quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Botafogo 2x1 Bahia: o G4 à condição

Jeffinho em busca da 'ressurreição'. Crédito: Vitor Silva / Botafogo.

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

O Botafogo ganhou a um adversário direto e ascendeu ao 4º lugar à condição de o Mirassol não pontuar no seu jogo em atraso. É sempre bom ganhar, mas também é bom sermos realistas. E a realidade é que a única razão para o Botafogo e o Bahia se defrontarem na qualidade de 4º e 5º classificados reside em adversários abaixo deles que conseguem girar permanentemente em montanha russa entre vitórias e derrotas.

Foi aos vinte minutos de jogo que pensei nisso, porque nenhum dos dois candidatos ao G4 apresentou futebol capaz. Os comentadores entenderam que o Bahia entrou muito melhor que o Botafogo porque teve mais posse de bola, como se a posse de bola valesse algo por si mesma. Meus amigos, em 20 minutos de jogo, que representam quase um quarto de cada partida, Botafogo e Bahia não chutaram à baliza uma única vez e desenvolveram um futebol sensaborão.

Certamente os jogadores ouviram-me por telepatia e aos 22’ Newton estreou a noite de rematadores com um chute súbito, fora da área, bem direcionado, mas encontrou Ronaldo bem posicionado para defender.

E daí em diante o Botafogo como que acordou, tomou subitamente conta do jogo, quer com uma ou outra jogada bem elaborada, que principalmente através de investidas pela ala direita, com Vitinho executando o que Artur deveria estar fazendo há muito tempo como Camisa 7, quer por alguns arranques perigosos de Jeffinho – podendo, consequentemente, ter saído com um placar bastante mais cômodo para a 2ª parte se a mira não continuasse desafinada em momentos cruciais para estufar as redes.

Após o 1º remate de Newton, aos 25’ Marlon Freitas lançou Vitinho pela direita, que tentou o cruzamento, mas a bola foi desviada para a defesa de Ronaldo e no rebote Cuiabano chutou com convicção e Ronaldo faz uma enorme defesa de recurso.

Insatisfeitos com a jogada, Marlon Freitas e Vitinho insistiram e as 26’, após lançamento espetacular de Marlon Freitas e novo cruzamento de Vitinho pela direita, Santi Rodríguez pegou a bola de primeira e rematou para o fundo das redes num gol de belo efeito. Botafogo 1x0.

O Botafogo gostava do jogo, continuou atacando e aos 28’ Vitinho avançou novamente, cruzou e – suponho que terá sido Savarino – o consequente remate foi mau; aos 33’ Marlon Freitas sacou um novo lançamento longo, Vitinho matou no peito em movimento e chutou ao lado, desperdiçando um gol quase feito; aos 41’ o Botafogo teve uma falta perigosa a seu favor pertíssimo da grande área, mas Savarino cobrou muito mal e desperdiçou a oportunidade.

O Bahia estava, então, totalmente dominado há 22 minutos quando, aos 44’, Rezende efetuou um lançamento pelo lado esquerdo, Zé Guilherme apanhou a defesa do Botafogo distraída, recebeu a bola nas costas de Vitinho e disparou um portentoso remate cruzado que bateu estrondosamente no poste direito da baliza de Léo Linck. Que sorte…

E ainda aos 45’ podíamos ter ampliado com um remate de primeira de Santi Rodríguez que explodiu na zaga baiana. Dois minutos depois Mateo Sanabria recebeu uma falta e fez uma encenação bem à moda argentina na tentativa de o árbitro expulsar Cuiabano, exagerando colossalmente uma dor que não sentia e o árbitro irritou-se com ele.

Ao iniciar-se o 2º tempo, logo aos 22”, Cuiabano fez um remate cruzado da esquerda, que acabou por virar assistência dentro da pequena área quando Jeffinho surgiu subitamente e num toque subtil desviou a bola para ampliar o placar. Botafogo 2x0.

O jogo estava nas mossas mãos, mas como a facilidade não é algo comum nas vitórias do Botafogo, eis que Rodrigo Nestor cobrou uma falta, a bola bateu na barreira – suponho que em Kaio Fernando – e desviou-se completamente da trajetória inicial, acabando no fundo das redes aos 54’, sem hipótese para Léo Linck num gol de pura sorte.

