segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Botafogo 3x1 Juventude: CR9, o artista improvável, emerge no Glorioso!

Crédito: Vitor Silva / Botafogo.

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

Em um jogo onde a improbabilidade conjunta de acontecimentos favoráveis ao Botafogo mascararam muito bem as evidentes deficiências da nossa equipe mediante um resultado enganador, vale a pena seguir a abordagem cronológica dos acontecimentos.

O Juventude começou a partida muito melhor do que o Botafogo. Com muito empenho, boa marcação e ganho sucessivo de bolas divididas, os gaúchos mantinham o Botafogo em sentido e ameaçavam marcar a qualquer momento, perante um Botafogo meio atônito errando passes, perdendo divididas, sem criação a meio campo e um ataque que vivia de jogadas individuais de Jeffinho e de luta de Cabral contra a zaga, mas sem resultados concretos.

Pela nossa parte somente aos 23’ conseguimos cabecear à baliza, através de Cabral, mas a bola foi bem defendida por Jandrei. A qualquer momento se desenhava o gol do Juventude ante um Botafogo sem nenhuma espécie de vibração nem capacidade de penetração, enquanto o Juventude ia a cada disputa como se tivesse vontade de comer a própria bola. E eis que aos 29’ o experiente Nenê efetuou um cruzamento, em jogada típica dos gaúchos, Batalla cabeceou e o goleiro Neto, muito mal batido, aceitou. Juventude 1x0.

Porém, apesar do esforço do Juventude, a estrela estava do outro lado. Cabral entrou na área, foi travado ilegalmente e o árbitro mandou seguir a jogada. E aqui abro um parêntesis para mais uma cena ridícula de narrador e comentador.

Nem narrador nem comentador consideraram pênalti uma falta que na minha ótica era claramente pênalti logo à primeira vista. Desdobraram-se em análises ‘profundas’ para justificar a omissão da arbitragem. Porém, o VAR chamou o árbitro e após análise foi assinalado o pênalti – e eis que os nossos anfitriões televisivos passaram a aceitar o pênalti por que, afinal (!), havia um ângulo de imagem que permitia considerar pênalti. Já não há paciência para estes aldrabões incompetentes e parciais inclusive em transmissões internacionais!

Como de costume, Alex Telles bateu na perfeição, rasteiro, no canto, e empatou a partida aos 38’, sem que o Botafogo tivesse realmente feito algo para o merecer. O meio campo não existia e peço, imploro, a Marlon Freitas que não remate à baliza – de dois remates, um na 1ª parte e outro na 2ª parte, ambos viajaram em direção à arquibancada. Aliás, confesso que não vislumbro as virtudes de que Marlon Freitas tem sido alvo, porque não marca bem, chuta pessimamente e a maior parte das suas intervenções são passes lateralizados – raramente efetuando lançamentos longos e bem colocados. É uma opinião da qual muitos irmãos de escudo discordarão.

Para meu alívio não se passou mais nada de relevante na 1ª parte, porque apesar do esforço e do brio dos jogadores do Juventude, a sua grande jogada era a bola aérea, que levava perigo, naturalmente, mas que foi sempre rechaçada, excepto quando Neto aceitou uma cabeçada cuja consequência foi o fundo da baliza. Aliás, a incapacidade do Juventude em entrar na área e com poucas soluções de eficácia, agrava ainda mais as críticas passíveis de serem feitas à nossa equipe, porque não se conseguiu encontrar face a um adversário que, corajoso e ousado, evidenciou que atualmente já ninguém ‘respeita’ o Botafogo em campo, já ninguém nos teme como há oito meses temia.

Esperei que algo acontecesse com a equipe na 2ª parte, mas nada de divergente ocorreu. O mesmo marasmo botafoguense, o Juventude atacando com perigo pelas pontas, doando-se em campo contra a burocracia do Botafogo, ameaçando o 2x1 e a nossa equipe mostrando que não dispunha de armas suficientes para virar o resultado, nem mesmo após as três primeiras substituições com a entrada de Matheus Martins, Danilo e Marçal, apesar de ter melhorado a ligações, 

Até que o técnico decidiu tirar de campo o improdutivo Joaquín Correa aos 66’, substituindo-o pelo estreante Chris Ramos, assim como Montoro substituído por Santi Rodríguez aos 79’, já sem produção suficiente, e a estrela tornou a brilhar.

