terça-feira, 5 de outubro de 2021

BOTAFOGUENSES ANÔNIMOS (05): Nagel

por JOSÉ RICARDO CALDAS E ALMEIDA

Colaborador do Mundo Botafogo e Pesquisador de futebol

Participação de EUGÊNIO FERNANDES FONSECA, historiador e pesquisador do futebol cearense

José Nagel de Melo nasceu em Recife (PE), no dia 3 de julho de 1939.

Desde o dia em que assistiu o goleiro Gilmar fazer excelente partida na meta do Corinthians, em Recife, Nagel passou a considerar-se um de seus maiores fãs. Assim, tendo-o como seu ídolo no futebol, desde então procurou imitá-lo, querendo tornar-se tão bom goleiro quanto ele.

Ele estava com a firme disposição de vencer no futebol como goleiro. Tanto é que começou no Luso F. C., aos 14 anos, como arqueiro. Entretanto, com o correr do tempo, chegou à conclusão que sua verdadeira posição não seria aquela. Por isso, três anos depois, quando ingressou no juvenil do Santa Cruz, de Recife, já estava atuando como zagueiro central.

Entrando para o Santa Cruz em 1956, Nagel rapidamente se impôs como zagueiro de grandes predicados. Um ano depois, assinou seu primeiro contrato.

Conquistou o título de campeão pernambucano na categoria de juvenis em 1957. Um ano depois foi campeão pernambucano de aspirantes e em 1959 sagrou-se campeão pernambucano na equipe principal.

Sua estreia no Santa Cruz aconteceu em 22 de janeiro de 1959, no amistoso contra o Madureira, do Rio de Janeiro, com derrota de 3 x 2.

A última vez que vestiu a camisa do Santa Cruz foi durante a excursão que o clube realizou aos Estados do Amazonas e Pará, sendo um dos últimos jogos o da vitória de 3 x 0 sobre o Rio Negro, em Manaus, no dia 25 de março de 1962.

Já nessa época acontecia nos bastidores uma disputa acirrada entre Botafogo e Palmeiras pelo passe de Nagel, levando a melhor o alvinegro carioca.

No dia 4 de abril de 1962, Nagel assinou contrato com o Botafogo, estreando, três dias depois, em 7 de abril de 1962, no amistoso contra o Olaria (0 x 0).

Foram 28 jogos no total, entre amistosos, Campeonato Carioca, Libertadores e Torneio Rio-São Paulo, mas, entretanto, Nagel perdeu espaço no Botafogo e começou uma peregrinação por diversos clubes dentro e fora do Brasil.

Em 1964, foi emprestado ao Democrata, de Governador Valadares, para disputar a Segunda Divisão mineira, que apontaria o clube a integrar a Primeira Divisão em 1965. O Democrata foi terceiro colocado de sua chave, vencida pelo Valeriodoce, de Itabira (que acabou subindo). O time foi dirigido por Torbis, ex-zagueiro do São Cristóvão.

Em janeiro de 1965, retornou ao Rio de Janeiro, onde ficou pouco tempo. No mês seguinte, o técnico brasileiro Gaudêncio Tiago de Melo, que dirigia o Unión Magdalena, da Colômbia, conseguiu o empréstimo, por nove meses, de vários jogadores que estavam no Botafogo, dentre eles, Quarentinha, Nagel, Jailton, Luiz Carlos França e Édison.

No Campeonato Colombiano de 1965 o Unión Magdalena ficou em 10º lugar (entre 13 clubes), disputando 48 jogos, com apenas 14 vitórias. Nagel disputou 38 jogos. Quarentinha foi o quarto artilheiro da competição, com 27 gols.

Quando voltou ao Brasil, em abril de 1966, Nagel se apresentou ao técnico Admildo Chirol, na esperança de ser aproveitado na equipe principal do Botafogo.

Chegou a disputar um torneio em Fortaleza (CE), contra Ceará, Ferroviário e Fortaleza, todos da capital cearense. A partida contra o Ferroviário, no dia 29 de maio de 1966, vitória de 3 x 0, seria a última de Nagel no Botafogo. Ainda continuou por alguns meses treinando entre os reservas.

A seguir, em 11 de setembro de 1966, estreou no Madureira, emprestado que foi para disputar o campeonato carioca desse ano.

Seu último jogo foi em 29 de outubro de 1966, em mais uma derrota do Madureira no campeonato carioca: 3 x 1 a favor do Campo Grande. O Madureira foi último colocado do 1º turno (12 clubes disputaram) e, consequentemente, não passou para o segundo (os oito melhores avançaram).

Devolvido ao Botafogo, ficou aguardando por um novo clube para continuar sua carreira.

Em fevereiro de 1967 o Santa Cruz chegou a mandar um diretor ao Rio de Janeiro tentar a contratação de Nagel para suas fileiras. Porém, quem o levou foi o Clube do Remo, de Belém (PA), onde fez sua estreia no dia 3 de março de 1967, na vitória de 3 x 0 sobre o América, de Fortaleza (CE).

