por RUY MOURA |
Editor do Mundo Botafogo
Vágner Aparecido Nunes, o ‘Mazolinha’, nasceu no dia 3 de abril de
1959, em Santa Bárbara d’Oeste, estado de São Paulo, e faleceu no mesmo local no
dia 5 de setembro de 2016 (57 anos). Atuou como atacante, media 1,67m de altura
e pesava 70kg.
Foi revelado pelo União Barbarense (SP) e atuou
no clube como profissional ente 1976-1978, começando no Campeonato Paulista da
2ª Divisão. Em 1977 foi emprestado ao EC Santo André.
Até chegar ao Botafogo ainda passou por
Atlético Clube Goianiense (1978), Fortaleza FC (1980-1981) América FC de São
José do Rio Preto (SP) (1981), Ceará SC (1982), novamente Fortaleza (1982),
novamente União Barbarense (1983), Palmeiras FC de São João da Boa Vista (SP) (1984),
novamente União Barbarense (1985) e Rio Branco AC (ES) (1985-1986), sagrando-se
campeão capixaba de 1985 por este clube.
No Rio Branco destacou-se na Série A de 1986 do
Campeonato Brasileiro com 9 gols, tendo então chamado a atenção do Botafogo.
Ingressou no clube da Estrela Solitária em 1987, mas em 1988 foi emprestado ao
Volta Redonda FC para a disputa do campeonato estadual desse ano, voltando ao
Botafogo em 1989 para se eternizar na história do Glorioso no Campeonato
Carioca de 1989.
Mazolinha estreou pelo Botafogo no dia 1º de abril de 1987, na vitória sobre o Mesquita por 1x0, gol de Fernando Macaé. Sob o comando de Jair Pereira, a equipe alinhou com Luiz Carlos; Josimar, Marinho, Wilson Gottardo e Mauro Galvão; Derval, Luisinho e Berg; Helinho (Édson Maradoninha), De Lima (Mazolinha) e Fernando Macaé.
No dia 21 de junho de 1989 o Botafogo
defrontou o Flamengo, no estádio do Maracanã, pela decisão do título de Campeão
Estadual, estando o Glorioso em fila de espera há 21 anos. Jogo tenso, o placar
mantinha-se em 0x0, mas eis que Mazolinha, entrado em jogo após o intervalo substituindo
Gustavo, recebeu um bom passe de Luisinho, arrancou pela ala esquerda do ataque
e aos 57’ centrou milimetricamente para Maurício marcar o solitário gol da
vitória e da conquista do Campeonato Estadual, fazendo explodir de alegria toda
a massa botafoguense sufocada de tanto jejum. Sob o comando de Valdir Espinosa,
a equipe alinhou com Ricardo Cruz; Josimar, Wilson Gottardo, Mauro Galvão e
Marquinho; Carlos Alberto Santos, Luisinho e Vítor; Maurício, Paulinho Criciúma
e Gustavo (Mazolinha).
Porém, pouco depois do célebre título e de
protagonizar a jogada para a eternidade, Emil Pinheiro emprestou o atacante ao
Atlético Clube Goianiense por quatro meses, onde também não se firmou.
O seu último jogo pelo Botafogo ocorreu no
dia 3 de dezembro de 1989, na vitória sobre o Palmeiras por 1x0, gol de
Wanderley, aos 87’, pelo Campeonato Brasileiro. Sob o comando de Edu Coimbra, a
equipe formou com Ricardo Cruz; Paulo Roberto, Jocimar, Gonçalves e Wanderley;
Carlos Alberto Santos, Luisinho e Paulinho Criciúma (Luiz Cláudio); Donizete, Mazolinha (Gustavo) e Valdeir.
Deixou o Botafogo após 95 jogos, 6 gols e
três títulos: Troféu Cidade de Palma de Mallorca (1988), Taça Rio (1989) e
Campeonato Estadual (1989).