O Bahia reentrou no jogo, mas logo a seguir, aos 58’, Mateo Sanabria simulou um pênalti e o árbitro – talvez ainda irritado pela encenação do jogador na 1ª parte – não teve dúvidas, mostrou o 2º amarelo e expulsou-o.

Talvez Sanabria tivesse raciocinado inteligentemente dando ao Bahia a oportunidade de ganhar à Botafogo: menos um jogador, vitória certa…

Tudo parecia então favorável ao Botafogo, mas não. Foi o Bahia que pressionou e tomou a posse da bola – embora sem grande perigo – e o Botafogo intranquilizou-se absurdamente, pondo-se a jeito do empate. Daí em diante o Botafogo fez uma única jogada bem elaborada de pé em pé, mas o remate saiu ao lado.

Aos 72’ Léo Linck desviou com a ponta dos dedos uma cobrança de falta do Bahia e a partir dos 74’, em minha opinião, as substituições efetuadas por Ancelotti nesse minuto começaram a ‘matar’  a equipe para o restante tempo de jogo.

Todavia, o Bahia, embora crescendo no jogo e parecendo ter 11 jogadores contra 10 do Botafogo, não conseguiu criar verdadeiramente uma grande oportunidade, apesar de alguns sustos para a nossa defesa, não parecendo realmente uma equipe que se encontrava na 5ª colocação do Brasileirão.

No entanto, aos 84’ o jogo poderia ter ficado resolvido se o VAR tivesse chamado o árbitro para uma mão do zagueiro baiano. Savarino cruzou para trás dentro da grande área e a bola chegaria diretamente a Arthur Cabral, em muito boa posição para marcar, não fosse a dita mão a desviar completamente a trajetória da bola. Mas o VAR não quis…

Em suma, um jogo sem deixar saudades de parte a parte. O Botafogo jogou bem durante cerca de 25 minutos de jogo – na 1ª parte – e o resto do tempo, fora um ou outro lance mais elaborado, mostrou continuar sem uma identidade clara que lhe permita ser sustentável durante os 90 minutos de jogo, embora no cômputo geral tenha merecido ganhar pelo número de remates efetuados, tanto à baliza como desenquadrado da baliza, e o número de oportunidades criadas.

Donde que, apesar de ter algumas faltas de absoluta intimidade com a bola, como Arthur Cabral no ataque – já para não falar em Mastriani, Matheus Martins, etc. –, o Botafogo ainda tem condições, por virtude de algumas boas individualidades mais avançadas no terreno, tal como Álvaro Montoro, Santi Rodríguez, até mesmo Jeffinho e os agressivos laterais Cuiabano e Vitinho, em assegurar o G4 face a adversários também de percurso incerto.

FICHA TÉCNICA

Botafogo 2x1 Bahia

» Gols: Santi Rodríguez, aos 26’, e Jeffinho, aos 46’ (Botafogo); Rodrigo Nestor, aos 54’ (Bahia)

» Competição: Campeonato Brasileiro

» Data: 01.10.2025

» Local: Estádio Olímpico Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)

» Público: 7.461 pagantes; 8.059 espectadores

» Renda: R$ 303.460,00

» Árbitro: Felipe Fernandes de Lima (MG); Assistentes: Felipe Alan Costa de Oliveira (MG) e Celso Luiz da Silva (MG); VAR: Thiago Duarte Peixoto (SP)

» Disciplina: cartão amarelo – Cuiabano, Alexander Barboza, Allan, David Ricardo e Davide Ancelotti – técnico (Botafogo) e Santi Arias, Mateo Sanabria, Luciano Juba, Rodrigo Nestor e Gabriel Xavier (Bahia); cartão vermelho – Mateo Sanabria (Bahia)

» Botafogo: Léo Linck; Vitinho (Mateo Ponte), Kaio Fernando (Gabriel Bahia), Alexander Barboza e Cuiabano (David Ricardo); Marlon Freitas, Newton (Allan) e Savarino; Santi Rodríguez, Arthur Cabral e Jeffinho (Artur). Técnico: Davide Ancelotti.

» Bahia: Ronaldo; Santi Arias, Gabriel Xavier, Ramos Mingo (Michel Araújo) e Luciano Juba (Zé Guilherme); Rezende, Jean Lucas e Everton Ribeiro (Rodrigo Nestor); Kayky (Tiago), Willian José (Ademir) e Mateo Sanabria. Técnico: Rogério Ceni.

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