sábado, 31 de agosto de 2013

Sporting 1x1 Benfica

O Sporting tem uma equipa completamente remodelada desde o ano passado. O novo treinador conseguiu, em pouco tempo, articular nove novos titulares com apenas dois vindos do ano passado. Não obstante, em dois meses, entre os jogos de preparação e três desafios oficiais do campeonato, o Sporting apresenta uma grande invencibilidade, o treinador montou um esquema ofensivo baseado no 4-3-3, articulou coletivamente a equipa e deu-lhe um padrão.

No maior clássico português o Sporting poderia ter matado o jogo, mas a inexperiência de jovens jogadores que saíram da Academia sportinguista para a equipa principal ainda não lhes permitiu a maturidade desejada. De resto, o Sporting bate o recorde de jogadores nacionais – sete contra um do Benfica em campo.

Não obstante a sua juventude e poucos jogos em conjunto, a equipa enfrentou os craques do Benfica com muita confiança, foi superior ao adversário e pena foi que não tivessem aproveitado as oportunidades para ganhar e tenham cedido um gol evitável – porque o adversário passou por quatro defesas sem ser travado.

Esta equipa vai dar que falar. O futebol do Sporting mudou da noite para o dia; tem uma equipa bem montada e que com o passar dos jogos vai dar que falar, embora Benfica e Porto tenham o triplo do orçamento do Sporting. Nos minutos finais do desafio o treinador escalou mais um atacante na tentativa de ganhar o jogo e a equipa terminou atacando. Sete pontos em três jogos, dez gols a favor e dois contra; Montero, que marcou nos três jogos, é o artilheiro com cinco gols. É um bom começo.

FICHA TÉCNICA
Sporting 1x1 Benfica
» Gols: Fredy Montero, aos 10’ (Sporting); Markovic, aos 65’ (Benfica)
» Competição: Campeonato Português
» Data: 31.08.2013
» Local: Estádio José de Alvalade, em Lisboa
» Público: 46.109 presentes
» Árbitro: Hugo Miguel
» Disciplina: cartão amarelo – Rojo, Montero, Carrillo (Sporting); Matic, Maxi Pereira e Ruben Amorim (Benfica)
» Sporting: Rui Patrício; Cédric, Maurício, Rojo e Jefferson (Slimani); William Carvalho, André Martins e Adrien; Carrillo (Capel), Wilson Eduardo (Eric Dier) e Fredy Montero. Técnico: Leonardo Jardim.
» Benfica: Artur; Maxi Pereira, Luisão, Garay e Bruno Cortês; Matic, Enzo Pérez (Rubem Amorim), Sálvio (Markovic) e Gaitán (Cardozo); Lima e Rodrigo. Técnico: Jorge Jesus.

400 botafoguenses apoiando no treino de hoje


Voz de Sidney Grambone

O Botafogo vive uma crise de confiança.” – Sidney Garambone, jornalista, referindo-se à elevada moral dos atletas botafoguenses e ironizando a mídia cathartiforme.

Voz de Lancenet

Está difícil parar o Botafogo. Contra tudo e contra todos (…) o Glorioso enfrentou diversos problemas esta temporada, mas segue com um desempenho invejável: campeão carioca, vice-líder do Brasileirão e classificado para as quartas de final da Copa do Brasil.” – Lancenet

Nota de Mundo Botafogo: Bem difícil. A nova tentativa deste fim-de-semana foi chamar os aldrabões dos matemáticos para desqualificar o Botafogo, coisa que nunca havia sucedido antes do fim do 1º turno do campeonato brasileiro. Um deles, Marcelo Leme de Arruda, sabe-se lá porque carga d' água matemática, considera que o Botafogo tem 10% de hipóteses de ser campeão e o Cruzeiro 90%. Se conseguir, não ria da ridicularia do rapaz.... [O mal menor: acompanhar as cotações semana a semana no portal Sportingbet; aí, o Botafogo arrancou em 7º lugar no início do campeonato e mantém-se no G4 há várias rodadas.]

Voz de Luís Carmo

A maior diferença, ou melhor, as diferenças, são as que existem entre Assumpção e Kalil, campeão da Libertadores vs. Botafogo, do Carioca; Kalil brigando para elevar as cotas de exibição vs. Assumpção, servindo de capacho para a Globo; Bernard R$ 70 vs. Vitinho R$ 35 mi. Podemos concordar ou não que o Vitinho seja melhor que o Bernard (acredito que tenha mais potencial), mas uma coisa é certa: só foi vendido pela metade do preço do outro porque o vendedor de lá é atleticano e o daqui não tem bandeira. Ou seja, ‘um’ Kalil vale muito mais do que ‘todos’ os Assumpções juntos.” – Luís Carmo, botafoguense, conversa pessoal com publicação autorizada.

Nota de Mundo Botafogo: Deve-se continuar a realçar a enorme deselegância de Kalil no seu twitter antes do jogo contra o Botafogo, no qual foi eliminado da Copa do Brasil. Vale a comparação em defesa dos clubes.

Compre bilhetes, leve um amigo


O nosso goleiro Andrey


Já vi Andrey jogar e gostei. Porque não se testa Andrey em vez de Renan? Até cobra faltas, coisa que geralmente não convertemos… Quem já viu Andrey jogar?

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Até sempre, João Ignacio Müller

Estou profundamente triste com a notícia que recebi há pouco da Vanda Mascitelli. O nosso querido amigo João Ignacio Müller, ex-Conselheiro do Botafogo, pessoa absolutamente impoluta, deixou-nos.

JIM, apelido carinhoso com que os amigos o tratavam, foi médico de profissão e sempre se manteve na trincheira daqueles que lutam por um verdadeiro Botafogo. Nos últimos anos bateu-se pelo Glorioso no ‘Canal Botafogo’ e, mais tarde, no seu portal ‘Botafogo em Debate’, mesmo quando às vezes as forças lhe faltavam.

