domingo, 31 de janeiro de 2021

Garrincha e a técnica de ‘fazer a fila’

Garrincha driblando o goleiro. Crédito: Manoel Soares / O Globo

[Nota preliminar: Se o leitor pretender ler todos os comentários tem que clicar em "carregar mais" no final da página porque foram ultrapassados os 50 comentários e, consequemente, o blogger abriu uma nova página]

por RUY MOURA

Editor do Mundo Botafogo

Os adversários de Garrincha tentaram por todos os meios neutralizá-lo, desde a violência pura e simples até aos mais sofisticados esquemas de marcação – todos eles derrotados pelo homem de Pau Grande.

Garrincha entre o goleiro driblado e Bellini pela frente. Crédito: O Globo.

Na década de 1950, o Vasco da Gama ensaiou uma técnica que ficou conhecida por ‘fazer a fila’, inaugurada pelas pernas tortas do futuro bicampeão do mundo. O Vasco da Gama colocava a sua defesa em fila, com um jogador dando cobertura ao outro, mas essa artimanha obtinha pouco resultado.

Garrincha enfiando a bola entre Bellini e a baliza. Crédito: Eurico Dantas / O Globo.

Foi na sequência desse esquema que Garrincha assinou um dos mais belos gols da sua carreira, passando pela ‘fila’, driblando o goleiro e enfiando a bola milimetricamente entre o poste da baliza e o grande Bellini, capitão da Seleção campeã de 1958.

Libertadores 1: redescoberta das Américas

Colombo? Os portugueses descobriram a América e tomaram gosto pela conquista - Abel Ferreira repete Jorge Jesus ao conquistar a Copa Libertadores pelo Palmeiras.”Título e subtítulo do jornal LANCE!

sábado, 30 de janeiro de 2021

Brenda Woch, Thamires e Carol Carioca: perfis dos reforços para o Brasileirão 2021 Feminino A1

Brenda Woch. Reprodução Twitter / Thiago Veras.

 

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

 

BRENDA WOCH da Graça Rodrigues tem 22 anos, nasceu a 10 de setembro de 1998, em Maceió (AL), atua como ponta de lança, é destra, possui 1,63m de altura e 53kg de peso, tendo realizado 66 partidas e assinalado 26 gols no conjunto dos clubes em que atuou.

 

O seu último clube foi o 3B da Amazônia (AM), em 2020, após atuar pela União Desportiva (AL) e São Francisco (BA) em 2015 e 2016, União Desportiva (AL) e 3B da Amazônia (AM) em 2017, Iranduba (AM) em 2018 e 2019, São Paulo (SP) em 2019 e Iranduba (AM) em 2020.

 

Brenda conquistou um Campeonato Sul-americano Sub-20, em 2018, pelo Brasil, tendo atuado em 3 partidas.

 

Thamires. Reprodução Twitter / Thiago Veras.

 

THAMIRES Ferreira Alves dos Santos tem 26 anos, nasceu a 26 de abril de 1994, no Rio de Janeiro (RJ), atua como zagueira e volante, é destra, possui 1,62m de altura e 63kg de peso, tendo realizado também 66 partidas e assinalado 4 gols.

 

O seu último clube foi o Foz Cataratas (PR), em 2020, após atuar pelo Vasco da Gama (RJ) em 2013, Vitória das Tabocas (PE) em 2014 a 2016, CSA - Centro Desportivo Alagoano (AL) em 2016, Sport (PE) em 2017 e 2018, Foz Cataratas (PR) em 2019 e Iranduba (AM) em 2020.

 

Thamires conquistou um Campeonato Carioca pelo Vasco da Gama em 2013, cinco Campeonatos Pernambucanos pelo Vitória das Tabocas em 2014-15-16 e pelo Sport em 2017-2018 e uma Taça Cidade do Paulista de Futebol Feminino do Nordeste, invicta, pelo Sport em 2018.

 

Carol Carioca. Reprodução Twitter / Thiago Veras.


Carolina Conceição Martins Pereira, a CAROL CARIOCA, tem 37 anos, nasceu a 18 de fevereiro de 1983, no Rio de Janeiro (RJ), atua como zagueira, possui 1,71m de altura e pesa 60kg, tendo realizado um número incerto de partidas por clubes.

 

O seu último clube foi o Foz Cataratas (PR), em 2020, após atuar, desde 2001, pelo Vasco da Gama (RJ), América (SP), Santos (SP), Botucatu (SP), FF USV Jena (Alemanha), novamente Botucatu (SP), CRESSPOM (DF), Duque de Caxias (RJ), Vitória das Tabocas (PE), Portuguesa (RJ), Foz Cataratas (PR), novamente Vitória das Tabocas (PE) e Foz Cataratas (PR), Centro Olímpico (SP), União (RN), Avaí/Kindermann (SC), novamente CRESSPOM (DF) e Foz Cataratas (PR), Hapoel Be’er Sheva (Israel) e Fluminense (RJ).

 

Carol naturalizou-se cidadã da Guiné Equatorial e participou em 3 jogos da Copa do Mundo de 2011 por esse país, tendo conquistado, no ano seguinte, o Campeonato Africano das Nações, assinalando 3 gols em 8 jogos.

