por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Jogo ruim
de parte a parte; oportunidade perdida. Bastos acrescentou dois pontos ao
empate em 0x0; as substituições e a ‘ajuda’ de John retiraram os dois pontos
num empate sofrível.
Em minha
opinião, em nenhum momento da partida houve uma jogada realmente digna de bom
futebol. Os ataques não funcionaram, os meios-campos não criaram e os goleiros
facilitaram os dois gols num triste 1x1 em São Januário.
Depois de
duas belas jogadas que nos deram a vitória sobre o Bragantino – também sem
jogarmos bom futebol no restante tempo – eis que a dupla Eduardo / Tiquinho
regressou à normalidade dos últimos tempos e acompanhou a equipe no tristonho
desempenho de ontem.
Um início
de jogo com o Botafogo trocando passes no campo adversário, sem nenhum sentido
de gol, nem remates que valessem qualquer destaque. O 1º foi de Luiz Henrique
fora da área por volta dos 13’; saiu rasteiro e frouxo para as mãos do goleiro.
Entretanto
o jogo ficou truncado com perdas de bola de parte a parte, falta de capacidade
para domínio da bola, passes demasiado longos, atacantes excessivamente
atrasados, remates (poucos) sem direção à baliza, enfim, o costume de muitas e
tantas peladas do Brasileirão, apesar do Vasco permitir grandes espaços de
penetração porque o seu meio-campo e a defesa não se articulavam capazmente.
O resultado
foi um 1º tempo muito truncado e consequentemente equilibrado na falta de
qualidade a diversos níveis, designadamente a constante perda de bola. Alguns cruzamentos
poderiam ter criado oportunidades, mas Cuiabano cruzou diversas vezes com a
bola quase junto ao chão, tornando-se presa fácil da zaga vascaína.
O Botafogo
esteve mais próximo da área vascaína a partir dos 32’, mas nada de claramente objetivo
aconteceu.
Eventuais
chances de gol: num caso Tiquinho não conseguiu o domínio da bola; noutro caso
Luiz Henrique adiantou tanto a bola que acabou nas mãos do guardião, quando poderia
ter ficado cara a cara com um toque mais suave.
Na verdade,
a melhor chance de gol foi aos 38’ quando Maicon cabeceou contra a própria
baliza, tendo a bola saído ao lado do poste…
De realçar
que por volta da meia hora de jogo Tchê Tchê sofreu uma biqueirada imprudente e
poderia ter saído fraturado na jogada, porém, nem o amarelo lhe foi mostrado,
talvez porque o árbitro ficou em dúvida entre o amarelo e o vermelho e, em caso
de dúvida, preferiu fechar os olhos à jogada. A ruindade das arbitragens também
prejudica muito o futebol, porque não pune com cartões vermelhos diversas casos
flagrantes, permitindo aos atletas sentirem-se impunes para exagerar nas
faltas.
Na 2ª parte o Botafogo melhorou um pouco, mas as duas
equipes mostraram imensa dificuldade quanto à eficácia dos seus ataques com a
bola rolando no gramado e apostavam no jogo aéreo. E foi assim que, em cobrança
de escanteio, Bastos tornou a faturar inaugurando o marcador com a ‘ajuda’ do
goleiro vascaíno, cuja bola lhe passou entre as mãos.
Seis minutos volvidos, com o Vasco sem capacidade de penetração,
eis que Artur Jorge decidiu efetuar três substituições de uma assentada,
acabando por apostar em substituir toda a linha de ataque e 2/3 do meio campo
ao fazer entrar Danilo Barbosa, Patrick de Paula e Kauê para os lugares de Marlon
Freitas, Luiz Henrique e Eduardo.
E não deu outra coisa se não o empate. O Botafogo, que
recuara após marcar o gol, recuou ainda mais, e quatro minutos após as
referidas três substituições finais, em bola aérea, e com a ‘ajuda’ de John que
saltou atrasado para intercetar a bola, Vegetti deu números finais ao placar.
Ambas as equipes com pouco fôlego, e aparentemente conformadas com o resultado,
nada mais fizeram até ao apito final.
Algumas notas individuais:
John vai ter que treinar mais para sair debaixo dos postes e
antecipar-se ao jogo aéreo, além de avançar demasiado no terreno e sujeitar-se a
golaços do meio-campo; Cuiabano, que tem algumas falhas técnicas elementares,
precisa melhorar muito o critério dos seus cruzamentos e dos seus remates porque
tem algumas virtudes atacantes, incluindo a de marcar gols; Luiz Henrique continua sem dizer ao que veio,
parecendo-se muito com o desempenho de Martín Segóvia – muita parra e pouca
uva.
Eduardo e Tiquinho são fáceis de analisar: compare-se o
que jogaram contra o Bragantino, equipe forte, com o que jogaram contra o Vasco,
equipe visivelmente fraca. Não se compreende…
Quanto a AJ, confiou demais que recuando assegurava a
vitória, mas a sua proposta de substituições aos 79’ foi um desastre – Danilo
Barbosa não foi melhor do que Marlon Freitas, Kauê é jovem demais para momentos
decisivos e Patrick de Paula foi um claríssimo erro de Artur Jorge, porque não
acrescenta rigorosamente nada quando entra na equipe.
Bastos e Gregore foram claramente os destaques do jogo.
O Botafogo de AJ já fez jogos muito melhores, enfrentando
agora uma má fase. A Comissão técnica tem que refletir seriamente sobre opções
táticas, dinâmica de jogo e qualidade das escolhas na escalação e nas
substituições.
Reforços são precisos.
Nesta rodada o Flamengo pode abrir quatro pontos na
liderança, mas também pode ser o Cruzeiro a embolar o G4; Palmeiras e Bahia
podem ultrapassar o Botafogo, que ainda assim se mantém no G4 apesar de
desperdiçar pontos preciosos – e previsivelmente a equipe do Cuiabá não será coisa mole de vergar.
FICHA TÉCNICA
Botafogo 1x1 Vasco da Gama
Gols: Bastos, aos 73’ (Botafogo); Vegetti, aos 83’
(Vasco da Gama)
» Competição: Campeonato Brasileiro
» Local: Estádio São Januário, no Rio de Janeiro (RJ)
» Data: 29.06.2024
» Árbitro: Ramon Abatti Abel (SC); Assistentes: Alex Ang Ribeiro (SP) e Gizeli Casaril (SC); VAR: Wagner Reway (ES)
» Público: 15.593 pagantes / 16.121 presentes
» Renda: R$ 847.907,00
» Disciplina; cartão amarelo
– Bastos, Gatito Fernández,
Júnior Santos, Damián Suárez e Patrick de Paula (Botafogo) e Victor Luís, Hugo
Moura e João Victor (Vasco da Gama);
» Botafogo: John; Damián Suárez, Lucas Halter, Bastos e
Cuiabano; Gregore, Marlon Freitas (Danilo Barbosa) e Tchê Tchê (Júnior Santos);
Luiz Henrique (Patrick de Paula), Tiquinho Soares (Óscar Romero) e Eduardo
(Kauê). Técnico: Artur Jorge.
» Vasco da Gama: Léo Jardim; Paulo Henrique, João Victor, Maicon
e Victor Luís (Zé Gabriel); Hugo Moura (Erick Marcus), JP (Rayan) e Estrella
(Payet, depois Sforza); Adson, Lucas Piton e Vegetti. Técnico: Rafael Paiva.