quarta-feira, 9 de abril de 2014

Ulf Lindberg Henrik, emociona-se no túmulo de Garrincha (2)

Antonio Maria Filho
13 de novembro de 2005
http://oglobo.globo.com

Ulf Lindberg, de 46 anos, o filho sueco de Garrincha, emocionou-se ao visitar o túmulo do pai, no Cemitério de Raiz da Serra, em Pau Grande, distrito de Magé. Sempre acompanhado do filho Martin, era visível o seu sofrimento. Porém, ao chegar ao modesto Estádio Mané Garrincha e se encontrar com quase todas as irmãs e parentes brasileiros, sua fisionomia mudou. E o ânimo também.

Ele e as irmãs não conseguiam parar de se abraçar. E o que mais chamava a atenção dos filhos de Garrincha — de Ulf, inclusive — eram os narizes batatudos da família, que os deixavam parecidos com o famoso pai.

— “Vejo o meu nariz no rosto delas” — afirmou Ulf em inglês.

Márcia não resistiu: apertou o nariz do irmão sueco com tanta força que o levou a fazer careta.

— “Fiz plástica, mas ainda assim o dele é igualzinho ao meu” — comentou Márcia, apontando para o de Martin, o sobrinho sueco, de 16 anos, que acabara de conhecer.

Ulf se sentia à vontade e confortável ao receber o carinho das irmãs Cintia, Rosangela, Juraciara, Marinete, Márcia, Terezinha e Cecília. Denise, que reside no distrito de Fragoso (Magé), foi a única que não apareceu.

— “Abraçar irmão é diferente. Existe mais afeto. E elas são minhas irmãs.”

A pequena cidade parou para recepcioná-lo. Quando se preparava para entrar no Mané Garrincha, onde disputaria uma pelada contra um time de veteranos de Vila São João, de Duque de Caxias, ficou curioso para saber o que estava escrito numa faixa.

O sueco Frederick Ekelund, que fala português e comandava o grupo de visitantes, fez a tradução:

— Ela diz: “Ulf Lindberg, seja bem- vindo. Sinta-se em casa. Saudações.”

Aquela localidade tão distante de uma grande cidade, mas um recanto tão humilde quanto acolhedor, mexeu com o coração do filho de Garrincha.

— “Descobrir irmãos num país tão distante provoca grande ansiedade. E chegou esse dia tão especial” — disse Ulf.

Mas não eram apenas os parentes que o assediavam. Boa parte da população daquele distrito queria saudá-lo e tirar fotos ao seu lado. Ulf, uma pessoa simples, que sequer conheceu os pais (gerado do romance entre Garrincha e sua mãe em 1959, ele foi criado por pais adotivos), atendia a todos.

Martin, o neto de Garrincha, também mereceu o carinho dos parentes brasileiros. Eram tias, primas, primos e avós emprestadas querendo abraçá- lo, passar a mão em seu cabelo.

E na pelada, vencida pelos veteranos de Caxias por 4 a 3, o destaque acabou sendo o jovem Martin: ele, como apoiador, marcou dois gols e distribuiu as jogadas exibindo estilo refinado. Com problemas no joelho, Ulf atuou como goleiro e todos os gols sofridos foram por cobertura. Pelo que se viu, do pai ele herdou a simpatia, o nariz batatudo e as pernas tortas.

3 comentários:

Blogger do Genaldo Souto disse...

Impressionante está matéria de um filho em busca do pai biológico e sem frescuras abracando a todos!

Ruy Moura disse...

Encontros da vida, Genaldo... Muito bonito!

Abraços Gloriosos.

Unknown disse...

Maravilhoso ! Providęncia Divina !

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