 

Para ver mais reforços clique em Emily e Cris: perfis dos reforços para o Brasileirão 2021 Feminino A1 

 

Fontes principais: https://en.wikipedia.org; https://www.lance.com.br; https://www.ogol.com.br; https://www.torcedores.com; https://www.zerozero.pt

Voz de Einstein: sobre Relatividade

“Quando um homem se senta ao lado de uma mulher bonita por uma hora parece que passou um minuto. Mas se ele se sentar em cima de um fogão quente por um minuto parece que passou mais de uma hora. Isso é relatividade.” Albert Einstein, do livro ‘The Yale Book of Quotations, eleito pela revista Time a ‘Pessoa do Século XX’.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Decisões, curiosidades e histórias deliciosas do ‘Clássico da Rivalidade’

Estádio de General Severiano, inaugurado em 1913 com o desafio Botafogo x Flamengo

por RUY MOURA

Editor do Mundo Botafogo

Em 2016 o LANCE! recordou algumas das decisões de títulos e histórias deliciosas entre Botafogo e Flamengo. O Mundo Botafogo selecionou apenas as partidas favoráveis ao nosso Clube e acrescentou outros dois jogos importantes, o jogo inaugural do clássico, em 1913, que coincidiu com a inauguração do estádio da rua General Severiano, e o jogo da maior goleada registrada entre os dois contendores, num total de uma dezena de partidas.

13/05/1913 – BOTAFOGO 1x0 FLAMENGO – 1º JOGO DO ‘CLÁSSICO DA RIVALIDADE’ – CAMPEONATO CARIOCA

O primeiro jogo oficial entre Botafogo FC e CR Flamengo ocorreu no dia 13 de maio de 1913, válido para o campeonato carioca de futebol, que teve como convidado de honra o Comodoro C. Bleck, presidente do Club Naval de Lisboa e toda a comitiva portuguesa.

O Botafogo inaugurou o seu belo campo da rua General Severiano e no final da partida os dirigentes brindaram os adversários com uma taça de champanhe, selando naquela ocasião, após um jogo disputadíssimo, o ‘Clássico da Rivalidade’.

O Botafogo apresentou praticamente a equipe campeão carioca de 1912 após o abandono de campeonato de 1911, em solidariedade com Abelardo de Lamare: Álvaro; Pullen e Dutra; Juca, Rolando e Pulo; Villaça, Abelardo, Facchine e Mimi; Lauro de Lamare. Já o Flamengo, estreante no campeonato carioca, alinhou com Cazuza; Nury e Píndaro; Gallo, Amarante e Laurence; Borgerth e Bahiano; Raul, Dell-Nero e Figueira.

O grande Mimi Sodré assinalou o gol da vitória aos 26 minutos de jogo: Lauro cobrou escanteio, Facchine cabeceou, e Cazuza rebateu, espalmando ainda o rebote de Abelardo, mas o goleiro rubro-negro foi impotente para deter o chute vitorioso de Mimi Sodré.

29/05/1927 – BOTAFOGO 9x2 FLAMENGO – A GOLEADA RECORDE – CAMPEONATO CARIOCA

Uma das maiores alegrias do Botafogo na década de 1920 ocorreu a 29 de maio de 1927, no estádio da Rua Paysandu, quando o Glorioso massacrou o Flamengo por 9x2, a maior goleada da história do clássico.

Aos 18 minutos o Flamengo já perdia por 4x0 e o primeiro tempo terminou com o placar de 7x1, tendo Nilo sido carregado em triunfo ao intervalo pela eufórica torcida alvinegra, que repetiu a cena no final do encontro em que o ‘pequeno’ Nilo assinalou quatro gols.

O Botafogo alinhou com Neiva; Couto e Octacílio; Pamplona (Jeronymo), Almo e Rogério; Ariza, Neco, Nilo, Joãozinho e Claudionor. O Flamengo apresentou-se com Egberto; Hermínio e Hélcio; Benevenuto, Frederico e Flávio Costa; Chrystolino, Pastor, Fragoso, Angenor e Moderato. Os gols foram assinalados por Nilo, aos 11’, 27’, 35’ e 46’, Ariza, aos 8’ e 18’, Joãozinho, aos 10’ e 65’ e Neco, aos 13’, para o Botafogo, enquanto Moderato, aos 28’, e Frederico, aos 55’, diminuíram para o Flamengo.

*****

por RADAR/LANCE!

www.lance.com.br

10/09/1944 – BOTAFOGO 5x2 FLAMENGO – O ‘JOGO DO SENTA’ – CAMPEONATO CARIOCA

No dia 10 de setembro de 1944, o Botafogo recebeu o Flamengo em General Severiano e não tomou conhecimento do rival, que, mais para frente, seria o campeão.

Após o quinto gol, os jogadores rubro-negros reclamaram de que a bola não havia ultrapassado a linha após bater no travessão e descer. Como o árbitro Aristide "Mossoró" Figueira apontou para o centro do campo, resolveram sentar no gramado em forma de protesto. A partida, então, acabou antes do tempo regulamentar e foi decidida na Justiça.

