segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Título das gemadas e do Biriba

Otávio Sérgio da Costa Moraes — meia-esquerda campeão carioca de 1948 e artilheiro do campeonato com Orlando ‘Pingo de Ouro’, do Fluminense: 

Acontece que o fato mais importante de todos, em 1948, foi o aparecimento de um guia, de um estímulo. Carlito Rocha representou tudo isso. Com uma dignidade enorme, ele foi mais do que um Presidente. Tinha um passado no clube e um grande carisma. Ele nos cativou como um pai. O time e o título têm explicação: Carlito Rocha.

Antes da partida final, nós viramos em cima do Olaria. Estávamos perdendo por 3 a 1. Faltavam 16 minutos e fizemos 4 a 3. No decorrer do campeonato, tivemos alguns contratempos devido a algumas contusões. Contra o Vasco, fomos pra cima.

Quando o Gerson se chocou com o Dimas e o Dr. Paes Barreto foi socorrê-lo, ele perguntou: ‘Onde é que eu estou?’ Gerson saiu e nós passamos a jogar com dez. Rubinho queria ir para central de área, porque jogava nessa posição lá na Urca. Veio o Paraguaio e disse: ‘Não, eu sou o melhor central da minha terra e vou substituir o Gerson.’ Paraguaio cumpriu a missão sensacionalmente. O Pirilo voltou um pouco e eu fiquei na frente, enfiado. Com dez, cercávamos o time do Vasco. Eu não voltava. Quando queria ajudar, o Juvenal e o Geninho gritavam comigo: ‘Fica lá, fica lá.’

No gol que eu marquei, o Juvenal deu para o Ávila, que jogou por cima. Eu dominei no chão e não dei tempo para o Wilson chegar. Correndo, levei para a perna direita, a boa, e pensei, ao passar pela linha da grande área: ‘Vou chutar para não ser alcançado.’ Olhei para o gol e o crioulo (referindo-se a Barbosa) estava apavorado. Olhei, vi o olho do crioulo. Pensei, ele vai me dar um lado e ficar no outro. Como entrei um pouquinho para a esquerda, ele abriu para a esquerda. Levantei a cabeça, não precisei mais olhar para a bola. Dei uma porrada que passou entre ele e o travessão.” 

Osvaldo ‘Baliza’ — goleiro campeão carioca de 1948:

O Botafogo começou perdendo para o São Cristóvão por 4 a 0. Foi acomodação. O Botafogo ficou 13 dias no Hotel Quitandinha. Tinha jogador que ficava na piscina, pedindo sanduíche com suco de frutas, e o São Cristóvão aqui em baixo, comendo prato feito. São piadas feitas na época. Bem, saímos de lá e fomos inaugurar o Hotel Canadá, em Copacabana. O hotel era tão bom que ninguém dormiu na cama. A gente dormia no chão, porque o tapete era mais gostoso. Saímos dali, viemos para o campo do Botafogo e perdemos por 4 a 0.

Fizemos depois uma mesa-redonda e resolvemos não ter mais concentração e ganhamos o campeonato. Até o final tivemos mais dois empates: Bangu 0 a 0 e Fluminense 2 a 2.

Carlito gostava muito de animais e era supersticioso demais. Se você entrasse em campo, chutasse uma pedra e o time ganhasse, no outro jogo você tinha que chutar aquela pedra. Então houve o caso do Biriba. Ele entrou na minha frente. Eu parti para o gol e ele foi atrás de mim. Chegou lá, regou a baliza e veio para o meio-de-campo tirar fotografia sem ninguém mandar. Acontece que o Botafogo abriu o placar naquele lado que o Biriba fez xixi. O jogo foi 4 a 0 contra o Madureira., em General Severiano. A partir dali, ninguém botava a mão no Biriba antes do Carlito.

Ele era tão supersticioso que uma vez o Fedato, gerente que tínhamos na nossa concentração, chegou antes do jogo contra o Bangu e foi desmanchar os nós que ele fazia. Dois já se tinham desmanchado quando o Carlito chamou o gerente e ameaçou colocá-lo na rua. ‘Ai, meu Deus, se você desmanchar tudo nós perdemos o jogo, Fedato’, dizia, com aquele gesto de bater na perna que ele sempre fazia.

Fonte: Associação Brasileira de Imprensa – http://www.abi.org.br

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