Em 2007, em General Severiano, entre mim e o meu primo

Conheci JIM em 2007 e ele foi muito gentil comigo, proporcionando-me uma visita guiada à sede de General Severiano, e em particular à Sala de Troféus do nosso clube.

Mais tarde, em 2009, tive a honra de assistir a uma das finais cariocas no seu apartamento de Ipanema com o filho e os amigos

Em 2009, no seu apartamento, entre mim e o Maurélio

À família de JIM apresento as minhas profundas condolências, em particular ao seu filho, Marcos Müller, o ‘pai’ das estátuas do Engenhão.

E a si, meu estimado amigo, desejo apenas que tenha vivido o mais intensamente possível a sua vida e que tudo tenha valido a pena. Jamais esquecerei os momentos que passámos juntos. Até sempre.

*****
MANÉ e outros manés

por JIM
2010.08.18
Botafogo em Debate

Garrincha foi o maior jogador que o mundo já viu num campo de futebol.

A opinião não é somente minha, mas de vários profissionais que atuaram nas quatro linhas, e de tantos outros que cobriram jornalisticamente o esporte mais popular do planeta.

Acontece que a mídia manipulada e facciosa, não admite tal fato e prefere transferir a glória para Pelé, Maradona e outros. O Botafogo tem também grande parcela de culpa nessa avaliação, por não dar a seu ídolo e herói maior, o tratamento devido.

Passo a lembrar apenas três episódios que definem a questão:

Alfredo Di Stéfano, um dos cinco mais destacados atacantes que glorificaram o futebol, numa reportagem a uma revista especializada na Espanha, e perguntado qual teria sido melhor – Pelé, Maradona, Puskas, Cruyff ou ele mesmo...

“Don” Alfredo Di Stéfano não pensou duas vezes e concluiu:

“Pelé e Maradona foram geniais, Puskas e Cruyff sensacionais, mas o maior de todos foi o homem das pernas tortas – Garrincha. Nunca vi ninguém fazer com uma bola o que ele fazia”...

Gabriel Hanot, considerado o maior jornalista esportivo da história do futebol europeu, numa entrevista à L´ Equipe:

“Não há comparações possíveis. Pelé fazia coisas que um ser humano faz. Garrincha certamente veio de outro planeta... Jamais houve e certamente jamais haverá um outro Garrincha”...

E para terminar Nestor Rossi, extraordinário meio campista da seleção argentina na década de 60:

“Vicente da seleção portuguesa, Trapattoni, da italiana, Delacha da esquadra argentina, foram capazes de marcar Pelé. Nunca vi nenhum jogador capaz de marcar Garrincha”...

E esse “marcador” realmente nunca existiu. Garrincha, para os que não o viram jogar, foi algo místico, meio sobrenatural... Uma mistura de anjo e passarinho. Desfilava pelo gramado como se ele fosse uma passarela a se desenrolar a cada passo seu, deslumbrante sucessão de arte e magia.

Tive a honra, o privilégio e a suprema felicidade de tê-lo visto jogar, além de ter sido seu amigo. E resumo toda a admiração, todo o imenso carinho e respeito que sempre lhe tive, reproduzindo aqui uma frase que me disse numa conversa informal:

“Jogar futebol é fácil. É só você pensar que o Maracanã é aquele terreninho lá em Pau Grande onde a gente bate uma bolinha”... 
. 
Confesso que, na ocasião, ao ouvir essas palavras, as lágrimas desceram-me pelo rosto.

Feijão do Fogão – Feira de Santana, Bahia


É amanhã, dia 31 de Agosto a partir das 12h00, no Sítio Campestre, Avenida Rubens Francisco Dias, Km 2 – Estrada do Papagaio, com a participação de Jairzinho (o Furação da Copa) e Maurício (o autor do gol da vitória em 1989).

Informações: 75 3221.4442 / 75 8176.4031

Treino de amanhã liberado para a torcida


Voz de Rafael Marques


A gente sabia da importância do jogo, da classificação, de jogar bem e convencer.” – Rafael Marques, atacante do Botafogo, mostrando que o time está em ligação com a torcida.

Imagem: Roberto Veloso

Voz de Henrique

Gostaria de agradecer ao Botafogo pelo carinho com que todos, companheiros e funcionários, me receberam. Agradecer pela chance de jogar em um clube tão grande e importante do futebol Brasileiro. (…) Ainda no vestiário, agradeci ao Oswaldo por tudo que ele representou para mim neste período. Dei os parabéns a ele pelo trabalho que ele vem conduzindo aqui. É um grande treinador, me ensinou muito e desejo felicidade a ele e aos colegas para a restante temporada.” – Henrique, atacante do Botafogo a caminho do Real Madrid B.

Voz de Oswaldo Oliveira

Eu vi [a saída do atleta] pela porta do hotel lá em Curitiba, assim como vi Fellype Gabriel e o Andrezinho lá pela do Engenhão. É vida que segue. Mas lamento, porque tenho certeza de que, se tivéssemos Márcio Azevedo, Jadson, Andrezinho, Fellype Gabriel, Vitinho e Henrique, que agora está indo embora, estaríamos cada vez mais fortes. Precisamos saber lidar com isso. Não sei se a fonte é esgotável, mas vamos tentar. (…) O Botafogo todo o dia tem uma tempestade, um problema.” Oswaldo Oliveira, treinador do Botafogo.

Nota do Mundo Botafogo: Oswaldo Oliveira apontou o dedo, com enorme sutileza, à inanição de uma diretoria cada vez mais incapaz de resolver seja o que for, pelo contrário. Mundo Botafogo, apesar de não apreciar Oswaldo Oliveira, admite que ele tem muita razão e não tem sequer margem para tirar algum ‘coelho da cartola’, porque a diretoria espantou todos os ‘coelhos’ de General Severiano. Se conseguirmos algum troféu este ano, ou se ficarmos bem colocados no Brasileirão e na Copa do Brasil, bem poderemos dizer que este time e este treinador foram ‘heróis do futebol botafoguense’ e certamente seriam excelentes bombeiros se seguissem a carreira.