- Na época, o único que se recusou a sentar foi o Jaime de Almeida, que era pai do ex-técnico do Flamengo. O Flamengo entrou na justiça, perdeu e o resultado final foi mantido em 5 a 2. O técnico Flávio Costa não queria que os jogadores sentassem e que teria sido ordem dos dirigentes... Muita gente diz que não aconteceu, mas, na minha pesquisa, todas as matérias de jornais da época falavam do "senta" e que os torcedores do Botafogo gritavam "senta para não perder de mais" - disse por telefone o jornalista Paulo Cézar Guimarães, que publicou o livro "Jogo do Senta: a verdadeira origem do chororô".

Os gols do Botafogo foram marcados por Valsecchi, Valter, Heleno de Freitas (2) e Geninho. Segundo Paulo Cézar Guimarães, foi nesse dia que o jornalista Armando Nogueira passou a torcer pelo clube.

- Foi nesse jogo que o Armando Nogueira escolheu o Botafogo. Ele tinha 17 anos e havia chegado há pouco tempo do Acre. Foi levado ao duelo por amigos flamenguistas, que tentaram influenciá-lo, mas ele se encantou com o Heleno de Freitas e decidiu ser botafoguense.

15/12/1962 – BOTAFOGO 3x0 FLAMENGO – O 'BAILE' DO MANÉ – CAMPEONATO CARIOCA

De volta do Chile com o bicampeonato da Copa do Mundo, Garrincha ainda encheu os olhos dos torcedores no fim do ano de 1962 no Maracanã. O "Craque das Pernas Tortas" abriu o placar após ultrapassar Jordan na corrida e estufar a rede. Em seguida, Garrincha passou novamente pelo defensor, deixou Gerson caído mas, ao chutar, a bola bateu no rosto do rubro-negro Vanderlei e entrou. Na etapa final, após um rebote da zaga do Flamengo, Garrincha marcou seu segundo gol e deu o bicampeonato carioca.

18/09/1968 - BOTAFOGO 4x1 FLAMENGO – VOLTA OLÍMPICA? SÓ SE FOR DE 'MARCHA-RÉ'! – TAÇA GUANABARA

Alheio ao fato de ainda ter um jogo a mais por fazer para sacramentar no papel seu título da Taça Guanabara, o Flamengo apressou-se a dar a volta olímpica com uma rodada de antecedência. Porém, em campo, pagou caro: no jogo que seria do título, perdeu por 2 a 0 para o Bonsucesso e precisou fazer um jogo extra contra o Botafogo no Maracanã.

O Alvinegro foi impiedoso: Gérson abriu o placar aos nove minutos e, mesmo com a reação do Fla, através de Dionísio, a equipe aplicou  4 a 1, com Zequinha, novamente Gérson e Roberto. Para completar, ainda surgiram as gozações de que o Rubro-Negro tinha de dar a volta olímpica "de marcha-ré".

15/11/1972 – BOTAFOGO 6x0 FLAMENGO – GOSTAMOS DE "VOSEIS" – CAMPEONATO BRASILEIRO

O Flamengo celebrava aniversário com direito a celebração no clube. Mas o gostinho de alegria no Maracanã foi em preto e branco: com um futebol avassalador, o Botafogo "presentou" a torcida com um 6 a 0 válido pelo Brasileirão de 1972.

O campeão do mundo em 1970, Jairzinho, abriu o placar com bola no ângulo. Fischer marcou duas vezes ainda no primeiro tempo. O técnico rubro-negro Zagallo chegou a promover duas mudanças, mas de nada adiantou: no segundo tempo, Jairzinho anotou outros dois (um deles, de letra) e Ferretti completou a goleada. As festas da torcida alvinegra renderam por anos... e ainda foram castigadas.

03/06/1979 – BOTAFOGO 1x0 FLAMENGO – CADÊ O INVICTO QUE ESTAVA AQUI? – CAMPEONATO CARIOCA

O Flamengo estava a uma partida de superar o Botafogo e atingir a maior série invicta da história do futebol nacional quando enfrentou justamente... o Alvinegro. O prenúncio de que a história mudaria veio logo aos nove minutos: após dar um chapéu no adversário, Renato Sá mandou sem chances para Cantarele.

O Rubro-Negro buscou a todo custo, mas parou na inspiração do goleiro Borrachinha, que travou o ímpeto de Zico, Adílio e Cláudio Adão. Outrora algoz da série invicta de 52 jogos do Botafogo (quando defendia o Grêmio), Renato Sá virava herói da torcida justo contra um grande rival e entrava para a história como "o Demolidor de Invictos".

21/06/1989 – BOTAFOGO 1x0 FLAMENGO – VALEU POR 21 ANOS – CAMPEONATO CARIOCA

Foram 21 anos de frustrações, esperas e muitas gozações. Mas o Botafogo viu sua Estrela Solitária conduzi-lo de novo a um título de ponta, e justamente, em um clássico diante do Flamengo no Maracanã.

Após um lançamento de Mazolinha da esquerda, Maurício, que atuou com febre, subiu mais do que Leonardo e estufou a rede de Zé Carlos para garantir a vitória botafoguense e tirar um peso de 21 anos dos ombros de botafoguenses que estavam presentes no Maracanã. 

