Imagem: revista Placar 21.01.1977
Perivaldo Lúcio Dantas,
apelidado o Peri da Pituba, nasceu a
12 de julho de 1953, em Itabuna, na Bahia, e faleceu a 27 de julho de 2017, no
Rio de Janeiro, em decorrência de uma pneumonia, tendo sido lateral direito. Em
atividade durante 13 anos.
Perivaldo, o famoso
‘filho’ de Itabuna, iniciou-se no Itabuna (1973-1974), prosseguiu no Bahia
(1975-1977, sagrando-se tricampeão baiano) e chegou finalmente no Botafogo
(1977-1982) com os louros de melhor lateral-direito do campeonato brasileiro de
1976 e vencedor da ‘Bola de Prata’ da revista Placar, tendo sido emprestado ao
São Paulo em 1981 (campeão paulista). Depois rumou ao Palmeiras em 1983 e ao
Bangu, onde permaneceu entre 1984 e 1986 (vice-campeão brasileiro em 1985).
Finalmente, no ano seguinte, jogou pelo Yukong Elephants (Coreia do Sul) e
encerrou a carreira.
Imagem: revista Placar, 17.04.1981
Jogador muito
ofensivo, ficou conhecido pelos cruzamentos por trás do gol, levando com um
injusto estigma de mau cruzador. Foi vítima de preconceito da mídia conhecida
por ‘flapress’, que preferia Leandro do Flamengo e Edvaldo do Fluminense.
Perivaldo foi artilheiro do Botafogo em uma temporada e tornou-se cobrador
oficial de pênaltis. No Maracanã, a torcida Gloriosa entoava: – “Não tem Leandro, nem Edevaldo, o lateral da
Seleção é Perivaldo!”
O craque estreou-se
no Botafogo a 19 de janeiro de 1977 na derrota para o Bahia por 1x0, em
amistoso. Atuou 282 vezes pelo Glorioso e assinalou 34 gols.
Imagem: Ignácio Ferreira, revista
Placar, 19.10.1979
A sua atuação no
Botafogo valeu-lhe convocatória para a Seleção Brasileira entre 1981 e 1982.
Estreou-se no dia 8 de julho de 1981 na vitória sobre a Espanha, em amistoso,
com gol de Baltazar. Perivaldo atuou três vezes pela Seleção Brasileira.
Jogou ao lado de
Zico, Falcão e Sócrates, tendo ficado conhecido por ter evitado, em cima da
linha de meta, o golo da vitória da Seleção Checoslovaca através de uma notável
‘bicicleta’. Foi um grande jogador.
Porém, Perivaldo não
soube orientar-se na vida, e da Seleção Brasileira e do seu estrondoso sucesso
até se tornar mendigo e viver na rua foi um passo.
Orgulhoso e
esquecendo os tempos de Itabuna, Perivaldo sucumbiu diante do sucesso e
desfilava um ‘new look’, sendo considerado por muitos colunistas esportivos
como ‘mascarado’ e contumaz esbanjador de dinheiro que se pavoneava ao volante
de um reluzente automóvel Puma.
Imagem: revista Placar, 01.08.1980
Sempre vestindo
espalhafatosamente, Perivaldo definia o seu estilo como uma revolução segundo
os padrões da moda à época.
Aos 27 anos,
divorciado e muito vaidoso, Perivaldo era claro em uma entrevista de 1981: –
“Quando eu era criança morria de vontade de me vestir bem… Agora, estou anos à
frente da moda brasileira e não imito ninguém.
Imagem: revista Placar, 01.08.1980
Porém, com o passar
do tempo, Perivaldo vendeu o Puma e comprou um Passat usado, dizendo-se mais
responsável. Deixou o guarda roupas multicolorido e as trancinhas no cabelo, e
o que o movia incansavelmente na lateral direita, na ponta direita ou no meio
campo, transformou-se em austeridade de retaguarda, subindo ao ataque apenas
quando sentia inteiro para voltar.
No Palmeiras
Perivaldo arrumou ‘caso’ complicado com o treinador e acabou vendido ao Bangu e
depois seguiu para a Coreia do Sul para encerrar a carreira. Regressou ao Rio
de Janeiro, mas sem propostas acabou rumando a Portugal à procura de melhores
oportunidades. Segundo disse em reportagem, chegou a jogar no Louletano e no
Torriense, mas a sorte já não o esperava e acabou cozinheiro de hotel, onde
ganhava um ótimo salário de 4 mil dólares por mês, mas a sua relação amorosa
azedou, alguns ‘amigos’ enganaram-no, passou a entregar sanduíches a operários
na construção civil e, por fim, dormiu por vezes na rua e em albergues para os
sem-abrigo, tornando-se então vendedor na Feira da Ladra e a viver no Bairro
Alto, após 24 anos de vivência em Portugal.
Imagem: Diário de Notícias (Lisboa)
Foi a partir de uma
reportagem do Diário de Notícias e de um vídeo do humorista português Nilton Rodrigues,
em 2014, que Perivaldo foi redescoberto. Foi então que Alfredo Sampaio,
presidente do Sindicato dos Atletas de Futebol do Estado do Rio de Janeiro viajou
até Lisboa para resgatar Perivaldo, conseguindo que fosse funcionário do
Sindicato até aos seus últimos dias em julho de 2017.
Surpreendente como
sempre, em toda a sua vida, Perivaldo reconheceu: – “Sei que tudo que aconteceu foi minha culpa. Eu tive muito dinheiro, fui
milionário, mas me prejudiquei. Bebia muito e dormia na rua. Além disso, fui
traído por muita gente…”
Títulos no Botafogo:
1977: Troféu
José Carlos Pace
1982: Troféu
Xisto Toniato
Prêmios Individuais:
1976: Bola de Prata
da Revista Placar
1981: Bola de Prata
da Revista Placar
Pesquisa de Rui Moura
(editor do blogue Mundo Botafogo); Fontes: Blogue Mundo Botafogo; http://observador.pt/2017/07/28/morreu-perivaldo-o-jogador-da-selecao-brasileira-que-foi-sem-abrigo-em-lisboa; https://pt.wikipedia.org/wiki/Perivaldo_L%C3%BAcio_Dantas; https://tardesdepacaembu.wordpress.com/tag/perivaldo-lucio-dantas
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