por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
O Botafogo ganhou a um adversário direto e ascendeu ao 4º
lugar à condição de o Mirassol não pontuar no seu jogo em atraso. É sempre bom
ganhar, mas também é bom sermos realistas. E a realidade é que a única razão
para o Botafogo e o Bahia se defrontarem na qualidade de 4º e 5º classificados
reside em adversários abaixo deles que conseguem girar permanentemente em
montanha russa entre vitórias e derrotas.
Foi aos vinte minutos de jogo que pensei nisso, porque
nenhum dos dois candidatos ao G4 apresentou futebol capaz. Os comentadores
entenderam que o Bahia entrou muito melhor que o Botafogo porque teve mais posse
de bola, como se a posse de bola valesse algo por si mesma. Meus amigos, em 20
minutos de jogo, que representam quase um quarto de cada partida, Botafogo e
Bahia não chutaram à baliza uma única vez e desenvolveram um futebol sensaborão.
Certamente os jogadores ouviram-me por telepatia e aos
22’ Newton estreou a noite de rematadores com um chute súbito, fora da área,
bem direcionado, mas encontrou Ronaldo bem posicionado para defender.
E daí em diante o Botafogo como que acordou, tomou
subitamente conta do jogo, quer com uma ou outra jogada bem elaborada, que
principalmente através de investidas pela ala direita, com Vitinho executando o
que Artur deveria estar fazendo há muito tempo como Camisa 7, quer por alguns
arranques perigosos de Jeffinho – podendo, consequentemente, ter saído com um
placar bastante mais cômodo para a 2ª parte se a mira não continuasse
desafinada em momentos cruciais para estufar as redes.
Após o 1º remate de Newton, aos 25’ Marlon Freitas lançou
Vitinho pela direita, que tentou o cruzamento, mas a bola foi desviada para a
defesa de Ronaldo e no rebote Cuiabano chutou com convicção e Ronaldo faz uma
enorme defesa de recurso.
Insatisfeitos com a jogada, Marlon Freitas e Vitinho
insistiram e as 26’, após lançamento espetacular de Marlon Freitas e novo
cruzamento de Vitinho pela direita, Santi Rodríguez pegou a bola de primeira e
rematou para o fundo das redes num gol de belo efeito. Botafogo 1x0.
O Botafogo gostava do jogo, continuou atacando e aos 28’
Vitinho avançou novamente, cruzou e – suponho que terá sido Savarino – o
consequente remate foi mau; aos 33’ Marlon Freitas sacou um novo lançamento
longo, Vitinho matou no peito em movimento e chutou ao lado, desperdiçando um
gol quase feito; aos 41’ o Botafogo teve uma falta perigosa a seu favor
pertíssimo da grande área, mas Savarino cobrou muito mal e desperdiçou a
oportunidade.
O Bahia estava, então, totalmente dominado há 22 minutos
quando, aos 44’, Rezende efetuou um lançamento pelo lado esquerdo, Zé Guilherme
apanhou a defesa do Botafogo distraída, recebeu a bola nas costas de Vitinho e
disparou um portentoso remate cruzado que bateu estrondosamente no poste
direito da baliza de Léo Linck. Que sorte…
E ainda aos 45’ podíamos ter ampliado com um remate de primeira
de Santi Rodríguez que explodiu na zaga baiana. Dois minutos depois Mateo
Sanabria recebeu uma falta e fez uma encenação bem à moda argentina na
tentativa de o árbitro expulsar Cuiabano, exagerando colossalmente uma dor que
não sentia e o árbitro irritou-se com ele.
Ao iniciar-se o 2º tempo, logo aos 22”, Cuiabano fez um
remate cruzado da esquerda, que acabou por virar assistência dentro da pequena
área quando Jeffinho surgiu subitamente e num toque subtil desviou a bola para
ampliar o placar. Botafogo 2x0.
O jogo estava nas mossas mãos, mas como a facilidade não
é algo comum nas vitórias do Botafogo, eis que Rodrigo Nestor cobrou uma falta,
a bola bateu na barreira – suponho que em Kaio Fernando – e desviou-se
completamente da trajetória inicial, acabando no fundo das redes aos 54’, sem
hipótese para Léo Linck num gol de pura sorte.
O Bahia reentrou no jogo, mas logo a seguir, aos 58’, Mateo
Sanabria simulou um pênalti e o árbitro – talvez ainda irritado pela encenação
do jogador na 1ª parte – não teve dúvidas, mostrou o 2º amarelo e expulsou-o.
