A Taça de Portugal
A Taça de
Portugal é considerada a ‘prova rainha’ e a maior festa do futebol português. Toda
a gente deseja estar no palco do Jamor a disputar a prestigiada prova na última
partida de cada temporada.
Este ano
coube o protagonismo ao Sporting Clube de Portugal e ao Sporting de Braga. O
Sporting, que eliminou o Porto, precisava retornar aos títulos para consolidar
a dinâmica dos dois últimos anos; o Braga, que eliminou o Benfica, queria
conquistar uma Taça que lhe fugia há 49 anos.
Aos 25’ de
jogo o Sporting perdia para o Braga por 2x0 e estava em inferioridade numérica
por expulsão de um atleta. Uma estratégia tática inicial errada, face a jogadores
adversários velozes e capazes de efetuar transições rápidas para o ataque, dois
erros clamorosos da defesa e uma substituição errada pareciam liquidar bem cedo
todas as esperanças sportinguistas.
A equipe da final
Durante 74’
em desvantagem, os Leões lutaram denodadamente até ao fim, conseguindo reduzir
a desvantagem aos 86’ e empatar aos 90’+3. Com 101’ em inferioridade numérica,
o Sporting geriu a prorrogação de 30 minutos conforme pôde, num
dia de calor, com as forças físicas a faltarem e após uma temporada intensa, acabando por decidir o título nas
grandes penalidades.
A
reviravolta só se deu quando, finalmente, a dez minutos do fim do tempo regulamentar
– já tardiamente para quem tem dois gols de desvantagem – o treinador decidiu
deixar o 4x4x1 e passar ao 3x4x2 com dois atacantes na área.
O presidente que vive e respira Sporting
A tática
bracarense engendrou o 2x0 e a última tática sportinguista engendrou o empate.
Os treinadores são fundamentais no futebol moderno.
O capitão
Sportinguista e goleiro titular da Seleção jogou os últimos minutos coxeando e
nas grandes penalidades, apesar de diminuído fisicamente, deu a pedra de toque
para o título defendendo a 2ª penalidade cobrada pelos bracarenses. E depois,
receosos do grande guardião, os dois jogadores seguintes tanto quiseram tirar a
bola do alcance de Rui Patrício que acabaram por jogar a bola fora da baliza e
permitir que o Sporting ganhasse por 3x1 na marca de 11 metros.
O capitão Rui Patrício erguendo a cobiçada Taça
Quando todos
esperavam que o Braga já fosse campeão e alguns adeptos haviam abandonado o
estádio, eis que o enorme coração do Leão dá a volta ao jogo a partir dos 86’ e
com um desempenho épico conquista de modo invicto a 16ª Taça de Portugal para o valioso Clube da
bela cidade de Lisboa.
Slimani, que
persistiu na procura do gol e iniciou a reviravolta, e Rui Patrício, que jogou desde
os últimos minutos do tempo regulamentar coxeando e foi responsável por lançar
o contra-ataque que permitiu o empate, mostraram-se as figuras do jogo num
coletivo fabuloso que conquistou o título devido à sua união de combate e
resistência até às últimas gotas de suor e sangue.
Nani, o craque Sportinguista revelação da Academia no início do século
Finalmente,
sublinhar que apesar da expulsão claramente exagerada de um atleta
sportinguista e ‘vista grossa’ a faltas grosseiras do Braga, o árbitro não
conseguiu estragar o brilho de mais uma grande festa do futebol português.
E é bonito
ver que entre 13 atletas que jogaram apenas 4 são estrangeiros (o Benfica e o
Porto jogam com 11 titulares estrangeiros), que 8 deles são crias da Academia e
que na festa do título alguns levaram os seus jovens filhos ao colo vestidos a
rigor com as cores do Clube.
Festejando pacifica e alegremente no seu estádio, todos os
sportinguistas mereceram a Taça como raramente foi tão merecida – com garras de
Leão.
Os alegres e pacíficos festejos no estádio do Sporting
FICHA
TÉCNICA
Sporting 2(3)x2(1) Sporting de
Braga
» Gols: Slimani,
aos 84’ e Fredy Montero, aos 90’+3 (Sporting); Éder, aos 16’ (pen.) e Rafa
Silva, aos 25’ (Braga)
»
Competição: Taça de Portugal
» Data:
31-05.2015
» Local:
Estádio Nacional, no Vale do Jamor
» Árbitro: Marco
ferreira (Madeira); Assistentes: Tiago Trigo e Sérgio Serrão; 4º Árbitro: Tiago
Martins
»
Disciplina: cartão amarelo – Kritsyuk, Baiano, Sasso, Mauro, Luiz Carlos e Éder
(Braga); cartão vermelho – Cédric (Sporting) e Mauro (Braga)
» Sporting: Rui
Patrício; Cédric, Paulo Oliveira, Ewerton e Jefferson; João Mário (Miguel Lopes
e depois Fredy Montero), William Carvalho e Adrien Silva; Carrillo (Carlos Mané),
Slimani e Nani. Técnico: Marco Silva.