Voz de Juca Kfouri

Maurício Assumpção está longe de ser o que aparenta. (…) Sua administração é um desastre. (…) Assumpção entrou para a política mais miúda do Rio de Janeiro ao filiar-se ao PMDB do governador fluminense e do prefeito carioca, numa óbvia sinuca de bico, impedido de se manifestar e de defender o interesse do Botafogo [interdição do Engenhão]. (…) Antes de pensar no Botafogo, Assumpção pensa nele mesmo. (…) A diferença para agora é que muito mais gente, e dentro do clube, se deu conta disso. Daqui por diante sua vida não será fácil.” – Blogue do Juca Kfouri.

Nota de Mundo Botafogo: Não faço a mínima ideia se Juca Kfouri tem, ou não, interesse pessoal nas sentenças que produziu, mas que tem razão, tem. Entretanto, a diretoria do Botafogo esconde que John Lennon, Cidinho e Lucas Zen têm uma cláusula rescisória superior à de vitinho - destruindo a já célebre frase, "fazer o quê?" - e que tem 15 jogadores penhorados porque perdeu o Ato Trabalhista devido a ter - segundo notícias de hoje - omitido 95 milhões de reais nas contas da Companhia Botafogo, os quais deviam ser destinados a abater as dívidas trabalhistas segundo a lei. Leia a publicação completa de Juca Kfouri em http://blogdojuca.uol.com.br/2013/08/assa-a-batata-de-mauricio-assumpcao-no-fogao/ e leia também http://www.fogaonet.com/noticia-em-destaque/por-dividas-antigas-bota-tem-15-jogadores-penhorados/http://www.fogaonet.com/semcategoria/blog-lennon-cidinho-e-lucas-zen-tem-multa-superior-a-vitinho/ e http://www.fogaonet.com/noticia-em-destaque/coluna-bota-sofre-penhoras-porque-sonegou-r-95-milhoes/

No Horto, é galo morto!


Não é da linha editorial do Mundo Botafogo zoar os adversários na derrota. Nem sequer o flamengo. Neste caso, o que o Mundo Botafogo faz é ser absolutamente radical com a torcida mais purulenta do planeta. Na verdade, o Mundo Botafogo aprecia muito um excerto da letra do hino da Portuguesa Carioca que diz ““Vencer, vencer com galhardia / Perder, perder com fidalguia”. 
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Porém, não podia deixar de oferecer um brinde aos subdesenvolvidos torcedores atleticanos que foram soltar fogo-de-artifício à frente do hotel onde se alojavam os atletas do Glorioso, segundo o elementar pensamento sub-neuronial que prejudicaria o seu descanso.
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O Mundo Botafogo também dedica a charge publicada ontem e as charges publicadas hoje, ao presidente atleticano Alexandre Kalil, que antes do jogo ousou escrever irresponsavelmente no seu twitter - numa enorme deselegância ao seu homólogo no Botafogo - que faltava pouco para o Botafogo morrer. - Ó camarada Kalil, é ao contrário: no Horto, é galo morto!

Flapress? Não, é tudo invenção...

Notícia de 1ª página após a sensacional goleada do Botafogo sobre o Atlético Mineiro

Três dias depois, notícia de 1ª página após a derrota do Botafogo pata o Atlético Paranaense

Estando o Botafogo num ano espetacular e superando os difíceis obstáculos que lhe põem pela frente, porque não “Fogão engole galo e avança pra cima do Mengão”?


Comentário, posterior à presente publicação, feito pelo meu amigo Luiz Biriba: "Meia Hora é jornal de quem precisa meia hora para ler um parágrafo. E não entender nada..."

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Botafogo 2x2 Atlético Mineiro

E o Botafogo passou o teste!

O Botafogo resistiu melhor do que eu pensava.

É difícil analisar este jogo, porque não consegui vê-lo por inteiro. Após o 1º gol do Atlético feito sobre uma enorme pressão e com o nosso time completamente dominado, não consegui ver mais até ao fim do 1º tempo e fui até ao computador para me distrair. Se o Atlético marca novamente no final do 2º tempo, a coisa ficaria ‘preta’.

Então tivemos aquela fulminante entrada do 2º tempo com o gol de empate. Pouco depois o Atlético tornou novamente a colocar-se à frente do marcador. Faltava um gol. Não consegui ver mais.

Saí da sala novamente e passei para o computador tentando distrair-me outra vez. Acho que isso é capaz de ser contágio das superstições da nossa torcida. E vai daí ouço novamente outro gol do Glorioso. Aí vi o resto do desafio e confesso que o Atlético tem um time combativo, Ronaldinho desequilibra, Tardelli é sempre um perigo, mas… aquela defesa é um fiasco, e o ataque funciona quase exclusivamente na base do chuveirinho.

Confesso que depois de ver três jogos entre o Botafogo e o Atlético, que se saldaram por uma vitória dois empates e uma eliminação dos mineiros, só consigo compreender o título sul-americano pela ruindade dos adversários. Efetivamente, Cuca continua sem conseguir construir uma boa defesa, que foi sempre o seu ponto fraco. E depois de ver esses três jogos talvez mude de opinião quanto ao Cuca, porque, afinal, a sua evolução não é tão grande quanto os resultados que conseguiu me sugeriam.

Quanto ao Botafogo, torna novamente a tomar dois gols devido a falhas clamorosas, e mantém uma defesa muito vulnerável. A nossa sorte é, talvez, não termos um atleta que defina em frente à baliza e, então, joga-se mais coletivamente. Bastante unidos, os nossos atletas conseguem pelo empenho e pela colaboração coletiva continuar fazendo história este ano, superando o massacre que lhe têm feito com tantos ataques exteriores ao retângulo de jogo destinados a quebrar a nossa força. Mas não desta vez ainda.

Destaques para Jefferson, a ‘Muralha’, Júlio César e… Rafael Marques. Que grande ano o de Rafael Marques após o treinador desistir de o escalar como centroavante, mas atuando pelas alas. Atitude muito interessante a deste atleta exemplar em disciplina, coletivismo e até oportunidade de gol.

