sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Mazolinha: celebrizado por cruzamento contra o jejum

Reproduzido do portal Globoesporte.com

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

Vágner Aparecido Nunes, o ‘Mazolinha’, nasceu no dia 3 de abril de 1959, em Santa Bárbara d’Oeste, estado de São Paulo, e faleceu no mesmo local no dia 5 de setembro de 2016 (57 anos). Atuou como atacante, media 1,67m de altura e pesava 70kg.

Foi revelado pelo União Barbarense (SP) e atuou no clube como profissional ente 1976-1978, começando no Campeonato Paulista da 2ª Divisão. Em 1977 foi emprestado ao EC Santo André.

Até chegar ao Botafogo ainda passou por Atlético Clube Goianiense (1978), Fortaleza FC (1980-1981) América FC de São José do Rio Preto (SP) (1981), Ceará SC (1982), novamente Fortaleza (1982), novamente União Barbarense (1983), Palmeiras FC de São João da Boa Vista (SP) (1984), novamente União Barbarense (1985) e Rio Branco AC (ES) (1985-1986), sagrando-se campeão capixaba de 1985 por este clube.

No Rio Branco destacou-se na Série A de 1986 do Campeonato Brasileiro com 9 gols, tendo então chamado a atenção do Botafogo. Ingressou no clube da Estrela Solitária em 1987, mas em 1988 foi emprestado ao Volta Redonda FC para a disputa do campeonato estadual desse ano, voltando ao Botafogo em 1989 para se eternizar na história do Glorioso no Campeonato Carioca de 1989.

Mazolinha estreou pelo Botafogo no dia 1º de abril de 1987, na vitória sobre o Mesquita por 1x0, gol de Fernando Macaé. Sob o comando de Jair Pereira, a equipe alinhou com Luiz Carlos; Josimar, Marinho, Wilson Gottardo e Mauro Galvão; Derval, Luisinho e Berg; Helinho (Édson Maradoninha), De Lima (Mazolinha) e Fernando Macaé.

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No dia 21 de junho de 1989 o Botafogo defrontou o Flamengo, no estádio do Maracanã, pela decisão do título de Campeão Estadual, estando o Glorioso em fila de espera há 21 anos. Jogo tenso, o placar mantinha-se em 0x0, mas eis que Mazolinha, entrado em jogo após o intervalo substituindo Gustavo, recebeu um bom passe de Luisinho, arrancou pela ala esquerda do ataque e aos 57’ centrou milimetricamente para Maurício marcar o solitário gol da vitória e da conquista do Campeonato Estadual, fazendo explodir de alegria toda a massa botafoguense sufocada de tanto jejum. Sob o comando de Valdir Espinosa, a equipe alinhou com Ricardo Cruz; Josimar, Wilson Gottardo, Mauro Galvão e Marquinho; Carlos Alberto Santos, Luisinho e Vítor; Maurício, Paulinho Criciúma e Gustavo (Mazolinha).

Porém, pouco depois do célebre título e de protagonizar a jogada para a eternidade, Emil Pinheiro emprestou o atacante ao Atlético Clube Goianiense por quatro meses, onde também não se firmou.

O seu último jogo pelo Botafogo ocorreu no dia 3 de dezembro de 1989, na vitória sobre o Palmeiras por 1x0, gol de Wanderley, aos 87’, pelo Campeonato Brasileiro. Sob o comando de Edu Coimbra, a equipe formou com Ricardo Cruz; Paulo Roberto, Jocimar, Gonçalves e Wanderley; Carlos Alberto Santos, Luisinho e Paulinho Criciúma (Luiz Cláudio); Donizete, Mazolinha (Gustavo) e Valdeir.

Deixou o Botafogo após 95 jogos, 6 gols e três títulos: Troféu Cidade de Palma de Mallorca (1988), Taça Rio (1989) e Campeonato Estadual (1989).