No entanto, quem perigava mais era o Juventude: aos 71' Neto foi chamado a uma intervenção providencial espalmando uma bola venenosa e ao 72' foi a vez de um remate fora da grande área que explodiu estrondosamente na trave.

Contra todas as expectativas de então, em um dos raros contra-ataques rápidos do Botafogo, Danilo enfiou uma bola no meio, Cabral tocou instintivamente para Chris Ramos em posição frontal próxima à linha de área, o nosso nº 9 tirou a zaga da jogada com um toque subtil e rematou rasteiro e cruzado para o canto direito de Jandrei, virando o resultado. Botafogo 2x1.

A improbabilidade de vencer a partida, e sobretudo de um atacante discreto, que fez carreira apenas em Espanha, e principalmente em clubes de 2ª e 3ª divisão, ser o protagonista da equipe na sua estreia, tomou conta do jogo novamente. O improvável Chris estava exatamente onde os 9 devem estar para resolver as partidas.

Ferido pela injustiça do placar tendo em conta toda a partida, o Juventude avançou mais as suas peças na ânsia do gol e partiu-se. Já nos acréscimos, após ataque dos gaúchos, a bola sobrou na nossa defesa para Matheus Martins, que lançou rapidamente Santi Rodríguez em contra-ataque veloz e venenoso com várias peças em movimento para a frente, e na meia-lua da grande área tocou subtilmente para o lado direito onde novamente apareceu o improvável Chris Ramos ajeitando a bola com um toque e rematando forte para bisar inapelavelmente e ter a sua estreia de sonho. Botafogo 3x1 e resultado sacramentado.

Sacramentado?... Talvez não… O Juventude estoicamente não desistiu e numa boa jogada a partir da defesa, rematou à entrada da nossa grande área, David Ricardo decidiu jogar handebol dando um tapa numa bola que Neto estava em posição de agarrar e o árbitro marcou obviamente penalidade máxima. Porém, a improbabilidade repetiu-se mais uma vez: o jogador que assistiu ao companheiro para o remate acabara de sair de fora de jogo e estava naturalmente impedido, sendo anulada a marcação da grande penalidade.

Jogo atípico, com muitas deficiências da nossa parte, evidenciando uma equipe insegura, pouco esclarecida no meio campo, perdendo muitas disputas divididas e errando muitos passes, pouco produtiva de jogadas organizadas, sem vibração e intensidade atacante.

A apreensão continua porque o conjunto das improbabilidades a nosso favor não correrá com frequência. E sobretudo porque o jogo de futebol está perdendo as características bases do espetáculo desportivo, intenso, bem disputado, tecnicamente bem qualificado, a favor da força física, das faltas, de duplas linhas de quatro em frente à grande área, enfim, está perdendo a magia em muitos casos e o Botafogo não é excepção num ano em que o anti-planejamento tem sido o protagonista maior.

Ancelotti, embora se deva ter em conta as nossas dificuldades, ainda não mostrou ao que veio e o nosso futebol não é recomendável. Urgem mudanças rápidas, com reforços capazes e inovações em lugar da burocracia futebolística, porque mais uma eliminatória da Copa do Brasil está à porta e a luta pelo G4 vai ser intensa.

FICHA TÉCNICA

Botafogo 3x1 Juventude

» Gols:  Alex Telles, aos 38’ (pen.), e Chris Ramos, aos 83’ e 90+1’ (Botafogo); Batalla, aos 29’ (Juventude)

» Competição: Campeonato Brasileiro

» Data: 24.08.2025

» Local: Estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul (RS)

Árbitro: Flávio Rodrigues de Souza (SP); Assistentes: Neuza Inês Back (SP) e Luiz Alberto Andrini Nogueira (SP); VAR: Ilbert Estevam da Silva (SP)

» Disciplina: cartão amarelo – Newton e Alexander Barboza (Botafogo)

» Botafogo: Neto; Vitinho, Alexander Barboza, David Ricardo e Alex Telles (Marçal); Newton (Danilo), Marlon Freitas e Joaquín Correa (Chris Ramos); Jeffinho (Matheus Martins), Arthur Cabral e Álvaro Montoro (Santi Rodríguez). Técnico: Davide Ancelotti.

» Juventude: Jandrei; Reginaldo, Wilker Ángel, Luan Freitas e Alan Ruschel (Marcelo Hermes); Caíque (Giraldo), Jadson, Mandaca (Matheus Babi) e Nenê (Gabriel Veron); Gabriel Taliari e Batalla (Rafael Bilu). Técnico: Thiago Carpini.

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