Enfim, três jogos contra o Atlético e um placar agregado de 8x6. É muito gol e indicia defesas muito vulneráveis – hoje, nos dois gols do adversário, um dos marcadores passou entre Bolívar e Dória, que ficaram a ver, e no outro gol, o atleta adversário bateu um Edilson assustado, com receio de ter um novo amarelo, e permitiu um gol numa bola relativamente fácil de afastar.  

Não obstante, estou contentíssimo com a atitude do Glorioso, pela classificação, evidentemente, mas, sobretudo, porque é um exemplo de uma EQUIPA na verdadeira aceção da palavra, já que quando o ataque não decide, lá vai um zagueiro repor as coisas a nosso favor.

Como tenho dito, no mata-mata somos fortes. Eu continuo pensando que a Copa do Brasil devia ser prioridade.

FICHA TÉCNICA
Botafogo 2x2 Atlético Mineiro
» Gols: Rafael Marques, aos 50’ e Dória, aos 61’ (Botafogo); Marcos Rocha, aos 82’ e Fernandinho, aos 57’ (Atlético)
» Competição: Campeonato Brasileiro
» Data: 28.08.2013
» Local: Estádio Independência, Belo Horizonte (MG)
» Público: 16.048 espectadores
» Renda: R$ 680.605,00
» Árbitro: Wílton Sampaio (GO) - (FIFA); Auxiliares: Fabrício Vilarinho (GO) - (FIFA) e Fábio Pereira (TO).
» Disciplina: cartão amarelo: Edilson, Bolívar, Jéfferson, Alex, Lodeiro e Henrique (Botafogo); Jô e Fernandinho (Atlético)
» Botafogo: Jefferson, Edilson, Bolívar, Dória e Júlio César; Lucas Zen, Gabriel, Lodeiro, Seedorf (Renato 85') e Rafael Marques (Sassá, aos 90’+2); Alex (Henrique, 77'). Técnico: Oswaldo de Oliveira.
» Atlético Mineiro: Victor, Marcos Rocha, Leonardo Silva, Réver e Junior Cesar (Guilherme, 70'); Pierre, Luan (Michel, 76'), Fernandinho (Neto Berola, 86'), Ronaldinho Gaúcho; Diego Tardelli e Jô. Técnico: Cuca.

Origem da Estrela Solitária...


A visão da cegueira: fazer o quê?...


O departamento de futebol do Botafogo durante os dois mandatos de Maurício Assumpção foi gerido por André Silva e Anderson Barros. De André Silva conhecemos duas famosas frases: a primeira quando tomou posse, afirmando que não entendia nada de futebol, mas se esforçaria; a segunda ao assegurar que Tony era jogador de seleção (Tony? Qual Tony? Cadê Tony?). Anderson Barros geriu o departamento até há bem pouco tempo, tendo recebido críticas de toda a parte por contratar jogadores mais ou menos absurdos, que nunca jogaram, tal como Jean Coral, contratado por cinco anos que foi quase diretamente por empréstimo para outro clube. E muitos outros casos. Sem comentários.

Entretanto, o Botafogo fazia gala de um grande investimento de base, que, dizia-se, iria dar muitas alegrias ao Glorioso e, quiçá, boas receitas quando as ‘promessas’ já fossem realidades, podendo ser efetuadas as suas vendas para a Europa.

Um primeiro ponto a reter: considero absolutamente desastrosas as declarações sobre jogadores de base que no futuro “irão encher os cofres”. Investimento de base é para ganhar títulos no médio prazo a um custo menor do que aquele que implica a aquisição de jogadores de fora. E é isso que deve prevalecer nas declarações públicas.

Porém, o investimento na base é forte, logo deverá ser bem enquadrado na política do clube e bem gerido no sentido de se acompanhar cada caso, quer do ponto de vista da evolução técnica do atleta quer do ponto de vista das questões contratuais, sabendo-se que as ‘promessas’ enchem o olho de quem está à espreita para se aproveitar de situações em que uns investem na formação (dirigentes do clube) e outros (os empresários) recebem o retorno. Tal é o legado da Lei Pelé. Mas de Pelé nunca sai coisa boa, e fez do futebol brasileiro o saco de pancada do futebol europeu, até de clubes meio mixurucas como o CSKA, o Udinese ou o Hoffheim, que levam quem muito bem entendem. Portanto, todo o cuidado é pouco no acompanhamento dos garotos e da sua integração prudente e sistemática na equipa principal, exigindo-se uma gestão bem afinada.

No entanto, a verdade é que a comissão técnica não integrou os garotos e eles foram sendo geridos a baixos salários nas equipas de base, já que o investimento era todo do Botafogo. Como é que Vitinho, Dória e Gabriel chegaram à titularidade da equipa principal? O 1º devido à venda súbita de Fellype Gabriel e os outros dois devido a lesões dos titulares. A ascensão de Gilberto foi semelhante. Isto mostra que o time titular não tinha peças de substituição e, então, chamaram-se os ex-juniores afobadamente arriscando-se a queima pública de jogadores tão jovens e ainda não preparados suficientemente para assumirem a titularidade, que, por sorte da comissão técnica e dos torcedores, mostraram excelentes desempenhos, com especial destaque para Vitinho e Dória.

Havia que renovar com Vitinho. Segundo notícia do UOL Esporte, “Vitinho e seu estafe haviam pedido um aumento salarial muito maior do que o oferecido pelo Botafogo – de R$ 7 mil para R$ 15 mil. Os responsáveis pela carreira do atleta queriam uma quantia mensal de R$ 40 mil o que deixaria a multa rescisória em torno de 20 milhões de euros. O Alvinegro, no entanto, preferiu economizar no salário do atacante.

