quarta-feira, 6 de maio de 2015

Garrincha, o gênio da Arte Perfomática


por OSWALDO COIMBRA
Guarulhos.web 17.04.2015

A Arte Performática nem estava ainda claramente compreendida, entre os anos de 1958 a 1962, quando Garrincha brilhou nela. Por isto, até hoje, sua genialidade continua mal compreendida, dentro da História da Cultura Brasileira, encerrada, de modo artificial, nos limites rígidos de uma prática esportiva, o futebol. Na verdade, pouco tinha do formalismo rígido do esporte a fúria criativa dele, jamais e nunca mais vista nos estádios. Garrincha desmontava esquemas táticos de jogos, desarrumando a distribuição dos jogadores nos gramados, com dribles que derrubavam adversários, deixando-os ridiculamente de pernas para o ar. Promovia um espetáculo-solo que espalhava alegria desde os torcedores de seu time oficial, o Botafogo, até as torcidas inimigas. Unindo-as em explosões de risos como se ambas estivessem num teatro a céu aberto.

Quando já desfrutava da glória de campeão do mundo, obtida na Suécia em 1958, Garrincha viveu uma “situação-limite”, na qual, segundo o filósofo existencialista Jean Paul Sartre, o ser humano é obrigado a se revelar inteiramente. O Botafogo, durante uma excursão internacional, enfrentou um empate, na Costa Rica, contra o Saprisa, campeão local, até quase o final da partida.  Tornara-se dramática a necessidade de gol. Quando Garrincha driblou “Deus e o mundo” e ficou cara a cara com o goleiro do Saprisa – registrou Roberto Freire, na Revista Realidade, em maio de 1968. Naquela situação, qualquer jogador de futebol logo tentaria enfiar a bola na rede do adversário. Garrincha, no entanto, “ameaçou chutar e não chutou - descreveu Roberto Freire. “Deu uma voltinha com a bola, driblou mais um adversário. E, de novo, cara a cara com o goleiro, tornou a ameaçar o chute e, outra vez, desistiu”. O Saprisa inteiro então voou em cima dele. Novos dribles de Garrincha, e ele, novamente, ficou sozinho à frente do goleiro. Fez outra ameaça, e, por fim, chutou a bola, um segundo antes do fim do jogo, por entre as pernas do goleiro, marcando o gol. 

Partida encerrada, o treinador do Botafogo, Paulo Amaral, avançou furioso sobre Garrincha: “Por que não chutou logo, ‘Seo’ irresponsável?”. Garrincha, tranquilo como um escultor, após lapidar sua obra-prima, explicou: “O goleiro não queria abrir as pernas, ‘Seo’ Paulo”.

Fonte: http://www.guarulhosweb.com.br/noticia.php?nr=102448&t=Garrincha+o+genio+da+Arte+Perfomatica

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