26/03/1997 – BOTAFOGO 1x0 FLAMENGO – RESERVANDO SURPRESA PARA ROMÁRIO – CAMPEONATO CARIOCA

Já classificado para a decisão da Taça Guanabara, o Botafogo se deu ao luxo de colocar os reservas na última rodada da competição. Porém, nem mesmo contando com o faro de gol de Romário e Sávio e sua força máxima, o Flamengo conseguiu conter o ímpeto do adversário e arrancar ao menos um empate que o levaria à decisão.

Com uma finalização de Renato, os botafoguenses decretaram o 1 a 0 diante de um apático rubro-negro e obtiveram o 100% de aproveitamento. O rival do Botafogo na decisão acabou sendo o Vasco.

18/04/2010 – BOTAFOGO 2x1 FLAMENGO – A 'CAVADINHA' QUE RESGATA A HONRA – CAMPEONATO CARIOCA

 Campeão da Taça Guanabara, o Botafogo precisava apenas de despachar o Flamengo para garantir o título antecipado. Com uma equipe que reagiu em grande estilo à goleada de 6 a 0 para o Vasco mostrando um bom futebol, o Alvinegro pressionou o adversário e abriu o placar em um pênalti sofrido e convertido por Herrera.

Aos 45 do primeiro tempo, porém, Vagner Love aproveitou rebote de Jefferson e igualou o placar. Em meio ao jogo equilibrado da etapa final, Herrera sofreu pênalti de Maldonado. Com a camisa 13 e na marca de cal, Loco Abreu deu uma "cavadinha" e a bola caprichosamente parou no travessão antes de entrar. O Rubro-Negro teve um pênalti a favor, mas surgiu novo ídolo debaixo das traves em decisões: Jefferson parou a cobrança de Adriano. O Rio de Janeiro era preto e branco.

Fontes: https://www.lance.com.br/brasileirao/marcha-chororo-flamengo-botafogo-tem-memorias-maraca.html e Mundo Botafogo.

Carmen Solange

 

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Basquete campeão dos IV Jogos Abertos de Poços de Caldas

Marlene José Bento, cestinha dos IV Jogos Abertos de Poços de Caldas, conduzindo a Tocha Olímpica de 1960

por ANGELO ANTONIO SERAPHINI & RUY MOURA (pesquisa / composição)

Colaborador do Mundo Botafogo & Editor do Mundo Botafogo

O basquetebol feminino do Botafogo sagrou-se tricampeão dos IV Jogos Abertos de Poços de Caldas, que se realizaram no ginásio da Associação Atlética Calderense, em Poços de Caldas, entre os dias 17 (abertura dos Jogos) e 26 de setembro de 1960.

Eis a campanha do Glorioso:

Botafogo 54x33 C. R. Flamengo

» Pontuação: Marlene (28), Neuci (9), Eugênia (8), Lucy (7), Wilma (1) e Ana Maria (1)

» Competição: IV Jogos Abertos de Poços de Caldas

» Data: 20.09.1960

» Local: Associação Atlética Calderense

» Botafogo: Eugênia, Marlene, Neuci, Lucy, Walkiria, Wilma, Anna Maria, Marina e Coeli

Botafogo 41x47 XV de Piracicaba*

» Pontuação: Marlene (15), Neuci (11), Eugênia (8), Lucy (5) e Walkiria (2)

» Competição: IV Jogos Abertos de Poços de Caldas

» Data: 22.09.1960

» Local: Associação Atlética Calderense

» Botafogo: Eugênia, Marlene, Neuci, Lucy, Walkiria e Wilma

* As atletas botafoguenses atuaram com gripe, tendo Eugênia jogado com 38 graus de febre.

Botafogo 58x51 C. A. Votorantim

» Pontuação: Marlene (23), Neuci (13), Eugênia (9), Lucy (8), Waldéa (5)

» Competição: IV Jogos Abertos de Poços de Caldas

» Data: 24.09.1960

» Local: Associação Atlética Calderense

» Botafogo: Eugênia, Marlene, Neuci, Lucy, Waldéa, Walkiria e Wilma

Botafogo, XV de Piracicaba e Votorantim terminaram empatados, tendo-se recorrido ao saldo de pontos nos jogos entre as três equipes para apurar o vencedor: 1º Botafogo, 99-98 (+1); 2º XV de Piracicaba, 91-91 (0); 3º Votorantim, 101-102 (-1).

O Botafogo de Futebol e Regatas foi declarado tricampeão dos IV Jogos Abertos de Poço de Caldas.

Síntese: 3 jogos, 2 vitórias, 1 derrota; saldo de 153-131.

Pontuação: Marlene (66), Neuci (33), Eugênia (25), Lucy (20), Waldéa (5), Walkiria (2), Wilma (1) e Anna Maria (1).

Campeãs: Anna Maria Suzart Gomes, Coeli Verran Pimentel, Eugênia Borer, Lúcia Maria Borges (Lucy), Marina Campos Mello, Marlene José Bento, Neuci Ramos da Silva, Waldéa Coutinho Mendes, Walkiria Andrade Oliveira e Wilma Regina Gantert.

A Delegação do Botafogo, além das atletas, foi composta por: José Pessoa Machado (Chefe); Charles Borer (Técnico); José Augusto dos Reis (Massagista); Rubem Silva (Roupeiro); Aldo Montenegro (Juiz); Armando Coelho (Cronometrista); Izabel Rindeika (Acompanhante).

