por RUY MOURA
Editor do Mundo Botafogo
JOAQUIM ANTÔNIO DE SOUZA RIBEIRO, o ‘Tiozinho’, nasceu no Rio de Janeiro, em 25 de janeiro de 1883, e faleceu na mesma cidade em 29 de março de 1962.
Souza Ribeiro era filho de Joaquim Antônio de Souza Ribeiro, nascido em Inhomirim (Rio de Janeiro), em 1843, e falecido no Rio de Janeiro, em 1907, aos 64 anos de idade, e de Brasilia Carr, nascida em São Gonçalo (Rio de Janeiro), em 1856, e falecida no Rio de Janeiro, em 1956, aos 100 anos de idade.
Souza Ribeiro casou com Hortência Martins da Rocha, irmã de Carlos Martins da Rocha, o ‘Carlito Rocha’, nascida no Rio de Janeiro, em 1888, e falecida na mesma cidade no dia 2 de outubro de 1931, aos 43 anos de idade; casou em 2ªs núpcias no dia 8 de setembro de 1935 com a sua cunhada Anna Martins da Rocha (‘Anita’), nascida no Rio de Janeiro, em 1896, e falecida na mesma cidade, em 1980, aos 84 anos de idade.
Do matrimônio com Hortência Martins da Rocha, filha de José Martins da Rocha e de Joana Hortência Teixeira, nasceram Carlos Antônio de Souza Ribeiro (1922) e Joaquim Antônio de Souza Ribeiro (1926).
Souza Ribeiro foi Diplomata do Quadro Permanente do Ministério das Relações Exteriores e Cônsul Geral em Hamburgo, na Alemanha, tendo sido Presidente do Botafogo Football Club nos períodos de 1905-1907, 1909-1910 e 1915-1916.
Fundado em 1904, o Botafogo FC participou na reunião que marcou para o mês de julho a fundação da Liga Metropolitana de Futebol, tendo quase simultaneamente beneficiado de uma dissidência no Club de Regatas Botafogo após a vitória de Antônio Mendes de Oliveira Castro, o ‘Almirante’, nas eleições do clube do remo. Chegaram, então, ao Botafogo FC, Joaquim Antônio de Souza Ribeiro e seus abnegados companheiros Antônio Pinto, Anselmo Mascarenhas e outros, dando um novo alento ao clube de futebol que, de certo modo, ainda marcava passo, e quiçá, ao agregar famílias do CRB ao BFC, lançou a primeira semente da fusão do CRB e do BFC no atual Botafogo de Futebol e Regatas, em 1942.
Acabado de chegar, o imponente Souza Ribeiro foi eleito no dia 1º de julho de 1905 para a direção do Clube, tendo sido o Presidente que conquistou o primeiríssimo título oficial do futebol carioca, Segundos Quadros, em 1906.
Eis a direção eleita no 1º de julho de 1905: Presidente, Joaquim Antônio de Souza Ribeiro; Vice-presidente, Ismael Maia; Secretário, Antônio Pinto; Tesoureiro, Alfredo Chaves; Capitão Geral, Octávio Werneck. Souza Ribeiro e Antônio Pinto representaram o Botafogo na 1ª reunião da Liga Metropolitana de Futebol após a sua fundação, tendo Antônio Pinto sido eleito seu Tesoureiro.
No final de 1906, no dia 23 de dezembro, foi eleita a nova diretoria, que tomou posse no dia 20 de janeiro de 1907, assim constituída: Presidente, Joaquim Antônio de Souza Ribeiro; Vice-presidente, Antônio Pinto; Secretário, Alberto Cruz Santos; Tesoureiro, Alfredo Chaves; Ground Committe, Antônio Luiz Werneck, Octávio Werneck e Anselmo Mascarenhas.
Foi o ano de consolidação do futebol do Botafogo e da busca de um novo campo, à rua Voluntários da Pátria. Foi também o ano em que o Clube conquistou o seu 1º campeonato carioca de futebol, Primeiros Quadros, em 1907, embora não possa ter comemorado o título por virtude do conhecido diferendo com o Fluminense, que terminou com a dissolução da Liga Metropolitana de Futebol, e cujo título somente na década de 1990 foi atribuído oficialmente ex-aequo ao Botafogo e ao Fluminense.
