por OSWALDO COIMBRA
Guarulhos.web 24.04.2015
Se apenas Nilton
Santos houvesse sustentado sempre - como realmente ocorreu - que Garrincha
tinha forças e qualidades sobre-humanas, este ponto de vista, nem de longe,
poderia ser ignorado. Afinal, no mesmo período, também o psiquiatra-escritor
Roberto Freire, criador da Somaterapia, dizia ter se defrontado com um tipo
raro de ser humano. Alguém dotado de características excepcionais e
transcendentes, mas, como Garrincha, mostrado como um deficiente físico-mental
pelos testes utilizados na época. Tratava-se de um jovem, Fernando, esta
pessoa, transformada, depois por Freire, no personagem central do seu livro
“Coyote”.
Como Fernando,
Garrincha também esteve sob observação do psiquiatra. E a respeito do jogador
ele escreveu uma reportagem para a edição de março de 1968 da revista
Realidade. Nela, Freire classificou as avaliações psicológicas feitas em
Garrincha como “brincadeira para quem não sabe o que é Psicologia”.
Mas, quem, na
realidade, tinha condições de avaliar Garrincha era Nilton Santos. Não faltava autoridade
no setor futebolístico a um atleta considerado pela FIFA como o “melhor
lateral-esquerdo de todos os tempos”.Além disto, Nilton se tornou campeão do
mundo duas vezes pela Seleção Brasileira ao lado de Garrincha. E durante mais
de dez anos, vestiu a camisa do mesmo time do Botafogo integrado por ele. Por
isto, Nilton viu de perto os espantosos desempenhos de seu parceiro, nos
estádios onde ambos jogaram. Os quais, ele nunca se cansou de relatar, com
paixão, até o fim de seus dias, em 2003, duas décadas após o falecimento de
Garrincha.
Do mesmo modo que
Nilton, porém, outros profissionais do futebol também viram em Garrincha a
revelação de uma natureza quase sobrenatural, relembra José Neves Cabral, no
site da Folha de Pernambuco. Para muitos comentaristas esportivos, Garrincha
“ganhou sozinho”a Copa do Mundo disputada no Chile em 1966. Pelé, contundido,
não pôde jogar.
Escreveu o jornalista
pernambucano, cujos conhecimentos do passado foram aprofundados numa
Pós-graduação de História: nas partidas finais daquela copa, Garrincha,
gripado, “pintou e bordou, revelando a sua, até então, desconhecida faceta de
artilheiro. Fez gols de pé direito, esquerdo, cabeça e de falta, deixou
ingleses e os anfitriões chilenos, literalmente, no chão”.
Finalizada a copa,
uma manchete de primeira página do jornal esportivo chileno Mercúrio trouxe
esta indagação aflita: “De que planeta veio Garrincha?”.
O “Anjo das Pernas
Tortas” já era, então, o Ícaro brasileiro.
Fonte: http://www.guarulhosweb.com.br/noticia.php?nr=103426&t=Garrincha+homem+de+asas+nos+gramados
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