por Daniel Butter
Blog Chuteira Preta (excerto de
artigo)
“O Galo prova: nada
pode deter o Botafogo. O que trava o Botafogo além da medida necessária do
tempo para fazer da vitória final uma apoteose? Nada. Leio na maré positiva em
torno do Botafogo não os sinais do futuro próximo, dum Brasileirão que bem pode
acabar em General Severiano, mas dum futuro mais distante, ainda que certo: por
que o Botafogo não pode ser campeão da Libertadores, torneio do qual doi
semifinalista duas vezes? Pois pode e será, à moda do Botafogo. Esqueçam de
precisar o “quando”, algo abaixo da dignidade dos povos à espera do messias:
pensem no “como”.
Tenho um projeto
pessoal de reunir algumas ficções de redenção para clubes que precisam acertar
as contas com a história (todos os clubes precisam acertar contas com a
história). No caso do Botafogo, imagino uma final de Libertadores no Maracanã:
Botafogo x Alianza Lima, na repetição de um duelo da primeira fase de 1963. O
jogo é de volta, o Botafogo precisa vencer por dois gols de diferença (perdeu
de 2×1 no Peru). O primeiro tempo no Rio vira 0×0. No intervalo, no vestiário,
o centroavante do Botafogo, vice-artilheiro do torneio, desaba no chão como uma
árvore velha. O médico do clube busca sinais vitais, não encontra. O
centroavante morre: não como a negação do “ser”, e sim como a suspensão do
“estar”: em meio ao burburinho, o artilheiro levanta. É outra pessoa quando
mira seus companheiros rezando, seu técnico, vermelho duma fúria santa, batendo
na porta, e o médico examinando, tentando ser profissional no contraste entre
um sorriso louco e uma sentença repetida como um mantra baixinho: “assim não dá
para voltar”. (O roupeiro já rasgava as vestes.) O artilheiro não fala. Estica
a camisa, arruma o short, sai sozinho para o gramado, afasta a imprensa e
aguarda ali. O resto segue, como se atravessasse um mar. Um “sim” de garganta,
de gana e também de desespero, faz o técnico bancar. O centroavante joga. (Será
que ronaldaria?) Seu comportamento no segundo tempo é o de um acrobata perdido
num problema de física: sua disposição espanta, está nos lances todos, ainda
que a um, dois centímetros aquém. As chances se sucedem. O Alianza monta
guarda. Aos 39, bola cruzada na área, testa do acrobata, Botafogo 1×0. Cera,
três no chão, rumo da prorrogação e talvez dos pênaltis. A segundos dos 49, uma
bola afastada pela defesa encontra o acrobata no meio-campo, que corre reto.
Sem drible, no disparo, chega à ponta da área adversária, chuta para acertar o
ângulo, e a bola encontra a quina: volta da trave sem quique, no peito do
acrobata confuso, e retorna ao gol, agora para dentro. O goleiro está
batido: Botafogo 2×0, o acrobata confuso cai de novo, enfim com graça: reza em
língua estrangeira até para ele. Quando o juiz apita, depois de um reinício por
formalidade, o acrobata segue orando atrás do gol. Ninguém entende. Botafogo
campeão da Libertadores.
É bem possível que
venha a ser mais fácil que isso, mas será Botafogo. Acontecerá.”
[Nota de Mundo
Botafogo: a maneira mais fácil e eficaz de chegar à Taça Libertadores das
Américas é vencer a Copa do Brasil…]
2 comentários:
A própria taça deseja ser eternizada em nossa sala de troféus e fazer parte da nossa história. Ela se sente injustiçada.
Acho que isso acontecerá, sem nenhum sobressalto e até com certa facilidade, contra o River Plate em pleno Monumental de Nuñez.
PS: O Seedorf entrará para os muros dos ídolos com a alcunha de LIBERTADOR.
PS: A taça Libertadores terá a plaquinha com nosso escudo para sempre. Ficará mais bonita e luminosa.
Perfeito!
Um abraço,
Patrick
Seedorf, um surinamês, jogando num clube braileiro e vencendo na Argentina, O LIBERTADOR! - Bem visto, boa composição sul-americana. Sem contar que o homem também é europeu por opção!
A sério: acho que depois d eo Atlético Mineiro conquistar a tal da Libertadores, tem que chegar rapidamente a vez do Botafogo. Precisamos ganhar a Copa do Brasil para ir à Libertadores. Se não der, só podemos lá ir para 2015 ou 2016 Mas isso só acontecerá se esta direção dirigir o clube até ao fim sem mais nenhuma 'acrobacia financeira' e uma nova direção tenha um presidente realmente habilitado para construir uma grande direção como nas décadas de 1950-60.
Abraços Gloriosos!
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