» Sporting
de Braga: Kritdyuk; Baiano, Santos, André Pinto e Djavan (Sasso); Mauro, Luiz
Carlos e Pardo (Salvador Agra); Rúben Micael (Alan), Rafa Silva e Éder.
Técnico: Sérgio Conceição.
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8 comentários:
Jogo emocionante. Torci muito para o Sporting, que parece tanto com o Botafogo... Parabéns!
Parecidíssimos! Parece que não sabem ganhar seja o que for sem um sofrimento descomunal e emocionalmente arrasante. Talvez tenha sido a mais difícil conquista do Sporting depois de em 1964 ser goleado fora pelo Manchester United por 4x1 na Taça UEFA da época e ganho em casa por... 5x0! E conquistado a Taça europeia na finalíssima com um gol olímpico! A essa eu não assisti: era um jovem Botafoguense que vivia no Rio de Janeiro e nem sabia quem era o Sporting. Mas este ano comprei o livro que narra a façanha.
Mas confesso que nunca vi nada assim no Sporting. Uns verdadeiros Leões de combate denodado, sem desfalecimentos, provando que o futebol pode ser ganho com a união de grupo, a dedicação, o empenho e a coragem. Exatamente como em 1993 quando conquistamos as Américas.
Abraços Gloriosos.
Parabéns ao Sporting, que teve uma vitória a la Botafogo. Realmente acho muito importante um time de futebol ter em suas fileiras jogadores do seu país e principalmente com pratas da cas. talvez eu não simpatize muito com os times espanhóis cujos melhores jogadores são sempre estrangeiros, como o Messi, Cristiano Ronaldo, Puskas, Di Stéfano, Ronaldo fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, Romário, etc, etc e etc. Abs e SB e Sportinguistas.
Grande Rui,
Felicíssimo pela conquista do irmão siamês - Sporting - do Botafogo!
Essas vitórias épicas marcam a torcida e corações com ferro e fogo. São maravilhosas!
Parabéns!
ABS e Sds, Botafoguenses!!!
Que clube fantastico é o nosso(posso dizer assim,Ruy?) Sporting Clube de Portugal!!!Estive lendo vários blogs sportinguistas sobre aqueles tais "5 violinos",que coisa fabulosa!!!O Sporting se parece tanto ao nosso Glorioso Botafogo e vice-versa,até quando os clubes tinham esquadroes maravilhosos em suas epocas,sofreram sem ter uma grande competicao,ou no caso do Botafogo a Libertadores era só + um torneio.Até os escudos sao parecidos!!!
Voltando aos "5 violinos" o mitico Peyroteo deitava e rolava no relvado,artilharia das mais pesadas q já li.A nivel de Puskas,Di Stefano,por exemplo,q além de goleadores,eram as engrenagens q finalizavam m todo espetaculo com genialidade.
Se "Os 5 violinos" jogassem hoje,+ Coluna e Eusebio,Portugal já teria 1 Copa do Mundo pelo menos.
Talvez,Peyroteo esta para aquele Sporting assim como Carvalho Leite pro Botafogo da decada de 30.Devia ser maravilhoso ver Honved,Torino,Sporting e o Botafogo desses tempos.
Tenho 19 anos apenas,adoro o futebol jogado à moda antiga,que nao sabemos nem o nome do tecnico,mas dentro de campo os jogadores,craques ou não,se entendiam quase telepaticamente proporcionando os mais belos espetaculos futebolisticos,diferentemente dos clubes brasileiros hj em dia.E como é bom ver um clube gerido por gente que é Botafogo/Sporting.A respeito disso,o presidente do La Coruna(q é torcedor de arquibancada do clube) foi as lagrimas ao ver seu clube do coracao conseguir escapar do descenso no Espanhol,empatando com o fortissimo Barça no Camp Nou.Ele segurando as lagrimas durante os 10 min finais de jogo,impossivel ñ se emocionar junto.
E as escolinhas de futebol brasileiras e as dos clubes tambem nao estao revelando quase ninguem,pelo simples fato de darem preferencia ao jogador empresariado,ao inves daqueles que mostram ser melhores q os empresariados.
E outra,eu mesmo nunca tentei nada em nenhum clube pelo simples fato citado acima e mais o fisico"franzino".Os clubes estao preferindo os de fisicos privilegiados q correm uma barbaridade,ao inves de jogadores que façam a bola correr.É triste isso.
Desculpa o texto gigantesco,mas quando eu falo de futebol com alguem que entende,quase publico um livro kkkk.Alias,Ruy como funciona as escolinhas de futebol em portugal?Existem garotos ainda que jogam nas ruas?No Brasil,ta se extinguindo isso.
CARLOS EDUARDO
Sergio, tirando o fato de considerar que a minha pátria é a língua portuguesa, o meu perfil não reconhece bairrismos, nacionalismos ou regionalismos - sempre me afirmei ser Universal, parte integrante de um Cosmos imenso de milhões de galáxias.