Fonte: Boletim Oficial do Botafogo, 1960.

Voz de Einstein: sobre Pressa

“A única forma de escapar do efeito corruptor do louvor é continuar trabalhando.” Albert Einstein, em Smithsonian, fevereiro de 1979, eleito pela revista Time a ‘Pessoa do Século XX’.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Heleno de Freitas: a soberba de um craque

O herói e a cultura: um estudo do filme Heleno

por FAUSTO AMARO

Um excerto sobre individualismo vs coletivismo

Tinha a si mesmo [Heleno de Freitas] em “alta conta”, considerando-se um grande atleta, singular e genial, como fica exposto ao ser questionado por jornalistas antes do embarque para o Sul-Americano do Chile, em 1945: “Do jeito como estou jogando agora o Brasil seria campeão do mundo. Espero que não cancelem também a [Copa do Mundo] de 50 no Brasil. Senão, eu vou lá e acabo com os alemães.”

Em diálogo com o médico do Botafogo, seu caráter individualista tem novamente lugar: “Até a imprensa já percebeu que eu jogo sozinho.” Esse ar soberbo e o reconhecimento de seu próprio valor não são comuns na cultura brasileira, onde parece reinar a (falsa) humildade. Falar elogiosamente de si não é tão bem visto assim. Heleno se assemelha a Romário (HELAL, 2003) no quesito egocentrismo.

Aqui podemos entrever também a oposição entre o craque individualista, que seria típico do estilo brasileiro de jogar futebol, e o craque mais coletivista, que se preocuparia com a equipe e jogaria um futebol mais colaborativo. Enquanto o primeiro jogaria para si e para o público, o segundo estaria preocupado com os resultados de sua equipe e com seus companheiros de time.

O craque individualista, muitas vezes alçado ao posto de herói, seria mais valorizado pela imprensa brasileira. Ao se encaixar nessa categoria, Heleno pode ter caído nas “graças” dos jornalistas da época. Isso fica evidente quando, em uma conversa antes do treino, Heleno mostra seu desprezo pelos companheiros de equipe, o que é repetido em outros momentos do longa-metragem.

Destaco que nessa primeira metade do século 20 o debate sobre qual deveria ser o estilo de futebol adotado pelo Brasil era tema central das crônicas futebolísticas publicadas nos jornais. […]

A última fala do filme, na voz do próprio Heleno ficcional, sumariza diversos elementos que compõem a narrativa, como o amadorismo, a visão romântica do futebol, o futebol como arte e fato social, a soberba do jogador:

«Glória. Não é bom? [...] Acho que todo jogador de futebol deveria assistir uma ópera antes de entrar em campo. Pro sangue subir à cabeça. Eu não acredito em futebol sem o sangue fervendo, sem a faca entre os dentes. O jogador morre pensando na torcida. Não consigo imaginar alguém jogando futebol sem ser pela torcida. No juízo final, os satisfeitos e os covardes vão ser os primeiros a se retirar. Alguém pode achar que alguma coisa que eu fiz é impossível, mas não existe impossível para mim. Eu não sou um jogador de futebol. Eu sou a própria vontade de jogar. Eu sou a gana em forma de gente. Eu sou!»

Fonte: Contemporânea. Ano 12 | Vol.1 | Nº 23 | 2014.

A.A. Botafogo campeão da Copa Brasão

por RUY MOURA

Editor do Mundo Botafogo

A equipe amadora A. A. Botafogo, município do Leme, estado de São Paulo, conquistou a edição de 2020 da tradicional Copa Brasão, competição organizada por desportistas locais, que reuniu 16 equipes divididas em 4 grupos e decorreu entre 22 de novembro de 2020 e 10 de janeiro de 2021.

Na 1ª Fase da competição o Botafogo venceu os seus três jogos, nas quartas-de-final eliminou o Vila Rica e na semifinal superou o Pluzziê FC nas penalidades máximas, classificando-se para a final da Copa Brasão com o Nova Geração WO.


Na decisão, realizada no Campo do Ideal, a equipe alvinegra empatou por 1x1 no tempo regulamentar. O Nova Geração WO inaugurou o marcador com gol do meia Robson, no 1º tempo, mas o Botafogo empatou na etapa final com gol de Maicon, levando o jogo para as penalidades máximas, tendo brilhado a estrela do goleiro Gil que defendeu duas cobranças do adversário e garantiu a vitória por 7x6.

O artilheiro da competição foi o jovem Michael, do Botafogo, com 7 gols marcados.

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Ivette Mariz, a cortadora mais linda e mais perfeita

Yvette de partida para Paris

por ANGELO ANTONIO SERAPHINI & RUY MOURA (pesquisa & composição)

Colaborador do Mundo Botafogo & Editor do Mundo Botafogo

Ivette Mariz, multi-campeã de atletismo, basquetebol e voleibol, e recordista sul-americana e brasileira de disco e dardo, rumou a Paris no dia 25 de janeiro de 1952, a bordo do navio “Provence”, para frequentar um curso especializado de esportes da Escola de Educação Física de Joinville La Pont, durante dois anos.