Seguiu-se a diretoria de Edwin Elkin Hime Júnior (que foi o nosso primeiro fotógrafo) durante o ano de 1908, e Souza Ribeiro tornou a ser eleito para a presidência no dia 16 de novembro do mesmo ano, tendo a nova direção tomado posse no dia 11 de dezembro com vista ao exercício de 1909, com a seguinte composição: Presidente, Joaquim Antônio de Souza Ribeiro; 1º Vice-presidente, Alberto Cruz Santos; 2º Vice-presidente, Antônio Pinto; 1º Secretário, Ítalo Perle; 2º Secretário, Pedro Martins da Rocha; 1º Tesoureiro, José Gonçalves Couto; 2º Tesoureiro, Anselmo Mascarenhas; Ground Committe, Antônio Luiz Werneck, Octávio Werneck, Alfredo Chaves Norman Hime e Luiz Martins da Rocha.
No final de 1909 realizaram-se novas eleições no dia 1º de dezembro, tendo Souza Ribeiro sido reconduzido. Porém, como foram alterados os estatutos, a nova direção eleita renunciou em protesto, tendo sido reeleita em nova assembleia geral no dia 5 de dezembro de 1909 e tomado posse no dia 5 de janeiro de 1910, com a seguinte composição: Presidente, Joaquim Antônio de Souza Ribeiro; 1º Vice-presidente, Alberto Cruz Santos; 2º Vice-presidente, Ítalo Peterle; Secretário, Alfredo Chaves; Tesoureiro, José Gonçalves Couto; Ground Committe – Capitão Geral, Hugh Edgar Pullen; 1º Membro, Pedro Martins da Rocha; 2º Membro, Anselmo Mascarenhas.
No ano legendário do Botafogo, Souza Ribeiro pôde, então, saborear a 1ª conquista oficial do campeonato carioca de futebol de Primeiros Quadros, em 1910, alcançando nosso Clube o cognome de ‘Glorioso’. Foi o auge da carreira desportiva de Souza Ribeiro, o grande impulsionador do Botafogo Football Club nos seus primeiros anos de existência. Porém, Souza Ribeiro fez a ‘dobradinha’ conquistando também o campeonato carioca de futebol de Segundos Quadros.
Entretanto, com a crise de 1911 provocada pelo fatídico jogo contra o America, no dia 25 de junho, cujo desfecho levou à injusta suspensão de Abelardo de Lamare por um ano e Adhemaro de Lamare por seis meses, o Botafogo abandonou o campeonato carioca por solidariedade com o seu atleta, ato que marcou indelevelmente a ética do Botafogo ao longo da sua vida, tornando-o, como escreveu Mário Filho, um ‘Grande de Hespanha’.
Ou como narrou o Jornal dos Sports, de 12 de agosto de 1947: «Ser Botafoguense é mais do que pertencer a um clube, a um grande clube, cujas fronteiras, muitas vezes, transcendem os limites naturais, é pertencer a uma classe. Ou melhor, a uma casta, com o seu tipo humano especialíssimo, inconfundível».
O Clube reagiu e fez grandes pelejas com alguns clubes do Rio e de São Paulo, mas em 1912, já sem campo e sem sede, quase foi extinto, não fosse os seus dirigentes e os seus grandes jogadores manterem-se fiéis ao Clube. A calamitosa situação chegou ao limite máximo de apenas 12 sócios, mas a sua mística já estava instalada e o Clube sobreviveu, desabrochando uma nova faceta de resiliência que até hoje tem mostrado a sua robustez, qual Fénix Renascida uma e outra vez.
Joaquim de Lamare presidiu o Clube entre 1912-1913, mas a crise deixara grandes conflitos no ar, que permaneceram nos anos de 1913 e 1914. Miguel de Pino Machado foi eleito Presidente para o ano de 1914. Novos estatutos foram aprovados em maio de 1914, mas Miguel de Pino Machado enfrentava grandes dificuldades, a sua diretoria sofreu várias demissões, teve que reformular a diretoria e acabou por nomear Souza Ribeiro para 1º Vice-presidente, Paulo Martins para 1º Secretário, João Pizarro para 2º Secretário, Oscar Torres para Tesoureiro, Luiz Martins da Rocha para Presidente da Comissão de Esportes e Álvaro Werneck e Juca Couto para membros da Comissão.