Permaneceu no Clube do Remo até o terceiro jogo da decisão do Campeonato Paraense de 1967, ocorrido no dia 10 de dezembro, com derrota de 2 x 0 para o Paysandu, o campeão do ano.

Antes de começar a temporada oficial de 1968, cujo título de campeão ficaria com o Clube do Remo, Nagel foi jogar no futebol do Peru, mais precisamente no Alianza Lima, onde estreou em 5 de fevereiro de 1968, no amistoso internacional contra o Ujpesti, da Hungria (2 x 2). O treinador do Alianza era o brasileiro Marinho Rodrigues, com quem Nagel havia trabalhado no Botafogo, em 1963.

Seu último jogo no Alianza aconteceu em 14 de fevereiro de 1969, em novo amistoso internacional, contra o Dukla Praga, da Tchecoslováquia (derrota por 3 x 1).

Retornou ao Clube do Remo, onde reestreou no dia 29 de junho de 1969, com vitória de 4 x 0 sobre o Júlio César.

Em 1969 a Confederação Brasileira de Desportos organizou o 2º Torneio do Norte de Clubes, com clubes do Amazonas, Maranhão, Pará e Piauí. Com Nagel como titular absoluto, o Remo conquistou o título diante do Nacional, jogo realizado em Manaus no dia 10 de dezembro de 1969, que terminou empatado em 2 x 2. O Remo foi campeão do Norte com François; Mesquita, Nagel, Carvalhão (Edílson) e Lúcio; Ângelo e Carlitinho; Birungueta, Íris (Osmar), Zequinha e Neves. Técnico: Danilo Alvim.

Logo depois, o Clube do Remo foi convidado para disputar o título do Norte/Nordeste enfrentando a equipe do Ceará Sporting. Em Belém, o Remo venceu por 2 x 1. Na partida de volta, o Ceará foi melhor e venceu por 3 x 2, obrigando um jogo extra ainda em Fortaleza, que acabou com uma nova vitória do Ceará pelo placar de 3 x 0.

A última partida de Nagel no Clube do Remo foi válida pelo Campeonato Paraense de 1970. No dia 18 de dezembro, Remo e Tuna Luso empataram em 2 x 2, resultado que permitiu ao adversário decidir e ganhar o título de campeão paraense após dois jogos contra o Paysandu.

No dia 31 de março de 1971, Nagel passaria a defender o Ceará, na vitória de 2 x 1 sobre o Guarany, de Sobral, válido pelo campeonato cearense, que viria a ser conquistado pelo Ceará, após uma melhor de quatro pontos contra o Fortaleza. O treinador do Ceará foi Marinho Rodrigues.

Em 1972, Nagel sagrou-se bicampeão cearense.

A última vez que Nagel disputou uma partida de futebol foi em 10 de abril de 1974, no Castelão, em Fortaleza, na vitória do Ceará sobre o Ceub, por 2 x 1, em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro daquele ano. No total, foram 114 jogos, com 63 vitórias, 25 empates e 26 derrotas.

Depois que pendurou as chuteiras, passou a trabalhar como treinador/auxiliar técnico permanente no Ceará. Seu último jogo como treinador do Ceará foi em 28 de maio de 1983, pelo campeonato cearense, no empate em 1 x 1 com o Tiradentes. Foram 97 jogos, com 59 vitórias, 23 empates e 15 derrotas.

A última notícia que tivemos de Nagel é que ele estaria residindo em Recife.

Fontes consultadas: Ceará Sporting Club - Um retrato em preto e branco, de Lúcio Chaves Holanda; Correio da Manhã; História do Clube do Remo, de Ernesto Cruz; Jornal dos Sports; Revista do Esporte; Santa Cruz - Retrospecto 1914 a 1959 e 1960 a 1979, de Carlos Celso Cordeiro e Luciano Guedes Cordeiro.

4 comentários:

jornal da grande natal disse...

Sensacional. O bom: o Nagel não era tem desconhecido assim. Carreira longa.

Ruy Moura disse...

Mas entre os Botafoguenses deve ter sido um anônimo ao longo dos anos (eu próprio não me lembro dele), porque jogou apenas 28 jogos e andou quase sempre emprestado. Mas teve carreira longa, sim.

Abraços Gloriosos.

José Ricardo Caldas e Almeida disse...

A partir do momento em que quase nada se acha sobre ele no Google... rsrsrs já podemos considerá-lo como um "anônimo".

Ruy Moura disse...

Pois é, José Ricardo... e quem não está no Google hoje diz-se que 'não existe', como 'não existia' quem ainda não tinha e-mail à entrada deste século. (rsrsrs) É um modo de brincarmos com as coisas, mas, de certo modo, também é verdadeiro neste mundo tecnologizado.

Abraços Gloriosos.

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