por Pedro Candeias
Lisboa, 27.07.2013
Semanário Expresso
[O texto que
se segue é um excerto de um artigo no jornal ‘Expresso’, o maior semanário
português em circulação, que ano após ano é premiado internacionalmente pela
sua qualidade jornalística.]
“Nos tempos
espalhafatosos de hoje, Messi é a antítese da estrela: não usa brincos,
diamantes ou cortes de cabelo ziguezagueantes. Se nos cruzássemos com ele no
passeio, passaria completamente despercebido, mergulhado em roupa desportiva e
olhos no chão. Mas a aparência frugal esconde um tipo super-competitivo e
mandão, que puxa cordelinhos para remexer o tabuleiro, nem que para isso o
Barcelona perca dinheiro em quantidades absurdas.
Todos se
lembram do que aconteceu com Zlatam Ibrahimovic: o sueco gigantesco (na altura
e no ego) foi progressivamente desviado do centro para a linha e da linha para
o banco de suplentes para que Lionel Messi assumisse o controlo das operações.
‘Ibra’, na sua biografia, atirou-se a Guardiola, acusando-o de mimar Messi até
à exaustão. (…) O sueco foi vendido por €27 milhões ao Milan quando custara €87
milhões. 1-0, Messi.
Depois
chegou David Villa, o recordista de golos da seleção espanhola – uma seleção
que teve avançados como Butragueño ou Raúl – e também ele não resistiu. O frisson entre ambos foi discutido
internamente, escarrapachado nos jornais e visível durante os jogos sempre que
Villa não assistia Messi. Naturalmente, a corda partiu pelo lado mais fraco e o
Barcelona vendeu agora Villa por €2,1 milhões ao Atlético de Madrid quando o
tinha comprado por €40 milhões ao Valência em 2010. 2-0, Messi.
Neymar ainda
está para assentar definitivamente arraiais na Catalunha, mas já sabe ao que
vai. Ele que é a contratação bomba do verão, a ideia mais credível dos últimos
tempos para o projeto em constante construção chamado “o próximo Pelé”, será a
figura secundária no Barcelona. “Não há dois galos para um poleiro, porque aqui
só há um galo: Messi. É o melhor do planeta”, argumentou o presidente Rosell
assim que o Barcelona anunciou a compra do craque brasileiro. 3-0, para Messi,
mesmo antes do apito inicial. O Barcelona é mais do que um clube. Messi é maior
do que um clube.”
Nota de
Mundo Botafogo: Indo mais atrás, a 2008, quando Guardiola se iniciou treinando o Barcelona, Deco, Eto’o e Ronaldinho Gaúcho foram dispensados para favorecer a
ascendência de Messi, para quem Xavi, Iniesta e Daniel trabalham
insistentemente – uma espécie de ‘senhor e seus vassalos’. Finalmente, há a
referir que foi Messi que indicou ao presidente do clube a sua preferência pelo
novo treinador contratado para dirigir o Barcelona (‘Tata’ Martino). É por isso
que intitulei esta publicação de ‘O erro de Neymar…’, não mantendo o título
original do artigo completo que se designa ‘Maior do que um clube’, porque
Neymar não será o número um, coisa que pela sua qualidade futebolística poderia
ocorrer se tivesse optado por outro grande clube europeu. Mas a mídia, descaradamente
favorável ao Barcelona e a Messi, também conseguiu ‘fazer-lhe a cabeça’ e cativar
o craque brasileiro para o clube catalão, embora seja necessariamente remetido
a número dois. Contabilizando os dados desta nota, já vai em 5-0 para Messi. Veremos o que o futuro reserva a Neymar.
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