vez de adiantar a marcação, quiçá pensando desde logo defender o resultado, ou jogar no contra-ataque, dando muito espaço ao Vasco e acabando por levar um gol devido ao recuo excessivo, culminando numa falta boba que teve uma excelente cobrança sem hipótese para a defesa de Jeferson.
Mantendo-se muito afobado, o Botafogo evidenciou pouca serenidade e ainda muita falta de estofo. O Vasco pressionava e o empate não seria inesperado se se concretizasse. Porém, o técnico do Botafogo havia substituído o inócuo Herrera por Jobson e saiu dos pés deste o terceiro gol. Efetivamente, apesar de ainda muito mal preparado (embora o clube bradasse aos sete ventos que estaria voando quando regressasse), Jobson não desistiu de uma jogada, insistiu, persistiu e acabou colocando o oportuníssimo Fellype Gabriel na cara do gol para fazer o primeiro hat-trick pelo Botafogo.
Com 3x1 a coisa poderia estar resolvida, especialmente se o técnico tivesse feito o que devia e reformulasse o meio campo, que estava cansado e já com pouca capacidade de criação (o que faria tardiamente apenas na parte final do jogo). Porém, o inefável Márcio Azevedo, que adora andar à frente e chega sempre atrasado atrás (por diversas vezes neste jogo), acabou por cometer um penalty estúpido e a sua conversão certamente iria desorganizar o Botafogo e galvanizar o Vasco da Gama.
Porém, o melhor goleiro brasileiro em atividade fez morrer o jogo nas suas mãos ao defender a grande penalidade de Juninho Pernambuquinho.
Até nisso o Vasco da Gama foi muito ruim neste jogo.
A partir da não redução do placar para 3x2 o Vasco da Gama caiu de produção e o Botafogo poderia ter marcado pelo menos mais dois gols em contra-ataque – se soubesse contra-atacar. Mas não sabe.
A extraordinária tarde do homem do jogo, Fellype Gabriel, a persistência de Jobson na jogada que antecedeu o terceiro gol, a ação de Jeferson a defender a grande penalidade, associadas a um Vasco da Gama incipiente, garantiram uma vitória que acabou sendo tranquila na parte final do jogo.
Vale dizer que a sorte esteve conosco em dois gols e na defesa do penalty, mas também vale dizer que a sorte procura-se, e procurámo-la mais do que o Vasco.
Eu diria que houve um ponto positivo ainda a realçar, relacionado com uma melhor movimentação da bola de pé em pé, e um ponto negativo, relacionado com a disposição tática e as marcações que continuam muito irregulares.
Finalmente, três derradeiras notas:
1. Arbitragem muito hesitante, aparecendo excessivamente com cartões amarelos e perdoando um segundo amarelo a um vascaíno com uma entrada ilegal por trás que derrubou um atleta botafoguense.
2. O que se pode interpretar sobre uma assistência de cerca de oito mil pagantes num clássico desta natureza?
3. Não resisto a evidenciar uma vez mais a enorme falta de competência dos locutores. A um remate do Vasco da Gama o locutor proclamou: “Bateu bonito pro gol”. (pausa) “Bola muito longe…”
FICHA TÉCNICA
Botafogo 3x1 Vasco da Gama
» Gols: Fellype Gabriel 33', 37' e 71’ (Botafogo); Fellipe Bastos 47' (Vasco da Gama)
» Competição: Campeonato Carioca
» Data: 18.03.2012
» Local: Estádio Olímpico João Havelange, o ‘Engenhão’ (RJ)
» Público: 8.190 pagantes
» Renda: R$ 231.345,00 /
» Árbitro: João Batista de Arruda (RJ); Assistentes: Wagner de Almeida Santos (RJ) e Jackson Lourenço Massara (RJ)
» Disciplina: Antônio Carlos, Marcelo Mattos e Márcio Azevedo (Botafogo); Allan, Diego Souza, Dieyson, Fagner, Fellipe Bastos e Rodolfo (Vasco da Gama)
» Botafogo: Jefferson; Lucas, Antônio Carlos, Fábio Ferreira e Márcio Azevedo; Marcelo Mattos, Renato, Elkeson (Caio), Andrezinho e Fellype Gabriel (Lucas Zen); Herrera (Jobson). Técnico: Oswaldo de Oliveira.
» Vasco da Gama: Fernando Prass; Fagner, Douglas, Rodolfo e Dieyson; Rômulo, Fellipe Bastos, Juninho e Allan (William Barbio); Éder Luis e Diego Souza. Técnico: Cristóvão Borges.
Imagem:Fernando Soutello /AGIF
18 comentários:
Rui,
Quando soube contratação de F. Gabriel, não gostei.
