domingo, 15 de outubro de 2017

Botafogo 0x1 Vasco da Gama

Captura de tela (14.10.2017)

A primeira observação que tenho a retirar do jogo contra o Vasco da Gama é que uma vez mais a arbitragem decidiu o resultado de uma partida, já que no espaço de tempo de 30 segundos ou menos, o árbitro ignorou uma penalidade máxima a favor do Botafogo e, na sequência da jogada, o Vasco inaugurou o marcador e ganhou o jogo. Um provável 0x1 foi transformado pelo árbitro em definitivo 1x0.

A imagem acima é clara com a bola no braço do vascaíno e a imagem abaixo mostra que o árbitro está próximo, olhando a jogada e sem nenhum obstáculo visual a impedi-lo de ver objetivamente o pênalti. Mas, afinal, arbitragens deste tipo são o espelho de algo maior…

Captura de tela (14.10.2017)

A segunda observação é que ambas as equipes mereciam não ganhar ponto algum, tal foi o modo de ferrolho que utilizaram em toda a partida e as péssimas soluções que encontraram quando foram ao ataque.

Veja-se que, num clássico tão antigo, houve três oportunidades de gol: o Vasco faz uma bola embater no pau da baliza e faz um gol (precedido de falta na origem da jogada); o Botafogo faz um único chute com direção à baliza, mas fraco e o goleiro encaixa a bola.

O Botafogo jogou a primeira parte sem emoção nem convicção, sem força nem velocidade. Dominou territorialmente sem infringir perigo ao adversário. A segunda parte continuou ao mesmo ritmo e somente após estar perdendo o Botafogo imprimiu mais velocidade, o que significa que o podia ter feito muito antes se a preguiça não tivesse imperado. Embora, acrescente-se, velocidade sem eficácia: não se conseguia entrar na área vascaína e os remates de meia distância fora da área tinham direção absurda.

Acresce, por isso, algo que continua sendo muito preocupante e que esta diretoria não resolveu: aquisição de um atacante de área e de um criador. Na verdade, a posse de bola do Botafogo foi inofensiva porque não há quem pense o jogo e crie e não há quem saiba realmente chutar a gol.

Observe-se os remates do Botafogo em direção à baliza: apenas um é enquadrado com o perímetro da baliza e todos os demais, feitos por vários jogadores, saem a pelo menos dois metros desenquadrados da baliza!!!

Portanto, o Botafogo tem goleiro sempre, defesa quase sempre, meio campo às vezes e ataque quase nunca. A maioria das vezes foi assim durante o ano, mas a vontade era muito maior, a determinação incansável e a resiliência infinita.

Deixo o resto à interpretação do leitor…

FICHA TÉCNICA
Botafogo 0x1 Vasco da Gama
» Gols: Nenê, 68’
» Competição: Campeonato Brasileiro
» Local: Estádio do Maracanã, em Rio de Janeiro (RJ)
» Data: 14.10.2017
» Árbitro: Vinícius Goncalves Dias Araújo (SP); Assistentes: Rogério Pablos Zanardo (SP) e Herman Brumel Vani (SP)
» Público: 31.406 presentes; 27.424 pagantes
» Renda: R$ 1.063.215,00
» Disciplina: Cartão amareloYago Pikachu, Caio Monteiro, Nenê, Jean e Paulo Vítor (Vasco da Gama); Marcos Vinícius e Carli (Botafogo)
» Botafogo: Gatito; Arnaldo, Carli, Igor Rabello e Victor Luís, Rodrigo Lindoso, Bruno Silva, João Paulo e Marcos Vinícius (Gilson); Rodrigo Pimpão (Guilherme) e Brenner (Vinícius Tanque). Técnico: Jair Ventura.
» Vasco da Gama: Martin Silva; Madson, Breno, Anderson Martins e Ramon; Jean e Wellington; Wagner (Yago Pikachu), Nenê e Matheus Vital; Thalles (Caio Monteiro). Técnico: Zé Ricardo. 

2 comentários:

Sergio disse...

