por LUIZ
GUSTAVO MEDEIROS DE LIMA
Graduado em
Ciência Sociais e cursando atualmente mestrado em Literatura, carioca,
botafoguense, leitor assíduo do blogue
Outro clube que evidentemente dispensa
comentários é o Santos. O esquadrão de Pelé, Zito e Pepe era soberano no seu
estado na década de 1960 e venceu o Rio-São Paulo de 1963, 1964 (ex aequo com Botafogo) e 1966 (ex aequo com Botafogo, Corinthians e
Vasco). O Torneio Rio-São Paulo viu em 1961 uma das maiores equipes do Flamengo
de todos os tempos vencer. O time tinha Dida e Joel como destaques e revelou o
talento daquele que viria a ser um dos maiores meio-campistas da história da
Seleção Brasileira e do futebol mundial: Gérson. O Rio-São Paulo também coroou
o grande Palmeiras de 1965, que tinha Servílio, Dudu, Djalma Santos e Ademir da
Guia e que foi campeão com uma campanha praticamente perfeita, aplicando
goleadas em grandes times e colocando o clube alviverde como uma das maiores
potências da década. O Robertão confirmaria a espantosa qualidade daquele
elenco Palmeirense. Corinthians e Vasco ganharam o Rio-São Paulo de 1966 em um
final de campeonato confuso em que os clubes, desfalcados de seus jogadores convocados
para a seleção, optaram por não jogar o quadrangular final fazendo com que os
quatro clubes, que tinham a mesma quantidade de pontos, fossem considerados
campeões. O Corinthians de 1966 tinha Garrincha, Rivelino e Dino Sani e o Vasco
tinha Fontana e Brito. Todos eles campeões do mundo. É claro que não se pode
ignorar o Cruzeiro de Tostão, Dirceu e Piazza, que venceu a Taça Brasil de 1966
esmagando o Santos e foi pentacampeão mineiro consecutivamente. Foi a partir do
massacre cruzeirense em cima do Santos do Pelé que as federações paulista e
carioca em parceria com a CBD resolveram, de forma justa, colocar clubes de
outros estados no torneio, gerando assim o Robertão ou Taça de Prata.
Destaco, ainda, a infelicidade de não haver, na
década de 1940, torneios regulares e bem organizados que pudessem fazer justiça
ao futebol daquela época. Infelizmente o Rolo Compressor do São Paulo e o
Expresso da Vitória do Vasco, que foram a base da seleção de 1950, não podem
ser considerados campeões nacionais em virtude de não haver naquela época um
grande torneio, com regularidade, que reunisse os maiores clubes do país, embora
poucas vezes um clube tenha sido tão hegemônico em seus estados como esses dois
times foram. O Vasco ganhou quatro cariocas naquela década, enquanto o São
Paulo venceu por cinco vezes o Paulista. Os dois clubes também tiveram dois dos
maiores jogadores do futebol brasileiro do período anterior aos títulos
mundiais conquistados por Pelé, Garrincha e companhia: Ademir Menezes e
Leônidas da Silva.
É claro que os torcedores de Santos e Palmeiras
não podem reclamar da unificação acatada pela CBF, pois foram os clubes mais
contemplados. Santos foi pentacampeão da Taça Brasil, além de ter vencido uma
Taça de Prata, e foi beneficiado com mais seis títulos de campeão Brasileiro. O
Palmeiras foi bi-campeão da Taça Brasil e bi-campeão da Taça de Prata, ganhando
quatro novos títulos. Torcedores de Bahia e Cruzeiro devem ter ficado em êxtase
com a decisão da CBF, pois foram considerados o melhor time do Brasil por outro
ano.
Entretanto, compreendo que a decisão da CBF não
traduz a realidade do futebol brasileiro dos anos contemplados. Efetivamente, não
revela a importância dos jogadores e clubes daquela época de forma justa.
Gostaria de ver uma revogação dessa decisão e acredito que a melhor e mais
justa maneira de unificar os títulos de campeão Brasileiro e honrar o futebol
brasileiro evidenciando com justiça a qualidade de esquadrões inesquecíveis de
tempos atrás, é interpretar que o Torneio Rio-São Paulo ou o Roberto Gomes
Pedrosa foi o embrião do atual Campeonato Brasileiro, pois o Robertão realizado
entre 1967 e 1970 nada mais é do que uma ampliação do Rio-São Paulo e o atual
mais importante campeonato nacional é justamente a consolidação do Robertão e
que, isto posto, deve ser apreciado como o primeiro Campeonato Brasileiro, haja
vista que definiam de forma justa o melhor time do país.
