Morrer cheiroso ou escapar fedendo?...

Fábio ‘Snoopy’ escreveu um artigo, sob o título acima, inspirado pelo Phoquinha, o qual havia colocado o dilema: “morrer cheiroso ou escapar fedendo?”

A tendência é para que a resposta dado por todos nós (botafoguenses) seja “escapar fedendo”. Tendo inicialmente algumas dúvidas, escrevo sobre o assunto.

Ao contrário de certas opiniões, não quero ser ‘feliz’ em 2010 como o Vasco da Gama está sendo ‘feliz’ em 2009. É certo que a torcida vascaína anda toda contente; é certo que a torcida corintiana vibrava em 2008; é certo que os gremistas e os palmeirenses se excederam em apoio quando os seus clubes desceram de divisão.

Porém, por muito felizes que estes tenham sido, ou que os botafoguenses também tenham sido em 2003, tal coisa não me traz felicidade nenhuma. O triúnviro Júlio César disse um dia que preferia “ser chefe de uma aldeia gaulesa do que o 2º em Roma”. Mas eu não prefiro estar com os piores para me sentir melhor do que sou; eu prefiro estar com os melhores, mesmo quando eles são melhores do que eu próprio.

Dito isto, o leitor imediatamente descobre que eu prefiro a solução “escapar fedendo”. Mas realmente também não é solução que me agrade.

Uma coisa é não ser o melhor entre os melhores; outra coisa é manter-me ‘fedendo’ em torno dos melhores. Nem eles têm respeito por mim nem eu me sinto crescendo ao lado deles – pelo contrário, a tendência é entrar na lógica da sobrevivência em que tudo serve para não “morrer cheiroso”.

Na atual realidade botafoguense, “escapar fedendo” é ter que ouvir, no final do campeonato, as declarações de botaguenses que mais parecerão comemorações da conquista do título do que uma modesta escapada à segunda divisão nacional. É ter que ouvir as mais labirínticas confusões mentais do presidente a ufanar-se do feito conseguido, sem se lembrar que estabelecera como meta o título brasileiro já em 2009; é ouvir as inocentes diatribes do diretor de futebol dando ‘tiros nos pés’ entrevistado à mesa comendo, comendo, comendo…; é ter que suportar o gerente de futebol por mais um tempo e vê-lo a inchar à custa dos equívocos que introduziu nas contratações de jogadores absolutamente incapazes de honrar o Glorioso; é ter que ouvir, pela milésima vez, o blá-blá-blá pegajoso de Leandro Guerreiro ou as declarações viscosas de Juninho; é ter que ouvir uma carrada de jogadores a prometerem um ano de 2010 diferente, quando o ano de 2009 deveria acabar com eles porta fora de General Severiano. Com eles e com todas as personagens dirigentes a que me referi.

“Escapar fedendo” significa ter que aguentar outro ano como este, e significa não me escapar do presidente, do diretor de futebol, do gerente de futebol, de jogadores que nunca deveriam ter entrado em General Severiano e de um monte de torcedores que vão andar estupidamente felizes por não terem morrido “cheirosos”, mas escapado “fedendo”. Não quererei estar ao lado deles, nesse momento, para não sentir o fedor da falta de ambição.

Mas…e se morrermos “cheirosos”?... Bem… a verdade é que ninguém quer morrer, e eu próprio não quero andar torcendo em clube de segunda divisão. Porque a recuperação iria ser difícil e muita gente estará à espreita para não nos deixar alcançar nenhum dos quatro lugares de acesso. Portanto, “morrer cheiroso” também não interessa.

Então, em que ficamos perante tamanha contradição?...

A primeiríssima solução é que estes jogadores e esta Comissão Técnica, apesar das superiores irresponsabilidades dos dirigentes, se encham de brio e façam das 13 jornadas finais um marco de recuperação estóica do Botafogo de Futebol e Regatas! Que todos os torcedores lhes exijam até à última gota de suor e de sangue, para que não venham a exibir as lágrimas exasperantes que eu vi nos rostos dos vascaínos no ano passado, nem sorrisos impróprios de quem escapou apenas por ‘uma unha negra’.

Portanto, não quero “morrer cheiroso” nem “escapar fedendo”. Não quero “escapar fedendo”. Não quero “escapar fedendo!!!”. Não fui educado para “escapar fedendo”. Fui educado para lutar briosamente e, em circunstâncias limite, “morrer cheiroso”.

Mas, realmente, não pretendo “morrer cheiroso”. E se não me mantiver “cheiroso” após 13 jornadas Gloriosas, não resta senão “escapar fedendo”, porque não quero torcer na segunda divisão.

E por entre as trevas desta ‘contradição fundamental’ quero deixar claro, a todos os botafoguenses, que se “escaparmos fedendo”, não podemos embandeirar em arco com esta diretoria, responsável por um ano catastrófico, como se de um título se tratasse e irmos para casa felizes com o 15º ou o 16º lugar. E continuarmos, em 2010, a suportar dirigentes ineptos e que nenhuma consideração têm tido pela torcida do Glorioso.

O Snoopy, o Phoquinha e eu próprio, tal como centenas de milhares de botafoguenses, estão certamente a admitir “escapar fedendo”, porque infelizmente conhecemos o desempenho desta diretoria e destes jogadores, assim como a pífia recuperação introduzida pela comissão técnica.

Mas como “escapar fedendo” significa suportar a ‘Suprema Corte dos Gordos’ dizendo em 2010 os mesmos disparates de 2009, exorto todos os botafoguenses para que não fiquem inertes se “escaparmos fedendo”; que em 2010 pressionem esta gente de todas as formas, porque eles jamais poderão ser competentes se não o foram até às idades que cada um tem.

Se “escaparmos fedendo” ou “morrermos cheirosos” urge que, em qualquer caso, a torcida botafoguense mostre o que vale e consiga desacreditar aos olhos de todos os botafoguenses o grupo de ineptos que tomou conta do Glorioso desde há muito tempo. Pela simples razão de não querermos o “fedor” deles nem continuarmos a “feder” ao lado dos melhores do futebol brasileiro, que é o que nos está acontecendo…

Ah… como desejo “escapar cheiroso” e honrado!…

Exorto todos os botafoguenses para que não se satisfaçam com migalhas, mas apenas com miolo inteiro. E que enquanto tiverem que comer migalhas, não se sintam a comer miolo nem cedam desonradamente aos que comem miolo. A resiliência deve ser uma virtude cultivada por nós, para que num dia muito próximo…

…POSSAMOS COMER MIOLO E SER “CAMPEÕES CHEIROSOS”!

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