Entretanto, Vitinho ‘explodiu’ na equipa principal, muito à sombra de Seedorf que o aconselhava continuamente. Aliás, Seedorf fez o mesmo com Fellype Gabriel, que reconheceu que começou a gerir muito melhor o seu esforço físico com os conselhos do craque. Assim melhorou espetacularmente e… escapuliu-se do Botafogo em menos de nada. Espero que Seedorf não ajude demais outros atletas do time.

Após o Campeonato Carioca o Botafogo aumentou o salário de Vitinho de R$ 15 mil para… R$ 35 mil, enquanto Rafael Marques ganhava… R$ 220 mil!

Entretanto, Vitinho ‘disparou’ jogando à craque e, durante este tempo, o Botafogo “andava em conversações” com ele e o seu empresário da Traffic, segundo palavras do vice-presidente para o futebol, Chico Fonseca, que substituiu André Silva com resultados até agora nulos. Quer dizer que o Botafogo arrastou o assunto enquanto, por outros meios, o empresário de Vitinho ia certamente à procura de alternativas.

Segundo várias fontes, entre as quais Carlos Augusto Montenegro, “Vitinho começou o ano ganhando R$ 15 mil e já tinha recebido há dois meses um aumento para R$ 35 mil e havia a promessa de ir a R$ 200 mil.” Estas eram as conversações entre o atleta e Chico Fonseca, crente este de que gerindo com cautela acabaria por levar a água ao seu moinho. Puro amadorismo. O Botafogo, embora com dificuldades financeiras, deveria ter agido com celeridade e, pelo menos, igualar o salário de Vitinho ao de Rafael Marques. Mas quis poupar e colocar Vitinho em posição favorável ao Botafogo, já que a janela de transferências fecharia rapidamente.

Com R$ 200 mil a multa rescisória subiria para 20 milhões de euros e, aí sim, o Botafogo salvaguardava-se. Mas… Segundo Paulo Marcelo Sampaio (blogue Arquiba Botafogo), “Montenegro disse que há duas semanas o Botafogo ofereceu um milhão de reais em luvas e salário mensal de 200 mil. (…) A multa rescisória subiria para 100 milhões de reais, mais do que o triplo do que será pago pelo CSKA de Moscou.” Segundo Montenegro, “os dirigentes imaginavam (?!) que Vitinho e seus empresários pediriam mais. Interpretaram que haveria espaço para negociar um aumento ainda maior, com mais tempo, depois do fechamento da janela de transferência.”

Ledo engano. O que fechou foi mais uma oportunidade perdida pelo amadorismo dos dirigentes do Glorioso, que arrastaram as negociações até à semana passada, quando ofereceram os tais R$ 200 mil de salário a Vitinho e se esperava que o contrato fosse fechado na sexta-feira. Porém, na sexta-feira o empresário escusa-se a prosseguir as negociações, na segunda-feira vai a Curitiba à concentração do Botafogo e traz Vitinho para o Rio de Janeiro para assinar com o CSKA, que lhe ofereceu 8 milhões de euros em salários por cinco anos. Quer dizer, o contrato preparado para 20 milhões de euros ficou sem efeito e o CSKA dispôs-se a cobrir a cláusula rescisória anterior, e não a do esperado novo contrato, já que não fora assinado.

Obviamente que os empresários de futebol, profissionais do assunto, sabem lidar bem com as inocências dos amadores, bem como a inexperiência dos jogadores jovens, e levaram a negociação até ao limite, ganhando tempo e rompendo com o Botafogo. E, aparentemente, foi esse papel inocente que fez Chico Fonseca e outros dirigentes eventualmente envolvidos, sendo certo que Maurício Assumpção acompanhou todo o processo e em nenhum momento decidiu acabar com a ‘novela’ da negociação e segurar Vitinho, tanto mais que tem sido o próprio a badalar aos 4 ventos o “excelente trabalho” feito nas bases. Mas esqueceu-se que o dito ‘excelente trabalho’ só o é quando se faz uma boa gestão, isto é, quando existe o acompanhamento adequado de cada atleta numa atividade desportiva que atingiu níveis de profissionalização muitíssimo elevados.

Por seu turno, Vitinho, com aquele seu aparente olhar de garoto inocente, afinal soube guardar muito bem o ‘segredo’ e em nenhum momento o Botafogo deslindou outros indícios. Certamente só Vitinho, o empresário e a mulher de Vitinho estariam a par da possibilidade de ingresso no CSKA.

Não obstante, Chico Fonseca continua imperturbável, como certamente se manteve sempre, e na segunda-feira de manhã, indagado sobre o assunto que já percorria as redações dos jornais, afirmou candidamente à Lancenet: “Tem proposta até para mim. O Botafogo está muito bem. A nossa ideia é não negociar ninguém. Não vai sair nenhum jogador do elenco.” A vontade é dizer na cara de Chico Fonseca que aceite rapidamente a dita proposta que diz que lhe fizeram e saia rapidamente do Botafogo, onde certamente não deixará saudades, a não ser frases vãs e nenhuma capacidade de gestão do futebol botafoguense – porque à tarde Vitinho acerta com o CSKA a sua ida para a Rússia.

A demissão voluntária ou forçada ficaria bem a Chico Fonseca, porque eximindo-se de qualquer responsabilidade, à tarde acrescenta aos jornalistas a seguinte pérola de inanição: “Se chegar um clube com outro jogador como fizeram com o Vitinho, o que vou fazer? Isso é mercado.” O que vai fazer? Demitir-se do cargo ou inscrever-se imediatamente num curso qualquer que ensine ‘como evitar fazer figuras de parvo perante os experientes empresários de futebol’. No mínimo deve tratar de blindar os atletas que interessa manter no elenco. Quem pergunta “o que fazer?” no tom em que o fez Chico Fonseca são os conformistas, e ninguém mais. Desses o Botafogo não precisa, muito obrigado.

Todas estas inocentes alminhas botafoguenses foram apanhadas de surpresa, até o mais calejado dos ‘políticos’ do Botafogo, Carlos Augusto Montenegro, que exclamou ao Globoesporte: “Foi uma confusão da noite para o dia.”

