por RAFAEL DUARTE OLIVEIRA VENÂNCIO
Doutor
em Meios e Processos Audiovisuais
Em
abril de 1966, o Brasil fez uma polêmica convocação de 46 jogadores para tentar
o tricampeonato – sob aura de favoritismo indiscutível – na Inglaterra. Os
jornais relatavam o caso da maneira usual, ou seja, com listas, comentários e
perfis lembrando as numerosas escolhas, acima da tradicional lista de 22 nomes,
bem como alguns esquecimentos. No entanto, o Correio da Manhã de 3 de abril de
1966 apresentou uma forma distinta de relatar isso de autoria do seu colunista
esportivo, Carlos Drummond de Andrade:
A
Seleção
Vai
Rildo, não vai Amarildo?
Vão
Pelé e, que bom, Mané,
O
menino gaúcho Alcino
e
nosso veterano Dino,
Altair,
rima de Oldair,
ecoando
na ponta: Ivair,
e na quadra do gol: Valdir.
Fábio,
o que não pode faltar,
e
também não pode Gilmar,
como,
entre os santos dos santos,
o
patriarca Djalma Santos,
sem
esquecer o Djalma Dias
e,
entre mil e uma noites, Dias.
Mas
se a Comissão não se zanga,
quero
ver, em Everton, Manga.
É
canhoto, e daí? Fefeu,
quando
chuta, nunca perdeu.
A
chance que lhe foi roubada,
desta
vez a tenha Parada.
Paraná,
invicto guerreiro
Para
guerrear como aqui, lá.
Olhando
para o chão, Jairzinho
é
como joga legalzinho.
Não
abro mão de Nado e Zito,
nem
fique o Brito por não-dito.
Ditão,
é claro, por que não?
e
o mineiríssimo Tostão,
o
grande Silva, corintiana
glória
e mais o áspero Fontana,
Dudu,
Edu... e vou juntando
bons
nomes ao nome de Orlando,
para
chegar até Bellini
em
cujas mãos a taça tine.
Célio,
Servílio: suave eles
já
completados por Fidelis.
Edson,
Denilson e Murilo,
cada
um com seu próprio estilo.
Um
lugar para Paulo Henrique
enquanto
digo a Flávio: fique!
Com
Paulo Borges bem na ponta
eu
conto, e sei que você conta.
Na
lateral, Carlos Alberto
estou
certo que vai dar certo.
Acham
tampinha Ubirajara?
Valor
não se mede por vara.
Até
parece de encomenda:
Leônidas,
nome que é legenda.
E
se Gerson do Botafogo
entra
em campo, ganha o jogo.
Não
podia esquecer o Lima
e
seu chute de muita estima.
Com
tudo isso e mais Rinaldo
e
o canarinho de Ziraldo,
quarenta
e seis, se conto bem
–
um time igual eu nunca vi
em
Europa, França e Belém –
que
barbada seria o Tri, hein? (ANDRADE, 2002, p. 71-72)
Fonte: VENÂNCIO, Rafael Duarte Oliveira (2018).
Performance no Gramado, Poética no Texto: a Crônica e o Conto de Futebol como
Jornalismo Esportivo Alternativo. In
Revista ALTERJOR. Grupo de Estudos Alterjor: Jornalismo Popular e
Alternativo (ECA-USP) Ano 09 – Volume 02, Edição 18, Julho-Dezembro.
1 comentário:
Boa noite. Sou botafoguense, ex-funcionário do clube, e criei um blog onde conto a história do Botafogo FR, sua criação, suas sedes, seus esportes. É um trabalho intenso com muita pesquisa e dedicação. Por favor divulguem para que a imensa e apaixonada nação alvinegra possa conhecer um pouco da história do nosso glorioso clube. https://amorfogao.blogspotcom/2020/
Meu nome é Angelo Seraphini
engeloseraphini44@gmail.com
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