Já escrevi isso em outras oportunidades a respeito do time não ter um jogador que pense e um atacante decente, mas a desculpa é sempre a falta de dinheiro, mas gasta-se o pouco que tem de maneira equivocada.
Ambos os times são apenas o reflexo da mediocridade geral a que chegou o futebol brasileiro e, árbitros e comentaristas apenas refletem essa mediocridade, são tão ruins e venais como o futebol jogado nessas bandas. O curioso é que lances como o penalti não marcado ontem quando são contra o Botafogo o árbitro sequer titubeia e pior, até bola no peito do jogador é marcado penalti. Me ocorre agora um lance contra o Palmeiras em que o jogador tira a bola com os dois braços e o juiz nada marcou ou aquele lance contra o Grêmio em que o jogador leva com a mão, marca o gol e este foi validado. São muitos equívocos para achar que são apenas "erros" humanos. E pior, colocar um árbitro paulista para apitar um jogo em que existem times paulistas interessados no resultado negativo do Botafogo é no mínimo suspeito. Em 2007 aconteceu o mesmo no jogo contra o Paraná, quando um penalti escandaloso no Dôdo no início do jogo não foi marcado e coincidentemente o árbitro era paulista e o SP tinha interesse nesse jogo, pois se o Botafogo ganhasse dividiria a liderança, mas empatando ou perdendo assumiria a liderança e naturalmente a estratégia de jogo mudaria, uma vez que o jogo seguinte do SP seria contra quem? Contra o Botafogo e o time do SP se armou para jogar no erros do Botafogo e assim venceu. Seria apenas coincidência? Em se tratando de um país como o nosso, não duvido.
Entretanto não há como negar dois fatos: o time do Botafogo é fraco e o elenco é terrível, não sei como esse time tem conseguido colocações tão expressivas apesar de ser tão fraco. A segunda é a respeito do JV. Não o acho mal técnico, mas questiono algumas de suas escolhas e principalmente a falta de leitura do jogo: demora a mudar o time, não consegue variar a maneira de jogar do time e insiste em jogadores que não deram e não dão certo. Não entendo o porque do LV não ter sido utilizado ontem nem como titular e sequer estava no banco. O MV já mostrou que é de uma indolência sem tamanho e a marcação e saída de bola ficam sempre comprometidas. Tudo bem que ter reservas do nível de VT, Guilherme e Gílson é um problema sério para se mudar uma partida, mas eles estão ali e segundo o próprio JV, foi pedido seu.
O interessante no Botafogo é que apesar de todas as dificuldades que o clube passa o sucesso nos esportes olímpicos assim como nas divisões de base do futebol o crescimento é visível, então o que ocorre no futebol profissional? Acho que para responder isso nem precisa de um estudo aprofundado, bastaria que o futebol profissional fosse gestado de forma profissional, mas isso, em se tratando de Botafogo, é uma utopia. Abs e SB!

Ruy Moura disse...

Os meus comentários, Sergio, segundo a minha perspetiva, sempre muito coincidente com a sua, excetuando alguns pequenos pontos de vista diferentes e quiçá prometedores de debate:

(1) "A desculpa é sempre a falta de dinheiro, mas gasta-se o pouco que tem de maneira equivocada." Exatamente e é essa uma das minhas maiores críticas. O argumento é pobre e desrespeitador da inteligência dos torcedores, a não que se conte apenas com os botafoguenses por natureza conformistas. A questão de se investir mal é certamente outra...
(2) "Árbitros e comentaristas apenas refletem essa mediocridade, são tão ruins e venais como o futebol jogado nessas bandas." E pode acrescentar dirigentes e treinadores, e já agora futebolistas, porque os realmente bons jogam na Europa e os de cá continuam com os vícios do costume...

(3) "São muitos equívocos para achar que são apenas "erros" humanos. E pior, colocar um árbitro paulista para apitar um jogo em que existem times paulistas interessados no resultado negativo do Botafogo é no mínimo suspeito." E se houver alguém que não entenda o que o Sergio escreveu, eu faço um desenho...

(4) Entretanto não há como negar dois fatos: o time do Botafogo é fraco e o elenco é terrível, não sei como esse time tem conseguido colocações tão expressivas apesar de ser tão fraco. A segunda é a respeito do JV. [...] Falta de leitura do jogo: demora a mudar o time, não consegue variar a maneira de jogar do time e insiste em jogadores que não deram e não dão certo." Sobretudo concordo com a dificuldade acerca da leitura de jogo. No mais, vejo-o no bom caminho, tendo em consideração que é treinador apenas há um ano e nem sequer 40 anos tem. Mas precisa estar atento para evoluir. No que respeita à gestão de homens acho-o notável. A equipe resiliente que nos deu mais emoções do que qualquer outra nos últimos dez anos é fruto exclusivo da capacidade de Jair gerir homens e situações. Como escrevi há tempos, técnicos no futebol brasileiro há muitos, treinadores (que concentram a gestão de múltiplas vertentes) há poucos. Mas Jair é um deles. "[...] Segundo o próprio JV, foi pedido seu." Não diria tanto, tais afirmações de Jair visam gerir o plantel e gerir a Diretoria... e ganhar consistência interna a todos os níveis. Ele é muito inteligente nessas matérias...

(5) "Sucesso nos esportes olímpicos assim como nas divisões de base do futebol o crescimento é visível, então o que ocorre no futebol profissional?" Veja as respostas de CEP no que respeita a ser contrário a Diretoria profissionalizada. E enquanto isso não ocorrer - há de provavelmente ocorrer um dia, talvez tarde de mais para termos sido os pioneiros - não conseguiremos nenhum título significativo além de uns turnos de campeonato carioca e o próprio campeonato carioca. Já vão 22 anos sem títulos de porte... Em minha opinião, apesar de coisas bem feitas, esta Diretoria não tem visão nem ambição.

Abraços Gloriosos.

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