Naturalmente que se pode depreender que o empresário teve muitíssima influência na decisão de Vitinho e, com certeza, também a sua mulher, Thayane Santos, já que no twitter ela publicou as seguintes afirmações perante a indignação dos botafoguenses com a perda do seu quase ídolo: “Vontade de mandar esses torcedores babacas q estão desejando o mal dele tomarem tudo no olho do c***, n é questão de dinheiro, mas sim questão q ele tem uma família, questão de oportunidade, ele vai sim, e vai-se dar MUITO BEM lá.”

Evidentemente que quando afirma “não é uma questão de dinheiro, mas sim questão q ele tem uma família”, o mesmo é dizer que Vitinho precisa aceitar propostas financeiras do tipo desta para a família viver desafogadamente. Isso não tem nenhum mal em si, o absurdo é negar-se isso de forma tão obviamente contrária ao que a própria frase diz.

Na verdade, em minha opinião, Vitinho foi para a Rússia por vontade do empresário e da mulher. Empresário da empresa Traffic, cujo nome já diz tudo, e mulher do atleta que, pela gula do dinheiro fácil e rápido, defende que Vitinho se dará MUITO BEM num país com uma língua difícil, com comportamentos difíceis, com – desculpem-me falar disso, mas é verdade – pouca aceitabilidade social de um negro num país integralmente de brancos e, talvez sobretudo, um país onde as condições climatéricas são inóspitas para pessoas nascidas em países de climas muito ensolarados.

Além do mais, Vitinho teve a sorte de receber uma proposta do FC Porto, exatamente igual à do CSKA, com a vantagem para o Botafogo de a ida de Vitinho somente ocorrer no final do campeonato brasileiro. Na verdade, a gestão de excelência do Porto sabe da potencialidade de Vitinho e havia disposição para investir no atleta. Mas não mais do que 10 milhões, porque uma ‘promessa’ brasileira de 19 anos não é coisa segura, como vimos com outras ‘promessas’ que deitaram fora pelo ralo do banheiro uma carreira inteira antes de estar consolidada. E que oferecia ainda mais o Porto? Eu digo: um povo hospitaleiro que estima muito os brasileiros, um povo que fala a mesma língua de Vitinho, uma miscigenação muito ampla, condições climatéricas muito boas e, para mais, defender um clube com uma projeção muitíssimo maior do que o CSKA, que, nos últimos 30 anos, venceu duas Copas Europeia / Sulamericana Toyota, duas Ligas dos Campeões, duas Ligas Europa, a maioria dos campeonatos portugueses, das Taças de Portugal e das Supertaças.

Que fez Vitinho? Ou que fizeram por ele? Recusar esta oferta dourada. Digo dourada porque reconheço a excelência da gestão do FC Porto, que em 30 anos passou de um clube regional ao mais importante clube de futebol português, tendo já ultrapassado o Benfica em títulos conquistados, e também o mais importante clube português no panorama do futebol mundial. Isto significa que, entre outras coisas, nunca ninguém saiu do FC Porto sem que o Porto estivesse de acordo, nem nunca ninguém foi vendido por preço inferior ao comprado, porque uma das grandes vantagens do Porto é saber comprar barato e vender caríssimo. O que quer isto dizer? Quer dizer que jamais o Porto deixaria de valorizar Vitinho para um dia vendê-lo por 40 ou 50 milhões de euros, como está habituado a fazer. Quer dizer, em última análise, que o futuro de Vitinho estaria asseguradíssimo como, provavelmente, uma grande estrela do futebol mundial.

Mas a Traffic (tenho que ter cuidado para não confundir o nome por outro parecido) e Tahayane deixaram-se atrair pelo pecado da gula, um com consciência e outra provavelmente sem consciência, que a ida para o Porto era sucesso certo e a ida para o CSKA, não.

Porque não? Bem, perguntem a André Lima, a Maicosuel, a Jefferson, entre outros. André Lima, que despontou no Botafogo, saiu para o futebol alemão quando era o artilheiro do ano do Glorioso. Rapidamente regressou sem glória, sem gols marcados, e passou de clube em clube, nunca mais despertando sério interesse como futebolista. Maicosuel – o Mago da torcida – fez o mesmo caminho: saiu com a carreira no auge do seu desenvolvimento, e rapidamente regressou ao Botafogo por desadaptação na Alemanha. Agora anda pelo ‘poderosíssimo’ Udinese de Itália… Jefferson foi atirado para um obscuro clube do futebol turco, em vez de ter chegado à seleção brasileira pelo Botafogo, e hoje seria o seu titular já há muito tempo. Teve que regressar ao Botafogo e partir do zero para vestir a camisa canarinha.

Em todos os casos contou sempre o dinheiro, não a carreira. Como aconteceu com Túlio Maravilha, que afirmou ter saído de “um Fusca para entrar numa Ferrari”. Arrependeu-se, andou de clube em clube e agora anda pelo Vilavelhense a tentar um milésimo gol que já cheira a coisa rançosa num atleta de 42 anos… Ou como sucedeu a Dodô, que entrou e saiu do Botafogo quando lhe apeteceu, sempre com o beneplácito do clube, e acabou por sair pela porta baixa com a mulher a vituperar o Botafogo, e nunca mais Dodô fez nada na vida além de três gols contra o Botafogo numa goleada que marcou a sua última exibição aceitável. Nem sei se agora está num clube da 3ª ou da 4ª divisão nacional…

Mas quando se tem 19 anos e muito potencial, é necessário que o atleta saiba fazer um compasso de espera e saiba escolher o melhor clube para a sua carreira, bem como os momentos de mudança. Se Vitinho fosse para o Porto, iria ganhar rios de dinheiro no futuro, provavelmente muito mais do que algum dia ganhará, mas indo para o CSKA, talvez esses ‘rios de dinheiro’ nunca aconteçam. Neymar, por exemplo, está entrando paulatinamente na equipa do Barcelona, justamente porque há um plano ajustado à sua medida para se evitar que o atleta fracasse por qualquer razão inesperada devido a uma titularidade precoce.