Mas admito que ele foi o melhor em campo. Fez de tudo: ajudou a marcação do lateral-direito deles, que vinha jogando muito bem (até ontem); foi muito oportunista, nos três gols; fez lançamentos certos (como um em que deixou Jóbson na cara do goleiro); deu carrinhos. Foi um leão.
Que continue assim e conquistará a torcida.
Uma grande pelada. Loris
Concordo, Émerson. O sujeito além de marcar três gols andou por todo o lado. É um verdadeiro coringa.
Abraços Gloriosos!
Loris, literalmente, foi. Porém, tendo em consideração o que é hoje o futebol carioca e brasileiro, até escapa. Tivemos sorte, e isso tapou um bocado as nossas insuficiências. Que são bastantes.
Não ganhar a Taça Rio nem o Campoenato Carioca, não me incomoda. O que me incomoda são os fracos progressos realizados até aqui. Eu desejaria ver mais consistência, mais coesão, maias espírito de entreajuda nesta fase. estamos em plena Copa do Brasil e a irregularidade ainda nos persegue.
Abraços Gloriosos!
Abraços Gloriosos!
Rui,
O que mais valeu foi o manequinho fazer xixi na cabeça do almirante! kkk
Como sempre a tua mensagem foi perfeita e destaco duas frases:
"Do lado do Vasco da Gama foi muito óbvia a falta de Dedé, evidenciando que sem ele a defesa vascaína é absolutamente vulgar..."
"Quanto ao Botafogo, continua sem mostrar padrão consolidado de jogo, tendo ganho com bastante apoio da sorte e muitos erros do adversário."
Jobson jogar de costas para a zaga adversária é brincadeira!
Até quando vamos errar passes?
Até quando o individualismo vai sobrepor o coletivo?
Abs e Sds, Botafoguenses!!!
A vitória contra esse timeco do Vice não me empolgou em nada.
Bela análise!
Abraços
Na veradde, Gil, o teu até quando terá que esperar por um treinador capaz de extrair de cada atleta aquilo que ele pode dar. Provavelmente terás que esperar muito, porque não há, em todo o território brasileiro, um único treinador que conheça a fundo os jogadores para deles tirar o máximo partido nem um único treinador que estude devidamente os seus adversários jogo após jogo.
Abraços Gloriosos!
Pois é, Leo, bem espremido, este jogo tem sobretudo os gols de bom efeito rubricados pelos Filipe's.
Abraços Gloriosos!
O Botafogo está sofrendo pelo motivo de ter importado um técnico do Japão. Essa história do O.O. acompanhar o campeonato brasileiro, morando no Japão há cinco anos, das duas pelo menos uma: ou é um incompetente ou é mentiroso. Pelo tempo assumiu a nossa equipe, já é motivo para nos deixar muito apreensivos.
Pelo tempo que o OO já assumiu e pelo que mudou, a nota até agora é 1.
Hangman, não esquecer que na 1ª entrevista que fez aqui no Brasil referiu textualmente que "estava na hora de regressar... queria estar aqui na Copa do Mundo".
Para bom entendedor meia palavra basta sobre as razões do regresso...
Abraços Gloriosos!
Tá provado que:
-O time com Abreu não corre e só vive de bola aérea, porque este cidadão se acha dono do time e racha o elenco, reclamando de tudo e todos;
-O time corre mais e joga com mais vontade sem esse peso morto em campo;
-O Botafogo não precisa desse marketeiro inútil, que se fosse bom, teria parado em menos clubes.
Aurelio, tenho sempre alguma relautância em falar abertamente sobre Loco Abreu. Eis as razões, seguidas da minha proposta:
1. Foi a moral e o carisma dele e a 'malandrice' e o otimismo de J. Santana que trouxeram em 2010 o título carioca ao Botafogo, roubando o tetra aos cathartiformes e nos levantou de uma goleada histórica de 6x0 contra o Vasco da Gama, quando todo o mundo, incluindo botafoguenses, vaticinavam a catástrofe para o Glorioso. Gostei muito disso.
2. Ao longo destes dois anos Loco Abreu colocou a mídia no seu lugar respondendo à letra às imbecilidades, deu maior visibilidade ao Botafogo e mostrou que enquanto o Botafogo contrata gente inteligente os cathartiformes continuam a ser aquilo que sempre foram. Gosto muito disso.