Nas eleições para o mandato de 1915, realizadas no dia 28 de novembro de 1914, foi eleita a seguinte direção: Presidente, Miguel de Pino Machado; 1º Vice-presidente, Joaquim Antônio de Souza Ribeiro Alberto Cruz Santos; 2º Vice-presidente, Norman Hime; 1º Secretário, Augusto Fontenelle; 2º Secretário, João Pizarro; 1º Tesoureiro, Oscar Torres; 2º Tesoureiro, Alfredo Couto; Comissão de Esporte: J. Couto, Rolando de Lamare, Mario Fontenelle, Antônio Pinto e Edgard Dutra.
No entanto, no dia 14 de dezembro de 1914, na tomada de posse dos eleitos, houve um imbróglio enorme e demitiram-se da lista eleita o Presidente, Miguel de Pino Machado, e o líder da Comissão de Esportes, Edgard Dutra. Na mesma hora realizaram-se novas eleições e uma direção reformulada tomou posse com os seguintes elementos: Presidente, Joaquim Antônio de Souza Ribeiro (em lugar de M. Pino Machado); 1º Vice-presidente, Flávio Ramos (em lugar de Joaquim Antônio de Souza Ribeiro); Comissão de Esportes, Benjamin Sodré (em lugar de Edgard Dutra).
Foi um tempo de reorganização dos nossos Quadros, de término das obras do novo campo e de saneamento dos graves conflitos vindos da crise de 1911, que se estendeu por 1915 e 1916, tendo Souza Ribeiro sido reeleito Presidente no dia 25 de novembro de 2015 para novo mandato em 2016.
A diretoria ficou assim constituída: Presidente, Joaquim Antônio de Souza Ribeiro; 1º Vice-presidente, Luiz Martins da Rocha; 2º Vice-presidente, Flávio Ramos; 1º Secretário, Augusto Fontenelle;2º Secretário, Silvério Barbosa; 1º Tesoureiro, Oscar Torres; 2º Tesoureiro, Antônio Pinto; Comissão de Esportes: Presidente, Antônio Luiz Werneck, e mebros Luiz Menezes, João Penido, Álvaro Werneck e Francisco Coelho.
O Botafogo foi vice-campeão carioca de futebol em 1916 (America foi o campeão), e no final da Presidência de Souza Ribeiro, que desempenhou um papel fulcral em anos de Glória e de Resistência à extinção, Miguel de Pino Machado regressou para assumir a direção no mandato de 1917, reelegendo-se em 1918.
Fontes: Castro, A. M. O. (1951). O Futebol no Botafogo (1904-1950). Gráfica
Milone: Rio de Janeiro; http://mundobotafogo.blogspot.com;
https://www.parentesco.com.br, Jornal do Brasil, de 30.03.1962.
4 comentários:
Grande Rui,
Já lhe disse isso algumas vezes e não canso de repetir, Viva o Mundo Botafogo!
O sítio, como se diz em Portugal, mais completo do Nosso Amado Botafogo!
Abs e Sds, Botafoguenses!
Grande, Gil, grande Mestre em matéria de torcida apaixonada! É um encanto ter-te como Amigo! Pode ser que com o fim da pandemia nos possamos reencontrar!
Abraços Gloriosos.
Boa tarde!
Vale lembrar que no comando de Joaquim Antônio de Souza Ribeiro o BOTAFOGO conquistou também a Taça Interestadual e segue ficha técnica:
BOTAFOGO 7 x 2 A. A. PALMEIRAS
Data: 15 / 08 / 1910
Local: Velódromo, São Paulo
Árbitro: Hermann Friesi
Competição: Taça Interestadual
Gols: Décio Viccari, Mimi Sodré, Abelardo de Lamare e Octávio Egydio (1° tempo); Abelardo de Lamare, Décio Viccari, Abelardo de Lamare, Décio Viccari e Eurico Mendes (2° tempo)
Botafogo: Coggin, Edgar Pullen e Dinorah; Juca Couto, Lulú Rocha e Rolando de Lamare; Emmanuel Sodré, Abelardo de Lamare, Décio Viccari, Mimi Sodré e Lauro Sodré
AA Palmeiras: Orlando Penteado, João Salerno e Urbano Moraes; Andrew Rhein, Thomas Collet e Octávio Egydio; Jarbas, Fritz, Eurico Mendes, Mário Egydio e Raphael Sampaio
Fontes: Correio Paulistano, Gazeta de Notícias (nome e sobrenomes dos jogadores), Jornal do Commercio, O Paiz e Revista Botafogo n° 229, de junho e julho de 1977
Saudações Alvinegras
Pedro Varanda
Obrigado, Pedro.
Abraços Gloriosos.
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