Recordista brasileira de disco e de dardo

Em jantar de homenagem do Botafogo de Futebol e Regatas, o Dr. Alceu Mendes de Oliveira Castro foi encarregue do discurso oficial, em julho de 1952, terminando por considerar Yvette “uma das maiores glórias do Botafogo, um orgulho do Brasil” e parodiando antigos versos esportivos de “pé quebrado”:

Esta é a Yvette, a capitã do Botafogo,

E quando altiva em campo ela aparece,

Comandando o seu quadro glorioso,

A assistência delirando de gôzo,

Sauda-a tanto quanto ela merece,

E ninguém a vence, no bolão de couro,

É a cortadora mais linda e mais perfeita,

Dêste Rio de Janeiro!

Fonte: Boletim Oficial do Botafogo, 1952.

Voz de Einstein: sobre Política

“Sou judeu por herança, suíço por nacionalidade, e ser humano pela composição, e apenas ser humano, sem nenhuma ligação especial a qualquer estado ou entidade nacional”. Albert Einstein, do livro ‘The Yale Book of Quotations, eleito pela revista Time a ‘Pessoa do Século XX’.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Garrincha e a areia ‘salvadora’ de Guarapari: uma cidade em alvoroço

Garrincha, com a cantora ao seu lado esquerdo, rodeado pela criançada. Crédito: Hélio Passos / revista O Cruzeiro, acervo da Biblioteca Nacional.

por RUY MOURA

Editor do Mundo Botafogo

O joelho debilitado de Garrincha constitui uma longa história, muitas vezes mal contada. Resistente a operar o joelho pela via da medicina ‘oficial’, o craque procurou tratamentos através de medicinas ‘alternativas’, cujos resultados nunca se mostraram satisfatórios. Posteriormente, nem mesmo a intervenção cirurgica, que insistiu em realizar fora do Botafogo, logrou obter sucesso.

Em 1963, acompanhado pela cantora, Garrincha rumou a Guarapari, município capixaba, para se tratar durante uma semana inteira na praia da Areia Preta, cobrindo as pernas com areia monazítica, supostamente ‘milagrosa’.

Obviamente que, como se sabe, o ‘tratamento’ não funcionou, mas o então recente bicampeão do mundo alvoroçou Guarapari com a sua presença, constituindo alvo de atenção tanto da garotada como dos adultos. Na foto vê-se os adultos na parte de cima do areal e, em baixo, envolvendo Garrincha, a criançada com quem ele sempre se deu tão bem.

Talvez o ponto mais curioso da história, num Clube pleno de superstições e de mandingas, é que a sugestão de Garrincha se ‘tratar’ com areia monazítica partiu de… João Saldanha (!!!) e foi respaldada pelos dirigentes do Clube.

Botafogo 0x2 Fluminense

FICHA TÉCNICA

Botafogo 0x2 Fluminense

» Gols: Lucca, aos 66’, e Wellington Silva, aos 90+7’

» Competição: Campeonato Brasileiro

» Data: 24.01.2021

» Local: Estádio São Januário, no Rio de Janeiro (RJ)

» Árbitra: Edina Alves Batista (SP); Assistentes:  Marcelo Carvalho Van Gasse (SP) e Neuza Ines Back (SP): VAR: José Cláudio Rocha Filho (SP)

Cartões amarelos: Luiz Henrique e Yago Felipe (FLU); Rafael Forster (BOT)

» Botafogo: Diego Cavalieri; Marcelo Benevenuto, Kanu, Rafael Forster (Barrandeguy); Kevin, José Welison (Rafael Navarro), Caio Alexandre, Victor Luís (Cícero); Bruno Nazário (Davi Araújo); Matheus Nascimento (Ivan Angulo), Matheus Babi. Técnico: Eduardo Barroca.

» Fluminense: Marcos Felipe; Calegari, Nino, Luccas Claro, Egídio; Yago Felipe, Martinelli, Nenê (Matheus Ferraz); Luiz Henrique (Hudson), Jhon Kennedy (Marcos Paulo), Lucca (Wellington Silva). Técnico: Marcão.

domingo, 24 de janeiro de 2021

Pertencimento Clubístico, Estilo de Jogo e Idolatria: representações e simbolismos em torno do Fluminense Futebol Club e do Botafogo de Futebol e Regatas

por VICTOR FERREIRA MARTINS

Excertos de Trabalho Monográfico para obtenção do título de bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense; Niterói, 2014

Introdução

Este trabalho tem o intuito de mostrar, como o Fluminense Football Club e o Botafogo de Futebol e Regatas, dois clubes cariocas surgidos em um mesmo cenário histórico, durante a belle époque carioca, cujos participantes eram oriundos de “boas famílias” distando apenas 2 km um do outro, acabaram por criar concepções, estilos de jogo e simbologias diferentes, e como isto se relaciona aos ídolos que cultuam e com o estilo de jogo que apreciam.

Se o esporte, é uma “guerra sem tiros”, como afirmara Orwell (GIULIANOTTI, 2010, p. 179), o “clássico vovô”, nome dado ao clássico jogo entre Fluminense e Botafogo, representa não apenas uma rivalidade esportiva, mas também a rivalidade estética e social existente desde a gênese do dérbi. […]

Representações e simbolismos em torno do Botafogo de Futebol e Regatas

[…] O Botafogo Football Club surgiu em um momento em que já existia um clube localizado na região, dedicado ao remo, o Clube de Regatas Botafogo, o que causaria incidentes entre as duas agremiações até 1942.