3. Loco Abreu nasceu para o futebol para ficar parado perto da área, ou mesmo dentro da pequena área, para marcar gols de oportunidade, sendo incapaz de estabelecer qualquer dinâmica de jogo. Pode resultar no imediato, mas no médio prazo acaba por esgotar a criatividade das equipas e, por isso, Loco foi sempre saindo para dar lugar a esquemas mais dinâmicos. No ano passado aconteceu exatamente o que aconteceu neste ano. O Botafogo ganhou muito maior dinâmica enquanto o LA esteve longos meses fora. Porém, quando regressou, teve a sorte de marcar gols em todos os quatro primeiros jogos, e consolidou novamente o lugar. Há algo que nunca vi escrito em lado nenhum, mas estou convencido que foi o retorno de LA que rebentou com o esquema que Caio Júnior estava a implementar. CJ já de si não era muito bom, mas com um 'poste' lá à frente, ficou pior. Este ano ocorreu o mesmo.
4. Gosto muito de LA, mas já disse publicamente que ele ultrapassou a idade de atacante, não corre, não tem dinãmica e ainda por cima está cada vez mais inclinado para os seus programas televisivos.
5. Se OO quer introduzir dinâmica de jogo numa perspectiva moderna, asseguro que LA não é jogador para tal dinâmica. Basta perceber um pouco de futebol moderno para se perceber isso.
6. Mas não sou ingrato e reconheço a inteligência de LA e, eventualmente, algum faro para a área técnica. Por isso, proporia a LA o banco e, se ele quisesse, a sua inserção paulatina nos meandros administrativos, convidando-o para a comissão técnica no final deste ano.
Abraços Gloriosos!
RUI,
não foi uma partida brilhante e nem mesmo podemos dizer que com a bola rolando, teve alguem com uma atuação que fez a diferença.
o fato do felipe gabriel ter feito 3 gols foi determinante, mas por si só não foi o diferencial, pois não tivemos alguem que foi esplendido e ninguem que foi horroroso, mas alguns que foram discretos.
na atuação de ontem, na minha maneira de ver a atuação da equipe, o time foi efetivo, pois fois eficiente nas ações e eficaz nas conclusões e duas foram as causas dessa efetividade:
- marcação combativa, pois se procurou não deixar o adversário jogar e
- as bolas de jogo cairam nos pés de quem sabe finalizar, pois se as mesmas fossem para os pés do herrera que estava em campo ou do loco abreu, que nem no banco estava, provavelmente teriam a direção da arquibancada e não da rede.
tenho colocado de uma forma constante e sob o risco de parecer chato, que tanto o loco, por deficiência física somada a baixa capacidade técnica que possui e o herrera, pela baixa capacidade técnica somada ao descontrole emocional, não podem mais serem titulares do time, pois dentro da filosofia de marcação e movimentação que o oswaldo está tentando implantar, ainda sem êxito por falta de posturas adequadas de nossos jogadores em executá-las, não possuem os predicados necessários para desempenhar as funções necessárias a sua boa execução.
queira Deus, que ontem tenha sido o primeiro passo, ainda claudicante, mas o primeiro passo, dentro da sistematização desejada, pois a mesma sendo bem executada, até qualidades individuais outras por nós desconhecidas em alguns jogadores que as tem em estado de hibernação, poderão se exteriorizar para nossa alegria.
abraços,
LSCUNHA
Boa colocação, Luiz. Subscrevo genericamente o comentário.
Gosto muito do loco Abreu por tudo o que ele reporesentou / representa no Botafogo, mas está em fim d elinha como eu já referi anteriormente. E o Herrera é só fúria, pouco mais.
Eu apostaria num ataque jovem (Jobson, Cidinho, Caio) entremeado por meias ofensivos mais experientes.
Mas nada disso será diferencial se não tivermos alas e zagueiros, que não o tonto do M. Azevedo, o irregular Lucas e o pereba Fábio Ferreira.
Precisamos de densores e atacantes, e a diretoria fala em Tinga. Haja coração!
Abraços Gloriosos!
Digo: precisamos de defensores e atacantes.
Lá vamos nós de novo com oba, oba. O time ainda apresenta sérios problemas e realmente ainda não temos um padrão de jogo. Observem que se voltar Louco Abreu o time passa a jogar em função dele. Houve um momento na partida que os jogadores desistiram do padrão para tentar jogar em função de ajudar o Jobson e outro jogador na ânsia de acertar acabou errando mais. ganhar clássico é bom, mas nada de oba, oba ainda.
Edivaldo, infelizmente o futebol é vivido com emoção excessiva e os torcedores perdem completamente a razão vergados às suas emoções primárias.
Pouco há a fazer sobre isso: uns posicionam-se exclusivamente no oba-oba não acrescentando nada ao clube, fazem parte da legião dos submissos que sustentam as dominações; outros posicionam-se numa perspectiva crítica acrescentando novas ideias e análises ao clube, são os insubmissos que mudam e melhoram o mundo.
Não é o próprio povo que afirma "cada macaco no seu galho"?
Fiquemos no nosso.
Abraços Gloriosos!
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