Contudo, há certas coisas que merecem algum tratamento especial. Por ser Universal não sou contra a livre circulação de pessoas e bens. No entanto, penso que devia haver um limite para o nº de atletas estrangeiros que possam atuar por um clube em cada partida. 3, ou 4, no máximo. Isso evitaria que os mais poderosos financeiramente ficassem com todos os craques para si e cada país fosse obrigado a criar as academias de atração e retenção de talentos. O Porto atua com 10-11 estrangeiros e o Benfica com 11 estrangeiros em cada jogo! É um absurdo!
Abraços Gloriosos.
É verdade, Gil, são estas vitórias, 'limpinhas' e arrancadas a ferros, que criam a áurea de um Clube. E o Botafogo e o Sporting têm muitas histórias para contar e muitas tradições para mostrar. Só precisam de boas diretorias, porque as duas torcidas são de uma honra rara.
Abraços Gloriosos.
O texto 'gigantesco' não é gigantesco. Quando queremos falar sobre futebol com profundidade e não estamos frente a frente temos que recorrer a textos 'gigantescos'. Os meus costumam ser gigantescos.
Não sou saudosista, mas que não há nada parecido com o futebol de antigamente, não há mesmo. O que fizeram Friendereich, Nilo, Carvalho Leite, Leônidas da Silva ou heleno de Freitas é irrepetível. O que fizeram Pelé e Garrincha é irrepetível. O que fizeram Garrincha e Maradona que carregaram praticamente sozinhos às costas os seus times e os levaram à conquista de Copas do Mundo, é irrepetível. Sou fã de CR7, admiro o bom futebol de Messi e a veia goleadora e irreverente de Ibrahimovic, mas nenhum eles consegue fazer os malabarismos artísticos de Pelé ou de Garrincha.
Se os cinco violinos do Sporting fossem enquadrados numa seleção com o Benfica da década de 1960, sem dúvida que Portugal teria uma Copa. Aliás, se não tem uma Copa é porque em 1966 foi escandalosamente roubado na semifinal a favor da Inglaterra, que era a Seleção anfitriã e ganhou o seu único título numa final contra a Alemanha em que o 3º gol - que definiu a partida - não entrou na baliza!
O 'maior' goleador de todos os tempos terá sido (há debates acessos sobre isso) Pelé ou Bincan, mas no que respeita a Peyroteo, não sei se sabe, continua a ser o 'melhor' goleador de todos os tempos com 1,61 gols por partida!!! Não há Pelé, Messi ou CR7 que se aproximem!
Arrepiei-me com essa história do presidente do La Coruña: não sabia desse caso.
O futebol brasileiro decaiu devido a muita corrupção, mas um dos fatores fundamentais é que o futebol de várzea desapareceu quase completamente, e era aí que se forjavam muitas promessas para o futebol brasileiro. Em Portugal não é assim porque os europeus atuam, em geral, de forma mais estruturada. Por isso os 'futebóis' são tão diferentes: nas Américas sobressaiu o futebol arte, mais emocional; na Europa o futebol-força, mais racional, ganhou em toda a linha em prejuízo da arte. Em Portugal não há futebol de várzea. As diversas divisões oficiais permitem gerar novos jogadores e principalmente os grandes clubes (Sporting, Benfica e Porto geram muito bons futebolistas nos diversos campeonatos de iniciados, juvenis, juniores... Além disso, o Sporting tem uma Academia que é considerada, pelo último Relatório suíço, a 2ª melhor academia do mundo, apenas atrás do Barcelona. Por isso, a Seleção de Portugal está recheada de jogadores formados no Sporting: Cristiano Ronaldo, Nani, Rui Patrício, João Moutinho, William Carvalho, Cédric, Adrien Silva, Miguel Lopes, etc.
Além disso, há outro aspeto muito importante e decisivo para o futebol ehoje: as escolas de treinadores. Os treinadores brasileiros nunca fizeram escola porque os craques eram tantos e tão fenomenais que a intervenção dos técnicos era minimizada. Contudo, com a emergência do predomínio do futebel europeu o futebol mudou o paradigma e hoje o técnico é um elemento fundamental porque as equipes geralmente não resolvem as partidas a seu favor devido a dotes artísticos individuais mas ao sistema tático e à cumplicidade coletiva.
Então, quem quiser singrar hoje tem que ter bons técnicos e os países fundarem escolas de treinadores. Portugal fez isso e veja o resultado:por exemplo, este ano, os portugueses bateram um recorde extraordinário ao conseguirem que 10 dos melhores campeonatos europeus tivessem 5 treinadores campeões (Mourinho no Chelsea/Inglaterra, Villas-Boas no Zenit/Rússia, Paulo Sousa no Basileia/Suíça, Vitor Pereira no Olympiacos/Grécia e Jorge Jesus no Benfica/Portugal), além de Pedro Caixinha que se sagrou hoje campeão mexicano pelo Santos Laguna e de Jesualdo Ferreira que vai ser campeão pelo Zamalek/Egito.
Abraços Gloriosos.
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