Posteriormente, Mazolinha aprofundou o seu padrão de estadia breve em cada clube, passando anualmente por Avaí FC (1990), novamente União Barbarense (1990), EC Santo André (1991), Moto Club (1992), River AC (1993) e encerrou a carreira no Sampaio Corrêa FC (1993).

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Quando conquistou o título em 1989 pensou (e disse-o em entrevista posteriormente): – “Agora sou ídolo”. Mazolinha vislumbrou uma profunda mudança na sua vida, mas apenas Maurício ganhou fama, glória e dinheiro e é reconhecido até aos dias de hoje.

Naquela noite do título, segundo a descrição de Márcio Mará e Luiz Cláudio Amaral, em reportagem do portal Globoesporte, “Mazolinha dançou e gargalhou como se ouvisse música, tropeçou no céu como se fosse um bêbado, flutuou no ar como se fosse um pássaro…” Porém, tal como nos versos de Chico Buarque, “amou aquela vez como se fosse a última”.

Porém, depois de Emil Pinheiro dispensar Mazolinha para o Avaí nada mais correu bem ao garçom de 1989. Mazolinha teve uma vida atribulada, tanto dentro como fora de campo. Dentro de campo nunca se firmou verdadeiramente em nenhum clube. Fora de campo teve várias situações e contrariedades que não lhe favoreceram a vida.

O dinheiro do título foi todo para a compra do carro da moda, um Passat Pointer 1986, sonho de todos os futebolistas à época, e investiu numa confeção, mas com o Plano Collor perdeu loja, dois terrenos, uma chácara, carro, casa em construção… Dos ‘amigos’ a quem emprestou dinheiro não foi ressarcido e nem a mulher o ajudou. Separaram-se, Mazolinha ficou só.

Nos clubes dos três anos seguintes também não teve sucesso, enveredou pelo álcool em excesso e pendurou as chuteiras em 1993, aos 34 anos de idade. Regressou ao interior paulista, em Avaré, onde ninguém o interpelava na rua, e foi sacoleiro, palhaço, carpinteiro e pedreiro.

Reproduzido do portal Globoesporte.com

Começou por ser sacoleiro. Ia mensalmente ao Paraguai a fim de comprar mercadorias para revenda, até que um dia foi assaltado e desistiu da profissão temendo novas violências. Regressou, então, a Santa Bárbara d’Oeste, virou pedreiro, profissão que o pai lhe ensinara, deixou de beber e reconstruiu a vida com a sua segunda mulher e o filho.

Finalmente também conseguiu um emprego numa escolinha de futebol, e quando tudo parecia tornar-se normalidade, Mazolinha teve um enfarte em 2008, colocou três pontes de safena e em 2016 teve um derradeiro e fatal enfarte.

Maurício conta que Mazolinha era muito divertido em grupo, era amigo e solidário, “um louco com amor à frente da vontade”. E suscitava histórias extraordinárias. Um dia, em França, Maurício conta que sentaram para tomar um café e Mazolinha queria ovos. Então, perguntou ao empregado: – “Tem eggs?”. Vieram dez ovos, para espanto de Mazolinha. Então Maurício disse-lhe: – “Mazolinha, você falou em ten eggs…

Nas palavras de Maurício, Mazolinha era um homem sem maldade, com o coração puro. Em entrevista já depois de reconstruir a sua vida, Mazolinha não se queixou de tudo o que lhe aconteceu: – “Deu tudo errado, mas não posso ficar magoado. Foi o destino.

Destino que poderia ter sido outro bem diferente, conforme palavras do próprio Mazolinha: – “Se o Maurício tivesse cruzado da direita e eu tivesse feito o gol…

Fontes: https://ge.globo.com; https://mundobotafogo.blogspot.com; https://pt.wikipedia.org; https://terceirotempo.uol.com.br; https://www.zerozero.pt; Instagram @marquinhosfutebolhistoria

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