Quanto à Taça Brasil, acredito que deva ser
qualificada como Copa do Brasil, pois os dois possuem o mesmo formato e a
peculiaridade de permitir que um clube desconhecido possa conquistar um título
nacional. A Taça Brasil não define a melhor equipe, pois seu formato de
mata-mata restringe os duelos fazendo com que um clube possa vencer o torneio
disputando apenas contra clubes de qualidade extremamente inferior. Outra
observação a respeito da Taça Brasil é o dela colocar os clubes paulistas e
cariocas diretamente na fase final, enquanto clubes de outros estados tinham
que realizar mais partidas. É curioso que muitos dos que criticam a hipótese de
se considerar o Rio-São Paulo como Brasileiro afirmam que um torneio entre
equipes de apenas dois estados não pode ser considerado de âmbito nacional. Mas,
veja-se bem, a Taça Brasil também privilegiava enormemente os clubes paulistas
e cariocas, colocando-os a dois duelos do título. Podemos usar novamente como
exemplo o Campeonato Argentino. Em um determinado período do futebol argentino,
havia torneios disputados apenas por clubes de Buenos Aires. Estes torneios
eram de grande importância justamente pelo fato de Buenos Aires concentrar os
melhores clubes da Argentina. Pouco depois a AFA resolveu incluir clubes do
interior do país de modo a federalizar a competição, dando origem ao Campeonato
Argentino como conhecemos hoje. Contudo,
estes torneios metropolitanos foram unificados pela AFA e são considerados como
Campeonato Argentino.
Acredito que o combustível para que a CBF venha
a fazer esta unificação é o desejo de atribuir uma importância maior ao futebol
de clubes ocorrido durante o período mais importante do futebol Brasileiro e para
que, se o fizer, o faça da forma mais justa. O futebol brasileiro está tão
maculado de desonestidade que uma decisão dessas não pode ser feita sem uma
análise profunda que procure uma resolução digna.
A lista dos campeões Brasileiros e da Copa do
Brasil, segundo a minha sugestão de unificação, ordenada pela quantidade de
títulos por clube, assumiria a seguinte forma:
Campeonato Brasileiro
» Corinthians – 10 títulos – 1950, 1953, 1954,
1966, 1990, 1998, 1999, 2005, 2011, 2015
» Palmeiras – 9 títulos – 1951, 1965, 1967,
1969, 1972, 1973, 1993, 1994, 2016
» Santos – 7 títulos – 1959, 1963, 1964, 1966,
1968, 2002, 2004
» Flamengo – 6 títulos – 1961, 1980, 1982, 1983,
1992, 2009
» Fluminense – 6 títulos – 1957, 1960, 1970,
1984, 2010, 2012
» São Paulo – 6 títulos – 1977, 1986, 1991,
2006, 2007, 2008
» Vasco da Gama – 6 títulos – 1958, 1966, 1974,
1989, 1997, 2000
» Botafogo – 4 títulos – 1962, 1964, 1966, 1995
» Cruzeiro – 3 títulos – 2003, 2013, 2014
» Internacional – 3 títulos – 1975, 1976, 1979
» Grêmio – 2 títulos – 1981, 1996
» Portuguesa – 2 títulos – 1952, 1955
» Atlético Mineiro – 1 título – 1971
» Atlético Paranaense – 1 título – 2001
» Bahia – 1 título – 1988
» Coritiba – 1 título – 1985
» Sport – 1 título – 1987
» Palmeiras – 6 títulos – 1960, 1967, 1998,
2000, 2012, 2015
» Santos – 6 títulos – 1961, 1962, 1963, 1964,
1965, 2010
» Cruzeiro – 5 títulos – 1966, 1993, 1996, 2000,
2003
» Grêmio – 5 títulos – 1989, 1994, 1997, 2001,
2016
» Flamengo – 4 títulos – 1990, 2001, 2006, 2013
» Atlético Mineiro – 3 títulos – 1937, 1978,
2014
» Corinthians – 3 títulos – 1995, 2002, 2009
» Botafogo – 2 títulos – 1931, 1968
» América-RJ – 1 título – 1982
» Bahia – 1 título – 1959
» Bangu – 1 título – 1967
» Criciúma – 1 título – 1991
» Fluminense – 1 título – 2007
» Internacional – 1 título – 1992
» Juventude – 1 título – 1999
» Paulista – 1 título – 2005
» Paulistano – 1 título – 1920
» Paysandú – 1 título – 2002
» Santo André – 1 título – 2004
» Sport – 1 título – 2008
» Vasco da Gama – 1 título – 2011
4 comentários:
Rui, muito obrigado por gentilmente postar meu texto aqui no seu espaço. Espero que consiga gerar um burburinho em torno desse assunto.
Saudações alvinegras
Grande abraço!
Sempre à sua disposição, Luiz Gustavo. O blogue é de e para todos nós.
Abraços Gloriosos.
A relevância da taça Brasil é muito maior que da atual copa do Brasil,a taça Brasil tinha como finalidade apontar o time campeão brasileiro e o levar a disputar a libertadores, fórmulas parecidas não tornam competições equivalentes mas sim a finalidade
Eu concordo, Anônimo. É por isso que mudei de opinião quanto aos supostos três títulos mundiais do Botafogo, dos quais até foram confecionadas taças há uns pouco anos. Nenhum desses tantos torneios que ganhamos tinha por finalidade definir um campeão do mundo. E por outro lado discordo de se considerarem títulos mundiais jogos de natureza privada, não oficiais, designadamente as Copas Intercontinentais de antigamente.
Abraços Gloriosos.
Enviar um comentário