quinta-feira, 21 de maio de 2015

Os treinadores campeões europeus são maioritariamente portugueses


Ao longo de quase oito anos de Mundo Botafogo tenho manifestado que o futebol é altamente profissionalizado e competitivo e que os clubes que querem realmente ser grandes e ganhadores de títulos nacionais e internacionais significativos têm que se estruturar a partir de um planejamento de médio e de longo prazo, visão a dez anos, objetivos estratégicos rigorosos e gestão altamente profissional.

O mesmo é válido para as federações e confederações nacionais que querem desenvolver o seu futebol ao nível de seleções e ao nível de clubes.

O mundo é construído. Os clubes e o futebol também não caem do céu: são construídos, ‘estrategizados’ e desenvolvidos.

Seis treinadores portugueses são/serão campeões nacionais em 2014-2015. Há umas semanas José Mourinho em Inglaterra e Vítor Pereira na Grécia sagraram-se campeões com várias rodadas de antecipação. Neste fim-de-semana sagraram-se campeões nacionais, também antecipadamente, André Villas Boas na Rússia, Paulo Sousa na Suíça e Jorge Jesus em Portugal. O 7º treinador campeão possível perdeu o título por um gol marcado no último minuto do campeonato. Também Jesualdo Ferreira será certamente campeão no Egito, já que dispõe atualmente de 3 pontos de avanço, de 4 jogos a menos e venceu pelos menos os últimos 5 jogos. Outros treinadores portugueses lograram alcançar 2ºs e 3ºs lugares.

Na Europa, 5 das 10 principais Ligas Europeias foram ganhas por treinadores portugueses, incluindo a Liga mais dinâmica e competitiva do mundo. Eis a lista dos campeões de 2014-2015 nos 10 campeonatos europeus mais importantes:

» José Mourinho, português, Chelsea (Inglaterra)
» André Villas-Boas, português, Zenit (Rússia)
» Paulo Sousa, português, Basileia (Suíça)
» Vítor Pereira, português, Panatinaikos (Grécia)
» Jorge Jesus, português, Benfica (Portugal)
» Luís Enrique, espanhol, Barcelona (Espanha)
» Pep Guardiola, espanhol, Bayern München (Alemanha)
» Massimiliano Allegri, italiano, Juventus (Itália)
» Laurent Blanc, francês, Paris Saint-Germain (França)
» Phillip Cocu, holandês, PSV Eidhoven (Holanda)

Meus amigos, tal coisa não caiu do céu: foi construída, ‘estrategizada’ e desenvolvida. Quando o FC Porto se tornou campeão europeu pela primeira vez em 1984, com um treinador de ‘ponta’, desenvolveu-se um movimento de ‘criação’ de treinadores em terras Lusas. Uma nova escola de nível mundial surgiu sob o impulso da Associação dos Treinadores. Nenhum outro país forjou treinadores tão sistematicamente como Portugal nos últimos trinta anos, granjeando prestígio por esse mundo fora.

Eu creio que as conquistas dos treinadores portugueses nesta temporada são um exemplo de nível mundial e um recorde que certamente nunca ocorreu antes. Mais a mais num país de apenas 11 milhões de habitantes, sendo estrangeiros 1 milhão desses habitantes.

O Sporting tem a 2ª melhor Academia do mundo, atrás do Barcelona, tendo formado nas suas fileiras todos os portugueses que conquistaram Bolas de Ouro (Eusébio, 1; Luís Figo, 1; Cristiano Ronaldo, 3).

Portanto, se com pouco se pode fazer muito, com muito também se poderá fazer muito, certamente.

Se o nosso Botafogo e a Seleção Brasileira querem erguer-se ao patamar mais lato, têm que fazer por isso. Não podem contar com a ‘galinha dos ovos de ouro’, porque ‘ovos de ouro’ não se põem, são construídos. Têm que criar escolas de treinadores, têm que se virar novamente para a estruturação de ‘ninhos de craques’, têm que profissionalizar os seus dirigentes, têm que formar os seus árbitros, têm que estabelecer regras éticas e acabar de vez com os tapetões.

Mas tal como a Conmebol não teve coragem de infligir pesadas punições ao Boca Juniors, perdendo a oportunidade de dar um sinal de exemplo a seguir para o futuro, também a confederação brasileira, as federações, as comissões de arbitragens e os clubes não têm coragem de revolucionar o que está podre e impor novas regras de ‘boa governança’.

Talvez porque ‘ganhar sem fair-play é mais saboroso’; talvez porque se pense que o futebol ainda vive da ‘malandragem’ dos seus jogadores e não do treino afincado e permanente de atletas altamente profissionais; talvez porque ainda haja a esperança vã de um novo Havelange a mexer os ‘cordéis nos bastidores’.

O nosso Botafogo de hoje parece ter uma diretoria que pensa em caminhar com muito maior rigor, mas no passado recente o nosso Clube e a Seleção Brasileira são os exemplos mais acabados do fracasso: o Clube, nas garras da 2ª divisão; a Seleção, cilindrada por 7x1 pela Alemanha jogando a passo na 2ª parte.

Até quando o futebol brasileiro continuará sem aprender com as melhores práticas mundiais?... 

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