Posteriormente, Mazolinha aprofundou o seu padrão de estadia breve em cada clube, passando anualmente por Avaí FC (1990), novamente União Barbarense (1990), EC Santo André (1991), Moto Club (1992), River AC (1993) e encerrou a carreira no Sampaio Corrêa FC (1993).
Quando conquistou o título em 1989 pensou (e
disse-o em entrevista posteriormente): – “Agora sou ídolo”. Mazolinha
vislumbrou uma profunda mudança na sua vida, mas apenas Maurício ganhou fama,
glória e dinheiro e é reconhecido até aos dias de hoje.
Naquela noite do título, segundo a descrição
de Márcio Mará e Luiz Cláudio Amaral, em reportagem do portal Globoesporte,
“Mazolinha dançou e gargalhou como se ouvisse música, tropeçou no céu como se
fosse um bêbado, flutuou no ar como se fosse um pássaro…” Porém, tal como nos
versos de Chico Buarque, “amou aquela vez como se fosse a última”.
Porém, depois de Emil Pinheiro dispensar
Mazolinha para o Avaí nada mais correu bem ao garçom de 1989. Mazolinha teve
uma vida atribulada, tanto dentro como fora de campo. Dentro de campo nunca se
firmou verdadeiramente em nenhum clube. Fora de campo teve várias situações e
contrariedades que não lhe favoreceram a vida.
O dinheiro do título foi todo para a compra
do carro da moda, um Passat Pointer 1986, sonho de todos os futebolistas à
época, e investiu numa confeção, mas com o Plano Collor perdeu loja, dois terrenos,
uma chácara, carro, casa em construção… Dos ‘amigos’ a quem emprestou dinheiro
não foi ressarcido e nem a mulher o ajudou. Separaram-se, Mazolinha ficou só.
Nos clubes dos três anos seguintes também não teve sucesso, enveredou pelo álcool em excesso e pendurou as chuteiras em 1993, aos 34 anos de idade. Regressou ao interior paulista, em Avaré, onde ninguém o interpelava na rua, e foi sacoleiro, palhaço, carpinteiro e pedreiro.
Começou por ser sacoleiro. Ia mensalmente ao
Paraguai a fim de comprar mercadorias para revenda, até que um dia foi
assaltado e desistiu da profissão temendo novas violências. Regressou, então, a
Santa Bárbara d’Oeste, virou pedreiro, profissão que o pai lhe ensinara, deixou
de beber e reconstruiu a vida com a sua segunda mulher e o filho.
Finalmente também conseguiu um emprego numa
escolinha de futebol, e quando tudo parecia tornar-se normalidade, Mazolinha
teve um enfarte em 2008, colocou três pontes de safena e em 2016 teve um
derradeiro e fatal enfarte.
Maurício conta que Mazolinha era muito
divertido em grupo, era amigo e solidário, “um louco com amor à frente da
vontade”. E suscitava histórias extraordinárias. Um dia, em França, Maurício
conta que sentaram para tomar um café e Mazolinha queria ovos. Então, perguntou
ao empregado: – “Tem eggs?”. Vieram dez ovos, para espanto de Mazolinha. Então
Maurício disse-lhe: – “Mazolinha, você falou em ten eggs…”
Nas palavras de Maurício, Mazolinha era um
homem sem maldade, com o coração puro. Em entrevista já depois de reconstruir a
sua vida, Mazolinha não se queixou de tudo o que lhe aconteceu: – “Deu tudo
errado, mas não posso ficar magoado. Foi o destino.”
Destino que poderia ter sido outro bem
diferente, conforme palavras do próprio Mazolinha: – “Se o Maurício tivesse
cruzado da direita e eu tivesse feito o gol…”
Fontes: https://ge.globo.com; https://mundobotafogo.blogspot.com; https://pt.wikipedia.org; https://terceirotempo.uol.com.br; https://www.zerozero.pt; Instagram @marquinhosfutebolhistoria
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