por OSWALDO COIMBRA
Guarulhos.web 01.05.2015
Garrincha foi um caso
único dentro da História do Futebol, tal a dimensão de seu talento, garantem
dois verdadeiros oráculos deste esporte: Nilton Santos e Armando Nogueira. O
primeiro foi bicampeão mundial e se tornou conhecido como “Enciclopédia do
Futebol” graças à profundidade e variedade dos seus conhecimentos. No livro
“Minha bola, minha vida”, ele escreveu: “Garrincha é um só. Não existe, não
existiu, nem existirão dois”. O segundo, como cronista esportivo, produziu dez
livros, além de colunas lidas diariamente em 62 diferentes publicações do
Brasil. No livro “Bola na rede”, Armando registrou: Garrincha foi “o mais
espetacular jogador que o futebol brasileiro já produziu”.
Nilton - parceiro de
Garrincha na Seleção Brasileira e no Botafogo por mais de uma década -,
presenciou o momento em que uma celebração típica dos públicos de touradas
diante das habilidades do toureiro se transformou em uníssona manifestação de
torcedores de futebol nos estádios. O “olé”apareceu no futebol provocado pelos
dribles incessantes de Garrincha em Vairo, lateral esquerdo do River Plate e da
Seleção Argentina, num jogo disputado pelo Botafogo em fevereiro de 1958, no
México.
Garrincha, porém,
embora impiedoso com seus dribles desconcertantes capazes de derrubar
adversários, não foi apenas o introdutor do desmoralizante “olé” no futebol. De
seus pés nasceu igualmente a mais bela manifestação de lealdade deste esporte,
durante um jogo do Botafogo contra o Fluminense, no dia 27 de março de 1960.
“Pinheiro, seu adversário, ao rebater uma bola, estourou um músculo e
caiu”, relembra Roberto Freire, na matéria “Obrigado, Garrincha”, publicada por
Realidade em março de 1968. Já na área adversária, Garrincha poderia facilmente
tentar marcar um gol. Contudo, quando viu “Pinheiro caído, sofrendo – continua
Freire –, Garrincha tranquilamente, como se fosse a coisa mais natural do
mundo, atirou a bola para fora”.
Aquele seu gesto
inesperado foi entendido por Altair, companheiro de equipe de Pinheiro. Que, ao
reiniciar o jogo, fazendo o arremesso da bola para dentro do campo, o
retribuiu, jogando-a em direção dos jogadores do Botafogo. Assim, “sem que
nenhuma federação obrigasse, sem que nenhum juiz exigisse”, a partir daquele
dia – prossegue Freire –, todos os jogadores do mundo passaram a repetir o
gesto de Garrincha: quando um adversário se machuca, eles chutam a bola para
fora do campo.
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