Em todo o caso, isso pouco me importa agora, porque desejo que Vitinho nunca mais pise território botafoguense. Serve apenas para realçar a sua incapacidade de escolher o melhor para si e deixar que a gula de outros possa prejudicar a sua carreira. E pouco importa porque Vitinho nem sequer um breve adeus ou um pedido de desculpa deu aos torcedores, explicando que estaria fazendo pela vida. Simplesmente saiu, fugiu, acovardou-se e desprezou completamente o clube que o formou e a torcida que o aclamou. 
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Mas voltemos ao cerne do assunto. Chico Fonseca foi facilmente ludibriado, Maurício Assumpção certamente pautou-se uma vez mais pela omissão, Carlos Augusto Montenegro foi completamente surpreendido, Seedorf ignorava o assunto, o time – que viajou hoje de ‘orelha murcha’ para Minas Gerais – também nada sabia.

Quem deu a cara, inesperadamente, foi Elena Landau, irmã de Sérgio Landau, pessoa muito qualificada, que nos vem dizer, em tom de grande revolta, que “Vitinho ignorou a torcida, o investimento do clube nele, a possibilidade de ser revelação do brasileiro para embolsar 8 milhões de euros. Espero que ele não se arrependa como Maicosuel e volte deprimido sentindo falta do calor da torcida e do ambiente do Botafogo. Não ousaria chamar de mercenário, porque ele vende o futebol dele, mas de burro e precipitado. Sai antes de amadurecer e ignorou o nosso carinho.”

Como se percebe pelo que escrevi anteriormente, concordo em absoluto com Elena Landau. Mas… nem eu nem Elena Landau teríamos razão se estivéssemos a falar de um clube profissional com dirigentes profissionais. Afinal, no FC Porto não há propriamente ‘carinho’, mas profissionais competentíssimos, com relações fortemente profissionais, relações corretas de sociedade sem que se incorra em confusões afetivas impróprias do futebol de hoje, foco nos títulos e em três pontos a ganhar em cada jogo, garantia de jogadores bem sucedidos na carreira, disciplina dentro e fora do clube para que todos possam beneficiar de um coletivo que cumpre regras, lealdade exigida até ao último suspiro, sob pena de o atleta se dar muito mal em caso de lesar o clube, como agora fizeram Vitinho e a Traffic ao Botafogo, e como muito provavelmente a Traffic acabou de fazer à carreira de Vitinho. Em futebol profissional, cara Elena, não podemos contar com o reconhecimento do atleta pelo investimento do clube ou pelo carinho que lhe dispensamos. Nem mesmo quando ele faz o gesto do coração quando faz gol e diz que está feliz. Sim, feliz até ao 1º aceno de milhões a um rapaz que veio de meio pobre e de fracos conhecimentos para a vida. Em futebol profissional, cara Elena, há empresários, atletas e respetivas mulheres com pouco discernimento e muita gula. Em futebol profissional, cara Elena, os lobos são muitos e as hienas ainda mais. Só podemos contar com as nossas capacidades e exercê-las profissionalmente com o máximo rigor.

Tudo isto é muito grave, porque finalmente o time de futebol estava resgatando as exibições honrosas do passado e os seus torcedores estavam eufóricos como nunca estiveram desde 1995. E acreditavam – embora candidamente, em minha opinião – no título brasileiro, e muitos deles também na Copa do Brasil – a qual, essa sim, creio estar ao alcance do Botafogo, se decidir enfrentar o Atlético Mineiro com garra e determinação. E porque é que não acredito no título brasileiro? Porque não temos elenco, apenas um time, e, sobretudo, não temos uma diretoria capaz de produzir um planeamento adequado, capaz de nos preparar adequadamente para uma competição longa e dura, na qual a regularidade é o mais importante – que é aquilo que não conseguimos ano após ano, a não ser os títulos cariocas porque são decididos em semifinais e finais. E aí não é preciso muito elenco nem muita regularidade, mas foco nos jogos decisivos. Tal como na Copa do Brasil, que se decide em eliminatórias.

Poderíamos dizer que toda a alegria que nos iluminava e toda a exaltação que Vitinho nos provocava quando fazia o sinal do coração ao marcar um gol, foi o mesmo que destruiu, pela gula imprudente em que caiu, e sem a menor hesitação, a alegria dos adeptos do clube que nele investiu.

Ingratidão, diria Elena Landau. Talvez. Mas não se pode esperar muito de um jovem humilde a quem de repente prometem alguma coisa como 8 milhões de euros, e de uma mulher que vê nesse montante toda a sua independência futura e todos os seus caprichos realizados subitamente da noite para o dia.

Nem se pode culpar os empresários da Traffic (que nome, heim?...), porque sabemos o que todos eles são e fazem. Pois é, cara Elena, sobra a diretoria do Botafogo, ninguém mais. Uma diretoria que não pode esperar gratidão ou prudência seja de quem for; uma diretoria que devia saber o que é o futebol profissional e o que são os milhões à frente dos olhos de duas ‘crianças’ com uma filha pequena. Uma diretoria que quis poupar um milharzitos de reais e acabou por disparar contra si própria, perdendo o seu astro a despontar e a possibilidade de o vender no futuro, por exemplo, por 30 milhões de euros.

E esta diretoria tem, pelo menos, a consciência da simbologia que representa para a sua torcida com a perda de Vitinho?

Não?! Então eu vou dar a palavra aos torcedores, para que os senhores compreendam o que a vossa inação provocou:

“É o América black and white. Sócio torcedor? Desisto de me associar. Paciência tem limite. Estou quase torcendo pelo AFC. Se é para sofrer não precisamos de intermediários.”

“Diretoria safada, pensa como time de Várzea.”

“É caso de invadir General Severiano e dar uma surra no presidente e nesse vice!”

“Parece que um parente meu morreu. Que sensação horrível. Não merecíamos isso. É muita maldade com a torcida tão carente de ídolo. (…) Maldade com o próprio Botafogo.”

