por
SERPA DI LOURENÇO
Cinco anos depois de ter jogado na cidade de
Campina Grande, chegou a vez da cidade de João Pessoa ter o prazer e o
privilégio de assistir, ao vivo e a cores, o maior ponteiro direito de todos os
tempos.
Sim, amigo leitor e torcedor paraibano, estamos
falando de Manuel Francisco dos Santos, o mundialmente conhecido “Garrincha”,
que muitas alegrias deu ao povo brasileiro, principalmente na conquista das
copas do mundo de 1958 e 1962.
Foi em uma noite inesquecível do já longínquo
ano de 1973, no estádio Municipal Leonardo da Silveira, o popular campo da
Graça. A partida foi um jogo amistoso entre o Botafogo Futebol Clube e o Sport
Club Maguary, equipe cearense da cidade de Fortaleza, que no passado conquistou
quatro títulos estaduais.
Apesar do fato de que o Botafogo não estava
atravessando uma boa fase naquele ano, ou que Chico Matemático, goleador do
time, estava em recuperação de uma fratura na perna, ou nem mesmo a idade
avançada e a forma física de Garrincha diminuíram, de forma alguma, a presença
do público.
O pequeno e aconchegante campinho da Graça
estava lotado, a proximidade da arquibancada nos permitia ver o nosso craque
bem de perto, ao ponto de escutarmos as suas respostas aos cronistas
esportivos. Humildemente, ele correu, vestindo a camisa do Botafogo-PB, para os
três antigos lances de arquibancada do campo e acenou para os torcedores, foi
um delírio.
Ao pé do alambrado estava Seu Pedro, torcedor
emblemático do Botafogo, portando um enorme rádio colado ao ouvido e
sintonizado na Rádio Tabajara. Nos primeiros batentes da
arquibancada principal estava à elegante Dona Dionísia, torcedora símbolo
sempre impecável em suas roupas preto e branco, as cores do seu time de
coração.
Na última fileira da arquibancada estava
Adalberto Delgado, um grande desportista paraibano, seu filho Ricardo Delgado,
e os amigos Ivan Gabriel, Walfredo Maia, Giovanni Serpa e José Maria Tavares de
Melo Neto, todos fervorosos torcedores que acompanham o Botafogo Futebol Clube
há décadas. Dos citados, o último atualmente é conselheiro nato do belo.
O Botafogo entrou em campo com Geraldo Chorão,
Marco Antônio, Vavá, Marcos Silva e Marcos Medeiros, Paulinho, Leone e Jorge
Flavio, Garrincha, Paulo Matos e Reginaldo. A equipe paraibana venceu aquela
partida amistosa interestadual por três tentos a um, os gols paraibanos foram
marcados por Jorge Flávio, Paulinho e Reginaldo.
Garrincha, a alegria do povo, sabedor de sua
idade e condição física, apenas recebia a bola e de imediato servia um
companheiro, seguindo aquela filosofia de que quem corre é a bola. Mesmo assim,
por duas vezes ele nos proporcionou momentos incríveis, na primeira, ao pegar a
bola, levou-a pra cima do marcador, gingando pra lá e pra cá, depois deu o
passe, com efeito. Na segunda, ele pegou uma bola sobrando e encobriu o
goleiro, mostrando visão e intimidade com a pelota.
Nesta noite histórica para o nosso futebol, eu
estava lá, sentado nos batentes da arquibancada, comendo o tradicional amendoim
cozinhado, com os olhos sempre direcionados para o lado direito do gramado,
esperando uma jogada de Mané.
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