Talvez Sanabria tivesse raciocinado inteligentemente
dando ao Bahia a oportunidade de ganhar à Botafogo: menos um jogador, vitória
certa…
Tudo parecia então favorável ao Botafogo, mas não. Foi o
Bahia que pressionou e tomou a posse da bola – embora sem grande perigo – e o
Botafogo intranquilizou-se absurdamente, pondo-se a jeito do empate. Daí em
diante o Botafogo fez uma única jogada bem elaborada de pé em pé, mas o remate
saiu ao lado.
Aos 72’ Léo Linck desviou com a ponta dos dedos uma
cobrança de falta do Bahia e a partir dos 74’, em minha opinião, as
substituições efetuadas por Ancelotti nesse minuto começaram a ‘matar’ a equipe para o restante tempo de jogo.
Todavia, o Bahia, embora crescendo no jogo e parecendo
ter 11 jogadores contra 10 do Botafogo, não conseguiu criar verdadeiramente uma
grande oportunidade, apesar de alguns sustos para a nossa defesa, não parecendo
realmente uma equipe que se encontrava na 5ª colocação do Brasileirão.
No entanto, aos 84’ o jogo poderia ter ficado resolvido
se o VAR tivesse chamado o árbitro para uma mão do zagueiro baiano. Savarino
cruzou para trás dentro da grande área e a bola chegaria diretamente a Arthur
Cabral, em muito boa posição para marcar, não fosse a dita mão a desviar
completamente a trajetória da bola. Mas o VAR não quis…
Em suma, um jogo sem deixar saudades de parte a parte. O
Botafogo jogou bem durante cerca de 25 minutos de jogo – na 1ª parte – e o
resto do tempo, fora um ou outro lance mais elaborado, mostrou continuar sem
uma identidade clara que lhe permita ser sustentável durante os 90 minutos de
jogo, embora no cômputo geral tenha merecido ganhar pelo número de remates efetuados, tanto à baliza como desenquadrado da baliza, e o número de oportunidades criadas.
Donde que, apesar de ter algumas faltas de absoluta
intimidade com a bola, como Arthur Cabral no ataque – já para não falar em
Mastriani, Matheus Martins, etc. –, o Botafogo ainda tem condições, por virtude
de algumas boas individualidades mais avançadas no terreno, tal como Álvaro
Montoro, Santi Rodríguez, até mesmo Jeffinho e os agressivos laterais Cuiabano
e Vitinho, em assegurar o G4 face a adversários também de percurso incerto.
FICHA TÉCNICA
Botafogo 2x1 Bahia
» Gols: Santi Rodríguez, aos 26’, e Jeffinho, aos 46’ (Botafogo); Rodrigo
Nestor, aos 54’ (Bahia)
» Competição: Campeonato Brasileiro
» Data: 01.10.2025
» Local: Estádio Olímpico Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)
» Público: 7.461 pagantes; 8.059 espectadores
» Renda: R$ 303.460,00
» Árbitro: Felipe Fernandes de Lima (MG); Assistentes: Felipe Alan Costa de
Oliveira (MG) e Celso Luiz da Silva (MG); VAR: Thiago Duarte Peixoto (SP)
» Disciplina: cartão amarelo – Cuiabano, Alexander Barboza, Allan, David
Ricardo e Davide Ancelotti – técnico (Botafogo) e Santi Arias, Mateo Sanabria,
Luciano Juba, Rodrigo Nestor e Gabriel Xavier (Bahia); cartão vermelho – Mateo
Sanabria (Bahia)
» Botafogo: Léo Linck; Vitinho (Mateo Ponte), Kaio Fernando (Gabriel
Bahia), Alexander Barboza e Cuiabano (David Ricardo); Marlon Freitas, Newton
(Allan) e Savarino; Santi Rodríguez, Arthur Cabral e Jeffinho (Artur). Técnico:
Davide Ancelotti.
» Bahia: Ronaldo; Santi Arias, Gabriel Xavier, Ramos Mingo (Michel Araújo)
e Luciano Juba (Zé Guilherme); Rezende, Jean Lucas e Everton Ribeiro (Rodrigo
Nestor); Kayky (Tiago), Willian José (Ademir) e Mateo Sanabria. Técnico:
Rogério Ceni.
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