O Botafogo […] surge como um clube formado por garotos, em comparação com o Fluminense, como relata Mário Filho na sua crônica “O Clube da Capa e Espada” (1956):

“O único clube rapaz é o Botafogo. Explica-se: foi o único clube que nasceu rapaz. Os outros, pelo menos, procuraram nascer homens. Já o Botafogo teve a preocupação de ser o oposto do Fluminense, que era o homem-feito. […] O Botafogo, pelo contrário, só precisou de uma apresentação ao Fluminense para virar clube. […] Diante do Fluminense, eles se sentiram, logo e logo, Botafogo” (p. 74).

Podem ser observadas na citação, a belicosidade e a rivalidade presentes já na gênese do Botafogo, em relação ao Fluminense. Ainda que fosse um clube surgido em um bairro rico da Zona Sul, com participantes da elite carioca, se diferenciou do Fluminense principalmente por ter sido formado como uma brincadeira de adolescentes que queriam praticar aquele esporte peculiar trazido da Europa. Mattos (1997) destaca o traço juvenil que se observava igualmente na postura de seus jogadores. Em comparação ao trato aristocrático dos clubes naquela época, de resolver as coisas cordialmente, o Botafogo apresentava um comportamento mais transgressor e indisciplinado. Foi um dos últimos clubes a aceitar o profissionalismo crescente no futebol carioca, abandonou um campeonato por uma punição feita a um jogador de seu time, além das brigas em campo e obscenidades, para o padrão da época, cometidos por Heleno de Freitas, conhecido como “bad boy”.

A decadência do bairro de Botafogo, deixando de ser aristocrático para ser um bairro de passagem, também impactou o clube. Cláudia Mattos ao comentar sobre essa elite decadente que formou o Botafogo usa o termo “elite irresponsável”, de Umberto Eco, que define como:

“No termo irresponsável não há um tom pejorativo. Usado aqui apenas como uma apropriação de uma definição dada por Eco, por elite irresponsável está se entendendo uma parcela da população com poder formador de opinião. Esta elite, obviamente, não se constituiu somente dos moradores de um Botafogo classe alta do início do século. Constituiu-se também por aqueles que se identificaram com a trajetória errante do Botafogo, que viveu o esplendor da zona sul, mas que conheceu também a vida de subúrbio e que, com isso, teria tido mais do que qualquer outro clube uma visão da realidade da vida no Rio de Janeiro”. (MATTOS, 1997, p.109).

Para a autora, este contexto fez com que o Botafogo, clube de um bairro em um momento de transição e mudança de seu padrão social, assumisse para si essa imagem de rebeldia e com mais “street smart”:

“[...] A elite irresponsável do Botafogo adquire, assim, seu lado bobo da corte, bufão, ao mesmo tempo parceira do poder e perturbadora da ordem, fruto de uma intelectualidade criada muito mais com o ponto de vista das ruas que o das instituições. Estes formadores de opinião cariocas não nasceram das teorias da academia, mas de um ponto de observação empírico das ruas, portanto, de certa forma, livres da esfera de dominação institucional da elite política e econômica e, ao mesmo tempo, fascinados por uma rebeldia popular” (MATTOS, op.cit., p. 112).

Além desse “street smart” atribuído ao botafoguense, resultado de uma intelectualidade formada mais “pela observação empírica das ruas” do que pelas teorias acadêmicas, associa-se o caráter supersticioso como um comportamento típico. As superstições acabam por surgir das experiências cotidianas, fornecendo um conhecimento daquilo que causaria sorte ou azar ao clube. Uma imagem recorrente que circula nos meios futebolísticos o define como um torcedor cheio de manias, vestindo a sua camisa da sorte, não fazendo certos rituais, como entrar no estádio com o pé esquerdo, e assim por diante.

A superstição é marca histórica daquilo que se denomina como “rebeldia alvinegra” em relação ao establishment e interessada nos conhecimentos advindos da experiência individual. Uma espécie de mito de origem é o caso de Carlito Rocha, apegado às suas superstições, associou a fuga do cachorro de um dos jogadores do Botafogo, Macaé, à vitória, de virada, sobre o adversário. Naquele momento, o fato do cachorro correr pelo gramado é traduzido, lido, interpretado como a capacidade da equipe para virar o jogo, fazendo surgir, assim, o mito fundante da superstição botafoguense: o do cachorro Biriba, que assistia aos jogos com Carlito Rocha, presidente do Botafogo à época, por crer que a presença deste trazia sorte à equipe.

Em termos típico-ideais, o alvinegro, aparece como […] descrente da ciência e afeito ao culto da sua personalidade em que, ele próprio, tem o poder de ganhar ou perder o jogo (MATTOS, 1997, p. 116).