“Uma incompetência sem igual ao não perceberem o valor de mercado do Vitinho. Imperdoável.”

“Atestado de pequenez. Incompetência geral na análise técnica e financeira desse garoto. Demissão por justa causa para toda a diretoria de futebol e jurídica. (…) O pior é ainda escutar bobalhões dizendo que a culpa é da torcida mesmo. Esses são as marionetas perfeitas.”

“Dirigentes medíocres para um clube medíocre, que se contenta com um estadualzinho medíocre a cada cinco anos, na média.”

Demos as voltas que dermos, Chico Fonseca e Maurício Assumpção não são competentes nos cargos que ocupam. Mas felizmente o Botafogo é muito maior do que tudo isso. Em 1911, quando honradamente abandonámos a Liga Carioca, ficámos com 12 sócios! Isto é, o time de futebol! Mas ninguém abandonou o Glorioso e a recuperação veio com cinco títulos cariocas em 6 campeonatos. Em 1977, Charles Borer entregou a simbólica sede de General Severiano e ficamos praticamente na rua. O time esteve muitos anos sem títulos, mas acabou por recuperar em 1989 e, em 10 anos, ganhou um campeonato brasileiro, um Torneio Rio – São Paulo e três campeonatos cariocas. Em 2002 caímos para a 2ª divisão, sem dinheiro sequer para pagar a conta da luz, em resultado de diretorias desastrosas. Mas retomamos a boa rota e montamos bons times, que conquistaram títulos, e que foram impedidos de vencer outros devidos a arbitragens escandalosas.

Este ano parecia o ano da Glória. Mas o Engenhão foi-nos subitamente roubado de modo escandaloso, e até agora espera-se um comentário oficial do presidente, que decidiu omitir-se na crença de que sendo mansinho consegue vantagens. Mas quem fica mansinho é ‘montado’ sem apelo nem agravo. Não chegou para cairmos. Inventaram a perda do contrato com a Guaraviton e recentemente com a Puma. Também não foi suficiente para desestabilizar. Forjaram notícias sobre Seedorf aliciar jogadores na qualidade de futuro empresário, e destacaram as suas sãs discussões com os companheiros. Mas fomos golear o campeão sul-americano. Acenaram com a possibilidade de uma suspensão a Seedorf por vários jogos devido a uma expulsão injusta e até atacaram o corte de cabelo de Jefferson, que deveria ser punido por desenhar um símbolo religioso. Depois tivemos o início do desmanche: Márcio Azevedo, Fellype Gabriel, Jadson, Antônio Carlos, Andrezinho e agora Vitinho. A flapress ignora as nossas retumbantes vitórias, mas titula a toda a largura da 1ª página algum insucesso nosso. Em suma, nada disso nos abateu. Provavelmente não será um ano de glória, mas os nossos combatentes atletas podem e devem mostrar a nossa fibra, já contra o Atlético Mineiro, eliminando-o da Copa do Brasil.

Estamos habituados. Continuamos de pé. Com títulos ou sem eles.

Porém, atente-se a muitas coincidências que ocorrem com o Botafogo sempre em seu prejuízo. E não nos esqueçamos que o Engenhão nos saiu das mãos subitamente, tal como Vitinho. Ou, como disse C.A. Montenegro, “da noite para o dia”. E porquê? Não quero explorar este ponto, até porque me parece que a maioria das pessoas achará que sou um invencionista de golpes, mas não é à toa que o Botafogo é tão atacado e tão silenciosamente, isto é, quando se sofre rudes e súbitos golpes desta natureza, não são amadores a fazê-lo, mas ‘profissionais’ com objetivos muito concretos, e que sabem que o segredo ainda é a alma do negócio nestes casos. O Engenhão é encerrado à véspera da assinatura de um contrato muito favorável ao Botafogo e Vitinho evapora-se à véspera de assinar um contrato com uma cláusula muito significativa e tornar-se um ídolo de ressarcimento do Botafogo em relação ao seu passado. O Botafogo não pode ter estádio nem ídolo. E evidentemente que com uma diretoria frouxa, que faz o jogo do silêncio e da submissão esperando beneficiar-se com isso, o sucesso dos ataques tem bastante mais hipóteses de acontecer. É muito clara a vontade de reduzir o leque de clubes grandes e concentrar em poucos a possibilidade de ganharem o campeonato brasileiro. A ‘espanholização’ parece-me uma grande vontade dos dirigentes brasileiros, apoiados pela mídia. O Botafogo e o Vasco da Gama, por exemplo, nunca foram bem vistos pela imprensa, e quando a imprensa age em prejuízo de ambos, é porque há espaço institucional para o efeito, isto é, com o beneplácito institucional. E os empresários do futebol evidentemente que estão por dentro do assunto e fazem o jogo que lhes interessa.

Arriscamo-nos à ‘americanização’ se não encontrarmos uma diretoria forte, empenhada e honesta, mas ‘matreira’ e com muito bom conhecimento dos meandros do futebol. Para chegarmos a tempo de a nossa gigantesca dívida não ser acionada por terceiros para implodir de vez com o clube. Para chegarmos a tempo teremos que encontrar um presidente capaz. Um Manoel Renha que não tenha medo nem se deixe influenciar pela família e que seja capaz, com toda a sua competência profissional, mas acrescida da coragem e ousadia que aquele não teve, para assumir a presidência desse outrora gigante do futebol mundial, que colocou o Brasil no mapa do mundo em 1958, e cujos dirigentes teimam em mantê-lo na mediania da conquista de um campeonato carioca de cinco em cinco anos, em média – parafraseando um dos comentários acima citados.

E se formos firmes com uma diretoria forte, que abra a senda de outras diretorias capazes, certamente que quando os principais protagonistas desta história ‘vitesca’ tombarem falecidos e se despedirem da vida, deixando para trás mais milhões ou menos milhões de euros, de reais ou de dólares, o Botafogo permanecerá de pé. Gloriosamente.

Porque o Botafogo somos nós!

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