Mas que categorias os botafoguenses utilizam para expressar sua identidade clubística? Que valores e representações nutrem sobre seus ídolos e sobre o modo como o futebol deve ser praticado? Os torcedores entrevistados fornecem algumas pistas. […]

[Em Nilton Santos] se observa uma característica presente no imaginário a respeito do Botafogo e valorizada pelos torcedores, a do “espírito rebelde”, expresso pela desobediência às ordens superiores, assinalando a autoconfiança de que o que fará vai dar certo, como destacou Mattos (1997). O temperamento forte, intempestivo do jogador, botafoguense assumido, acabou sendo visto como um reflexo do comportamento da torcida em campo. Outro exemplo da sua atitude contestadora que recusa aceitar ordens ocorreu no triangular final do Campeonato Brasileiro de 1971, em jogo contra o Atlético Mineiro, quando Nilton Santos, então dirigente do clube, desferiu um soco no juiz Armando Marques, derrubando-o das escadarias do Maracanã. Não foi a primeira vez que Nilton se desentendeu em campo indo “às vias de fato” já que, na chamada “Batalha de Berna”, episódio violento da partida entre Brasil e Hungria pelas quartas-de-final da Copa do Mundo de 1954, na Suíça, quando a Hungria de Puskás venceu o Brasil pelo placar de 4-2. A briga entre Nilton Santos e Bozsik fez com que ambos fossem expulsos de campo, transformando a partida em uma praça de guerra, em que confrontaram comissões técnicas, jogadores e todos que estavam no local.

Portanto, é possível ver que Nilton Santos, além de simbolizar a técnica, o virtuosismo, revela o comportamento intempestivo, de certo modo inconseqüente, representado pela briga que chega às “vias de fato” para defender o clube. Manifesta, também, uma postura valorizada e associada à história de constituição do Botafogo como um clube de comportamento rebelde.

Outro ídolo admirado é Garrincha, talvez o jogador mais citado como símbolo- referência da “identidade botafoguense”, que congregaria tanto as qualidades da habilidade técnica quanto as conquistas que obteve. Jogador de origem humilde, com físico que poucos considerariam apto a jogar futebol graças às pernas tortas, que posteriormente viriam a consagrá-lo, se notabilizou principalmente pelo estilo de jogo driblador e, muitas vezes, jocoso. Comumente é lembrado como o jogador que driblava o oponente, esperava-o levantar-se e o driblava novamente. Pode se comparar este estilo de jogo, e especialmente o significado do drible, com a ideia de Simmel (2006) do momento em que o valor, se automatiza transformando-se em valor para si mesmo. […]

Isto é, para Garrincha, o drible não era um recurso técnico utilizado com vistas ao gol ou a uma assistência. Ele não possuía valor de utilidade direta para o jogo, configurando-se muito mais como o drible pelo drible. Nesta estratégia, outros elementos pareciam centrais: a diversão de ver o oponente cair no chão, o desespero do adversário, as risadas dos torcedores e o próprio prazer.

Este caráter dionisíaco, do jogo instintivo, caótico, emocional que Garrincha manifesta com sua habilidade técnica, se relaciona diretamente com os ideais de uma conduta rebelde e quase anárquica presentes no imaginário sobre o clube alvinegro desde sua formação. Tal estilo acabou repercutindo sobre o Botafogo popularizando-o e chamando a atenção do mundo. Na categoria “conquistas” atribuídas à Garrincha está presente o reconhecimento de que ele retirou o clube de uma espécie de desconhecimento/anonimato alçando-o ao posto de mundialmente conhecido. Não apenas pelo êxito no Botafogo, mas particularmente pelo êxito na Seleção Brasileira, participando da conquista dos títulos de 1958 na Suécia, e de 1962 no Chile, projetando o Botafogo como um time de jogadores de extrema técnica. Como atestam algumas das respostas:

“Garrincha representa uma era de vitórias e de futebol-arte. […] Foi importante não só para o clube como também para o Brasil. […] Muita gente que o viu jogar, o considera melhor até mesmo que Pelé. Internacionalmente, a marca Botafogo é muito associada à ele”.

“Garrincha, porque mudou a história do Botafogo e o colocou no mapa do mundo”.

Além disso, a irreverência é algo que também marca o culto a Mané, presente em muitas frases atribuídas a ele, geralmente desmerecendo um campeonato ou não levando o mesmo a sério, com uma argumentação até certo ponto inocente. […]

Os torcedores alvinegros também destacaram a importância dos ídolos na relação de amor clubístico incondicional que manifestam, porém diferindo dos tricolores justamente na concepção sobre a técnica.

A técnica, para o Botafogo, possui um caráter mais dionisíaco, emotivo, livre, em oposição ao primado da forma e profissionalismo, que aparecem no Fluminense sob uma dimensão apolínea, da objetividade e do controle. Também foi possível notar a diferença no estilo de jogo preferido. Para o tricolor, é mais valorizado um time que se esforce, e dê seu sangue em busca do objetivo da vitória. Isto parece relacionar-se às concepções de auto-sacrifício muito arraigadas nas narrativas sobre seus ídolos. Os alvinegros, em contrapartida, mostraram preferir um jogo mais solto, ofensivo, com mais liberdade técnica, marcada pelos dribles.

Fonte: https://www.academia.edu/43208383/PERTENCIMENTO_CLUB%C3%8DSTICO_ESTILO_DE_JOGO_E_IDOLATRIA_Representa%C3%A7%C3%B5es_e_Simbolismos_em_torno_do_Fluminense_Football_Club_e_do_Botafogo_de_Futebol_e_Regatas

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